Efeito chicote: o que é e como reduzir os impactos

24 de setembro de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 7 min, 50 seg


O efeito chicote é um fenômeno que pode ser percebido quando ocorre uma disparidade entre a demanda dos consumidores e a quantidade produzida de determinado produto.

Uma das causas do efeito chicote são as informações imprecisas que fazem com que a empresa não produza a quantidade de itens necessários para a real demanda.

Esse efeito pode ter diversas consequências para a empresa. Um exemplo disso, é o excesso ou falta de itens em estoque, o que pode resultar em um estoque inchado ou na falta de itens para atender à demanda. 

O que é efeito chicote?

O efeito chicote ocorre quando existe uma disparidade entre a demanda dos consumidores e a quantidade produzida. Para prepararem seus estoques e alimentarem suas produções, a fim de atender a todos os clientes, as empresas precisam de informações sobre as necessidades dos clientes.

No entanto, quando a previsão não condiz com a demanda, seja porque a informação foi distorcida ou porque a demanda não se concretizou, o fluxo harmônico da cadeia de suprimentos pode ser interrompido.

Sendo que, alguns fatores que podem atrapalhar o fluxo da cadeia são: excesso ou falta de produtos em estoque, confusão no sistema de logística, prejuízos e falha no comprimento do cronograma de produção. Para ficar mais fácil de entender, vamos analisar uma situação hipotética.

Efeito chicote: o que é e como reduzir os impactos

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Suponhamos que uma pessoa foi ao supermercado comprar apenas uma caixa de pasta de dentes. Entretanto, ao chegar no supermercado, ela se depara com uma boa promoção e decide levar 10 caixas.

Ao levar tantas caixas, ela certamente não precisará comprar este produto nos próximos meses, já que adquiriu mais unidades do que precisava. Essa cena pode se repetir com muitos consumidores. O problema é que a empresa que produz essas caixas de pasta de dente, pode interpretar isso como um aumento da demanda.

Nesse sentido, ela pode decidir comprar mais insumos e produzir mais pastas de dentes. O resultado disso é que ela acaba tendo um estoque acima do necessário. O contrário do exemplo também pode ocorrer e a empresa não conseguir atender a demanda.

Fatores que contribuem para o efeito chicote

Diversos são os fatores que podem contribuir para o efeito chicote. Alguns dos principais são:

1- Previsão de demanda: As informações imprecisas tendo como base as demandas passadas ou uma coleta de dados insuficiente, pode causar um erro na previsão da demanda. Para evitar este tipo de erro, é interessante investir em estratégia e técnicas de estudo de mercado para que a empresa consiga avaliar com precisão as demandas futuras.

2- Variações de preço: As promoções e descontos realizados pelos varejistas podem afetar o padrão regular de compras, já que os consumidores comprarão mais dos produtos para aproveitar a oportunidade.

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3- Pedidos em lotes: O terceiro fator que pode causar o efeito chicote é o hábito que muitas empresas possuem de acumular pedidos para diminuir os custos do processamentos das ordens de compra e transporte.

Isso porque, quanto maior for o pedido e a quantidade de produtos transportados, maior é o desconto. No entanto, isso pode ser ruim pois a empresa se acostuma a fazer pedidos periodicamente e pode não estar preparada para um aumento repentino ou uma queda inesperada dos pedidos dos varejistas.

4- Disponibilidade de produtos: Ao prever uma possível escassez de determinado produto, o varejista tende a aumentar os seus pedidos para garantir a disponibilidade do item. Consequentemente, as empresas se preparam para a demanda elevando a produção. Contudo, os varejistas já estarão com os estoques cheios e não farão novos pedidos no próximo ciclo de compras.

Consequências

O efeito chicote pode trazer uma série de consequências negativas para uma empresa, tais como:

1- Aumento do custo do estoque: Quando ocorre uma variação na quantidade de pedidos, uma das soluções de curto prazo feitas pelas empresas é preparar a operação para estocar mais produtos com o objetivo de conseguir atender ao nível máximo de pedidos que podem surgir.

Porém, se a demanda for menor do que o previsto e houver uma queda no volume de vendas, a saída de produtos também é reduzida. Logo, o estoque fica cheio o que eleva os custos operacionais. 

2- Imprevisibilidade do lead time de ressuprimento: O efeito chicote também impacta a criação de um cronograma para o envio de pedidos aos fornecedores. Essa situação também impacta o fornecedor que pode perder a sua capacidade de atender ao fluxo de pedidos, sobretudo se eles forem muito acima do previsto.

