7 de julho de 2022 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)
Pra todo lado, o que mais se ouve falar é em recessão econômica. E não por acaso. Tudo leva a crer que estamos, de fato, às vésperas de uma grande crise global. Como se preparar? É possível tirar proveito disso e investir pra potencializar os ganhos?
Neste post, vamos entender o que está acontecendo com o mundo e te dar algumas dicas de como proteger – e até turbinar – seu patrimônio.
Primeiramente, é preciso entender que a economia é, paradoxalmente, uma ciência humana. Então, muitas vezes as incertezas, a insegurança e o medo acabam piorando as coisas.
Mas, não que esteja tudo bem. Pelo contrário. Temos visto, nas últimas semanas, falas pouco animadoras de presidentes de bancos centrais e de mega empresários, como o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk.
O sentimento generalizado é de que podemos estar a um passo de uma das maiores recessões econômicas do mundo moderno.
Sinais de recessão
A inflação é, atualmente, o maior fantasma dos mercados, em todo o mundo. É uma herança maldita da crise do coronavirus.
Os lockdowns que fizeram frente à Covid-19 prejudicaram toda a cadeia produtiva e fizeram os governos despejar uma enxurrada de dinheiro “artificial” para salvar os países.
A conta veio, acompanhada de outro evento inesperado – e altamente impactante. A guerra na Ucrânia colocou ainda mais pressão nos preços, principalmente das commodities, que são essenciais no nosso dia a dia (combustíveis e alimentos).
Como resultado, os mercados globais vêm apresentando indicadores econômicos cada vez mais alarmantes.
Inflação americana
Um dos principais termômetros da economia mundial, os Estados Unidos têm registrado índices altíssimos de inflação.
No acumulado dos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, em inglês) chegou a 8,6%. É a maior alta de preços em mais de 40 anos.
Como remédio, o FED (banco central americano) vem aumentando a taxa básica de juros, que já está na faixa entre 1,5% e 1,75% ao ano.
O governo projeta que os juros devam passar de 3% a.a, o que é altíssimo para os padrões norte-americanos.
Além disso, a economia na terra do Tio Sam deu um forte sinal de retração, no primeiro trimestre deste ano. No período, o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 1,6%.
Aí, já viu, né? Aumento da inflação junto de queda do PIB é a receita perfeita pra uma merda gigante.
Inflação recorde na Europa
Na outra ponta do ocidente, a inflação na zona do euro segue o mesmo caminho. Ou pior: está no maior nível da série histórica.
A alta nos preços, nos últimos 12 meses, também foi de 8,6% na região. E metade dos países do bloco já está com inflação acima dos 10%.
Em grande parte do mundo, o cenário se repete. E o Brasil figura entre os 4 países mais afetados pela alta generalizada de preços:
- Turquia – 73,5%
- Argentina – 58,0%
- Rússia – 17,1%
- Brasil – 11,7%
- Reino Unido – 9,0%
- Holanda – 8,8%
- Espanha – 8,7%
- Estados Unidos – 8,6%
- Alemanha – 7,9%
- Índia – 7,8%
Diante do cenário de fragilização econômica, a principal pergunta que fica é: o que fazer num momento de tanta incerteza?
Recessão econômica e investimentos
As empresas, comumente, são as primeiras a sofrer em períodos de crise ou recessão (entenda a diferença entre ambas aqui).
Antes mesmo de entrar no epicentro da crise, as empresas tendem a já colocar o pé no freio.
O simples sinal de fumaça faz as companhias pensar em reduzir custos, congelar contratações e formar uma reserva financeira.
Pensando no todo, a minha opinião é de que essa postura generalizada acaba por agravar uma eventual recessão. Mas, repito: a economia é uma ciência humana, e não exata.
Crise x oportunidade
É bem verdade que as crises econômicas trazem, para o investidor, grandes oportunidades na Bolsa de Valores.
Uma das formas de identificar estes gatilhos de compra é a relação preço/lucro (P/L) das empresas. O indicador responde uma pergunta simples:
Em quanto tempo essa empresa vai gerar, em lucros, o valor que eu investir agora? Ou: em quanto tempo vou ter meu dinheiro de volta?
Segundo Benjamin Graham, um dos tutores de Warren Buffett e autor do excelente “O Investidor Inteligente”, um P/L positivo abaixo de 15 já pode ser considerado bom.
Obviamente, este é apenas um indicador e, sozinho, não diz absolutamente nada sobre uma empresa.
O fato é que nunca tivemos, na Bolsa de Valores brasileira, um P/L médio das empresas tão baixo como o que temos hoje.
Atualmente, o P/L das companhias listadas na B3 está em 5,36. Ou seja, seriam necessários apenas 5,36 anos para as empresas “devolverem” o valor investido, na forma de geração de lucros.
É hora de investir?
Além de oferecer um P/L baixíssimo, a Bolsa de Valores (índice Ibovespa) voltou a ficar abaixo dos 100 mil pontos. Nos últimos 12 meses, a perda de valor de mercado foi superior a 21%.
Na prática, isso significa que as ações, em média, estão sendo negociadas com um bom desconto.
Entretanto, o investidor não deve olhar, apenas para a B3. Em momentos de inflação e juros altos, a renda fixa também se torna mais atrativa. Hoje, já é possível encontrar opções que pagam mais de 15% ao ano.
Recessão à vista: o que fazer?
Com o mundo todo esperando uma recessão econômica e o mercado já precificando parte disto, a melhor recomendação é: não tenha medo!
Às vezes, no melhor momento para comprar, o investidor é pego pela mesma sensação de pânico que tomou conta do mercado. E, ali, ele fica paralisado.
Como sempre digo, o correto é manter os aportes mensais normalmente, mas, desta vez, aproveitando o momento de baixa para dar uma cortada no preço médio.
Ou seja, se continuar caindo (não sabemos onde está o fundo), você continua comprando. Assim, você consegue fechar o ciclo com um preço médio melhor em determinadas ações.
Vamos comprar tudo!
O momento parece bom, mas cuidado! Não é porque está barato que você vai sair comprando qualquer tranqueira.
Faz sentido comprar 10 kg de esterco, pela metade do preço, só porque estava em promoção?
A sua estratégia de investimentos e os fundamentos das empresas permanecem os mesmos. Portanto, só vale comprar bons ativos!
Estude, analise, compare e faça bons negócios. Embora seja ruim pra todos, as crises formam grandes ondas que somente os mais sábios e resilientes conseguem surfar.
Captou o plano? Então, conheça um pouco mais da minha visão sobre este momento de oportunidades na renda fixa e na Bolsa de Valores. Confira no vídeo acima, que publiquei no canal Investidor Sardinha.
Aproveite e faça parte da nossa comunidade no Instagram (@oraulsena) pra ficar sempre por dentro do mundo dos investimentos e da Bolsa de Valores.
E não deixe de conferir, também: Crise de 1929: entenda o que foi a Grande Depressão.