Efeito de enquadramento: saiba o que é e como te afeta

9 de setembro de 2022, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 4 min, 46 seg


O efeito de enquadramento é um tipo de viés cognitivo. Trata-se da tendência que as pessoas têm de mudar decisões de acordo com a forma que o problema é apresentado.

Ou seja, por causa desse viés as pessoas darão respostas diferentes ao mesmo problema, dependendo de como ele é abordado ou enquadrado.

O efeito de enquadramento é também conhecido como viés de enquadramento ou framing effect. Em resumo, um viés cognitivo é um padrão de julgamento.

Ou seja, é um tipo de atalho que o nosso cérebro usa nas tomadas de decisões. Sendo que ele não segue, necessariamente, um padrão lógico e racional.

Dessa forma, os vieses podem levar a erros de julgamento. No caso do viés do enquadramento, ocorre a avaliação incorreta dos problemas.

Por exemplo, vamos imaginar que existe um problema A, onde a solução passe ou pela solução 1 ou pela solução 2. Você provavelmente acredita que considera todas as alternativas para solucionar a questão.

Mas a verdade é que a forma com que essa situação é apresentada habilita uma pré-disposição a um dos caminhos propostos.

Enfim, o problema de ser guiado por este viés, é que você pode tomar decisões incorretas que podem prejudicar a sua vida pessoal, profissional e financeira.

Como o efeito enquadramento funciona?

O efeito enquadramento funciona como um viés cognitivo que afeta a tomada de decisões, já que a pessoa toma decisões de acordo com a forma que a situação é apresentada.

Portanto, a pessoa guiada por este viés, toma decisões com base no fato das alternativas serem apresentadas em um contexto positivo ou negativo.

Um dos estudos mais conhecidos do viés de enquadramento é o de Daniel Kahneman e Amos Tversky. Nos estudos, Kahneman e Tversky dividiram os participantes em dois grupos.

Os grupos tinham que escolher entre dois tratamentos (A ou B) para 600 pessoas infectadas com uma doença mortal.

O Grupo 1 recebeu a informação de que com o tratamento A 200 pessoas serão salvas.

Por outro lado, com o tratamento B existe a probabilidade de um terço salvar todas as 600 vidas e uma probabilidade de dois terços de não salvar ninguém.

Com essas informações, a maior parte dos participantes do Grupo 1 escolheu o tratamento A. Já o Grupo 2 ficou sabendo que com o tratamento A 400 pessoas morrerão.

Mas com o tratamento B existe a probabilidade de um terço de que ninguém morrerá e uma probabilidade de dois terços de que 600 pessoas morrerão.

A maior parte dos participantes do Grupo 2 escolheu o tratamento B. Se você reparar, o tratamento A e B propõe a mesma coisa. O que muda é apenas a forma de apresentação das informações.

Sendo assim, quando a 1º opção (tratamento A) tinha um enquadramento positivo, os participantes escolheram a 1º opção.

Em contrapartida, a 1º opção tinha um enquadramento negativo, os participantes escolheram a 2º opção (tratamento B). Portanto, a informação positiva tem um peso maior nas tomadas de decisão.

Efeitos na vida e nas finanças

No nosso dia a dia, estamos sempre tomando decisões. Logo, o viés do enquadramento está presente nas mais diversas situações cotidianas.

Por exemplo, vamos supor que você deseja experimentar uma fruta que você nunca comeu. Só que existem duas frutas, uma vermelha e outra amarela, que você nunca experimentou e você precisa escolher entre uma delas.

Como você não conhece o sabor de nenhuma, fica difícil escolher. Por isso, você tem acesso a algumas informações para te auxiliar nessa escolha:

A fruta vermelha é ácida (como laranjas e abacaxis) e a fruta amarela é semiácida (como maçãs e mangas). Com essa informação você, provavelmente, se sente inclinado a uma das opções.

Se a pessoa que te passa a informação sabe que tipo de fruta você gosta, ela pode usar isso para influenciar a sua tomada de decisão.

Por exemplo, se você gosta de frutas ácidas, a pessoa poderia detalhar o quanto o sabor meio amargo e picante é apetitoso.

Inclusive, muitas empresas usam esse viés para influenciar os clientes. Neste caso, a empresa passa as informações de forma a fazer o cliente tomar a decisão de compra.

De fato, isso é muito usado na publicidade e no marketing. Um exemplo disso, são os refrigerantes dietéticos, que destacam que tem “zero açúcar”, mas não dão ênfase na quantidade de adoçantes artificiais que eles têm.

Isso também acontece no mercado financeiro. Desse modo, empresas e agentes do mercado financeiro podem mudar a forma de apresentar os riscos de uma aplicação para que os riscos sejam minimizados e aceitáveis.

No fim das contas, o problema com o viés de enquadramento é que você pode tomar decisões erradas na sua vida pessoal, profissional e financeira.

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Fontes: Penso logo invisto, Mais retorno, Gestão industrial e Economia comportamental.