15 de janeiro de 2025 - por Sidemar Castro
Anticíclico é uma política econômica que se refere a um conjunto de ações governamentais destinadas a minimizar ou neutralizar os efeitos dos ciclos econômicos, que incluem períodos de crescimento e recessão. Esses ciclos são flutuações naturais da atividade econômica, onde a economia alterna entre picos de crescimento e vales de recessão.
Os ciclos econômicos são caracterizados por variações na atividade econômica, que podem ser influenciadas por fatores internos e externos, como crises financeiras ou choques de oferta. Durante uma fase de crescimento, o governo pode aumentar impostos e reduzir gastos públicos para acumular reservas.
Em contrapartida, durante uma recessão, ele pode diminuir impostos e aumentar os gastos públicos para estimular a economia. Entenda como funciona nesta matéria.
O que é anticíclico?
O termo anticíclico refere-se a medidas ou ações que buscam contrariar os ciclos naturais da economia. Em outras palavras, quando a economia está em queda (recessão), medidas anticíclicas tentam estimular o crescimento.
Por outro lado, quando a economia está crescendo de forma muito rápida (superaquecimento), essas ações visam desacelerar para evitar problemas, como a inflação.
Por exemplo, em uma recessão, o governo pode aumentar os gastos públicos ou reduzir os impostos para incentivar o consumo e os investimentos. Já em tempos de crescimento exagerado, pode elevar os juros ou reduzir os gastos para conter o ritmo.
Em resumo, ser anticíclico significa agir de forma oposta ao ciclo econômico, ajudando a manter a estabilidade e a evitar crises mais profundas.
A intervenção do Estado
A intervenção do Estado é um princípio central da teoria keynesiana, que argumenta que o mercado não se autorregula eficientemente em todos os momentos. Assim, o governo deve atuar para suavizar as oscilações econômicas. Essa abordagem inclui:
- Aumento dos gastos públicos durante recessões para compensar a queda no consumo privado.
- Redução dos impostos para aumentar a renda disponível das famílias e estimular o consumo.
- Ajuste da taxa de juros, onde o banco central pode baixar os juros em períodos de contração para facilitar o acesso ao crédito;
Quais são as ações aplicadas na política econômica anticíclica?
A política econômica anticíclica busca reduzir os impactos das oscilações da economia, como recessões ou períodos de excesso de crescimento. Para isso, ela aplica ações específicas que estimulam ou freiam a atividade econômica, dependendo da situação.
Em tempos de recessão, o governo pode aumentar seus investimentos em infraestrutura ou programas sociais para impulsionar a economia. Por outro lado, em períodos de crescimento exagerado, ele pode reduzir os gastos para evitar inflação.
Durante crises, o Banco Central costuma baixar as taxas de juros para facilitar o crédito e incentivar o consumo e os investimentos. Já em momentos de superaquecimento, as taxas podem ser elevadas para conter a inflação.
O governo pode reduzir impostos em épocas de baixa atividade econômica para aumentar o poder de compra das pessoas e estimular os negócios. Em situações contrárias, ele pode aumentar a carga tributária para controlar a demanda.
Bancos públicos e privados podem ser incentivados a conceder mais empréstimos em períodos de recessão. Em fases de forte crescimento, o governo pode adotar medidas para restringir o crédito.
Em alguns casos, o governo atua no mercado de câmbio, desvalorizando ou valorizando a moeda, dependendo do impacto desejado sobre exportações e importações.
Essas ações ajudam a equilibrar a economia, suavizando os ciclos econômicos e protegendo a população dos impactos mais severos de crises ou excessos.
Como a política econômica anticíclica influencia os investidores?
A política econômica anticíclica tem um impacto direto nos investidores, pois ela altera as condições do mercado e afeta as expectativas sobre a economia.
Quando o governo reduz juros, aumenta gastos públicos ou facilita o crédito, ele cria um ambiente mais favorável para investimentos. Os investidores tendem a buscar oportunidades em setores que se beneficiam dessas medidas, como construção civil e consumo.
Se a economia cresce muito rápido, políticas anticíclicas podem frear esse ritmo. A elevação de juros, por exemplo, torna o crédito mais caro e reduz a atratividade de alguns investimentos de risco, levando investidores a buscar ativos mais seguros, como títulos públicos.
Quando os investidores percebem que o governo adota medidas eficazes para estabilizar a economia, a confiança no mercado aumenta. Desse modo, isso pode atrair novos investimentos e gerar maior estabilidade financeira.
Políticas cambiais anticíclicas, como a desvalorização da moeda para estimular exportações, podem beneficiar empresas exportadoras e atrair investidores para esse setor. Por outro lado, uma valorização cambial pode favorecer negócios que dependem de importações.
Com isso, os investidores precisam estar atentos às ações do governo, pois elas podem criar tanto oportunidades quanto desafios. Adaptar estratégias às políticas anticíclicas é essencial para aproveitar os benefícios e minimizar riscos.
Como a política econômica anticíclica esteve presente no Brasil?
A política econômica anticíclica já foi aplicada em diversos momentos no Brasil, especialmente durante crises econômicas e períodos de crescimento acelerado. Aqui estão alguns exemplos marcantes:
1) Crise de 1973
Durante a década de 1970, o regime militar brasileiro, sob o governo do general Ernesto Geisel, introduziu o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND II) como uma resposta ao primeiro choque do petróleo. Este plano visava aumentar os investimentos em infraestrutura e reduzir a dependência do petróleo estrangeiro, tentando, assim, minimizar os efeitos adversos do ciclo econômico.
2) Crise de 2008
Durante a crise financeira global de 2008, o Brasil adotou medidas anticíclicas para reduzir os impactos no mercado interno.
O governo aumentou os gastos públicos em obras de infraestrutura, reduziu impostos para estimular o consumo (como o IPI para automóveis e eletrodomésticos) e facilitou o crédito por meio de bancos públicos.
Essas ações ajudaram a economia brasileira a se recuperar rapidamente no curto prazo.
3) Período de 2011 a 2014
Nesse período, o governo continuou aplicando políticas anticíclicas para estimular o crescimento econômico, como juros mais baixos, desonerações tributárias e incentivos ao setor industrial. No entanto, essas medidas, combinadas com outros fatores, geraram desequilíbrios fiscais e aumento da inflação nos anos seguintes.
4) Crise de 2015 e 2016
Com a recessão econômica e a crise fiscal, as políticas anticíclicas foram limitadas. O governo precisou adotar medidas mais austeras para conter o déficit público. No entanto, algumas ações pontuais, como a liberação do FGTS para incentivar o consumo, foram aplicadas.
5) Pandemia de 2020
Durante a crise causada pela COVID-19, o Brasil novamente recorreu a políticas anticíclicas. O auxílio emergencial foi um exemplo claro, pois injetou recursos na economia e garantiu renda para milhões de brasileiros.
Além disso, houve a redução temporária de impostos e a ampliação do crédito para empresas.
Esses exemplos mostram como o Brasil tem utilizado a política econômica anticíclica para enfrentar desafios, embora nem sempre os resultados tenham sido sustentáveis a longo prazo. O equilíbrio entre estímulos e controle fiscal é essencial para garantir sua eficácia.
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Fontes: Mais Retorno, Gov Br