Correlação negativa: o que é, como funciona, exemplos

26 de setembro de 2025 - por Sidemar Castro


Correlação negativa é quando duas variáveis se comportam de forma oposta: uma sobe, a outra desce. Isso acontece, por exemplo, com o dólar e o Ibovespa. Quando um valoriza, o outro costuma cair.

É uma relação comum no mercado e vale a pena entender melhor: o artigo abaixo explica tudo de forma simples.

Veja mais: Correlação de ativos, o que é? Tipos e relação com os investimentos

O que é correlação negativa?

Correlação negativa é um jeito de dizer que, quando uma variável sobe, a outra costuma cair. Esse conceito aparece muito em finanças, como na relação entre ações e títulos públicos.

Se os preços das ações caem, os títulos geralmente sobem, porque os investidores buscam segurança. Essa lógica ajuda a montar carteiras mais inteligentes, misturando ativos que se compensam.

Assim, se um investimento estiver indo mal, outro pode estar indo bem, equilibrando os resultados. Não é uma regra fixa, mas uma tendência que pode ser bem útil na hora de tomar decisões mais estratégicas.

Como funciona a correlação negativa?

A correlação negativa funciona quando dois ativos ou variáveis se movem em direções contrárias. Se um valor sobe, o outro tende a cair. Como dito acima, isso é comum em investimentos como ações e títulos públicos, ou entre o dólar e o Ibovespa.

Essa relação não significa que um causa o outro, mas mostra uma tendência estatística que pode ser usada a favor do investidor. Ao incluir ativos com esse tipo de comportamento inverso na carteira, é possível reduzir os impactos de crises e oscilações do mercado.

Desse modo, quando um investimento estiver em queda, outro pode estar em alta, ajudando a manter o equilíbrio. É uma forma de diversificar com inteligência, sem depender de um único tipo de ativo ou cenário econômico.

Saiba mais: Ilusão de correlação: o que é e como funciona?

Como encontrar e identificar a correlação negativa?

1) Identificar duas variáveis de interesse

Primeiro você precisa escolher claramente quais duas variáveis quer investigar: por exemplo, preço de um ativo e taxa de câmbio, ou Ibovespa e dólar.

2) Coletar dados consistentes e suficientes

Obter dados históricos ou observações suficientes para ambas as variáveis, com períodos sobrepostos para comparar. Sem dados confiáveis, o cálculo da correlação pode ficar enviesado.

3) Utilizar o coeficiente de correlação apropriado

Normalmente usa-se o coeficiente de Pearson para relações lineares contínuas. O valor varia de −1 a +1. Se for negativo (entre −1 e 0), existe correlação negativa. Quanto mais próximo de −1, mais forte é a relação inversa.

4) Fazer um gráfico de dispersão (scatter plot)

Traçando os dados no eixo X (uma variável) e no eixo Y (outra), se os pontos “desenham” uma linha inclinada para baixo da esquerda para a direita, isso sugere correlação negativa.

5) Verificar a robustez da correlação

Verificar se há pontos fora da curva que influenciam muito o resultado, se a correlação se mantém em diferentes períodos, se a relação é estável ou muda com o tempo. Também é bom lembrar que correlação não implica causalidade.

Aprenda mais: Covariância: o que é, fórmula, para que serve e como funciona?

Exemplos de correlação negativa

Vamos imaginar que você está acompanhando o mercado, olhando pra ver em que investir ou como se proteger. A correlação negativa aparece bastante. Aqui vão alguns exemplos pra ficar mais claro:

Um exemplo que aparece direto é o da renda variável versus renda fixa. Quando a bolsa está instável, com risco político ou incertezas econômicas, muita gente migra para ativos de renda fixa, títulos públicos ou privados, que parecem mais seguros. Aí, justamente, enquanto as ações caem, esses títulos podem se manter bem ou até subir. Ou seja, um “move pra baixo”, o outro “pra cima”.

No Brasil, uma situação parecida é a do Ibovespa e do dólar. Se tiver muita instabilidade interna, inflação fora de controle ou medidas econômicas ruins, o dólar tende a subir, porque as pessoas buscam proteção, e o Ibovespa pode despencar.

Quando o dólar sobe, piora para empresas que dependem de insumos importados ou têm dívida em moeda estrangeira, o que afeta o índice de ações. Daí você vê essa oposição: Ibovespa baixo, dólar alto.

Outro exemplo bem mais comum: preço de algo versus demanda por esse algo. Se o preço do arroz, do aluguel ou do ingresso de cinema sobe bastante, menos gente vai querer comprar/alugar/ver. Se o preço cai, a demanda pode aumentar. É simples, mas muito prático pra entender correlação negativa.

