10 de março de 2021 - por Jaíne Jehniffer
A DVA é um demonstrativo contábil que visa apontar a geração de riqueza de uma empresa. Em síntese, todos os produtos e serviços oferecidos por uma empresa, possuem um valor maior do que a soma dos fatores necessários para a sua produção. Sendo assim, esse valor adicionado é a geração de riqueza feita pela empresa.
Além de apontar a geração de riqueza da empresa, a DVA demonstra como os valores foram distribuídos entre os setores que participaram da produção, como por exemplo, funcionários, fornecedores e financiadores.
Enfim, todas as empresas de capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores Brasileira, devem obrigatoriamente elaborar a DVA. No entanto, as demais empresas também podem fazer o relatório, já que ele serve como indicador da evolução da capacidade da empresa em gerar riqueza.
O que é DVA?
A sigla DVA deriva de Demonstração do Valor Adicionado. Dessa maneira, a DVA é um demonstrativo contábil que tem por função distinguir a riqueza que a empresa gerou durante determinado período e a maneira com a qual ela foi distribuída para os setores envolvidos no processo.
Em resumo, a riqueza é a diferença de valores entre o que a empresa produziu e os bens e serviços que ela usou no processo (e que foram produzidos por terceiros).
Dessa forma, a fonte de geração de riqueza empresarial consiste na capacidade de agregar valor aos custos totais para produção, operação e comercialização.
Em outras palavras, ao colocar um produto ou serviço no mercado, ele vale mais do que a soma dos fatores adquiridos para a sua produção. Portanto, esse valor adicionado pela empresa, é a riqueza gerada.
O papel da DVA neste contexto de geração de riqueza, é justamente demonstrar como a riqueza gerada foi distribuída entre os diversos setores que participaram direta ou indiretamente da geração, como por exemplo fornecedores, funcionários, acionistas, agentes financiadores e governo.
Sendo assim, a DVA é uma maneira de analisar a contribuição da companhia com o PIB – Produto Interno Bruto.
Obrigatoriedade
Todas as empresas de capital aberto, são obrigadas a elaborar a Demonstração do Valor Adicionado. Sendo que essa obrigatoriedade deriva da Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007 (a adoção dessa Lei foi regulamentada em 2008, por meio do pronunciamento técnico CPC 09).
Desse modo, essas empresas obrigadas a fazer a DVA, geralmente fazem o demonstrativo anualmente, junto com outros relatórios de contabilidade.
Apesar da obrigatoriedade englobar apenas as companhias de capital aberto, as outras empresas também podem elaborar o demonstrativo para fins gerenciais. Dessa maneira, a DVA serve como uma forma da companhia mensurar sua eficiência em transformar recursos em riqueza.
Pra que serve?
A principal função da Demonstração do Valor Adicionado é demonstrar a geração e distribuição de riqueza da empresa. Entretanto, ela pode ter também uma perspectiva social, já que ela serve para demonstrar a contribuição da empresa para a sociedade.
Dessa forma, ela pode ser útil, por exemplo, para que os órgãos de administração pública, possam avaliar os benefícios que a instalação de uma empresa pode trazer para a sociedade.
Além disso, a DVA pode ainda ser usada em diversas outras situações, como por exemplo para que o governo verifique de que maneira cada categoria está contribuindo com a receita tributária do país.
Sendo assim, ela serve para que os sindicatos possam comparar, entre companhias do mesmo segmento, os valores destinados aos trabalhadores e consequentemente a evolução salarial.
Como elaborar a DVA?
A elaboração da Demonstração do Valor Adicionado, conta com os dados disponíveis na DRE – Demonstração de Resultados do Exercício. Ou seja, para que a DVA tenha valores corretos, a DRE deve contar com informações precisas.
Portanto, para calcular a Demonstração do Valor Adicionado, é preciso contabilizar todas as receitas operacionais e não operacionais do período considerado. Posteriormente, deve-se subtrair da receita total as despesas operacionais do período.
