Reaganomics: o que é, quais seus princípios e como funcionava?

Reaganomics é um termo que descreve as políticas econômicas do presidente dos EUA, Ronald Reagan, na década de 1980. Conheça seus princípios.

4 de junho de 2025 - por Sidemar Castro


Reaganomics é um termo criado pela junção de “Reagan” e “economics”, que descreve as políticas econômicas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, durante a década de 1980.

Essas políticas tinham como base quatro bases principais: a redução de impostos, o corte nos gastos do governo, a desregulamentação da economia e o controle da inflação, pilares do neoliberalismo.

Embora a intenção declarada de Reagan fosse cortar gastos domésticos enquanto reduzia impostos, sua abordagem divergiu da de seus predecessores imediatos. Apesar de algumas simplificações no sistema tributário e desregulamentação da economia, os gastos do governo, principalmente militares, e os déficits aumentaram durante sua administração, assim como a disparidade entre ricos e pobres.

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O que é Reaganomics?

A Reaganomics era baseada em ideias liberais e na teoria da supply-side economics (economia do lado da oferta). Ela tinha como objetivo principal reduzir a intervenção do Estado na economia e estimular o crescimento econômico. Seus princípios podem ser resumidos em quatro pilares principais:

1) Redução dos gastos públicos: Reagan buscou cortar despesas governamentais, especialmente em programas sociais, para diminuir o papel do Estado na economia.

2) Redução de impostos: Foram promovidos cortes significativos nos impostos sobre a renda e ganhos de capital, com o objetivo de estimular investimentos e consumo. Por exemplo, a alíquota máxima do imposto de renda foi reduzida de 70% para 28%.

3) Desregulamentação econômica: Houve uma diminuição das regulamentações governamentais sobre empresas e mercados, com o intuito de incentivar a competitividade e a eficiência no setor privado.

4) Controle da oferta monetária: Para combater a alta inflação que marcava o período, foi adotada uma política monetária austera, controlando a emissão de moeda e elevando as taxas de juros.

Essas medidas foram fundamentadas na ideia de que, ao reduzir os custos e as obrigações das empresas e indivíduos, os benefícios se espalhariam por toda a economia, gerando crescimento — um conceito conhecido como “efeito trickle-down” (gotejamento).

Embora tenha alcançado resultados como o controle da inflação e a redução do desemprego, a Reaganomics também gerou críticas devido ao aumento da desigualdade social e do déficit público durante sua implementação.

Como funcionava a Reaganomics?

Reagan acreditava que reduzir impostos, especialmente para empresas e pessoas de alta renda, incentivaria investimentos, produção e consumo. A Lei de Recuperação Econômica de 1981 cortou impostos em 25% ao longo de três anos. A ideia era que o crescimento gerado compensaria a queda na arrecadação — uma teoria chamada de economia do lado da oferta.

O governo buscava diminuir o papel do Estado na economia. Embora gastos com programas sociais tenham sido reduzidos, os investimentos em defesa aumentaram drasticamente, o que limitou o impacto geral na redução do déficit.

Indústrias como energia, transporte e finanças tiveram regras flexibilizadas para aumentar a competitividade e reduzir custos. A intenção era que empresas pudessem operar com mais liberdade, impulsionando a inovação.

O Federal Reserve (Banco Central dos EUA), sob Paul Volcker, elevou as taxas de juros para conter a inflação herdada dos anos 1970. Desse modo, isso freou a alta de preços, mas também causou recessão inicial e aumento do desemprego em curto prazo.

A economia cresceu após a recessão inicial, a inflação caiu de 13,5% (1980) para 4,1% (1988), e o desemprego diminuiu. Entretanto, o déficit público disparou, a dívida nacional triplicou e a desigualdade de renda aumentou. Críticos argumentam que os benefícios foram desproporcionais para os mais ricos, enquanto programas sociais perderam recursos.

Política monetária

No campo tributário, a taxa máxima do imposto de renda individual foi reduzida de 70% para 28%, enquanto a alíquota do imposto corporativo caiu de 48% para 34%. Além disso, Reagan continuou a desregulamentação econômica iniciada no governo de Jimmy Carter, eliminando controles de preços sobre petróleo, gás natural, serviços telefônicos de longa distância e televisão a cabo.

