Carteira de dividendos: o que é e como montar uma?

25 de janeiro de 2021 - por Nathalia Lourenço


Uma carteira de dividendos é uma carteira de investimentos focada em ativos de empresas que são boas pagadoras de dividendos. Sendo assim, o objetivo é conseguir uma renda passiva por meio do recebimento de proventos.

Como os investidores criam carteiras de dividendos com foco no longo prazo, eles devem analisar profundamente as empresas que irão compor a carteira. Ou seja, não basta apenas escolher a companhia que mais distribui proventos.

Além de optar por boas empresas, é preciso diversificar entre empresas e setores. Dessa maneira, se alguma companhia ou setor passar por baixa, a carteira inteira não será prejudicada.

O que é uma carteira de dividendos?

Os dividendos são parte dos lucros das empresas distribuídos para os sócios. Já a carteira de dividendos, é uma carteira de investimentos montada com ativos que proporcionam boa distribuição de proventos. O intuito ao se montar este tipo de carteira, é obter renda passiva através do recebimento de dividendos.

Geralmente, a criação de uma carteira de dividendos é feita por pessoas que investem com foco no longo prazo. Desse modo, ao longo dos anos, o investidor ganha tanto com a valorização das ações, quanto com a distribuição de proventos.

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Como funciona uma carteira de dividendos?

Uma carteira de dividendos é um conjunto de investimentos focado em ativos que pagam rendimentos recorrentes, como ações de empresas que distribuem lucros aos acionistas. O objetivo principal dessa estratégia é gerar renda passiva, permitindo que o investidor receba pagamentos periódicos sem precisar vender seus ativos.

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1. Escolha de ações pagadoras de dividendos

Para começar, é essencial buscar empresas consolidadas, lucrativas e com um histórico consistente de pagamento de dividendos. Além disso, é recomendável focar em setores mais previsíveis, como energia, bancos, saneamento e consumo básico.

2. Análise dos indicadores

  • Dividend Yield (DY): percentual do dividendo em relação ao preço da ação.
  • Payout Ratio: percentual do lucro distribuído aos acionistas.
  • Crescimento dos dividendos: empresas que aumentam os dividendos ao longo do tempo tendem a ser mais sólidas.

3. Diversificação

Para minimizar riscos, é importante não concentrar os investimentos em poucas empresas ou setores. Além disso, incluir Fundos Imobiliários (FIIs) e ETFs de dividendos pode ser uma alternativa interessante para diversificação.

Saiba mais: O que são fundos imobiliários (FIIs)? Guia para iniciantes

4. Reinvestimento dos dividendos

Reaplicar os dividendos comprando mais ações aumenta o patrimônio ao longo do tempo e potencializa os ganhos com juros compostos.

5. Acompanhamento e ajustes

É fundamental monitorar se as empresas continuam sustentáveis e mantendo os pagamentos de dividendos ao longo do tempo. Caso contrário, pode ser necessário substituir ativos que perdem qualidade ou reduzem dividendos de forma significativa.

Quais são os tipos de carteiras de dividendos?

1. Carteira de Dividendos de Crescimento

Esse tipo de carteira prioriza empresas que apresentam um aumento consistente no pagamento de dividendos ao longo do tempo. O foco está em companhias com histórico sólido de crescimento, que reinvestem parte dos lucros para expandir seus negócios e, consequentemente, aumentar os dividendos no futuro. É ideal para investidores que pensam no longo prazo e desejam potencializar os ganhos com o reinvestimento dos dividendos.

2. Carteira de Dividendos de Alta Rentabilidade (Yield)

Aqui, o objetivo é selecionar empresas que já pagam dividendos elevados de forma recorrente. Essas companhias geralmente possuem um modelo de negócio consolidado, gerando caixa suficiente para distribuir uma parcela significativa dos lucros. Esse tipo de carteira é interessante para quem busca uma renda passiva mais imediata, mas pode ter menor potencial de valorização no longo prazo.

3. Carteira de Dividendos Defensiva

Composta por empresas consideradas seguras e resilientes, essa carteira inclui setores menos voláteis, como energia, saneamento e saúde. O foco está na previsibilidade dos dividendos e na proteção contra crises econômicas. É uma boa alternativa para investidores conservadores que desejam estabilidade, mesmo que o crescimento dos dividendos seja mais limitado.

4. Carteira de Dividendos Híbrida

Essa estratégia busca um equilíbrio entre crescimento e rentabilidade dos dividendos. A carteira é composta por empresas que pagam dividendos razoáveis, mas que ainda possuem espaço para valorização e crescimento no futuro. Essa abordagem é indicada para investidores que desejam aproveitar tanto a renda passiva quanto a valorização do patrimônio ao longo do tempo.

5. Carteira de Dividendos com Fundos Imobiliários (FIIs)

Os Fundos Imobiliários distribuem mensalmente a maior parte de seus lucros aos cotistas, tornando-se uma opção atrativa para quem busca rendimentos recorrentes. Esse tipo de carteira pode ser montado com diferentes tipos de FIIs, como os de tijolo (imóveis físicos) e de papel (títulos atrelados ao setor imobiliário). Além da renda passiva, outra vantagem é a isenção de imposto de renda sobre os dividendos recebidos por pessoas físicas no Brasil.

Como montar uma carteira de dividendos passo a passo

A montagem de uma carteira de dividendos ocorre, basicamente, por meio da compra de ativos que proporcionam o pagamento de dividendos. No entanto, como se trata de investimentos com foco no longo prazo, é preciso de uma análise profunda antes de escolher os ativos.

