9 de novembro de 2020 - por Jaíne Jehniffer
Com o aumento da preocupação com o meio ambiente, surge a opção de investimentos em green bonds. Em síntese, são títulos de dívidas com captação voltada para projetos de impactos ambientais positivos.
Logo, ao optar por esse tipo de ativo, que está em crescimento no Brasil, o investidor se propõe a contribuir com projetos voltados para a preservação ambiental.
Em síntese, os green bonds funcionam de maneira similar aos títulos tradicionais de renda fixa. A diferença é que seus recursos são voltados exclusivamente para projetos que pretendam impactar positivamente o meio ambiente.
O que são green bonds
Os green bonds, ou títulos verdes, são ativos voltados para o financiamento de projetos sustentáveis. Ou seja, os green bonds são títulos de dívidas que objetivam contribuir com o impacto ambiental positivo.
A negociação deste tipo de ativo está crescendo, juntamente com a preocupação em relação ao meio ambiente. Portanto, podemos ver os títulos verdes como a fusão entre o retorno vantajoso dos investimentos e a preocupação com o meio ambiente.
Origem
Os primeiros títulos sustentáveis de que se tem notícia, datam de 2007, quando foram emitidas 600 milhões em green bonds, através do European Investment Bank (EIB) e o World Bank.
Esta primeira emissão foi chamada de Climate Awareness Bond (CAB) e, desde então, a EIB já realizou a captação de mais de 3,4 bilhões de euros.
Já no Brasil, os primeiros green bonds para captação internacional foram emitidos somente em 2015. Sendo que, a empresa responsável pela primeira emissão no Brasil, foi a BRF que conseguiu uma captação de 500 milhões de euros.
Ou seja, o surgimento dos títulos verdes no país é relativamente recente. No entanto, a sua quantidade vem crescendo no Brasil e no mundo.
Como os green bonds funcionam
A emissão dos green bonds pode ser feita tanto por entidades financiadas por governos, quanto pelo setor privado. Entretanto, é preciso que para essa emissão exista um agente denominado de second opinion.
Em resumo, as seconds opinion são instituições que servem para avaliar e atestar a validade dos projetos sustentáveis para os quais os recursos dos green bonds serão destinados.
Portanto, as companhias que pretendem emitir green bonds no Brasil precisam enviar os projetos para à Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e para o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Após a aprovação da FREBRARAN e o CEBDS os títulos ficam disponíveis no mercado para os investidores.
O processo de investimento é igual à demais aplicações. Porém, como o processo de emissão é um pouco diferente dos demais títulos, ele sai mais caro para o emissor. Afinal, o emissor deve contratar uma consultoria externa para acompanhar a utilização dos recursos e precisa ainda criar uma estrutura de fiscalização.
Os recurso arrecadado com os títulos verdes podem ir para diversos tipos de iniciativas ambientais diferentes. As principais são: energia renovável, prevenção e controle da poluição, eficiência energética, conservação da biodiversidade, transporte limpo, adaptação às mudanças climáticas e gestão de recursos hídricos.
Por fim, uma característica importante sobre os green bonds é que eles, geralmente, são de longo prazo. Por isso, os fundos de pensão, seguradoras, gestores de ativos de terceiros e fundos de previdência, são os que mais aplicam em títulos verdes.
Tipos de green bonds
Os títulos verdes podem se enquadrar em mais de um tipo de ativos. Dessa maneira, eles podem ser:
- Letras financeiras;
- Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI);
- Debêntures;
- Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
- Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditório (FIDC);
- Debêntures incentivadas de infraestrutura.
Para que algum desses ativos seja considerado de green bonds, é preciso que, além de contribuir com o meio ambiente, ele seja mensurável e verificado. Se o ativo não cumprir com o processo previsto, ele deixa de ser título verde a passa a ser apenas um título tradicional.
Green bonds versus títulos tradicionais
Os green bonds são investimentos de renda fixa e funcionam da mesma maneira que os títulos de dívidas tradicionais. Desse modo, ao aplicar em títulos verdes, o investidor está emprestando seu dinheiro e, posteriormente, o terá de volta com juros.
A grande diferenciação, entre os Green bonds e os demais títulos de dívidas tradicionais, é que a sua captação de recursos é usada exclusivamente para o financiamento de projetos ambientais.
Esses projetos podem ser de diversos tipos, como: projetos florestais, eficiência energética e gestão sustentável de resíduos. O importante, é que sejam projetos que causem impactos positivos no meio ambiente.
Por fim, quando os títulos verdes são voltados exclusivamente para aplacar os efeitos das mudanças climáticas e emissões de gases de efeito estufa (GEE), eles são chamados mundialmente de Climate Bonds.
Vantagens e desvantagens
A principal vantagem de investir em títulos sustentáveis é a contribuição do investidor para a preservação do meio ambiente. Além do mais, existe a vantagem de que uma consultoria faz a avaliação para garantir que os recursos estão indo realmente para projetos sustentáveis.
Outra vantagem é a possibilidade de diversificação da carteira de investimentos. Além disso, como é um título de renda fixa, ele é menos arriscado, então atende a todos os tipos de perfis de investidores.
Por outro lado, uma desvantagem é que os prazos podem ser longos. Assim, o recomendado é que o investidor fique com o título até o vencimento para receber toda a rentabilidade acordada.
Já para as empresas que emitem, existe a vantagem de serem vistas com maior credibilidade e valor de mercado. Afinal, as pessoas estão se preocupando mais com o meio ambiente. Dessa forma, empresas que defendem esta causa, tendem a se destacar das demais.
Por fim, as empresas ainda possuem o benefício dos incentivos fiscais através do Decreto 10.387/20. Desse modo, agora as empresas possuem benefícios fiscais nos projetos de infraestrutura que possuírem impactos socioambientais positivos.
Entretanto, uma desvantagem para as empresas, é que os custos para emitir esse tipo de título são mais altos do que os títulos tradicionais.
Como investir
O primeiro passo para investir em títulos sustentáveis é ler os prospectos das ofertas, onde é possível identificar quais os projetos, a remuneração e os prazos.
Posteriormente, analise os riscos dos ativos e encontre o que melhor se encaixa com os seus objetivos. Por fim, basta fazer uma transferência bancária para a conta da corretora e começar a investir em títulos verdes.
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Fontes: The cap, Vivagreen e Xpi
Imagens: Portal do agronegócio, Jornal econômico, O globo, Blockchain climate, Insights, Na prática, DCI, Rumbo econômico e Alanfair liereinoso