Plano real, o que foi? Definição, história da moeda e características

17 de setembro de 2020, por Sidemar Castro

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O Plano Real foi uma solução proposta para controlar a hiperinflação que assolou a população brasileira até 1994, quando foi posto em prática. Nesse sentido, foi uma série de reformas econômicas realizadas com o intuito de combater a alta inflacionária.

Contudo, o Plano Real não foi o primeiro. Antes dele, houve vários outros planos que foram implementados e fracassados. Todos tinham por objetivo controlar a inflação, ou seja, o aumento dos preços de produtos e serviços.

Em síntese, o Plano Real criou a moeda chamada de Real e uma série de medidas econômicas. Através dele, foi possível controlar a hiperinflação e restabelecer a economia brasileira. 

Qual foi o contexto histórico do Plano Real?

O Plano Real foi um conjunto de reformas econômicas implementadas no Brasil em 1994, durante o governo de Itamar Franco. O objetivo principal era combater a hiperinflação no país. Foi o 13º plano econômico executado desde 1979, quando se iniciou a crise que levou à hiperinflação.

O contexto histórico do Plano Real é complexo e envolve uma série de decisões políticas internas e externas que afetaram diretamente o Brasil.

Desde a Era Vargas, no final dos anos 1930, a dívida pública externa do país, que corresponde aos débitos acumulados por empréstimos contraídos de outros países, acumulava-se.

Um dos legados principais de Vargas na presidência do Brasil foi a implementação de um projeto nacional de desenvolvimento, que enxergava a necessidade do país de superar a sua dependência de importações de produtos industrializados.

A política de substituição de importações e industrialização pesada foi continuada por Juscelino Kubitschek, que governou o Brasil de janeiro de 1956 a janeiro de 1961, por meio do Plano de Metas. Após o Golpe de 1964, a receita de substituição de importações, industrialização pesada e dívida externa foi herdada dos governos anteriores.

Em 1973, ocorreu uma crise petrolífera, provocada por um embargo da Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (Opaep), que atingiu diretamente países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, entre outros. Isso afetou diretamente as fontes de financiamento externo de onde o Brasil contraía empréstimos para seu projeto de desenvolvimento.

No início dos anos 90, em um ano, a inflação já chegava a 6.800%. Isso significava, na prática, que um produto que você comprava no começo de um ano estava, em um período de 12 meses, 68 vezes mais caro. O Plano Real foi responsável pela implementação da moeda que circula ainda hoje no Brasil.

Como foi a implantação?

1ª fase – ajuste fiscal

A primeira fase do Plano Real foi marcada por um esforço de ajuste fiscal. O objetivo da política econômica era estabilizar as contas públicas por meio do equacionamento do desequilíbrio orçamentário existente. Isso foi feito através do corte de despesas, redução das transferências do governo federal e aumento de impostos.

Foi criado o Fundo Social de Emergência (FSE) para aumentar a arrecadação tributária e a flexibilidade da gestão orçamentária em 1994/1995. O Plano de Ação Imediata (PAI) foi implementado para organizar e reduzir os gastos da União no orçamento do governo.

Além disso, um imposto sobre movimentações financeiras, o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), foi criado em caráter temporário.

2ª fase – Unidade Real de Valor

A segunda fase do Plano Real foi marcada pela criação da Unidade Real de Valor (URV), uma moeda escritural utilizada como unidade de conta. A URV foi lançada no período de transição entre o Cruzeiro Real e o Real, para servir como uma espécie de estágio para a implementação da nova moeda.

A URV funcionava como uma referência de preços, embora sofresse uma variação diária. O grande papel da URV era garantir uma estabilização dos valores dos produtos.

3ª fase – Âncora nominal e cambial

A terceira fase do Plano Real foi a introdução do novo padrão monetário, o real, que implicou a necessidade de rápida e abrangente disponibilização do novo meio circulante a partir de 1º de julho de 1994.

Nesta fase, a taxa de câmbio foi utilizada como âncora nominal. A ideia era que o tamanho da base monetária não mais dependesse das decisões isoladas do Banco Central, mas da quantidade de reservas internacionais acumuladas e das leis e regras que relacionavam o estoque de reservas com a criação de moeda. Isso limitou a possibilidade de gerenciamento da política econômica em geral, e da política monetária em particular, por meio de atitudes discricionárias.

Quais foram as consequências do Plano Real?

A principal conquista do Plano Real foi o controle da inflação. Em 1993, a inflação no Brasil alcançou a marca de 2000% e, em 1990, ela havia sido de 6800%. Com a implementação, a inflação foi controlada e estabilizada, mudando o cenário econômico.

O Plano Real estabilizou a economia brasileira, que estava em crise devido à hiperinflação. Isso foi alcançado através de uma série de medidas, incluindo a redução de gastos, a venda de empresas públicas e o aumento de impostos para elevar a receita. Entre 1993 e 1994, a arrecadação aumentou 25%.

Uma das consequências do Plano Real foi a desregulamentação de instituições financeiras. Isso permitiu uma maior liberdade para o setor financeiro e contribuiu para o crescimento econômico.

Também resultou na diminuição do papel do Estado na economia. Isso foi feito através de políticas de austeridade fiscal e da privatização de empresas estatais.

Além das consequências econômicas, o Plano Real também teve efeitos culturais e políticos. A estabilização da economia e o controle da inflação tiveram um impacto significativo na vida cotidiana dos brasileiros.

Finalmente, o Plano Real foi responsável pela criação do real, a moeda que circula até os dias de hoje na economia brasileira.

Fontes: BCB, Brasil Escola