11 de novembro de 2020 - por Nathalia Lourenço
IPO é a oferta pública inicial de ações. Ela acontece após um longo processo de abertura de capital da empresa junto à bolsa de valores. A abertura de capital é demorada, burocrática e custa caro. No entanto, as empresas que optam por ela, geralmente fazem essa abertura para captarem recursos para a sua expansão.
Para o investidor, as IPOs podem ser uma boa oportunidade de investimento, seja para aqueles que pretendem investir em curto prazo, ou para investidores que estão construindo patrimônio.
O que é IPO
A sigla IPO vem do inglês Initial Public Offering, traduzindo seria Oferta Pública Inicial. Ou seja, é a abertura de capital de uma empresa e a consequente disponibilização de ações para os investidores na bolsa de valores.
Como o IPO é o processo em que a empresa recebe novos sócios pela primeira vez, o mercado costuma acompanhar de perto as novas IPOs. Afinal, entrar em um IPO pode ser uma oportunidade de negócio.
Como participar de um IPO?
1) Escolha uma corretora
Em seguida, para participar de um IPO, você precisará de uma conta em uma corretora de valores. Portanto, pesquise e escolha uma corretora que ofereça acesso a IPOs, além de boas taxas e serviços que atendam às suas necessidades.
2) Abra uma conta na corretora
Após escolher a corretora, será necessário abrir uma conta. Normalmente, isso envolve preencher formulários e fornecer documentos pessoais, como RG e CPF. É uma etapa simples, mas importante.
3) Verifique se sua corretora participa do IPO
Além disso, nem todas as corretoras têm acesso a todos os IPOs. Por isso, confirme se a sua corretora está autorizada a participar da oferta que você deseja, garantindo que você possa investir.
4) Leia o prospecto da empresa
Em seguida, é crucial ler o prospecto da empresa. Esse documento contém informações detalhadas sobre a companhia, suas finanças, riscos e a finalidade da captação de recursos. Assim, você estará mais bem informado para tomar decisões.
- Leia também: Passo a passo de como trocar de corretora
5) Acompanhe o calendário do IPO
Depois, os IPOs têm datas específicas para a abertura e fechamento das reservas de ações. Portanto, fique atento ao calendário para não perder a oportunidade de participar.
6) Faça a reserva de ações
Quando o IPO abrir para reservas, você precisará indicar quantas ações deseja comprar. Algumas corretoras permitem a reserva online, facilitando o processo e tornando-o mais ágil.
7) Aguarde a alocação das ações
Após o período de reserva, a corretora alocará as ações. Lembre-se de que, dependendo da demanda, você pode receber todas ou apenas uma parte das ações que solicitou. Portanto, prepare-se para diferentes cenários.
8) Acompanhe a estreia da ação
Uma vez que a corretora aloca as ações, elas começam a ser negociadas na bolsa. Assim, acompanhe a performance da ação, pois o preço pode variar bastante nos primeiros dias. É essencial que você esteja atento a essas mudanças.
9) Avalie sua estratégia de investimento
Por fim, após a estreia, decida se deseja manter as ações a longo prazo ou vendê-las. Avalie a performance da empresa e do mercado para tomar decisões informadas. Essa reflexão pode ser crucial para maximizar seus ganhos.
Quais são as etapas do processo de IPO?
1. Decisão de abrir o capital
Primeiramente, a empresa e seus diretores analisam a possibilidade de abrir o capital, considerando fatores como a necessidade de capital, a maturidade do negócio e as condições do mercado. Essa decisão é fundamental para dar início ao processo.
2. Escolha de assessores financeiros
Em seguida, a empresa contrata bancos de investimento e consultores para auxiliar no processo. Esses profissionais ajudam a definir a estrutura do IPO, o preço das ações e as estratégias de marketing, garantindo que a oferta seja bem-sucedida.
3. Due Diligence
Durante essa fase, a empresa e seus assessores realizam uma revisão minuciosa das informações financeiras, operacionais e legais. Essa etapa é essencial para garantir que todas as informações apresentadas ao mercado sejam precisas e transparentes.
