Tesouro Direto: o que é, como funciona e como investir?

24 de agosto de 2020, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 9 min, 16 seg


Muito visado por quem quer trocar a poupança por um investimento mais rentável, os títulos públicos – através do Tesouro Direto – também são usados como um investimento pelos mais conservadores e, ainda, por quem quer montar uma carteira de investimentos diversificada.

Essa, inclusive, é a melhor estratégia na hora de investir: montar uma carteira com investimentos seguros para, então, se quiser, poder se arriscar em outros investimentos de renda variável. A estratégia é aconselhável, pois os investimentos em renda variável podem ser um sucesso ou um desastre financeiro.

Agora, investir em títulos é uma das formas de investimentos mais seguras. Isso porque, ao comprar títulos do Tesouro Nacional, o investidor está basicamente emprestando dinheiro para o País. O Brasil tem histórico de bom pagador de títulos, logo, é uma ótima opção de investimento.

Quer saber mais o que é, como funciona e como investir no Tesouro Direto? Leia a seguir.

O que é Tesouro Direto

O Tesouro Direto é uma inciativa criada, em 2002, pelo Tesouro Nacional. O programa visa permitir que pessoas físicas comprem títulos do governo. Em resumo, ao adquirir um título, também chamado de papel, o investidor empresta dinheiro para o governo.

Assim, afacilidade na hora de investir é um dos principais atrativos do Tesouro Direto, principalmente, para investidores novatos. Outro ponto positivo é a liquidez diária desse tipo de investimento.

Ou seja, a liquidez se refere à rapidez com que é possível ter o dinheiro em mãos caso você precise. No Tesouro Direto você recebe o dinheiro na sua conta da corretora até um dia após a solicitação.

Contudo, não é indicado deixar o dinheiro por pouco tempo, já que quanto mais tempo ficar investido, maior será o lucro do investimento.

Nesse sentido, ao comprar um título, você está emprestando dinheiro ao governo, logo, você está financiando a dívida pública federal. Dessa forma, quando você pega seu dinheiro de volta, ele vem acrescido de juros, que é a sua remuneração pelo empréstimo.

Por fim, investir em tesouro direto é um dos investimentos mais seguros. Isso porque, o investidor empresta dinheiro para o país. Logo, a probabilidade do país quebrar é muito menor do que uma empresa, por exemplo. Além disso, historicamente, o governo nunca deixou de pagar seus credores do Tesouro Direto.

Em resumo, investir no Tesouro Direto é quase certeza de lucro. O único risco é o investidor ter que vender papéis indexados à inflação ou prefixados antes do seu vencimento e vender em um momento ruim no mercado.

Quais são os tipos de títulos públicos?

Basicamente, existem três tipos de títulos públicos à venda:

1. Prefixados

Os títulos prefixados são um tipo de investimento em que a taxa de juros (ou seja, a rentabilidade) é definida no momento da compra do título. Isso significa que o investidor já sabe, desde o início, qual será o valor total que receberá ao final do período do investimento.

Existem dois tipos principais de títulos prefixados:

  • Prefixado puro: O emissor combina uma taxa de juros fixa no início e paga essa taxa no vencimento do título.
  • Híbridos: O retorno é calculado pela variação de um indicador (como a inflação) mais um bônus fixo e predeterminado.

Perceba que, para garantir a rentabilidade acordada, o investidor deve manter o dinheiro investido até o prazo de vencimento do título. Caso contrário, o valor do título pode ser ajustado de acordo com as condições de mercado no momento da venda.

2. Pós-Fixados

Os títulos pós-fixados são um tipo de investimento onde a remuneração é atrelada a um indicador econômico. A rentabilidade é determinada apenas no momento do resgate ou do pagamento de juros. Por exemplo, um título pós-fixado pode ser indexado ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou à Selic (taxa básica de juros do Brasil).

Aqui estão algumas características dos títulos pós-fixados:

  • Rentabilidade Variável: A rentabilidade não é fixa e está vinculada a um indexador como a SELIC, que pode variar tanto positiva quanto negativamente ao longo dos meses.
  • Proteção contra a inflação: Como a rentabilidade desses títulos está atrelada a um indicador econômico que, em geral, acompanha a inflação (como a Selic ou o IPCA), eles podem garantir que o poder de compra do seu investimento não será corroído ao longo do tempo.
  • Ganhos maiores em cenários de alta de juros: Quando as taxas de juros estão em uma trajetória de alta, a rentabilidade deles tende a aumentar junto com elas.

3. Títulos Híbridos

Os títulos híbridos são instrumentos financeiros que combinam características dos títulos prefixados e pós-fixados. Na prática, eles são aplicações financeiras cujo rendimento é composto por uma parte fixa, definida no momento da compra, e uma parte variável, atrelada a um indexador.

Na parte fixa, uma parte do rendimento é definida no momento da compra, semelhante aos títulos prefixados.

Na parte variável, a outra parte do rendimento é atrelada a um indexador, como a taxa Selic ou o IPCA, semelhante aos títulos pós-fixados.

Esses títulos são populares entre os investidores que estão em busca de investimentos mais elevados do que os de títulos públicos, com menor risco do que ações.

