Cisne negro: o que é e como funciona no mercado financeiro?

Os cisnes negros são eventos imprevisíveis, raros e aleatórios, que impactam de forma profunda a economia. Saiba o que é e como funciona.

12 de novembro de 2021 - por Sidemar Castro


Cisne Negro é um conceito criado pelo filósofo Nassim Taleb. No âmbito econômico, ele descreve eventos altamente improváveis, que ocorrem de surpresa e têm um grande impacto. Esses eventos não são previstos pelos analistas e, em retrospecto, parecem explicáveis, mas, na verdade, são raros e imprevisíveis.

Alguns exemplos incluem crises globais e atentados terroristas. É como se fossem “pontos fora da curva” que desafiam nossas expectativas.

Ficou com curiosidade sobre o tema? Então leia mais sobre o Cisne negro, o que é e como funciona no mercado financeiro, lendo a matéria a seguir.

O que significa o termo ‘cisne negro’?

O termo “cisne negro” foi criado pelo filósofo Nassim Taleb e se refere a eventos altamente improváveis, difíceis de prever, mas que têm um impacto significativo.

Nassim Taleb introduziu o conceito em seu livro “A Lógica do Cisne Negro”. O nome faz referência à crença europeia até o século XVII de que só existiam cisnes brancos. Quando avistaram um cisne negro na Austrália, isso desafiou suas expectativas e se tornou um símbolo para eventos raros e imprevisíveis.

Como funciona esse conceito no mercado financeiro?

Os cisnes negros também afetam o mercado financeiro. Exemplos incluem o sucesso surpreendente do Google e o ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro. Esses eventos são difíceis de prever devido a milhares de variáveis e podem transformar a sociedade.

Um cisne negro é marcado por três características:

  • Imprevisibilidade: Não podemos antecipar esses eventos.
  • Impacto significativo: Eles causam mudanças profundas.
  • Explicação retrospectiva: Após ocorrerem, tentamos encontrar explicações lógicas para eles.

Taleb oferece ferramentas para lidar com os cisnes negros e tirar proveito deles, mas reconhece que nossa tendência a simplificar e evitar o desconhecido nos torna vulneráveis a esses eventos.

Cisnes negros versus cisnes brancos

Desde que Taleb usou o termo em seu livro, publicado em 2007, os termos cisnes negros e brancos estão sendo usados no mercado financeiro.

Já os cisnes brancos são opostos aos negros. Eles são os eventos comuns e que podem ser previstos. Ou seja, esses eventos não são raros nem aleatórios. No entanto, eles ainda podem impactar a economia. Mas não de forma tão intensa quanto os cisnes negros.

Por exemplo, os cisnes negros causam impactos profundos e faz com que a bolsa passe por grande quedas. Já os cisnes brancos são mais previsíveis. Assim, as empresas e governos podem tomar atitudes para evitar impactos muito profundos.

Como identificar um cisne negro?

O cisne negro é um conceito fundamental em economia e finanças. Ele se refere a eventos altamente impactantes, raros e imprevisíveis que podem abalar diretamente o mercado, a sociedade e a economia nacional ou global.

Um cisne negro é um evento que não pode ser previsto e gera um grande impacto na sociedade. Esses eventos ocorrem fora do escopo da expectativa comum e têm consequências significativas.

A metáfora do cisne negro destaca sua raridade e singularidade, assim como eventos imprevisíveis podem surpreender e transformar o panorama financeiro de maneiras inesperadas.

Isso acontece através de eventos sem precedentes, sem padrões anteriores e que não podem ser facilmente previstos. Afetam intensamente pessoas e instituições envolvidas no mercado financeiro. Não ocorrem com frequência e, devido ao fator surpresa, causam o maior impacto.

Como exemplos maiores e mais recentes, temos os ataques de 11 de setembro e a pandemia de Covid-19, que afetaram drasticamente a economia e os investimentos. Em suma, identificar um cisne negro requer cautela, pois esses eventos imprevisíveis podem moldar significativamente o cenário financeiro e social.

Como se proteger de um cisne negro?