4. Preparação do prospecto
Depois, a empresa elabora o prospecto. Esse documento contém informações detalhadas sobre a companhia, suas finanças, riscos e a oferta de ações. Ele deve ser claro e informativo, servindo como base para os investidores decidirem se participarão do IPO.
5. Registro na CVM
Em seguida, a empresa registra o IPO na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), apresentando o prospecto e outros documentos necessários. A CVM analisa a documentação e pode solicitar ajustes antes de aprovar a oferta.
6. Roadshow
Após o registro, a empresa e seus assessores realizam apresentações para investidores potenciais, conhecidas como roadshows. Essas apresentações têm como objetivo gerar interesse na oferta e responder a perguntas dos investidores, criando um ambiente favorável para o IPO.
7. Definição do preço e da quantidade de ações
Com base no feedback recebido durante o roadshow e nas condições do mercado, a empresa e os bancos de investimento definem o preço das ações e a quantidade que será oferecida. Essa etapa é crucial para o sucesso da oferta.
8. Lançamento do IPO
No dia do lançamento, a empresa oferece oficialmente as ações ao público. Após a alocação das ações, elas começam a ser negociadas na bolsa, e a empresa passa a ser uma companhia de capital aberto.
9. Acompanhamento pós-IPO
Finalmente, após a estreia, a empresa monitora seu desempenho no mercado e continua a comunicar-se com investidores e analistas. Essa fase é importante para manter a transparência e a confiança no mercado, além de preparar o terreno para futuras captações.
Por que as empresas fazem a abertura de capital
As empresas que fazem a abertura de capital, geralmente estão em busca de recursos para investir em seu crescimento. Existem outras maneiras de se conseguir recursos, como por meio de financiamentos.
Porém, o IPO possui vantagens mais interessantes, afinal, financiamentos possuem taxas que podem ser consideradas excessivas. Além disso, com a abertura de capital, os empreendedores da empresa podem vender suas ações e assim trocar parte da sua participação por dinheiro.
Outra vantagem é que a empresa passa a possuir maior credibilidade no mercado. Isso porque, para que possam abrir o capital, as empresas precisam ter um grau de governança corporativa elevada. Por fim, outra vantagem é que a empresa ganha maior visibilidade na mídia o que faz com que ela adquira maior reconhecimento público.
Quais são os tipos de empresas que podem fazer IPO?
1) Empresas de Capital Aberto
Essas são empresas que já têm ações na bolsa de valores. Elas podem emitir mais ações para captar recursos. O IPO ajuda a expandir a base de investidores e financiar novos projetos.
2) Startups
Algumas startups que já estão bem desenvolvidas podem optar por abrir o capital. Dessa forma, elas levantam dinheiro para crescer e aumentar sua visibilidade no mercado.
3) Empresas em Crescimento
Empresas em expansão que precisam de recursos para investir também podem considerar o IPO. Essa estratégia as ajuda a alcançar novos patamares.
4) Empresas Sólidas e Estáveis
Além disso, empresas com um bom histórico de lucros são vistas como boas candidatas para o IPO. Investidores buscam segurança e potencial de retorno, tornando essas empresas atraentes.
5) Empresas em Setores Inovadores
Por outro lado, empresas que atuam em setores novos, como tecnologia e saúde, podem atrair investidores interessados em inovações. Isso facilita o processo de abertura de capital.
6) Empresas Familiares
Algumas empresas familiares decidem abrir o capital para diversificar seus acionistas. Isso ajuda na continuidade do negócio e facilita a sucessão.
7) Empresas em Reestruturação
Por fim, empresas que estão passando por reestruturação também podem usar o IPO para levantar dinheiro. Essa abordagem pode ser crucial para sua recuperação.
Como a IPO funciona
Para abrir o capital, a empresa precisa se enquadrar em uma série de requisitos regulatórios e legais. Sendo assim, o processo pode demorar de oito meses a três anos e custar bem caro.
O primeiro passo realizado pela empresa é montar uma equipe de IPO, com um gerente de projeto, um banqueiro de investimento, contadores e advogados.
Depois disso, é preciso reunir os dados financeiros necessários. Nessa etapa é necessário possuir os balanços auditados de três anos. A empresa também define o quanto ela pretende captar com a IPO e como será a composição das ações ofertadas.
