Crédito: o que é, como funciona, tipos, vantagens e desvantagens

23 de novembro de 2020, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 13 min, 24 seg


Em poucas palavras, o crédito é uma forma de empréstimo que o cliente pega com bancos, financeiras ou cooperativas. Sendo assim, ele funciona como um dinheiro extra que antecipa gastos.

Nesse texto, você irá conhecer as principais modalidades de crédito, além de saber de suas vantagens e desvantagens. Continue a leitura!

O que é crédito?

A palavra crédito vem do latim e significa confiança. Ou seja, o crédito é a confiança ou a permissão que uma pessoa, instituição financeira ou empresa concede a outra para obter bens, serviços ou dinheiro com a promessa daquele valor ser pago posteriormente, geralmente acrescido de juros ou taxas. Em termos simples, crédito é a capacidade de obter alguma coisa agora e pagar por isso só mais tarde.

Um exemplo claro de crédito é o financiamento da casa própria. Nesse caso, o banco antecipa o valor para a aquisição do imóvel, e posteriormente você paga as prestações para o banco.

O que significa pagar no crédito?

Crédito é, basicamente, uma fonte extra de recursos, através de terceiros, como bancos, cooperativas ou financeiras. Em outras palavras, ele é uma espécie de empréstimo para você comprar o que deseja, quando não tem dinheiro para isso. 

Portanto, a expressão “pagar no crédito”significa usar uma das formas de crédito para pagar alguma coisa. Por exemplo, pagar com o cartão de crédito. Você só irá, efetivamente, pagar aquele valor quando for pagar a fatura do cartão.

Além do mais, quer dizer que alguém acredita que você vai honrar a dívida e arcar com o compromisso do pagamento em algum momento no futuro.

Tipos de crédito

Abaixo, vamos detalhar cada modalidade de crédito disponível no mercado. Confira:

Crediário

O crediário é uma forma de financiamento de bens e serviços, ou seja, uma modalidade de crédito. Ele permite que o consumidor possa pagar suas compras ao longo do tempo, dividindo o valor em parcelas menores.

As parcelas do crediário são fixas, acrescidas de juros e correção monetária. O consumidor sai do estabelecimento sabendo exatamente quanto pagará e a data de vencimento de cada parcela. O crédito pode ser disponibilizado em até 48 parcelas.

O crediário próprio das lojas foi a forma mais conhecida de parcelamento de compras durante muito tempo. Os estabelecimentos emitem um carnê com as parcelas a vencer, uma espécie de caderneta. Alguns solicitam que o cliente vá pessoalmente à loja para pagar o crediário, outros disponibilizam pagamento online, como um boleto comum.

Para conseguir a aprovação do crediário, o cliente precisa passar por uma análise de crédito. Ela pode ser feita por um banco, instituição financeira ou direto na loja da compra.

É importante notar que o longo prazo para quitar uma compra pode levar ao endividamento, já que o cliente pode se esquecer de pagar alguma parcela ou precisar desse dinheiro para uma emergência.

Cartão de crédito

O cartão de crédito é uma forma de pagamento de serviços ou produtos que conta com um limite de crédito pré-definido. Ele funciona como uma espécie de empréstimo concedido por um banco ou empresa. Com ele, você pode fazer compras sem usar o seu saldo em conta ou até mesmo sem ter o dinheiro em mãos.

Assim, o cartão de crédito permite a compra de bens e serviços com cobrança posterior, sem utilizar o dinheiro em conta. Você pode fazer compras parceladas ou à vista, ganhando prazo para pagar. O pagamento do valor pode ser feito em até 30 dias.

No final do mês, você recebe uma fatura com o valor total a ser pago e deve quitá-lo antes da data de vencimento estipulada. A data limite e o prazo de pagamento são informados durante a solicitação do cartão de crédito.

Para ter acesso à modalidade é preciso passar por uma análise de crédito e ter a sua aprovação. Os limites a serem utilizados são definidos a partir da renda do usuário, de débitos pendentes e podem ser alterados ao longo do tempo.

É importante notar que, ao comprar no crédito, o cliente utiliza um valor superior ao que tem em mãos, como se estivesse pegando dinheiro emprestado com o banco. Assim, quando a fatura não é paga integralmente, são cobrados juros pelo uso do dinheiro, com a aplicação de uma taxa diária sobre a quantia devida. Com os juros, o montante a ser pago vai aumentando com o passar do tempo e pode complicar a gestão das finanças.

Crédito consignado

O crédito consignado é um tipo de empréstimo pessoal no qual as parcelas são descontadas diretamente do salário ou do benefício recebido do INSS. Isso significa que é uma modalidade de crédito mais segura para bancos e instituições financeiras, pois o desconto da sua conta é automático.

