Capital próprio: o que é e como utilizar?

Capital próprio é um indicador da solidez financeira de uma empresa e permite investimentos sem acúmulo de dívidas. o que é e como utilizar.

27 de maio de 2024 - por Sidemar Castro


Capital próprio é o patrimônio líquido de uma empresa, ou seja, a diferença entre seus ativos (tudo o que ela possui) e passivos (tudo o que ela deve a terceiros). É obtido a partir do capital investido pelos sócios ou acionistas, além de lucros acumulados e outras reservas.

Quer saber mais sobre as vantagens e desvantagens do capital próprio? Continue a leitura.

O que é capital próprio?

O capital próprio é uma parcela de capital disponível para as empresas que advém exclusivamente de seus sócios, acionistas ou, ainda, do lucro obtido de suas operações. Ele é um componente importante do ponto de vista contábil, pois forma aquilo que se conhece como “patrimônio líquido” da empresa. Ou seja, é a capital que a empresa verdadeiramente detém e que não deve retornar a nenhum credor.

É obtido a partir da diferença entre tudo o que a empresa possui (ativos) e deve a terceiros (passivo), sendo também conhecido como patrimônio líquido. É a soma do capital social e suas variações, além de lucros e demais reservas. De forma aproximada, caso a empresa encerrasse suas atividades na data do balanço, os acionistas teriam direito a embolsar esse valor correspondente ao patrimônio.

Portanto, o capital próprio é a riqueza dos donos que está na companhia. Mas isso não deve ser confundido com o preço justo ou o valor do negócio. Apesar dessas limitações, olhar o patrimônio líquido permite avaliar a solidez financeira do negócio.

Para que serve o capital próprio?

O capital próprio serve para várias finalidades importantes dentro de uma empresa:

Para o cálculo de Indicadores de endividamento: Ao comparar o patrimônio líquido com o capital de terceiros, é possível calcular indicadores de endividamento.

Serve também para avaliação de recompra de ações. O capital próprio permite avaliar a prática de recompra de ações da empresa, pois sempre que a mesma recompra suas ações e depois as cancela, o patrimônio diminui.

Outra serventia é a da previsão de dividendos extraordinários. Uma reserva de lucros cheia pode significar que a empresa poderá pagar algum dividendo extraordinário no futuro próximo.

Serve para o financiamento e crescimento do negócio, pois o capital próprio representa os recursos financeiros investidos pelos proprietários em uma empresa. Desse m odo, desempenha um papel crucial no financiamento e no crescimento do negócio.

Outro exemplo é que, com o capital próprio, a pressão em relação ao prazo de retorno do investimento é mitigada, permitindo mais liberdade para a aplicação do capital.

Outra serventia é que os riscos são assumidos por ambas as partes, ou seja, pela empresa e pelo sócio em questão.

E, finalmente, serve para o início das atividades empresariais. O capital próprio é parte do aporte inicial de toda companhia, garantindo capital de giro e fôlego para a sua sobrevivência até que o faturamento passe a ser substancial.

Quais são os tipos de capital próprio?

1) Capital Social

É o dinheiro que os acionistas e/ou fundadores aplicaram na empresa. O capital social equivale ao patrimônio líquido inicial e só é alterado quando os proprietários formalizam investimentos complementares ou desinvestimentos.

2) Reservas de Lucros

Esta conta inclui a parcela dos lucros que é retida pela companhia para um fim específico, como a reserva estatutária. Uma reserva de lucros cheia pode significar que a empresa poderá pagar algum dividendo extraordinário no futuro próximo.

3) Lucros ou Prejuízos Acumulados

Representa o resultado financeiro acumulado da empresa ao longo do tempo. Pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo).

4) Capital Autorizado

É o capital próprio de empresas de capital aberto e Sociedades Anônimas que negociam suas ações em bolsa de valores. Quando as ações são colocadas à venda, os valores de compra são inscritos no patrimônio líquido, mas como Capital Autorizado, sendo registrado isoladamente do capital social.