Até o momento de abertura de fato do capital, a empresa precisa cumprir diversos procedimentos burocráticos. Um exemplo é solicitar o registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Outro procedimento burocrático é a solicitação da listagem na bolsa, onde se determina em qual segmento de listagem ela irá ingressar.
A empresa precisa também preparar um prospecto, que é um documento onde constam informações sobre a empresa e a IPO, para que o investidor consulte e decida se irá investir ou não na companhia.
Os investidores que lerem o prospecto e se interessarem na IPO da empresa, podem reservar ações. Dessa maneira, existe um período em que os investidores podem enviar seus pedidos por meio de corretoras e, com isso, reservar quantas ações eles desejam.
Durante o processo de IPO, existe também o bookbuilding. Ele considera quantas ações os investidores institucionais desejam comprar e os valores, com o objetivo de definir qual o preço dos ativos que serão lançados.
Por fim, depois de todo esse processo, as ações são lançadas no chamado Dia D. Nesse dia, as ações começam a ser realmente negociadas na B3.
Tipos de ofertas de ações
Podemos dividir a oferta de ações em dois tipos:
- Primária: A oferta primária de ações é a realização da IPO da empresa e a consequente disponibilidade de seus ativos no mercado. Nesse caso, como a empresa vende para os investidores, o dinheiro gerado vai para o caixa da empresa.
- Secundária: Na oferta secundária o dinheiro não vai mais para o caixa da empresa. O que ocorre é a negociação dos ativos existentes, já que as ações foram disponibilizadas na oferta primária. Dessa forma, a negociação ocorre entre investidores e o dinheiro circula entre eles.
Vantagens e desvantagens
Para a empresa, realizar uma IPO é vantajoso, principalmente, para a captação de recursos para investir em seu crescimento. Outra vantagem é que a empresa passa a ser mais transparente com a gestão, já que as informações devem estar disponíveis para o público.
Em relação aos investidores, existem aqueles chamados de flippers. Neste caso, as IPOs são vantajosas, pois eles reservam ações apenas para vendê-las no primeiro dia de estreia da empresa na bolsa. Para os demais investidores, também pode ser uma boa oportunidade de investir em boas empresas com preços que ainda podem subir.
Em contrapartida, podemos destacar como desvantagem para as empresas a extensa burocracia e gastos para realizar a abertura de capital.
Depois de realizado o processo, os donos têm seu movimento restrito, tendo que responder ao conselho de administração e dar satisfação aos sócios.
Para o investidor, aplicar em IPO pode ser um mau negócio se as suas expectativas não forem atendidas. Afinal, quando se reserva ações, o investidor espera que os papéis da empresa se valorizem, mas isso pode não acontecer e restarem apenas prejuízos.
Vale a pena investir em IPO?
Investir em IPO pode ser atraente, mas envolve riscos. Muitos IPOs oferecem um bom potencial de crescimento, pois muitas empresas que abrem o capital estão se expandindo. Assim, se a empresa for bem-sucedida, o valor das ações pode aumentar rapidamente. Além disso, investir em um IPO permite que você compre ações antes que elas estejam disponíveis para todos, o que pode ser vantajoso, pois você pode adquirir ações a um preço mais baixo.
Por outro lado, os IPOs também têm seus riscos. Muitas vezes, as empresas que abrem o capital têm menos histórico financeiro, o que pode tornar o preço das ações instável logo após a estreia na bolsa. As informações sobre a empresa antes do IPO podem ser limitadas, dificultando a avaliação de seu verdadeiro valor. Portanto, é importante fazer uma análise cuidadosa.
Investir em IPO também pode ser uma forma de diversificar seu portfólio. No entanto, é melhor evitar investir muito em IPOs para reduzir os riscos. A decisão de investir em um IPO depende da sua situação financeira e dos seus objetivos. Se você está disposto a assumir riscos e acredita na empresa, pode valer a pena considerar esse investimento.
- Agora que você sabe como funciona a abertura de capital de uma empresa, entenda como são estabelecidos os Códigos de ações – O que são, como são formados e principais tipos
Fontes: Infomoney, Toro investimentos