Efeito do falso consenso: o que é e como nos afeta

O efeito do falso consenso consiste na tendência de acreditar que todos tem as mesmas crenças que você. Entenda como este viés afeta sua vida.

20 de janeiro de 2023 - por Jaíne Jehniffer


O efeito do falso consenso é um tipo de viés cognitivo. Por meio dele, a pessoa tende a acreditar que as suas opiniões e crenças são normais.

Ou seja, a pessoa guiada por este viés tende a pensar que as outras pessoas tem as mesmas opiniões ou hábitos que ela.

Sendo assim, este viés funciona como uma espécie de projeção das crenças particulares, nas outras pessoas.

Esse viés é ruim, pois pode levar ao julgamento das pessoas que pensam de forma diferente. Isso pode acabar afetando os relacionamentos ou levando a decisões erradas.

O que é o efeito do falso consenso?

O efeito do falso consenso é um viés cognitivo que consiste na tendência de acreditar que as suas crenças e opiniões são, ou deveriam ser tidas como normais.

Um exemplo desse viés é quando a pessoa fala “no meu lugar, qualquer pessoa teria feito o que eu fiz”, supondo que todos pensam como ela.

Na psicologia, este viés é um tipo de atribuição, onde as pessoas tendem a superestimar seus hábitos ou opiniões como algo normal, acreditando que as outras pessoas pensam da mesma maneira.

Portanto, guiada por este viés, a pessoa projeta nas outras pessoas a sua forma de pensar.

Inclusive, esse viés está muito presente em grupos. Neste caso, o grupo acredita que a opinião de toda a população é igual a sua. Sendo que a força desse viés pode estar ligada com a forma de tomar decisões com base em poucas informações ou conhecimento.

O problema desse viés é que você pode tomar decisões erradas ou tentar justificar suas escolhas, com base na ideia de que todos pensam e agem igual a você, quando na verdade não é bem assim.

Como ele funciona?

O efeito do falso consenso funciona como a tendência mental do ser humano em acreditar que as suas crenças e opiniões são iguais a de todo o mundo.

O primeiro experimento sobre este viés ocorreu em 1977. Nele, um grupo de estudantes voluntários respondeu três perguntas depois que lhes foi descrita uma situação de conflito envolvendo um dilema.

As perguntas que os participantes tinham que responder eram:

  • Qual opção a pessoa envolvida no conflito escolheria?
  • Que opção ele próprio escolheria?
  • Quais são as características da pessoa que escolhe uma opção ou outra?

A maior parte dos voluntários responderam da mesma maneira a primeira e a segunda pergunta.

Isso mostra que, em sua grande parte, os alunos acreditavam que as pessoas envolvidas tinham feito as mesmas escolhas que eles.

No entanto, na terceira questão, os alunos responderam falando mal de quem escolhia a alternativa que eles não teriam escolhido.

Isso mostra que este efeito não apenas faz com que pensamos que as outras pessoas pensam e agem como nós, como também faz com que julguemos quem pensa diferente.

Ou seja, com base na ideia de que a nossa forma de pensar é a normal, tendemos a julgar as pessoas que pensam diferente. Como se o pensar diferente fosse um desvio do normal, um erro na forma de pensar.

Sendo assim, esse viés cognitivo está ligado com a falta de empatia das pessoas.

Isso porque focamos tanto na nossa própria forma de pensar, que fica difícil entender e enxergar o mundo e a realidade de outras pessoas.

Consequentemente, passamos a enxergar o mundo das outras pessoas, como uma espécie de extensão do nosso próprio mundo. Uma projeção, de fato.

Como este viés cognitivo pode interferir na nossa vida?

O efeito do falso consenso pode ser observado em várias situações na nossa vida. Sempre que você defender uma crença achando que todos pensam igual a você, é o efeito do falso consenso em ação.

Um bom exemplo disso é o ponto da carne. Quem gosta da carne mal passada tende a achar que todos gostam da carne neste ponto.

Já as pessoas que gostam da carne bem passada, tendem a julgar quem gosta da carne mal passada, dizendo que a carne está sangrando, que está crua, que a vaca ainda está berrando e etc.

Ao invés de aceitar que outras pessoas têm gostos diferentes, as pessoas tendem a julgar o gosto dos outros e afirmar que o seu gosto é o melhor.

Isso porque os seres humanos tendem a acreditar que o mundo é racional e as atitudes das pessoas são irracionais. Mas não é bem assim.

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