Como funciona o Tesouro Direto?

O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional, desenvolvido em parceria com a B3, para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% online. Aqui está um passo a passo de como funciona:

  1. Emissão de Títulos: O governo emite um título de renda fixa, conhecido como título público.
  2. Adição à Plataforma: O título é adicionado à plataforma do Tesouro Direto.
  3. Criação de Conta: O investidor cria uma conta no site para ter acesso aos ativos.
  4. Transferência de Capital: Após criar a conta, é necessário transferir capital para investir.
  5. Escolha do Ativo: O investidor escolhe o ativo que atende seus interesses.

Os títulos disponíveis no Tesouro Direto são classificados em três tipos: prefixados, pós-fixados e híbridos. Cada um desses títulos tem características diferentes, permitindo que os investidores escolham o que melhor se adapta às suas necessidades e objetivos financeiros.

Ao comprar um título do Tesouro Direto, o investidor está emprestando dinheiro ao governo. Em troca, o governo se compromete a devolver o valor investido, acrescido do valor dos juros acumulados no período, na data de vencimento do título. Portanto, o Tesouro Direto é considerado um dos investimentos mais seguros do país.

Existe risco ao investir em Tesouro Direto?

Sim, existem riscos ao investir em Tesouro Direto, embora sejam considerados baixos. Aqui estão os principais:

O risco de mercado está relacionado com as variações no preço dos títulos com o passar do tempo. Se você precisar vender um ativo antes da data prevista, deve considerar o preço que ele está sendo negociado entre os investidores. É possível que o mercado esteja considerando um valor abaixo do que você receberia na data de vencimento acordada.

Também existe o risco de crédito. Embora seja considerado um investimento seguro, o Tesouro Direto também tem um risco de crédito, ou seja, a possibilidade de o governo não honrar o pagamento dos juros e do principal. Esse risco é baixo, mas não pode ser completamente descartado.

Por fim, há risco de liquidez, que está associado à capacidade de um investidor de comprar ou vender um título sem causar uma mudança significativa em seu preço.

Apesar desses riscos, o Tesouro Direto é considerado um dos investimentos mais seguros do país. Portanto, é sempre uma boa ideia entender esses riscos e considerá-los ao fazer seus investimentos.

Como escolher o melhor título?

Escolher o melhor título do Tesouro Direto para investir depende de vários fatores, incluindo seus objetivos financeiros, perfil de investidor e horizonte de investimento. Aqui estão algumas dicas para ajudá-lo a escolher o melhor título para você:

  1. Entenda cada título: Cada título tem características diferentes. Alguns títulos, como o Tesouro Selic, são mais líquidos e não trazem perdas caso você resgate antes do vencimento.
  2. Identifique seu perfil de investidor: Você é conservador, moderado ou agressivo? Seu perfil de investidor pode ajudar a determinar qual tipo de título é mais adequado para você.
  3. Defina seu objetivo: Você está economizando para a aposentadoria, para comprar uma casa, para a educação dos seus filhos ou para outra finalidade? Seu objetivo de investimento pode influenciar a escolha do título.
  4. Considere o prazo de investimento: Você pretende manter o investimento por um curto, médio ou longo prazo? O prazo de investimento pode afetar a escolha do título.
  5. Faça as contas: Considere a rentabilidade, o prazo, o risco, a liquidez, a inflação e a taxa de custódia ao escolher um título.

Deve-se ressaltar que não existe um título que seja o melhor para todos. O melhor título para você depende das suas circunstâncias individuais. Portanto, é sempre uma boa ideia fazer sua própria pesquisa ou procurar aconselhamento financeiro antes de tomar uma decisão de investimento.

Vale a pena investir no Tesouro Direto?

Investir no Tesouro Direto pode ser uma boa opção, dependendo do seu perfil de investidor e dos seus objetivos financeiros.

Uma das principais opções é a da segurança. O Tesouro Direto é considerado um dos investimentos mais seguros, pois é 100% garantido pelo Tesouro Nacional.

Outra opção, é a rentabilidade. Os títulos do Tesouro Direto podem oferecer uma boa rentabilidade, especialmente em momentos em que o IPCA e a taxa Selic estão em alta.

O Tesouro Direto também tem boa liquidez, o que significa que você pode vender seus títulos a qualquer momento.

Finalmente, outra opção que vale a pena investir é pela acessibilidade. Você pode começar a investir no Tesouro Direto com pouco mais de R$ 35.

No entanto, é fundamental lembrar que, como qualquer investimento, o Tesouro Direto também apresenta riscos. Por exemplo, se a taxa Selic cair, os títulos prefixados e atrelados à Selic podem perder valor. Além disso, se você vender o título antes do vencimento, pode não conseguir o retorno total esperado.

Portanto, antes de investir no Tesouro Direto, é preciso entender como ele funciona, quais são os riscos envolvidos e se ele se alinha aos seus objetivos financeiros. Se necessário, considere buscar aconselhamento financeiro.

Fontes: Infomoney, Tesouro Direto, CNN Brasil, Suno, NuInvest, Nubank, Genial