Ele foi criado para reduzir o endividamento de trabalhadores de empresas privadas, servidores públicos e aposentados. De acordo com a Lei Nº 10.820, de 2003, o limite máximo da parcela de empréstimo consignado não pode ser maior que 35% do salário ou benefício recebido (sendo 30% para empréstimo consignado e 5% para o cartão consignado).

As principais vantagens dessa modalidade incluem taxas de juros mais baixas, prazos maiores de pagamento e benefícios fiscais. No entanto, é importante planejar-se antes de pedir um empréstimo consignado, pois o desconto é feito direto na folha de pagamento, o que significa que o salário disponível para o cliente usar será menor.

Financiamento

Financiamento é uma operação financeira em que uma instituição financeira fornece recursos para outra parte que está sendo financiada, permitindo que esta possa executar algum investimento específico previamente acordado. É uma maneira de adquirir bens e pagar em médio e longo prazo, com o acréscimo de taxas e juros.

No financiamento, na maioria das vezes, o bem financiado é dado em garantia para que, caso o financiamento não seja quitado, a instituição financeira possa utilizá-lo para liquidar a dívida.

Os principais tipos de financiamentos no Brasil são o imobiliário e o automotivo. Existem ainda outros tipos de financiamentos, como aqueles voltados à construção e reforma de imóveis, compra de equipamentos para empresas e pagamento de cursos em instituições educacionais.

É importante lembrar que, embora o financiamento possa ser uma ferramenta útil para a realização de sonhos e objetivos, é necessário ter atenção aos tipos de financiamento e como utilizar tal recurso, para evitar endividamento excessivo.

Leasing

Leasing, também conhecido como arrendamento mercantil, é uma operação financeira que funciona de modo semelhante a um aluguel, mas oferece a opção de compra do bem no final do contrato.

No leasing, o locador (geralmente uma instituição financeira) adquire um bem (móvel ou imóvel) e o concede para o cliente (locatário ou arrendatário), por um prazo determinado, mediante o pagamento de um valor periódico. No fim do contrato, o cliente tem três opções: renovar o contrato, devolver o bem ao banco e encerrar o contrato, ou comprá-lo da instituição financeira.

O leasing é diferente do financiamento. No financiamento, o bem fica em nome do cliente desde o início. No leasing, o bem fica no nome da empresa de leasing durante o contrato, e só passa para o nome do cliente se ele decidir comprá-lo no final.

Existem diferentes tipos de leasing, incluindo leasing financeiro, operacional, back e imobiliário, cada um com suas próprias características e condições.

Penhor

Penhor é um conceito jurídico que significa uma garantia real de uma obrigação, consistindo em uma garantia no caso de débito. O penhor pode ser de objetos (coisas móveis), ou de direitos. O penhor só tem efeito quando o objeto empenhado é entregue ao credor.

Quando uma pessoa precisa de dinheiro, ela pode se dirigir a uma instituição que disponibiliza o penhor, como a Caixa Econômica, por exemplo. Ela deixa algum objeto (joia, relógio, etc.), como garantia que vai devolver o dinheiro que foi emprestado. Quando esse dinheiro é devolvido, o objeto regressa para o seu dono.

Se o devedor não devolve o dinheiro que lhe foi emprestado, o bem passa a pertencer ao credor, que muitas vezes é leiloado. Uma vantagem do penhor é que mesmo que uma pessoa tenha o seu cadastro marcado pela inadimplência (atraso em algum pagamento), ela consegue obter o dinheiro que precisa.

Existem diferentes tipos de penhor, que estão presentes em diferentes contextos:

  • Rural: comum no caso da agricultura, pode ser visto como penhor pecuário (penhor de animais) ou penhor agrícola, cujos terrenos agrícolas e colheitas são dados como garantia.
  • Industrial ou mercantil: acontece quando a dívida em questão é proveniente de uma atividade comercial.
  • Legal: é o penhor que cujas normas são determinadas pela lei.
  • Cedular: penhor constituído para servir de garantia de uma cédula de crédito, que pode ser negociada.

Crédito pessoal

Crédito pessoal, também conhecido como empréstimo pessoal, é um dinheiro que é emprestado a um cliente por uma instituição financeira (como bancos, fintechs e cooperativas de crédito) mediante análise de risco de crédito e com a aplicação de juros, que variam de instituição para instituição.

O funcionamento é simples: uma pessoa física solicita uma quantia a uma instituição financeira e, após a análise de crédito, essa instituição decide se empresta ou não a quantia para aquele cliente. Ao contrário de um financiamento, por exemplo, não é necessário informar o objetivo de uso do dinheiro. Basta negociar diretamente as condições do contrato, como taxa de juros e número de parcelas.

O crédito pessoal costuma ter liberação rápida. A documentação para fazer a solicitação costuma ser bem básica: carteira de identidade (RG) e cadastro de pessoa física (CPF) podem ser suficientes, mas algumas instituições exigem também comprovantes de residência e de renda.

