Diferença entre ROA e ROE

O ROA mede a eficiência da empresa em gerar lucro a partir de todos os seus ativos, e o ROE mostra o retorno gerado especificamente para os acionistas. Entenda a diferença.

13 de outubro de 2025 - por Sidemar Castro


Qual a diferença entre ROA e ROE? Embora ambos indiquem o desempenho financeiro de uma empresa, eles analisam perspectivas distintas. O ROA, ou Retorno sobre Ativos, avalia quanto lucro a organização consegue gerar com todos os seus recursos, sejam eles próprios ou provenientes de empréstimos.

Já o ROE, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido, mostra exclusivamente o quanto de retorno os acionistas obtêm sobre o capital investido. Assim, o ROA traz uma visão mais ampla da eficiência operacional, enquanto o ROE destaca o ganho específico dos proprietários da empresa. Leia!

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O que é ROA ?

Você montou um negócio e quer saber se está aproveitando bem tudo o que comprou, alugou ou investiu, como máquinas, instalações, computadores, estoques. O ROA serve justamente para isso: ele mede a eficiência da empresa em gerar lucro a partir de tudo o que ela “tem”.

O interessante é que esse indicador ajuda não só a avaliar se você está sendo eficiente, mas também a comparar sua empresa com outras do mesmo ramo. Só vale cuidado: comparar ROAs entre setores diferentes pode enganar, porque algumas atividades exigem muitos ativos, outras muito poucos.

Saiba mais: ROA: o que é, como calcular e como interpretar?

Como calcular e analisar o ROA?

Para calcular, primeiro encontre o lucro líquido que sobra ao final do período contábil (já pagas as despesas, impostos e juros). Em seguida, identifique o valor dos ativos totais no início e no final desse mesmo período, some esses dois valores e divida por dois para obter uma média (isso ajuda a suavizar variações grandes). Depois, faça:

ROA = Lucro Líquido / Ativos Médios

Se quiser expressar como percentual, multiplique por 100.

Se essa média de ativos for 50 000 e o lucro for 2 500, por exemplo, o ROA será:

ROA = 2 500 / 50 000 = 0,05 → ou 5 %.

Esse número já diz bastante, mas só ele não conta toda a história. Ele é ótimo para comparar empresas do mesmo ramo (pois cada setor exige ativos diferentes). Uma empresa de serviço, com pouca infraestrutura física, costuma ter ROA bem maior do que uma de energia ou siderurgia, que precisa investir muito em equipamentos.

Agora, como o ROA “divide o bolo” do lucro em cima de todos os ativos, ele já incorpora o efeito da dívida (já que os ativos são financiados por capital próprio + empréstimos). Mas se você quiser saber como esse lucro beneficia quem investiu capital (os acionistas), o ROE entra em cena. O ROE mede o retorno em relação ao patrimônio líquido, excluindo o efeito da dívida, ou seja, é como se dissessemos: “de todo esse lucro, o quanto está voltado para quem colocou dinheiro próprio na empresa?”.

Existe uma relação analítica entre eles: o ROE pode ser visto como ROA multiplicado pelo fator de alavancagem (ativos divididos pelo patrimônio líquido). Isso mostra que, se você usar a dívida de forma inteligente, pode aumentar o ROE além do ROA. Mas cuidado: muita dívida também eleva o risco.

Por fim, ao analisar o ROA de uma companhia, considere tendências (anos sucessivos), como anda o giro dos ativos (quantas vezes eles “rodam” num ano) e compare empresas que têm estrutura de ativos parecida. Isso ajuda a interpretar se um ROA “baixo” é justificável ou se há espaço para melhorias operacionais.

O que é ROE?

Faça de conta que você é um investidor e quer saber se o dinheiro que colocou em uma empresa está realmente rendendo. O ROE é o indicador que responde essa pergunta. Ele revela o quanto de lucro foi gerado em relação ao patrimônio líquido, ou seja, à parte da empresa que pertence aos acionistas. É como medir o retorno sobre a confiança e o capital que você depositou ali.

