Capitalização composta: o que é, como aproveitar e exemplos

6 de maio de 2021, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 8 min, 39 seg


Na capitalização composta a taxa de juros incide em cima do valor total da aplicação, inclusive dos juros acumulados até então. Ou seja, neste tipo de capitalização temos os juros sobre juros.

Quando os juros incidem apenas em cima do valor inicialmente aplicado ou emprestado, temos a capitalização simplesNeste caso, o valor total dos juros cresce de maneira linear e não exponencial como ocorre com os juros compostos. 

No mundo dos investimentos, existe a “mágica dos juros compostos”. Isso porque, conforme o tempo passa, os juros compostos aumentam bastante o rendimento de uma aplicação. Contudo, esses juros podem ser um pesadelo se estiverem atrelados a uma dívida.

Quer saber mais sobre esse assunto? Então, continue a ler a matéria e aprenda!

O que é capitalização composta?

O regime de capitalização é uma forma de rendimento e progressão de aplicações financeiras. É, em outras palavras, o cálculo de juros aplicado, por exemplo, em determinado investimento ou empréstimo.

Existem dois tipos principais de regimes de capitalização: simples e composto. Na capitalização simples, a taxa de juros incide somente sobre o valor originalmente aplicado.

Já a capitalização composta, que é a mais comumente utilizada pelo mercado financeiro, é aquela na qual os rendimentos provêm de taxas de juros que incidem sobre o capital inicial e sobre o rendimento acumulado. Isso significa que os juros são calculados sobre a soma do capital inicial e do rendimento já existente.

Portanto, na capitalização composta, os juros são aplicados sobre juros, fazendo com que o valor do investimento cresça exponencialmente ao longo do tempo.

Exemplos práticos de cálculo da capitalização composta

Na capitalização composta, o cálculo do montante é resultado de um raciocínio que leva em conta, a partir da capitalização simples, o cálculo mês a mês.

Para calcular os juros em capitalização composta, você pode usar a seguinte fórmula:

M = C (1+i)^t

Onde:

M é o montante final (capital inicial mais juros)

C é o capital inicial

i é a taxa de juros por período (em decimal)

t é o número de períodos

Por exemplo, se você investir R$10.000 a uma taxa de juros de 10% ao mês por 3 meses, o montante final seria calculado da seguinte maneira:

  1. No primeiro mês, os juros seriam 10% de R$10.000, resultando em R$1.000. O montante no final do primeiro mês seria R$11.000.
  2. No segundo mês, os juros seriam 10% de R$11.000, resultando em R$1.100. O montante no final do segundo mês seria R$12.100.
  3. No terceiro mês, os juros seriam 10% de R$12.100, resultando em R$1.210. O montante no final do terceiro mês seria R$13.310.

Portanto, ao final do período, você teria R$13.310.

Se você quiser calcular apenas os juros compostos acumulados durante o período, você pode subtrair o capital inicial do montante final:

J = M – C$$

Neste caso, os juros acumulados seriam R$13.310 – R$10.000 = R$3.310.

Lembre-se de que a taxa de juros e o tempo devem estar na mesma unidade (por exemplo, ambos em meses ou ambos em anos) para que a fórmula funcione corretamente.

Se você não gosta de fazer cálculos, não se preocupe, existem calculadoras de juros compostos na internet que podem resolver isso para você.

Qual é a diferença entre capitalização simples e composta?

A principal diferença entre a capitalização composta e a simples, é o cálculo dos juros. Isso porque, na capitalização composta, existem os juros sobre juros. Por outro lado, na capitalização simples a taxa de juros é calculada em cima do valor inicial da aplicação. 

Assim, na capitalização simples, o cálculo será apenas em cima do valor inicialmente aplicado, do começo até o vencimento. Portanto, nos investimentos, os juros compostos são muito mais vantajosos para o investidor, já que eles proporcionam um retorno superior.

No entanto, para empréstimos, os juros simples são muito melhores, pois o valor total dos juros cresce de maneira linear. Outra diferença entre os dois tipos de capitalização, é que a capitalização composta é mais recomendada para países com inflação alta ou juros elevados.

Já a capitalização simples é mais usada em países com baixa inflação. Em síntese, a inflação corrói o poder de compra da população e desvaloriza o dinheiro. Sendo assim, o rendimento de um investimento com capitalização simples pode ser desvantajoso no final do período, se a inflação for muito alta.

