22 de janeiro de 2021 - por Jaíne Jehniffer
Muitos investidores acreditam que as companhias aéreas são um investimento ruim. Isso acontece porque, apesar de fazerem parte de um setor perene, essas empresas são voláteis e imprevisíveis.
Portanto, mesmo que a tendência a longo prazo seja o aumento no número de viagens aéreas, essas empresas, geralmente, dão prejuízos aos investidores. Sendo assim, é preciso cuidado antes de optar por investir no setor aéreo.
Apesar deste texto explicar sobre o funcionamento do setor aéreo, ele não deve ser considerado como uma recomendação de investimento.
Histórico do setor aéreo brasileiro
As companhias aéreas atuam no transporte de cargas e passageiros por meio das linhas aéreas. No Brasil, o setor deu seus primeiros passos em janeiro de 1910, quando Dimitri Sensaud de Lavaud realizou, em Osasco, o primeiro voo da América Latina. Ele pilotou o primeiro avião brasileiro, chamado de São Paulo, onde a aeronave foi construída pelo próprio Dimitri.
Posteriormente, em 1927, no dia 01 de Janeiro ocorreu o primeiro marco da aviação comercial no Brasil, quando a empresa Condor Syndikat fez o primeiro transporte de passageiros do Rio de Janeiro a Florianópolis.
De lá pra cá, o transporte aéreo de passageiros cresceu muito, no entanto, as empresas sempre sofreram bastante com os diversos problemas que afetam o setor.
Problemas do setor aéreo
O setor aéreo é tido como problemático não apenas no Brasil. O próprio Warren Buffett vendeu quase toda sua posição em empresas aéreas, em 2020. Portanto, até um dos maiores investidores do mundo teve problemas com o setor aéreo. A causa disso são diversas, como por exemplo:
1- Petróleo
Como o foco das empresas aéreas é realizar o transporte de passageiros, elas precisam de um grande volume de combustível. Dessa maneira, boa parte dos custos das companhias aéreas são voltados para a obtenção de combustível.
Além de representar um alto custo, temos ainda o problema de que o Petróleo é uma commodity. Logo, os seus preços são diretamente impactados por questões geopolíticas e econômicas.
Sendo assim, a volatilidade dos preços do barril de Petróleo pode fazer com que a margem da empresa se reduza drasticamente em curtos períodos de tempo.
As principais companhias aéreas brasileiras listadas na bolsa são a Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL4). Ambas possuem como um dos maiores riscos de sua operação, justamente o preço do combustível.
Nesse sentido, os gastos com combustível correspondem à maior parte das despesas das duas empresas. Ou seja, as variações dos preços do petróleo podem deteriorar os lucros obtidos com o transporte aéreo.
2- Câmbio
Outro fator extremamente complexo e sensível das companhias aéreas é o fator cambial. Em resumo, além de influenciar nos combustíveis, o câmbio interfere diretamente nos custos das aeronaves.
Acontece que boa parte das aeronaves utilizadas pelas empresas aéreas são arrendadas ou alugadas. Desse modo, a correção dos valores contratuais sofrem grande impacto com as variações da moeda norte-americana. Outro fator de impacto é que as tarifas e taxas cobradas pelos aeroportos são extremamente dolarizadas.
Em contrapartida, a receita das empresas não sofre grande influência do dólar. Isso acontece porque, a maior parte da receita da Gol e da Azul vem de voos domésticos, ou seja, dentro do território nacional, com pagamentos feitos em Real.
3- Normas regulatórias do setor aéreo
O setor aéreo brasileiro é regulado e fiscalizado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). A ANAC é a responsável por controlar os custos de armazenamento, os valores das tarifas cobradas e o custo de decolagem das aeronaves.
Além da regulamentação padrão, as companhias aéreas lidam com diversos problemas envolvendo legislações trabalhistas e normas sindicais. Todos esses problemas contribuem para o aumento dos riscos inerentes ao setor aéreo e contribuem com a insegurança jurídica das empresas.
4- Alto capital investido
Outro problema das companhias aéreas, é que para que obtenham sucesso, elas precisam de um alto capital investido. Logo, as empresas possuem um alto gasto com mão de obra qualificada, boas aeronaves e adequação aos padrões nacionais e internacionais.
Em síntese, as empresas precisam realizar um alto investimento para que consigam manter as aeronaves em boas condições, criar e manter centros de capacitação para os comissários e pilotos e ainda se adequar às legislações brasileiras e internacionais.
5- Margens apertadas
Devido aos problemas com a volatilidade dos preços do petróleo, o fator cambial, as normas rígidas e a necessidade de um alto capital investido, geralmente as empresas aéreas possuem dificuldades para entregar bons retornos nas suas operações.
A consequência de todos esses problemas a das margens apertadas, é a alta quantidade de falências ocorridas no setor aéreo. Somente nos últimos anos, foram 55 empresas quebradas.
Vale a pena investir no setor aéreo?
Além de todos os problemas descritos acima, é importante considerar algumas situações pontuais que impactam as companhias aéreas.
Essas situações podem ser pequenas, como por exemplo, o desvio de um voo, mas que ainda assim representam um aumento de custo, ou podem ser problemas maiores, como uma crise econômica.
Um exemplo de situação inesperada que impactou fortemente o setor aéreo, foi a pandemia do Covid-19. Com o isolamento social, o número de passageiros diminuiu e as margens de lucros que já eram apertadas, foram destruídas.
Enfim, antes de investir nas companhias aéreas, é importante levar em consideração todos os fatores de riscos que este setor possui. E para saber se realmente vale a pena investir em empresas aéreas, veja o vídeo de Raul Sena:
E aí, curtiu aprender sobre o setor aéreo? Então aproveite para conhecer o desempenho do Setor ferroviário – História, características, Projeto de Lei e mudanças.
Fontes: Vc s/a e Agência Brasil
Imagens: Markplan, Infomoney, Valor investe, Jota, Sawtbeirut e Diário de investimentos