17 de agosto de 2022 - por Jaíne Jehniffer
O efeito renda é a mudança no poder de compra de uma pessoa, como resultado da variação dos preços do mercado.
Dessa forma, quando o preço de certo bem aumenta ou diminui, o consumidor é impactado por essa mudança de forma indireta na sua renda.
Portanto, uma alta nos preços de bens e serviços faz com que o dinheiro passe a valer menos. Afinal de contas, com os preços altos, não dá para comprar as mesmas coisas de antes.
Neste caso, as pessoas perdem poder de compra e conseguem comprar menos coisas com o mesmo dinheiro de antes.
Por outro lado, se os preços caem, o poder de compra sobe. Isso porque, é possível comprar mais coisas com o mesmo dinheiro de antes.
Efeito renda direto e indireto
O efeito renda direto está relacionado com a mudança no consumo, impactado pela variação direta da sua renda. Por exemplo, pelo aumento ou diminuição do salário.
Já o efeito renda indireto também causa mudança no poder de compra, mas age de forma indireta na sua renda. Um exemplo disso é o aumento dos preços.
Para você entender melhor, vamos usar um exemplo. Suponhamos que uma pessoa que tem uma renda de um salário mínimo, consegue aumentar a sua renda para 3 salários mínimos.
Quando tinha apenas uma renda, essa pessoa não tinha renda suficiente para consumir certos produtos (bens normais). Mas com o aumento da renda, ele passou a consumir esses produtos.
Neste exemplo, temos o efeito de renda direto. Agora vamos supor que essa pessoa gasta cerca de 80% do seu salário com alimentação e as contas da sua casa.
Vamos supor também que o governo optou por subir a carga tributária de alguns produtos que essa pessoa costumava consumir.
Com o aumento dos tributos, o poder de compra dessa pessoa diminui. Neste caso, a sua renda foi alterada indiretamente. Portanto, temos o efeito renda indireto.
O efeito renda com diferentes tipos de bens
No efeito renda, a variação nos preços impacta no poder de compra de uma pessoa.
Nesse sentido, economicamente falando, o efeito renda é a variação na demanda de um bem, causada exclusivamente, por uma variação na renda real por causa da alteração de preços desse bem.
Logo, os outros preços e a renda monetária nominal do consumidor continuam constantes. Contudo, segundo a oferta e demanda, o efeito renda pode se comportar de diferentes formas, de acordo com o bem.
Enfim, o efeito renda pode ser:
1- Bens normais (superiores)
Em resumo, os bens normais são os bens que têm uma demanda diretamente proporcional à renda do consumidor. Sendo assim, quanto mais o consumidor ganhar, mais ele vai comprar o bem.
Dessa forma, no bem normal, o efeito renda é positivo. Isso porque, quando a renda aumenta, o consumo também sobe. Por outro lado, quando a renda diminui, o consumo também é reduzido.
2- Bens inferiores
Os bens inferiores são os bens que têm uma demanda inversamente proporcional à renda do consumidor.
Ou seja, são bens de 2ª classe, que o consumidor compra apenas por não ter acesso a melhores opções. Nesse sentido, se a renda do consumidor subir, ele para de comprar o bem inferior e passa a consumir um bem superior.
É por isso que no bem inferior, o efeito renda é negativo. Afinal de contas, quanto maior a renda, menos o consumo. Em contrapartida, quanto menor a renda, maior o consumo.
Relação entre desigualdade e efeito renda
A revista The Economist publicou, em 2014, um artigo que ilustrava a forma com que o efeito renda influencia nas decisões das pessoas em relação aos seus momentos de lazer.
Levando em conta o valor por hora trabalhado, notou-se que:
1- Efeito substituição
Cada hora de lazer adicional é mais cara para as pessoas com uma renda maior. Dessa forma, quem ganha mais tende a trabalhar mais.
2- Efeito renda
Com as suas necessidades atendidas, as pessoas optam por mais lazer. Com isso, elas abrem mão de horas adicionais de trabalho.
Enfim, a conclusão é que com tantas opções acessíveis de entretenimento pela internet, a tendência é o aumento da desigualdade, visto a relação custo-benefício para cada grupo.
Efeito renda x efeito substituição
O efeito renda vem acompanhado do efeito substituição. Isso porque, a variação de preços impacta na escolha dos produtos que o consumidor irá fazer.
Sendo que o efeito substituição é a mudança de um bem para o outro, de acordo com a variação de preços de algum dos dois.
Portanto, quando o preço de um bem sobe, o consumidor tende a diminuir o consumo e migrar para outro bem. Por outro lado, se o bem fica mais barato, o consumidor passa a comprar em maior quantidade.
Quando os dois efeitos ocorrem juntos, temos o efeito total, que soma os efeitos da renda e da substituição sobre como a pessoa irá consumir. Sendo assim, temos que:
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O efeito substituição é negativo, pois a variação no preço é inversamente proporcional a quantidade demandada;
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Para bens normais, o efeito renda é positivo, já que a variação no preço é diretamente proporcional ao nível de consumo;
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O efeito renda, para bens inferiores, é negativo, visto que a variação no preço inversamente proporcional ao nível de consumo;
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Um efeito renda positivo reforça o efeito substituição negativo;
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Por fim, um efeito renda negativo é sempre inferior ao efeito substituição negativo.
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Fontes: Suno, The cap e Mais retorno.