A fórmula é direta: lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido. Mas a interpretação exige mais cuidado. Um ROE alto pode parecer ótimo, mas é preciso entender como ele foi alcançado.

Empresas muito endividadas apresentam ROEs elevados porque têm pouco patrimônio líquido, o que distorce a análise. Por isso, o ROE é uma ferramenta poderosa, mas que precisa ser usada com consciência.

Ele ajuda a enxergar se a empresa está criando valor de forma sustentável ou apenas maquiando resultados. Quando bem interpretado, o ROE se torna um aliado na tomada de decisões estratégicas, tanto para investidores quanto para gestores que querem entender se estão no caminho certo.

Entenda melhor: ROE, o que é? Para que serve, cálculos, como analisar e cuidados

Como calcular e analisar o ROE?

Se você é um investidor tentando decidir onde colocar seu dinheiro, o ROE é como uma bússola que aponta para empresas que sabem transformar investimento em lucro. Ele revela o quanto do patrimônio dos acionistas está sendo convertido em resultado positivo.

A fórmula é simples: lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido. Mas a interpretação exige mais cuidado.

Um ROE elevado pode indicar uma empresa eficiente, mas também pode ser fruto de uma estrutura de capital arriscada, com muita dívida. Por isso, é essencial olhar para o contexto: como está o endividamento? O setor costuma operar com margens altas ou baixas? A empresa está crescendo de forma sustentável ou apenas inflando seus números? O ROE, quando bem analisado, ajuda a entender se a empresa está criando valor de verdade ou apenas maquiando os resultados.

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Qual a diferença entre ROA e ROE?

ROA

O ROA relaciona o lucro com os ativos totais (tanto os financiados por capital próprio quanto por dívidas). Ele diz: “Para cada real investido em ativos, quanto retorno estou conseguindo?”: uma medida de eficiência operacional que considera os recursos de toda a empresa. (“Return on assets” mostra como todo o maquinário, estoque, imóveis etc. estão convertendo em resultados).

ROE

O ROE, por sua vez, relaciona o lucro com o capital próprio (o patrimônio líquido). Ele responde: “a parte de quem aportou dinheiro na empresa, quanto está rendendo?”. Ou seja, é uma medida de rentabilidade para os sócios ou acionistas.

Então, em empresas sem dívidas ou com dívidas muito pequenas, ROA e ROE tendem a se aproximar: afinal, os ativos são quase todos bancados pelo capital próprio. Mas à medida que entra mais dívida, o ROE costuma subir (se a empresa souber usar bem o dinheiro emprestado), enquanto o ROA continua “diluindo” o lucro entre todos os ativos.

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Importância do ROA e e do ROE

Você pode entender a importância do ROA e do ROE como lentes diferentes sob as quais se observa a saúde econômica de uma empresa.

O ROA revela se a empresa consegue transformar tudo o que possui, como estrutura, máquinas, estoques, tecnologia, em lucro. Ele é como um termômetro da eficiência operacional: quanto maior for, melhor é o aproveitamento dos seus recursos. Um ROA consistente e competitivo dentro do setor pode indicar que a administração é competente em planejar investimentos, controlar custos e manter ativos bem geridos.

Já o ROE mostra o retorno obtido apenas sobre o capital dos acionistas, descontadas dívidas e obrigações. Quando uma empresa consegue um ROE elevado, isso significa que os donos ou acionistas estão obtendo um bom “pagamento” sobre o que investiram.

A importância real surge quando você começa a ver como esses dois indicadores interagem. Por exemplo: imagine uma empresa com ROA razoável, mas com um ROE muito alto. Isso pode sugerir que ela está usando dívida (alavancagem) para impulsionar o resultado aos acionistas. Se usada com prudência, isso pode trazer ótimo resultado, mas se mal utilizada, pode aumentar o risco. Ou, ao contrário, se ambos forem baixos, pode ser um sinal de que nem os ativos nem o capital próprio estão sendo bem aproveitados.

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Fontes: V Expenses, Docusign, Concur, Corporate Finance Institute, Tickelia.

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