Selic a 13,25%: o que isso significa e o que fazer com a alta extrema?

23 de março de 2022, por Jaíne Jehniffer

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Se você acompanha o mercado, já deve ter notado que as projeções para a Selic este ano estão só aumentando. De fato, a projeção mais recente é de uma Selic a 13,25% ao ano, até junho de 2022.

Selic a 13,25%

Os bancos de várias partes do mundo costumam fazer previsões para as taxas e as empresas de diferentes países. Recentemente, o Bank of American, projetou que o Brasil deve ter uma Selic de 13,25% ao ano.

Sendo que o Brasil deve chegar neste número até junho deste ano. Um dos motivos para a projeção de uma Selic tão alta, é o fato de que a inflação não está caindo. Já para 2023, a previsão é de uma taxa Selic a 10,5% ao ano.

Vale destacar que o Bank of America é uma das maiores instituições financeiras dos EUA. Além disso, ele é a 5º maior empresa do país em receitas totais.

É claro que, como se trata de uma previsão, ela pode não se concretizar. No entanto, por ser uma instituição de peso, o mercado está sempre de olho em suas projeções.

Inclusive, esse tipo de projeção é interessante para que os investidores do banco que têm exposição no Brasil, entendam o que está acontecendo por aqui.

Essa não é uma previsão infundada e sem sentido, mesmo sendo muito alta. Isso porque, de fato, a inflação não está caindo como era de se esperar.

Inclusive, a projeção do mercado financeiro para a inflação em 2022 subiu de 6,45% para 6,59%. Se a previsão se confirmar, este será o 2º ano de rompimento do teto da meta de inflação, que não deveria passar de 5% em 2022.

Além disso, a expectativa para a inflação em 2023 subiu de 3,70% para 3,75%. Já a expectativa para a inflação em 2023 subiu de 8,75% a.a. para 9% a.a.

Enfim, hoje a Selic está em 11,75% e o Copom já sinalizou uma nova alta de 1 ponto percentual para maio.

Objetivo da Selic alta

O aumento da Selic tem como objetivo principal justamente reduzir a inflação, já que ela é uma das principais ferramentas de controle inflacionário.

Caso você não saiba o que é a Selic, eu vou te explicar rapidamente. Em resumo, a taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. Isso significa que ela influencia todas as demais taxas de juros do mercado.

Desse modo, quando a intenção é reduzir a inflação, a Selic é elevada. Com a Selic alta, a oferta de crédito se torna mais cara e o consumo é desestimulado.

Em um primeiro momento, a Selic alta parece ser uma boa opção, já que a inflação pode ser controlada por meio dela. Mas o fato é que isso traz algumas consequências.

Por exemplo, o crédito fica mais caro para as empresas. Desse modo, elas tendem a se endividar menos, o que resulta em menores investimentos no crescimento das empresas.

Outro problema da Selic alta é que ela pode “tirar” dinheiro da economia. Isso porque, com os investimentos de renda fixa oferecendo um retorno alto, as pessoas podem optar por investir ao invés de gastar.

Por exemplo, ao invés de comprar um carro, a pessoa pode optar por investir. Logo, ao invés do dinheiro circular no mercado, ele vai ficar parado em um investimento.

Aumento no preço dos combustíveis

Quando a Selic sobe, a oferta de dinheiro na economia é reduzida. Como a oferta de produtos e serviços continua o mesmo, mas a demanda é reduzida, a tendência é que a inflação seja controlada.

No entanto, no momento nós temos um grande problema no Brasil, que atrapalhou muito as contas do Banco Central. Este problema é a alta nos preços dos combustíveis.

Sendo que existem diversos motivos para a alta nos preços dos combustíveis. Um deles é a Guerra na Ucrânia. Talvez você esteja se questionando qual a relação entre a Guerra na Ucrânia e os preços dos combustíveis no Brasil.

Primeiramente, você precisa ter em mente que a economia é complexa e, em um mundo globalizado, as ações de um país impactam outros.

Por exemplo, a Rússia é um dos maiores exportadores de petróleo do planeta. Contudo, com a Guerra, os países deixaram de importar o petróleo da Rússia.

Nessa situação, a demanda por petróleo nos países continuou o mesmo, mas a oferta foi reduzida. O resultado é o aumento dos preços dos combustíveis.

A questão é que se o preço dos combustíveis subiu no Brasil, isso impacta nos preços de vários produtos e serviços. Isso porque, as mercadorias no Brasil são transportadas, sobretudo, por caminhões.

Ou seja, se o preço do diesel subiu para os caminhoneiros, eles vão repassar essa alta. No fim das contas, o preço dos produtos sobe.

Mas o problema não para por aí. Isso porque o diesel também é usado em colheitadeira e afins. Portanto, o agronegócio também foi impactado.

Por fim, para piorar ainda mais a situação, temos o fato de que a Rússia é um dos maiores exportadores de agrotóxicos. Logo, vai ter um aumento também nos preços dos alimentos.

Selic a 13,25% e os investimentos

A alta da Selic tem alguns reflexos imediatos nos investimentos. Um desses reflexos é que os investidores priorizam o investimento em ativos cujo retorno sobe com o aumento da Selic.

Ou seja, muitos investidores deixam de investir na bolsa e em Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e passam a investir em ativos de renda fixa.

Isso faz com que surjam grandes oportunidades de comprar bons ativos por preços baixos na bolsa e cotas de FIIs.

Afinal, com os investidores saindo dos fundos e da bolsa e indo para a renda fixa, os preços das ações e das cotas tendem a cair. Logo, você pode comprar bons ativos por preços baixos.

Portanto, se você quer se aproveitar do momento, você pode investir na baixa da bolsa e dos FIIs. Com isso, quando a bolsa e os FIIs se normalizarem, você terá uma valorização nos ativos.

Além disso, tenha sempre foco no longo prazo. Assista ao vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, e entenda melhor a importância de investir para o longo prazo:

E aí, gostou de saber sobre a perspectiva da Selic a 13, 25%? Então não deixe de ler também: Por que a gasolina está tão cara? Como ganhar dinheiro com isso?

Fonte: Roteiro de Raul Sena