25 de novembro de 2021 - por Jaíne Jehniffer
Aposto que, ao pensar em negociação de ativos, você logo já imagina a bolsa de valores, correto? Mas este não é o único ambiente de negociação de ativos. Existe também o OTC.
Apesar de não ser tão conhecido entre os investidores quanto a bolsa de valores, o OTC é um mercado que está ganhando cada vez mais espaço.
Como o OTC tem características bem diferentes da bolsa de valores, vale a pena entender como ele funciona. Afinal de contas, a negociação de ativos nesse mercado pode ser vantajosa para você.
O que é OTC?
A sigla OTC deriva de Over The Counter, em tradução livre: em cima do balcão. Essa é uma expressão que remete à época em que ocorria a negociação de ativos em balcões de corretoras.
Sendo que as negociações desses ativos era feita de forma física. Inclusive, é por isso que hoje em dia às vezes chamamos as ações de papéis, pois antes eram de fato papéis. O OTC é também conhecido como mercado de balcão.
Em resumo, neste mercado ocorre a transação de títulos e valores imobiliários. Uma das principais características do OTC é a descentralização das operações.
Sendo assim, elas não têm normas tão rígidas quanto a B3. Dessa maneira, alguns ativos que não estão registrados na B3 são negociados no OTC.
Vale destacar que como o OTC não tem normas tão rigorosas quanto a bolsa de valores, ele tem menos burocracia. Desse modo, as negociações ocorrem de forma direta entre compradores e vendedores.
Regulamentação
O OTC é um mercado mais flexível. Porém, isso não quer dizer que não exista regulamentação. No Brasil as operações no OTC devem seguir as regras da Sociedade Operadora de Mercado de Ativos (SOMA).
Sendo que a SOMA foi criada em 1996 e em 2002 ela foi adquirida pela B3. Depois disso, ela passou a se chamar SOMA Fix. A sua função principal é estabelecer as regras para o mercado de balcão e registrar as transações.
Além da SOMA, o OTC é regulado também pela Central de Custódia e Liquidação Financeiras de Títulos Privados (Cetip). Em resumo, a Cetip responde por boa parte das operações eletrônicas realizadas.
Dessa forma, ela dá maior transparência para as operações no OTC. Por fim, o OTC é regulado ainda pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Desse modo, a CVM dá maior segurança institucional para as operações.
Como o OTC funciona?
O OTC funciona como um mercado mais flexível, onde o investidor pode negociar ativos que não estão listados na B3. Uma característica importante desse mercado é que ele não tem um espaço físico.
Sendo assim, ele funciona através de plataformas digitais ou telefone. Sendo que o OTC pode ser de dois tipos:
1- Mercado de balcão organizado: O mercado OTC organizado é conhecido também como mercado OTC regulamentado. De maneira geral, ele serve como uma fase de adaptação para as empresas que querem entrar na B3.
Neste mercado ocorre a intermediação por parte das instituições do mercado financeiro. Logo, depois que as negociações são feitas, as instituições devem formalizá-las em câmaras de registro.
Enfim, neste tipo de mercado ocorre o registro das transações pela SOMA. Apesar de terem que seguir regras, as companhias não precisam se submeter a regras tão rigorosas quanto na B3.
2- Mercado de balcão não organizado: Antes da criação da SOMA, o mercado OTC não organizado era o único tipo de mercado de balcão existente.
O que o difere do outro tipo de OTC, é que neste caso não ocorre o registro das operações. Ou seja, neste mercado não ocorre a supervisão de nenhuma instituição reguladora.
Em síntese, é neste mercado que estão presentes os ativos que não tiveram espaço no mercado OTC organizado ou na B3.
Vale destacar que este mercado não tem muita transparência sobre os volumes negociados e os preços dos ativos. Isso porque, não há registro de transações em nenhum sistema.
Diferenças entre OTC e B3
Uma das grandes diferenças entre o OTC e a B3 é que a B3 possui muito mais exigências. Dessa forma, é muito mais simples oferecer ativos no OTC do que na bolsa de valores.
De fato, para que uma empresa seja listada na bolsa, ela deve se enquadrar em várias práticas de governança corporativa e lidar com burocracias. Além disso, a companhia deve arcar com alguns custos.
Por outro lado, no OTC existe uma maior flexibilidade para as companhias participarem. Isso faz com que as empresas menores tenham mais espaço.
Vale destacar que quando é preciso registrar as operações no OTC, a notificação pode ser feita no término do pregão. Outra diferença entre o OTC e a B3 é a intermediação.
Na B3 o investidor não consegue investir sem um intermediário. Já no OTC as negociações são feitas diretamente entre os compradores e vendedores.
Vantagens
Uma grande vantagem do OTC é que grandes quantidades podem ser negociadas sem a necessidade de enviar pequenas ordens de compra ou venda.
Além disso, ele é útil quando os participantes não desejam que a negociação se torne pública antes do necessário. Outra vantagem é a flexibilidade nas negociações.
Existe ainda a vantagem de que a cotação não precisa estar de acordo com o mercado eletrônico.
Por fim, temos a vantagem de que as negociações através do OTC evitam que o preço médio da compra ou venda seja impactado pelo tamanho da ordem enviada.
Em contrapartida, no mercado tradicional, se uma pessoa tenta comprar ou vender uma grande quantidade de ativos, o preço é afetado.
Ativos negociados
O OTC oferece os mais variados ativos como, por exemplo:
- Ações;
- Debêntures;
- Cotas de fundos de investimento;
- Carteira referenciada de ativos;
- Outros valores mobiliários autorizados pela CVM.
Além dos ativos acima, é possível negociar também criptomoedas. De fato, no mercado de balcão empresas e pessoas negociam uma grande quantidade de Bitcoins.
Vale ressaltar que ao negociar no mercado de balcão, você não contará com um intermediário, como ocorre na B3.
Ou seja, no OTC a negociação é direta entre comprador e vendedor. A vantagem disso é que não existem taxas de intermediação.
E aí, gostou de aprender sobre o mercado de balcão? Então aprenda também quais são as 10 características para ser um investidor de sucesso