27 de outubro de 2022 - por Nathalia Lourenço

Você já se perguntou como entender realmente o que se passa dentro de um negócio? Duas ferramentas poderosas para isso são a Análise Vertical e a Análise Horizontal. Elas são como dois ângulos diferentes de uma mesma lente, ajudando a desvendar a dinâmica da empresa.
De um lado, a Análise Vertical entra em cena pra responder: “Qual o peso de cada área nos resultados gerais?” É como olhar pra uma lista de compras e ver quanto cada item representa no total da conta. Ela mostra, em porcentagem, a contribuição de cada setor (vendas, custos, despesas etc.) pro resultado final da empresa.
Do outro lado, a Análise Horizontal tem missão diferente: ela pergunta “Como esse resultado evoluiu ao longo do tempo?”. Aqui, o foco é na trajetória: comparamos períodos (mês a mês, ano a ano) pra enxergar tendências, crescimento, quedas… é a fotografia que vira filme.
Saiba melhor como fazer e funcionam essas diferenças nesta matéria.
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O que é análise vertical?
A análise vertical é como tirar uma “radiografia” da sua empresa em um determinado momento. Pense nela como uma lupa que te ajuda a entender a composição das suas demonstrações financeiras. Em vez de olhar como os números mudam ao longo do tempo (que é a análise horizontal), aqui você vai ver o peso de cada item dentro de um total, no mesmo período.
Vamos supor que você está olhando para um bolo. A análise vertical te diria qual a porcentagem de farinha, açúcar, ovos e chocolate que compõem aquele bolo. Ela mostra a relevância de cada parte para o todo.
Exemplo
Um exemplo prático: Suponha que sua padaria teve um faturamento total de R$ 50.000 em um mês. Desse total:
- Pães: R$ 35.000
- Bolos: R$ 10.000
- Cafés: R$ 5.000
A análise vertical pergunta: “Qual o peso de cada produto no faturamento total?” Aí você faz as contas:
- Pães: (35.000 ÷ 50.000) x 100 = 70%
- Bolos: (10.000 ÷ 50.000) x 100 = 20%
- Cafés: (5.000 ÷ 50.000) x 100 = 10%
Então, isso significa que 70% do que a padaria faturou veio só dos pães! Os bolos contribuíram com 20%, e os cafés, mesmo sendo importantes para os clientes, só entraram com 10%. Ou seja: os pães são a alma do negócio. Se um dia você pensar em expandir, já sabe por onde começar, não é mesmo?
O que é análise horizontal?
A análise horizontal pode ser pensada como uma máquina do tempo para o seu negócio. Enquanto a vertical mostra “o que” compõe seus resultados hoje, a horizontal responde: “Como cada parte evoluiu ao longo do tempo?”. É tipo comparar fotos antigas pra ver se você emagreceu, engordou, ou se mantém o shape.
Exemplo
Vamos supor que em janeiro o faturamento da padaria foi:
- Pães: R$ 30.000
- Bolos: R$ 8.000
- Cafés: R$ 4.000
(Total: R$ 42.000)
Em fevereiro, os números foram:
- Pães: R$ 35.000
- Bolos: R$ 10.000
- Cafés: R$ 5.000
(Total: R$ 50.000)
A análise horizontal não quer saber o peso de cada item no total do mês (isso é a vertical!). Então, ela pergunta: “Quanto cada produto cresceu ou diminuiu de janeiro pra fevereiro?”
Aí você compara item por item:
- Pães: R$ 35.000 em fevereiro para R$ 30.000 em janeiro.
Crescimento: (35.000 / 30.000) – 1 = 16,7% - Bolos: R$ 10.000 em fevereiro para R$ 8.000 em janeiro.
Crescimento: (10.000 / 8.000) – 1 = 25% - Cafés: R$ 5.000 em fevereiro para R$ 4.000 em janeiro.