O resultado dessa subtração é o Valor Adicionado Bruto. Desse modo, é necessário descontar as despesas não-operacionais para obter o Valor Adicionado Líquido. Por fim, resta distribuir o Valor Adicionado Líquido entre os componentes envolvidos na produção de riqueza.
Com o resultado do cálculo, a empresa consegue analisar qual componente da produção teve uma maior contribuição na geração de riqueza. Além disso, é possível comparar a DVA do período anterior e verificar a evolução da capacidade da companhia em gerar riqueza.
Estrutura
A estrutura da Demonstração do Valor Adicionado, pode ser dividida em duas partes: como a empresa gerou riqueza e como ocorreu a distribuição.
Dessa maneira, a primeira parte deve possuir dois grupos de planilhas. O primeiro grupo deve ser preenchido com os ganhos de capital e a receita bruta de vendas.
Em contrapartida, o segundo grupo deve ter os insumos adquiridos pela empresa, como por exemplo energia, serviços e matéria-prima. A segunda metade da Demonstração do Valor Adicionado, visa demonstrar como ocorreu a distribuição da riqueza.
Primeiramente, é preciso mostrar o quanto foi destinado ao gasto com pessoal, com salários e benefícios. Depois disso, é preciso indicar o quanto foi destinado à impostos (e outras contribuições para o governo) e os valores destinados à remuneração de terceiros (aluguéis e juros).
Para finalizar, resta demonstrar a remuneração dos capitais próprios da empresa, que são os lucros retidos da companhia e os lucros distribuídos para os sócios.
Por fim, é importante notar que o valor a distribuir (indicado na primeira parte do relatório), deve ser igual ao valor distribuído (indicado na segunda parte). Portanto, se as duas partes não tiverem valores iguais, existe um erro na contabilidade. Enfim, o modelo básico da DVA segue a seguinte estrutura:
Primeira parte da DVA
- Receitas (valores brutos, com impostos)
1.1 Venda de mercadorias, produtos e serviços
1.2 Outras receitas
1.3 Resultados não operacionais (ganho de capital)
1.4 Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Constituição/Reversão
- Insumos adquiridos de terceiros (com ICMS e IPI)
2.1 Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos (valores pagos a terceiros, não inclui gastos com pessoal próprio)
2.2 Materiais, energia, serviços de terceiros
2.3 Perda/recuperação de valores ativos
2.4 Outros
- Valor Adicionado Bruto (= 1-2)
- Retenções
4.1 Depreciação, amortização e exaustão
- Valor adicionado líquido produzido pela entidade (= 3-4)
- Valor adicionado recebido em transferência
6.1 Resultado de equivalência patrimonial (pode ser negativo ou positivo)
6.2 Receitas financeiras (por exemplo, juros recebidos)
6.3 Outras receitas (incluem aluguéis recebidos, direitos de franquia, etc.)
7 – Valor adicionado total a distribuir (= 5+6)
Segunda parte da DVA
8 – Distribuição do valor adicionado
8.1 Pessoal
8.1.1 Remuneração direta (salários, 13º, férias, comissões, horas-extras, dentre outros)
8.1.2 Benefícios (plano de saúde, alimentação, transporte etc.)
8.1.3 FGTS
8.2 Impostos, taxas e contribuições
8.2.1 Federais
8.2.2 Estaduais
8.2.3 Municipais
8.3 Remuneração de capitais de terceiros
8.3.1 Juros (pagos a terceiros)
8.3.2 Aluguéis
8.3.3 Outras (outros valores pagos a terceiros, como royalties, franquias, direitos autorais etc.)
8.4 Remuneração de capitais próprios
8.4.1 Juros sobre o capital próprio
8.4.2 Dividendos
8.4.3 Lucros retidos/prejuízo do exercício
8.4.4 Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só na consolidação)
Enfim, agora que você sabe o que é DVA, aproveite para aprender como fazer um Balanço patrimonial, o que é? Como funciona, conceitos e para que serve
Fontes: Dicionário financeiro, Capital research e Suno
Imagens: Grupo tecnoweb, Roseprock, Franquia educacional, Pectra consult, Sgpc, Informa contábil e Lafs contabilidade