Também, pensa no frio versus aquecimento. Quando faz frio de verdade, uso de aquecedor, de energia pra aquecer, sobe. Quando esquenta, isso cai. Temperatura e demanda de aquecimento, um sobe, o outro cai.

Importância da correlação negativa nos investimentos

Você já reparou como alguns investimentos se comportam de forma quase oposta, dependendo do momento econômico? Um sobe quando o outro cai, um dá prejuízo, o outro “segura o tranco”. Essa é a essência da correlação negativa, quando dois ativos tendem a se movimentar em direções opostas.

Por que isso importa tanto? Porque ajuda a diminuir a dor quando o mercado aperta. Mesmo que parte da sua carteira sofra, haverá outra parte que pode amenizar essas perdas. É uma espécie de “rede de segurança” construída por meio da diversificação bem pensada, onde ativos que não reagem da mesma forma frente aos mesmos eventos funcionam como amortecedores.

Além de reduzir o risco, usar correlações negativas na seleção de ativos torna sua carteira mais resiliente, mais capaz de atravessar ciclos econômicos ruins sem desabar completamente. E não é questão de eliminar o risco, mas de gerenciá-lo, de forma que você não fique à mercê de um único tipo de problema.

Por fim, vale lembrar que essa estratégia exige atenção constante. O que hoje mostra correlação negativa pode amanhã se comportar diferente. Fatores como política econômica, inflação, crises internacionais, câmbio, tudo isso pode mudar como ativos se relacionam entre si.

Logo, é importante acompanhar, revisar e eventualmente ajustar sua carteira com esse entendimento em mente.

Leia mais: Como aumentar o retorno e diminuir os riscos da carteira de investimentos

Como usar a correlação negativa nos investimentos?

Se você quiser usar a correlação negativa de verdade nos seus investimentos, comece por entender quais ativos ou classes tendem a se comportar de forma oposta. Veja como variáveis como inflação, taxa de juros, política econômica, crises internacionais influenciam ações, moeda, ouro, renda fixa etc.

Por exemplo, quando há alta inflação ou instabilidade, investidores costumam buscar ativos “refúgio” como ouro ou dólar, enquanto a bolsa sofre. Essa tendência pode gerar correlação negativa entre bolsa e esses ativos.

Depois disso, na hora de escolher sua carteira, inclua ativos que já mostraram historicamente essa relação contrária. Se parte do seu dinheiro estiver em ações brasileiras, outra parte pode estar em títulos de renda fixa ou em ativos internacionais ou em commodities que se valorizam em momentos de crise. Isso gera um “equilíbrio interno”: se uma parte vacilar, a outra pode segurar a queda.

Outra prática útil é usar ferramentas ou plataformas que permitam visualizar correlações, seja por meio de tabelas, gráficos ou índices de correlação entre ativos. Você pode comparar pares de ativos para ver qual correlação eles têm (valores que variam de -1 até +1), observar quando essa correlação muda e usar essas informações para ajustar sua carteira.

Também ajuda a pensar em alocação estratégica. Não coloque todo o capital em ativos com risco semelhante ou que se comportam da mesma maneira. Misture classes de ativos, setores, regiões geográficas.

Ativos “altamente correlacionados negativamente” com a parte de risco da carteira podem fortalecer sua resiliência. Só que, de novo, nada é estático: conforme o cenário econômico muda, reavalie suas escolhas.

Diferença entre orrelação negativa, correlação positiva e descorrelação

Considere que dois ativos financeiros são como duas pessoas andando numa avenida: se eles caminham lado a lado sempre, subindo e descendo a escada (metaforicamente falando) na mesma hora, isso é correlação positiva. Quando uma sobe, a outra sobe; quando uma desce, a outra desce. É um relacionamento de “seguir o mesmo ritmo”.

Por outro lado, correlação negativa é como se uma pessoa descesse uma escada enquanto a outra sobe por um tobogã paralelo: um vai pra cima, o outro pra baixo. Eles têm comportamentos opostos em resposta ao mesmo estímulo. Isso pode ser útil numa crise de mercado, porque enquanto uma parte da carteira sofre, outra parte pode compensar.

Descorrelação é diferente de tudo isso: é como se essas duas pessoas estivessem cada uma em sua própria rota, andando independentemente. Às vezes uma vai subir, às vezes vai descer, sem que você possa prever o movimento de uma baseando-se no da outra. Não têm uma ligação estável nem direta.

Leia também: Externalidade nos investimentos: o que é e como analisar?

Fontes: Question Pro, Investopedia, Hurst Capital, Renova Invest.

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