Crescimento: (5.000 / 4.000) – 1 = 25%
Olha só que interessante: embora os pães ainda sejam seu carro-chefe (70% do faturamento em fevereiro, lembra?), foram os bolos e cafés que mais cresceram (25% cada!). Os pães cresceram só 16,7%. Isso pode significar que sua promoção de cafés especiais deu resultado, ou que bolos estão atraindo mais clientes… Mas também acende um alerta: por que os pães, seu principal produto, não acompanharam esse ritmo?
Qual a diferença entre análise vertical e análise horizontal?
Se a análise vertical é como tirar uma foto do seu negócio em um momento específico, a análise horizontal é como assistir a um vídeo. A grande sacada é que cada uma serve para um propósito diferente, mas juntas elas dão uma visão bem completa da saúde financeira de uma empresa.
Análise Vertical
A análise vertical, te mostra a composição das coisas. Ela pega um relatório financeiro (tipo o balanço ou a DRE) e te diz o quanto cada item representa do total, naquele mesmo período.
É como se você olhasse para a fatia de um bolo e visse a proporção de cada ingrediente ali dentro. Ela te ajuda a entender a estrutura, o peso de cada conta. Por exemplo, quanto do seu faturamento total é gasto com salários, ou qual a porcentagem dos seus ativos que está em estoque.
Análise Horizontal
Já a análise horizontal é sobre a evolução, o movimento. Ela compara os mesmos itens de um relatório financeiro, mas ao longo de diferentes períodos. Sabe quando você quer ver se as suas vendas estão crescendo ou diminuindo mês a mês, ou ano a ano? É para isso que ela serve.
Ela te mostra as tendências, se algo aumentou ou diminuiu e em que proporção. Por exemplo, se o seu custo com matéria-prima subiu 10% do ano passado para este ano, a análise horizontal vai te mostrar isso.
Diferença
Uma te dá a fotografia do agora, a outra te mostra o filme do passado para entender o presente e projetar o futuro. Juntas, elas são ferramentas poderosas para qualquer um que queira entender de verdade os números de um negócio.
Como fazer a análise vertical e horizontal?
Análise vertical
A análise vertical mostra a participação percentual de cada item em relação a um valor base dentro do próprio demonstrativo. Normalmente, no balanço patrimonial, o valor base é o total do ativo ou do passivo, enquanto na demonstração de resultado, o valor base é a receita líquida.
Exemplo
Suponha o seguinte balanço patrimonial simplificado:
- Caixa: 10.000
- Estoques: 20.000
- Imobilizado: 70.000 |
Total do Ativo: 100.000
Para fazer a análise vertical, divide-se cada conta pelo total do ativo:
- Caixa: 10.000 / 100.000 = 10%
- Estoques: 20.000 / 100.000 = 20%
- Imobilizado: 70.000 / 100.000 = 70%
Assim, é possível perceber, por exemplo, que 70% do ativo está em imobilizado.
Análise horizontal
Já a análise horizontal compara as variações das contas ao longo de dois ou mais períodos. O objetivo é mostrar a evolução dos valores em termos absolutos e percentuais.
Exemplo
Usando os valores da conta “Caixa” em dois anos:
- Caixa em 2024: R$ 8.000
- Caixa em 2025: R$ 10.000
Variação absoluta: 10.000 – 8.000 = R$ 2.000
Variação percentual: (2.000 / 8.000) x 100 = 25%
Ou seja, o saldo de caixa aumentou 25% de 2024 para 2025.
Quando e como usar a análise horizontal e vertical?
A análise horizontal e a vertical podem ser utilizadas com o objetivo de fornecer, de uma forma ampla e completa, uma visão das finanças corporativas. Veja como:
- Análise horizontal: ela é mais indicada para realizar uma avaliação da evolução financeira ao longo de um determinado tempo. Ou seja, ela deve ser posta em prática para analisar tendências e variações sazonais.
- Análise vertical: Já ela deve ser ser utilizada com o objetivo de compreender a estrutura interna de uma demonstração financeira. Desse modo, é essencial analisar as partes de cada item relacionados à receita ou ao total de ativos aplicados .