O limite de crédito pessoal é o valor máximo que uma instituição financeira está disposta a emprestar a uma pessoa com base em sua capacidade de pagamento, histórico de crédito e outros fatores.

É importante saber que, assim como os juros são variáveis, as regras do crédito pessoal também variam conforme a instituição financeira. Tudo depende da política da empresa e da negociação com o contratante.

Cheque especial

O cheque especial é um limite de crédito pré-aprovado que é disponibilizado na sua conta corrente a qualquer momento, sem precisar de solicitação. Ele é uma espécie de empréstimo de emergência, justamente por não depender de análises de crédito para ser aprovado.

Por esse motivo, é muito utilizado por ser prático, mas muitos ignoram os altos juros cobrados. É preciso evitar usá-lo, a menos em caso de absoluta necessidade. Quando o salário do cliente cai, o banco logo desconta o dinheiro que tinha sido utilizado no cheque especial.

O valor dos juros do cheque especial muda conforme a avaliação que os bancos fazem de cada cliente. Muitos bancos oferecem um período no qual aquele limite disponível pode ser utilizado sem a aplicação de juros. Por exemplo, 10 dias (ainda assim, existe a cobrança de IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras).

Em fevereiro de 2023, segundo levantamento do Procon-SP, o juro médio do cheque especial praticado pelos grandes bancos no Brasil foi de 7,96% ao mês, o equivalente a 150,56% ao ano.

Como funciona a análise de crédito?

Existem diretrizes para a análise de crédito e elas variam conforme a instituição financeira ou a empresa responsável pela concessão do crédito. Diferentes organizações empregam uma variedade de informações para embasar essa determinação, mas há critérios compartilhados entre elas. Confira abaixo:

Informações pessoais

Em primeiro lugar, são avaliados os dados essenciais relativos à pessoa, como número de CPF, contato telefônico, estado civil, nível educacional, ocupação, renda e local de residência.

Restrições de crédito no histórico

Em seguida, é examinada a presença de pendências com a entidade ou instituição financeira, bem como registros em agências de proteção ao crédito, como a Serasa. Através desses registros, é viável determinar se o indivíduo possui débitos não quitados em outras organizações e também verificar a sua pontuação de crédito.

Cadastro positivo

Através do Cadastro Positivo, o mercado examina o histórico de quitação de obrigações do consumidor. Indivíduos que possuem informações atualizadas nesse sistema apresentam maiores oportunidades de aprovação na avaliação de crédito, além de receberem ofertas com termos de pagamento mais vantajosos.

Renda ou faturamento

A análise de crédito também considera a renda mensal ou o faturamento potencial do potencial cliente. Essa fase busca determinar se o valor da parcela é realmente compatível com o orçamento do indivíduo, assegurando, por exemplo, que o limite do cartão seja adequado.

Por fim, é importante você saber que diferentes instituições adotam políticas de crédito variáveis, algumas são mais flexíveis e outras mais cautelosas. Essa divergência é a razão pela qual um cliente pode obter aprovação na avaliação de crédito em um banco, mas ser recusado em outro.

Quais são as vantagens do crédito?

A principal vantagem de usar uma das modalidades de crédito é a antecipação do consumo. Sendo assim, através do empréstimo, você consegue adquirir um bem ou serviço, mesmo não tendo dinheiro para isso no momento.

O crédito traz ainda a vantagem de ser um dinheiro disponível para as situações de emergência. No entanto, o mais indicado é que você crie uma reserva de emergência, assim você não vai precisar recorrer à empréstimos.

Por último, o crédito pode ajudar a aproveitar boas oportunidades para fechar um negócio ou fazer uma compra, mas nem sempre há condições financeiras de aproveitá-las. Nessas circunstâncias, faça análises financeiras detalhadas e, caso seja realmente benéfico, não deixe de aproveitar essas oportunidades.

E as desvantagens?

Por outro lado, a antecipação do consumo vem acompanhado dos custos da antecipação. Esses custos são os juros que você terá que pagar por usar dinheiro de terceiros.

Outra desvantagem é o endividamento. Muitas vezes os clientes pegam empréstimos, não conseguem pagar as parcelas e acabam se endividando excessivamente.

Não se esqueça que, ao tomar crédito, o consumo futuro torna-se limitado. Essa desvantagem é quase automática, já que o crédito tomado hoje tem que ser pago no futuro, reduzindo, assim, as disponibilidades financeiras futuras.

Qual é a diferença entre crédito e débito?

A grande diferença entre crédito e débito é a data em que o pagamento será efetuado. No caso do crédito, o pagamento ocorre apenas no futuro e existe ainda a opção de parcelamento.

Por outro lado, no débito o pagamento ocorre no momento da compra. Sendo que o pagamento é feito de uma única vez, sem parcelamentos.

Fontes: Provi, Santander, Serasa, Meu Bolso em dia, Sinbraf