5) Capital Integralizado

O capital integralizado é o montante financeiro que os sócios e acionistas efetivamente empregam para dar início a uma organização ou expandir suas atividades. Esse capital é indicado no contrato social após sua efetiva entrada no caixa da empresa, tornando-se parte do patrimônio líquido da empresa.

Ele é essencial para manter as operações e é um indicativo de potencial de expansão e rentabilidade da empresa no mercado financeiro.

6) Capital à Integralizar

São os recursos registrados no patrimônio líquido, contudo ainda não estão às ordens para serem utilizados pela entidade.

7) Capital Subscrito

O capital subscrito é um componente vital da estrutura de capital de uma empresa, representando um compromisso legal dos acionistas ou sócios para com a empresa e servindo como uma garantia de que a empresa terá fundos suficientes para se manter em operação e alcançar seu equilíbrio.

8) Capital de Giro

É o dinheiro que faz o negócio girar, ou seja, é o elemento fundamental e necessário para o funcionamento das atividades do estabelecimento no dia a dia.

9) Capital Humano

São as pessoas que compõem uma organização. Todos os indivíduos que trabalham em uma empresa têm conhecimentos, habilidades e experiências. Todas essas noções constituem o capital humano das organizações, assim como a cultura, os valores e a filosofia da instituição.

Quais são as vantagens de usar capital próprio?

1) Maior Controle e Autonomia Financeira

Utilizar capital próprio proporciona à empresa um maior controle sobre suas finanças, sem a necessidade de se submeter a exigências de terceiros, como instituições financeiras. Isso permite tomar decisões estratégicas de forma mais independente.

2) Redução da Dependência de Instituições Financeiras

Ao optar pelo capital próprio, a empresa diminui sua dependência de empréstimos e financiamentos externos, o que pode resultar em economia de custos com taxas de juros e comissões bancárias, além de garantir uma gestão financeira mais autônoma.

3) Flexibilidade nas Condições de Financiamento

Oferece à empresa a flexibilidade de definir as condições de financiamento, como taxas de juros, prazos e exigências para aprovação. Isso possibilita adequar as condições de pagamento às necessidades dos clientes e às demandas do mercado.

4) Melhoria da Imagem da Marca

Oferecer financiamento com capital próprio pode contribuir para melhorar a imagem da marca perante o mercado, demonstrando preocupação com a satisfação dos clientes. Ou seja, isso pode fortalecer a reputação da empresa e gerar uma percepção positiva junto aos consumidores.

5) Potencial de Lucro com Juros

Os juros obtidos a partir do financiamento com capital próprio representam uma fonte de receita importante para a empresa. Esses juros refletem a rentabilidade do negócio e podem contribuir significativamente para aumentar a lucratividade e a sustentabilidade financeira da empresa.

Ao considerar essas vantagens, o uso de capital próprio pode ser uma estratégia eficaz para impulsionar o crescimento e o sucesso do negócio, proporcionando benefícios tanto para a empresa quanto para seus clientes.

E as desvantagens?

1) Finitude do Capital

O capital próprio, em seu uso exclusivo, limita a expansão da companhia. Nem sempre ele é capaz de financiar projetos essenciais para que a mesma acompanhe as necessidades do mercado e aproveite oportunidades específicas.

2) Descapitalização dos Responsáveis

As desvantagens do capital próprio partem da ideia de descapitalização dos seus responsáveis. Nem sempre é uma boa ideia investir todo o seu dinheiro em um negócio que ainda pode levar um tempo para dar retorno financeiro.

3) Menor Alavancagem Financeira

O uso de capital próprio pode resultar em uma menor alavancagem financeira. Em outras palavras, significa que a empresa pode ter menos capacidade para investir e crescer.

4) Juros

Embora não haja pagamento de juros sobre o capital próprio, a empresa pode perder a oportunidade de aproveitar os juros baixos de um empréstimo para financiar seus investimentos.

Fontes: Suno, Conta Azul, Daycoval, Quick Books, Viver de Contabilidade, Fundacion Mapfre, Sociedades Comerciais

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