Durante seu segundo mandato, Reagan apoiou uma política monetária que estabilizou o dólar americano em relação a moedas estrangeiras. Perto do final de seu governo, as receitas fiscais aumentaram para US$ 909 bilhões em 1988, comparados aos US$ 517 bilhões arrecadados em 1980. A inflação foi reduzida para 4%, e a taxa de desemprego caiu abaixo de 6%.

Embora economistas e políticos continuem a debater os efeitos da Reaganomics, é inegável que ela coincidiu com um dos períodos mais longos e fortes de prosperidade na história americana. Entre 1982 e 2000, o Índice Industrial Dow Jones (DJIA) cresceu quase 14 vezes, e a economia adicionou 40 milhões de novos empregos.

Saiba mais: Tipos de desemprego: quais são e como afetam a economia?

Efeitos da Reaganomics

As políticas do Reaganomics tiveram diversos efeitos na economia e na sociedade americanas.

O principal foi o crescimento econômico e a redução da inflação. A economia dos EUA cresceu a uma taxa média de 3,2% ao ano durante o governo Reagan. Além disso, a inflação caiu de 12,5% em 1981 para 4,4% em 1989, indicando uma estabilização dos preços.

Outro efeito foi a criação de empregos e queda do desemprego. Durante a administração de Reagan, aproximadamente 20 milhões de empregos foram criados. O desemprego caiu de 7,6% para 5,5%, refletindo uma melhora significativa no mercado de trabalho.

Mas também ocorreu o aumento do déficit público e da dívida nacional. Apesar dos cortes em programas sociais, os gastos militares aumentaram consideravelmente. Como resultado, a dívida pública saltou de US$ 990 bilhões em 1981 para US$ 2,9 trilhões em 1989, elevando a dívida de 22,3% para 38,1% do PIB. (Produto Interno Bruto).

A desigualdade de renda foi outro efeito negativo. Os 25% das famílias mais pobres perderam, em média, 13,2% da renda, enquanto os 25% mais ricos ampliaram sua renda em 6,7%. Além disso, 80% das famílias americanas ficaram mais pobres no período.

A desregulamentação de setores como o bancário, incluindo a remoção de restrições sobre taxas de empréstimos, contribuiu para a crise de poupança e empréstimos de 1989, que precedeu a recessão de 1990.

Finalmente, teve um impacto em programas sociais:. Os cortes nestes programas afetaram negativamente populações vulneráveis. Por exemplo, entre 1981 e 1984, a renda anual de uma mulher com três filhos abaixo da linha da pobreza caiu aproximadamente 20%, cerca de US$ 2.000.

Qual é a origem e história da Reaganomics?

Antes da presidência de Ronald Reagan, os Estados Unidos enfrentaram uma década de estagflação, caracterizada por estagnação econômica e alta inflação. Políticas anteriores, como a expansão da oferta monetária e o abandono dos controles de preços e salários, não conseguiram resolver esses problemas.

A administração de Jimmy Carter iniciou a desregulamentação e criou o Departamento de Energia. A resolução da estagflação é atribuída, em parte, às medidas adotadas pelo Federal Reserve sob Paul Volcker, que contraiu a oferta monetária, e à eliminação dos controles de preços do petróleo. Quando Reagan assumiu, a estagflação já estava em declínio, e a economia apresentou melhora durante seu governo.

Internamente, Reagan adotou políticas neoconservadoras, influenciado por intelectuais como Irving Kristol. Essas políticas incluíam redução de impostos, diminuição dos gastos governamentais e desregulamentação dos mercados.

Externamente, Reagan abandonou a política de detente, que buscava distensão nas relações com a União Soviética, e adotou uma postura mais assertiva. Projetos de defesa, como a “Guerra nas Estrelas”, e a instalação de mísseis nucleares em regiões fronteiriças pressionaram economicamente a União Soviética, contribuindo para o fim da Guerra Fria.

A Reaganomics, conjunto de políticas econômicas de Reagan, continuou sob seu sucessor, George H. W. Bush, e foi encerrada nos primeiros meses do governo de Bill Clinton, em 1993. Embora tenha promovido crescimento econômico, essas políticas também resultaram em um aumento significativo da dívida pública dos EUA.

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Fontes: Suno e Mais Retorno.

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