O interessante é que você pode usar essas análises de forma separada, dependendo do que você quer descobrir. Mas, quando combinadas, elas são super poderosas! Elas se complementam e dão uma visão muito mais rica para a gestão financeira.
Importância da análise vertical e horizontal para a gestão financeira?
A análise vertical e a análise horizontal são métodos muito importantes usados para interpretar demonstrativos contábeis, como o balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exercício. Essas análises ajudam a visualizar tendências, identificar mudanças e entender a composição das contas financeiras de uma empresa.
A análise vertical mostra a participação percentual de cada item em relação a um valor base dentro do próprio demonstrativo. Normalmente, no balanço patrimonial, o valor base é o total do ativo ou do passivo, enquanto na demonstração de resultado, o valor base é a receita líquida.
Já a análise horizontal compara as variações das contas ao longo de dois ou mais períodos. O objetivo é mostrar a evolução dos valores em termos absolutos e percentuais.
Portanto, a imortância de ambas é que a análise vertical indica como cada elemento contribui para o total de um demonstrativo em um mesmo período. Já a análise horizontal destaca o comportamento das contas ao longo do tempo. Juntas, essas análises ajudam a tomar decisões e avaliar melhor a situação financeira das empresas.
Saiba mais: Fluxo de caixa: o que é, como fazer e quais são seus tipos?
Dicas para otimizar as análises
1) Use dados consistentes e confiáveis
Essa é a base de tudo. Garanta que os dados que você está usando (sejam do seu software de gestão, planilhas ou relatórios contábeis) estejam corretos e padronizados. Analisar informações inconsistentes é como tentar achar um tesouro com um mapa furado. Cheque sempre a origem e a integridade dos seus números.
2) Defina seus objetivos
Antes de mergulhar nos números, se pergunte: “O que eu quero descobrir com essa análise?”. Você quer identificar se um custo específico está subindo descontroladamente? Ou se a sua margem de lucro está diminuindo? Ter um objetivo claro te ajuda a focar e a não se perder em um mar de dados.
3) Compare sempre que possível
Uma análise isolada nem sempre te conta a história completa. Se você está fazendo uma análise vertical da sua DRE, por que não compará-la com a DRE de uma empresa similar do seu setor, ou com a média do mercado? Para a análise horizontal, compare com períodos anteriores (mês a mês, trimestre a trimestre, ano a ano) para ver as tendências. A comparação adiciona uma camada valiosa de contexto.
4) Entenda o que cada número representa
Não basta ver que um número aumentou ou diminuiu. Mergulhe para entender o “porquê”. Um aumento nas despesas de vendas pode significar um investimento pesado em marketing que ainda não deu retorno, ou um gasto excessivo e desnecessário. A análise é um ponto de partida para a investigação, não a resposta final.
5) Use a tecnologia a seu favor
Existem muitas ferramentas, de planilhas como Excel e Google Sheets a softwares de gestão financeira e de Business Intelligence (BI), que podem automatizar cálculos e até gerar gráficos. Isso te poupa tempo e reduz a chance de erros, permitindo que você se concentre mais na interpretação dos resultados do que nos cálculos em si.
6) Crie relatórios claros e visuais
Depois de fazer a análise, como você vai apresentar isso? Gráficos e tabelas bem feitos podem comunicar ddos complexos de forma muito mais eficaz do que um monte de números. Pense em quem vai ver essa análise e como eles vão entender melhor a informação.
7) Revise e adapte regularmente
O mercado e o seu negócio estão sempre mudando. O que era relevante há seis meses pode não ser mais. Faça suas análises periodicamente e esteja sempre pronto para adaptar suas métricas e a forma como você as interpreta. A análise financeira é um processo contínuo, não um evento único.
Leia também: Vantagens competitivas: o que são e como identificar
Qual é a relação entre análise vertical, análise horizontal e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE)?
A análise vertical e a análise horizontal são ferramentas para entender a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).