1- Quais empresas distribuem dividendos

O primeiro passo para montar uma carteira de dividendos, é entender quais empresas pagam dividendos e o motivo. Para que uma empresa possa partilhar seus lucros, ela precisa, em primeiro lugar, gerar lucros e não são todas que geram. 

Além disso, o percentual de lucro que será dividido é definido pelo conselho de administração. Ao definir a porcentagem, o conselho leva em consideração a perspectiva de crescimento do negócio. Dessa forma, quando a empresa precisa investir nela mesma para crescer, a porcentagem de lucros divididos é menor.

É por isso que, geralmente, as empresas jovens não distribuem mais dividendos. Por outro lado, as grandes empresas que possuem um grande market share e não têm grandes perspectivas de crescimento, normalmente, distribuem mais proventos. É importante entender que as empresas que pagam muitos dividendos, geralmente, não irão passar por uma alta valorização no curto e médio prazo.

Afinal de contas, elas não possuem mais muito espaço de crescimento. Em contrapartida, as empresas jovens que não distribuem muitos proventos, podem passar por uma boa valorização a curto ou médio prazo.

2- Dividend Yield (DY)

O termo Dividend Yield significa rendimento de dividendo e é muito importante na montagem de uma carteira de dividendos. Sendo assim, o DY demonstra a relação entre os dividendos pagos e o preço da ação.

  • A fórmula do DY é: Dividend Yield = Dividendos pagos por ação / valor unitário da ação X 100. Sendo que quanto maior o resultado do cálculo, mais vantajoso é para o investidor.

O DY serve não apenas para indicar o quanto a empresa está pagando de retorno por ação, mas também para comparar as empresas e definir quais as que mais distribuem proventos.

Porém, o investidor precisa tomar cuidado com essa comparação, já que, se o preço da ação estiver muito barato, poderá parecer que a empresa distribui mais dividendos do que realmente distribui.

3- Dividend Payout

Os investidores usam o Dividend Payout para estabelecer a relação entre os dividendos que a empresa distribui e os seus lucros durante determinado período.

Eles utilizam esse indicador para determinar qual percentual dos lucros a empresa destina aos sócios e quanto ela reinveste no próprio negócio. Além disso, o Dividend Payout permite comparar empresas e identificar quais reinvestem mais e quais distribuem mais lucros para os acionistas.

4- Histórico de dividendos

A análise do Dividend Yield e do Dividend Payout não devem ser realizadas apenas em um momento isolado da empresa. Em outras palavras, é importante considerar os dois indicadores em um grande período de tempo.

Dessa maneira, torna-se possível a análise do histórico de dividendo da empresa durante os anos. O objetivo é ter certeza que historicamente a empresa é uma boa distribuidora de proventos. 

5- Análises

Como esse tipo de carteira de investimentos tem o foco no longo prazo, é preciso que o investidor submeta a companhia a uma análise criteriosa, como por exemplo, a análise fundamentalista. O importante é não escolher uma empresa apenas pelo fato de que ela é uma boa pagadora de proventos, pois o passado não garante futuro. 

6- Periodicidade

As empresas devem distribuir parte dos seus lucros, entretanto, a periodicidade dessas distribuições varia bastante. Dessa forma, elas podem realizar a distribuição de forma trimestral, semestral ou anual.

7- Risco

O intuito ao se montar uma carteira de dividendos, é receber proventos durante anos, com foco no longo prazo. Por isso, as empresas escolhidas devem ser mais sólidas e menos arriscadas.

8- Diversificação

Além de escolher empresas sólidas e maduras, é importante diversificar a carteira de investimentos. No entanto, não basta diversificar entre empresas diferentes, é preciso também que elas sejam de setores diferentes. O ideal é que a maioria dos ativos não possuem relação entre si. 

Em relação à quantidade de ações a se ter em carteira, não existe um consenso no mercado. Mas é interessante que você tenha apenas a quantidade de empresas que consegue acompanhar. Nada de investir em uma empresa e esquecer que tem ela na carteira! 

9- Fundos imobiliários na carteira de dividendos

Quando falamos em montar uma carteira de dividendos, normalmente pensamos em ações. Contudo, os fundos imobiliários podem ser uma boa opção para a sua carteira.

A principal vantagem de incluir os fundos na carteira de dividendos, é o fato de que eles distribuem no mínimo 95% dos aluguéis. Ou seja, o investidor recebe mensalmente parte dos lucros, de maneira proporcional à quantidade de cotas que possuir.

10- Carteira de dividendos para o longo prazo

Depois que você tiver seguido todos os passos anteriores e escolhido as empresas que irão compor a sua carteira, é importante lembrar que uma carteira de dividendos é para o longo prazo. Portanto, o ideal é que você faça aportes regulares e reinvista os proventos recebidos.

Como os dividendos são distribuídos de maneira proporcional à quantidade de ações que cada acionista possui, ao reinvestir você está aumentando os seus ganhos futuros. Esse é o chamado juros compostos da renda variável.

Ao montar uma carteira de dividendos, você pode escolher empresas que distribuem proventos em meses diferentes, assim você consegue receber proventos mensais. Veja o vídeo de Raul Sena e aprenda a fazer isso:

E aí, gostou de aprender a montar sua carteira de dividendos? Então descubra quais foram as Empresas que mais distribuíram lucro – Quais foram, ações e dividendos.

Fontes: Eu quero investir, Onze e Capital research

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