Para se proteger de um cisne negro na economia, é importante seguir algumas estratégias:

  • Diversificar a carteira de investimentos: evite concentrar todos os seus investimentos em um único setor ou ativo, pois isso aumenta a exposição a riscos. Procure diversificar entre diferentes classes de ativos, setores e regiões geográficas.
  • Manter uma reserva de emergência: ter uma reserva financeira para momentos de crise pode ajudar a atravessar períodos difíceis e aproveitar oportunidades de investimento. Especialistas recomendam ter de 3 a 6 meses de despesas em uma conta de fácil acesso.
  • Investir em educação financeira: estar bem informado sobre os riscos e dinâmicas do mercado permite planejar melhor e estar preparado para lidar com eventos inesperados. Busque se manter atualizado sobre economia e finanças.
  • Adotar uma postura cautelosa: evite se endividar excessivamente e mantenha uma posição financeira sólida. Em momentos de volatilidade, é prudente reduzir riscos e manter uma postura defensiva até que a situação se estabilize.
  • Não colocar todos os ovos em uma cesta só: espalhar seus ativos entre diferentes agentes de custódia protege contra o risco de concentração em um único prestador de serviço. Diversificar entre corretoras e bancos é uma boa prática.
  • Ter força financeira e psicológica: lidar com perdas inesperadas exige resiliência. Adotar uma estratégia de assumir pequenas perdas frequentes para se proteger de grandes perdas pode ajudar a atravessar períodos turbulentos.

Embora seja difícil prever completamente um cisne negro, essas medidas ajudam a mitigar os impactos e se posicionar melhor para enfrentar eventos inesperados na economia.

Dica do Taleb

A dica de Taleb para que as pessoas possam se adaptar à vida moderna: é praticar a incerteza.

Para explicar esse conceito, Taleb divide o mundo entre o mediocristão e o extremistão. A grande parte da sociedade opta por viver no mediocristão.

Isso porque é nessa parte que está o rotineiro e o consenso. Por outro lado, no extremistão é pautado pelo imprevisível, diferente e singular.

Como você deve ter deduzido, o lado mais preparado para lidar com os cisnes negros é o lado do extremistão. Apesar de serem os que melhor lidam com os imprevistos, essa parte é menor que o mediocristão.

Isso porque para viver como extremistão é preciso de uma maior resistência pessoal e intelectual. É nesta parte que estão os empresários e investidores de sucesso.

Para essas pessoas, o sucesso está relacionado com ter um bom faro para oportunidades e pensamento independente do consensual. Em seu livro, Taleb defende a sociedade cisne negro robusto.

Essa sociedade está apta a suportar eventos não previstos. Isso porque, o seu foco é se preparar para qualquer tipo de evento. Mas essa sociedade não tenta prever qual será o próximo cisne negro, já que ele isso não é possível.

5 exemplos de cisne negro que impactou a economia mundial

1) Pandemia de COVID-19 (2020)

A rápida propagação do novo coronavírus pelo mundo em 2020 causou uma crise sanitária e econômica sem precedentes. Lockdowns, fechamento de empresas e interrupção das cadeias de suprimento levaram a uma recessão global, com quedas históricas no PIB e nos mercados financeiros.

2) Crise financeira global de 2008

Iniciada pela crise do subprime nos EUA, a crise de 2008 se espalhou rapidamente pelo sistema financeiro global, levando à falência de grandes bancos e instituições. Governos tiveram que intervir com pacotes de resgate, enquanto a economia mundial entrou em recessão.

3) Ataques de 11 de setembro de 2001

Os ataques terroristas nos EUA em 11/09/2001 tiveram um forte impacto nos mercados financeiros globais. As bolsas despencaram no dia seguinte e levaram cerca de um mês para se recuperar. A economia mundial também sentiu os efeitos, com queda no consumo e investimentos.

4) Crise da dívida da Zona do Euro (2010-2012)

A crise da dívida soberana na Zona do Euro, iniciada na Grécia, se espalhou para outros países como Irlanda, Portugal e Espanha. Isso abalou a confiança no euro e na economia europeia, levando a recessão e altas taxas de desemprego.

5) Crise da dívida dos EUA (2011)

O impasse político no Congresso dos EUA sobre o teto da dívida pública em 2011 levou a agência S&P a rebaixar o rating de crédito dos EUA. Isso causou turbulência nos mercados globais e elevou os custos de empréstimos para o governo americano.

Esses eventos imprevisíveis e de grande impacto demonstram a vulnerabilidade da economia mundial a choques externos. Embora seja difícil prever completamente cisnes negros, diversificar investimentos, manter reservas de emergência e estar preparado para lidar com a volatilidade são estratégias importantes para mitigar seus efeitos.

  • Leia mais: Agora que você já conhece o cisne negro, aprenda sobre o oceano azul! Boa leitura!

Fontes: Empiricus, FGI, Money Now News, Suno, Yubb, Br investing

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