Análise Vertical
Ela é como tirar uma foto da sua DRE em um período específico. A análise vertical mostra o “pedacinho” que cada item (como custo, despesa, lucro) representa do total da receita. Assim, você entende a estrutura dos seus resultados naquele momento.
Análise Horizontal
Já esta é o “filme” da sua DRE. Ela compara como cada item (receita, custos, despesas) evoluiu ao longo do tempo, em diferentes períodos. Com ela, você identifica tendências, crescimentos ou quedas.
Relação explicada
Portanto, essa relação se explica assim, basicamente: a DRE te dá os números. A análise vertical te mostra a composição em um ponto no tempo, e a análise horizontal te mostra a evolução ao longo do tempo. Juntas, elas dão uma visão completa e poderosa da saúde financeira do seu negócio.
Leia mais: O que é DRE? Como funciona, para que serve e como fazer
Quais são os outros tipos de análise?
Além das análises vertical e horizontal, que são super importantes para entender a composição e a evolução dos seus resultados, existem outros tipos de análises financeiras que te dão diferentes perspectivas sobre a saúde do seu negócio. Elas se complementam e te ajudam a tomar decisões mais estratégicas.
1) Análise de Liquidez
Essa análise é como um “teste de fôlego” para sua empresa. Ela avalia a capacidade do seu negócio de pagar suas dívidas de curto e longo prazo. Sabe se você tem dinheiro suficiente no caixa ou bens que podem virar dinheiro rápido para cobrir o que você deve?
A análise de liquidez te dá essa resposta. Existem vários índices dentro dela, como a liquidez corrente (ativos de curto prazo versus passivos de curto prazo), que é ótima para ver se a empresa consegue honrar seus compromissos mais imediatos.
Entenda: Liquidez: o que é, como funciona, tipos e importância
2) Análise de Endividamento
Aqui, o foco é entender o quanto sua empresa está dependente de capital de terceiros (empréstimos, financiamentos, dívidas com fornecedores) para funcionar. Ela mostra o grau de alavancagem financeira do negócio.
É importante saber se a dívida está em um nível saudável, ou se está muito alta e pode virar um problema. Índices como a relação entre Dívida Total e Patrimônio Líquido ajudam a entender isso.
3) Análise de Rentabilidade
Essa é uma das preferidas dos empresários, pois ela mede o quão lucrativa a empresa é. Ou seja, ela mostra a capacidade do negócio de gerar lucro a partir das suas vendas e dos seus investimentos.
Quer saber se o seu produto ou serviço está realmente dando dinheiro? A análise de rentabilidade (através de indicadores como margem líquida, retorno sobre investimento – ROI, etc.) vai te dar essa clareza.
4) Análise de Eficiência Operacional
Essa análise foca em como a empresa está usando seus recursos para gerar resultados. Ela busca responder se a operação está sendo feita da forma mais produtiva e com o menor desperdício possível.
Por exemplo, ela pode avaliar a rotatividade de estoques ou a eficiência na cobrança de clientes, mostrando se seus processos internos estão funcionando bem ou se precisam de um “ajuste fino”.
5) Análise de Capital de Giro
O capital de giro é o dinheiro que a empresa precisa ter para bancar suas operações do dia a dia, como pagar fornecedores, funcionários e impostos, enquanto aguarda receber dos clientes. A análise de capital de giro verifica se a empresa tem recursos suficientes para manter suas atividades funcionando sem apertos e se a gestão desses recursos está sendo feita de forma eficaz.
6) Análise de Projeção Financeira
Essa não é bem uma análise do “passado”, mas sim uma ferramenta de “previsão”. Ela usa dados históricos e tendências de mercado para estimar como as finanças da empresa se comportarão no futuro. É essencial para planejar, definir metas, avaliar a viabilidade de novos projetos e até mesmo para conseguir investimentos. É como tentar prever o tempo, só que com seus números.
Leia também: Análise de ações: o que é, quais são os tipos e como fazer?
Fontes: Leverpro, Flashapp, Onlineos, Vexpenses e Sebrae Play.