Entretanto, em países com baixa inflação, a perda do poder de compra pode não impactar tanto no rendimento da aplicação. No Brasil, nós temos inflação alta. Desse modo, muitos investimentos usam os juros compostos como meio de remuneração do investidor.

Como aproveitar ao máximo a capitalização composta?

A capitalização composta, também conhecida como “juros sobre juros”, pode ser uma ferramenta poderosa para aumentar o seu capital ao longo do tempo. Aqui estão algumas maneiras de aproveitar ao máximo a capitalização composta:

  • Investimento a longo prazo: Com os juros compostos nos investimentos, o tempo é o seu maior amigo. Quanto mais tempo seu dinheiro ficar aplicado, maior será o rendimento. Portanto, comece a investir o mais cedo possível e deixe seu dinheiro crescer ao longo do tempo.
  • Reinvestir os lucros: Na capitalização composta, os juros são calculados sobre o montante inicial e acrescidos dos juros acumulados. Portanto, reinvestir os lucros pode aumentar significativamente o seu retorno total.
  • Poupar e investir regularmente: É importante poupar uma parte da sua renda regularmente e investir em opções que oferecem capitalização composta.
  • Evitar dívidas de alto custo: Os juros compostos podem ser o seu maior inimigo no caso de empréstimos e financiamentos. Portanto, evite dívidas de alto custo sempre que possível.
  • Educação financeira: Com esforço, paciência e conhecimento, você pode usar os juros a seu favor e fazer o dinheiro render para alcançar um futuro mais tranquilo e confortável. Portanto, invista em sua educação financeira para entender melhor como funciona a capitalização composta.

Lembre-se, a chave para aproveitar ao máximo a capitalização composta é a paciência. O poder dos juros compostos se torna mais evidente com o passar do tempo.

Por outro lado, quando você pega um empréstimo com o banco e precisa pagar juros compostos, você está prejudicando a sua saúde financeira.

Enfim, alguns exemplos de investimentos que usam os juros compostos são:

Exemplos

Como você já sabe, os juros compostos podem ser seu aliado ou inimigo. Em resumo, se você investir em ativos que paguem juros compostos, ele é seu amigo.

Mas se você tiver uma dívida que cobra juros compostos, ele pode destruir a sua saúde financeira. Sendo assim, vamos para exemplos do juros compostos nos investimentos e em empréstimos:

1. Empréstimo

Vamos supor que um empresário use o cheque especial de R$ 50 mil para cobrir as dívidas de sua empresa. Vamos imaginar também, que ele ficou com o empréstimo por seis meses com juros de 10% ao mês.

Neste caso, os juros são:

  • 1º mês: juros de R$ 5.000,00 (saldo devedor: R$ 55.000,00)
  • 2º mês: juros de R$ 5.500,00 (saldo devedor: R$ 60.500,00)
  • 3º mês: juros de R$ 6.050,00 (saldo devedor: R$ 66.550,00)
  • 4º mês: juros de R$ 6.655,00 (saldo devedor: R$ 73.205,00)
  • 5º mês: juros de R$ 7.320,50 (saldo devedor: R$ 80.525,50)
  • 6º mês: juros de R$ 8.052,55 (saldo devedor: R$ 88.578,05)

Observando os dados acima, podemos notar que o empresário pegou R$ 50 mil emprestado e depois de seis meses, ele devia mais de R$ 88 mil. Ou seja, é mais de R$ 38 mil apenas de juros compostos!

2. Investimento

Agora vamos imaginar que você tenha investido R$ 10 mil em um título de renda fixa, com prazo de seis meses e uma taxa de juros de 3% ao ano.

Neste caso, os juros compostos seriam:

  • 1º mês: rendimento de R$ 300,00 (total: R$ 10.300,00)
  • 2º mês: rendimento de R$ 309,00 (total: R$ 10.609,00)
  • 3º mês: rendimento de R$ 318,27 (total: R$ 10.927,27)
  • 4º mês: rendimento de R$ 327,82 (total: R$ 11.255,09)
  • 5º mês: rendimento de R$ 337,65 (total: R$ 11.592,74)
  • 6º mês: rendimento de R$ 347,78 (total: R$ 11.940,52)

Este é apenas um caso hipotético, mas é possível perceber que aplicações com juros compostos podem proporcionar um ótimo rendimento.

Fontes: Capital research, Matemática financeira, Top Invest