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3- Desgaste no relacionamento com os parceiros de negócios: O efeito chicote também afeta o fornecedor da empresa e quando essa variação ocorre de modo muito recorrente, erros podem acontecer. Nesse cenário, a relação entre os dois pode ser prejudicada e levar, até mesmo, a uma ruptura da parceria.

4- Elevação dos custos de transporte: Com a imprevisibilidade do volume de pedidos, a empresa pode sofrer com os custos extras com o transporte para o envio e recebimento de produtos.

5- Variações na disponibilidade dos produtos: As variações na demanda também podem causar o excesso de itens ou a falta de estoque da empresa. Sendo que o excesso de itens tem o risco de perdas. Em contrapartida, a falta de itens pode resultar nas perdas das vendas e na procura dos concorrentes por parte dos clientes.

Como reduzir os impactos do efeito chicote?

Algumas atitudes podem ser tomadas para prevenir ou solucionar o efeito chicote:

1- Alinhamento das estratégias internas: É preciso do alinhamento de todas as estratégias internas, pois uma pode afetar a outra e causar o efeito chicote.

Por exemplo, ações realizadas pelo departamento de vendas influenciam o número de pedidos e podem causar o efeito chicote. Portanto, é essencial que os gestores mantenham uma comunicação clara e tenham suas ideias alinhadas para evitar o efeito chicote.

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2- Sintonia entre os envolvidos na cadeia: Uma maneira do fabricante não ficar com escassez de um produto, é informar os clientes varejistas sobre os níveis de produção e estoque. Os varejistas, por sua vez, podem repassar esses dados para os seus pontos de vendas. 

3- Relação de confiança com o fornecedor: Ter uma boa relação com os fornecedores é essencial para que ambos consigam estabelecer estratégias e ações conjuntas para que todos se beneficiem. 

4- Otimize o desempenho das operações internas: A adoção de sistemas digitais que contribuem com o controle do nível de estoque podem otimizar os processos internos. Esses sistemas contribuem com o controle do estoque e ajudam a prever de maneira mais eficaz a demanda dos clientes.

Como usar o efeito chicote para reduzir os custos na cadeia de suprimentos

Até agora nós falamos sobre as desvantagens e consequências do efeito chicote para as empresas. Porém, esse efeito pode ser usado para melhorar processos e corrigir gargalos. Inclusive, partindo do efeito chicote a empresa pode diminuir os seus custos na cadeia de suprimentos. Algumas dicas para aproveitar o efeito chicote são:

1- Tecnologia: Investir em tecnologia pode ser a solução para reduzir os seus custos e lidar com gargalos. Isso porque, a automação de processos contribui com os ganhos em produtividade e aumento da eficiência, além da redução de erros, dos desperdícios e dos custos operacionais.

Além disso, as ferramentas de gestão contribuem com a facilitação da troca de informações e do alinhamento e colaboração entre os envolvidos.

Efeito chicote: o que é e como reduzir os impactos

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2- Redirecionar a estratégia: Se as ações realizadas pela empresa não estão surtindo os resultados esperados, então talvez este seja o momento de desenvolver novas estratégias. Sendo que, a participação de todos os envolvidos no abastecimento é uma maneira de otimizar os resultados.

3- Mapear os processos: O mapeamento de processos possibilita a identificação dos gargalos e suas causas. Com essas informações, o gestor consegue realizar ações de correção e implantar melhorias.

4- Análises: As análises servem para que o gestor possa identificar os erros da operação e o que pode ser feito para que os resultados sejam otimizados. Algumas análises que podem ajudar em relação ao efeito chicote são: 

  • Previsão de demanda;
  • Histórico de vendas;
  • Giro de produtos.

5- Acompanhe os indicadores de desempenho: Por fim, mais uma maneira de tirar proveito do efeito chicote é acompanhar os indicadores de desempenho. Isso porque, esse acompanhamento possibilita que o gestor tome decisões de uma maneira mais acertada. 

Enfim, agora que você sabe o que é efeito chicote, não deixe de aprender alguns outros conceitos que podem ser úteis para o seu negócio como, por exemplo, capex, opex, borderôescalabilidade, equity, custo fixo e custo variável, montante WACC e O que é joint venture e como funciona essa estratégia?

Imagens: Digital side, Gerindo qualidade, Desafios da logística, Casa Magalhães, I9tec e Movidesk