Deflação: o que é, como ela é calculada e quais seus impactos?

A deflação é a diminuição generalizada dos preços de produtos e serviços durante determinado período. Em outras palavras, a deflação é o processo inverso da inflação, já que esta é o aumento generalizado dos preços de produtos e serviços.

29 de janeiro de 2021 - por Nathalia Lourenço


A deflação é a queda generalizada dos bens e serviços, durante um determinado período. Podemos ver a deflação como o inverso da inflação, já que nesta ocorre um aumento dos preços dos produtos e serviços. 

Apesar de inicialmente a queda dos preços parecer uma situação muito boa, na verdade existem alguns riscos. Isso porque, quando a deflação ocorre por longos períodos, ela pode colocar a economia nacional em perigo.

Ao se prolongar, a deflação causa um círculo vicioso resultando na diminuição de renda e desemprego da população. Portanto, o ideal é um cenário de controle em que o aumento dos preços acompanhe o aumento de salários e o poder de compra da população. 

O que é a deflação?

A deflação é a diminuição generalizada dos preços de produtos e serviços durante determinado período. Em outras palavras, a deflação é o processo inverso da inflação, já que esta representa o aumento generalizado dos preços de bens e serviços. 

É importante não confundir deflação com desinflação. A deflação é a diminuição dos preços. Já a desinflação, ocorre quando os preços sobem em um ritmo mais lento do que o previsto. Os preços continuam a subir, mas houve um processo de desaceleração da inflação. 

No Brasil, ocorreram mais situações de inflação do que de queda dos preços. No entanto, em alguns momentos pontuais, como na Crise de 1929, a deflação apareceu. Naquela época, houve uma deflação de 8,9%.

Saiba mais: Entenda o que é inflação e aprenda como se proteger

Quais são as causas da deflação?

A principal causa da deflação é o excesso de oferta de produtos em comparação com a demanda. Ou seja, é a velha lei da oferta e procura. Isto é, quando existem mais pessoas querendo comprar do que produtos disponíveis, temos um aumento dos preços, o que caracteriza a inflação.

Em contrapartida, quando existem mais produtos sendo vendidos, do que pessoas querendo comprar, a consequência é a queda dos preços. 

Vamos para um exemplo prático. Suponhamos que houve uma alta na produção de batatas. Entretanto, as pessoas não estão muito interessadas em comprar este produto. Sendo assim, para estimular o consumo, os preços baixam, causando deflação.

Outro fator que pode ocasionar a deflação é a quantidade de moeda em circulação. Em resumo, pouco dinheiro em circulação significa que as pessoas estão comprando menos. Com menos pessoas querendo comprar, a tendência é a diminuição dos preços para que o consumo seja estimulado. 

Quais são as causas da deflação?

A deflação é a queda generalizada nos preços de bens e serviços, e pode ser causada por vários fatores. Alguns dos principais motivos incluem:

  1. Queda na demanda agregada: Quando os consumidores e empresas diminuem seus gastos, há uma redução na demanda por bens e serviços. Isso leva as empresas a reduzir os preços para atrair consumidores, resultando em deflação.
  2. Excesso de oferta: Se a produção de bens e serviços excede a demanda, as empresas podem ser forçadas a reduzir os preços para vender o excesso de produtos.
  3. Política monetária restritiva: O aumento das taxas de juros pelo banco central, ou a diminuição da oferta de moeda, pode reduzir os gastos e investimentos, gerando uma desaceleração econômica e uma queda nos preços.
  4. Austeridade fiscal: Se o governo cortar gastos públicos ou aumentar impostos para reduzir o déficit fiscal, isso pode reduzir o consumo e o investimento, pressionando os preços para baixo.
  5. Expectativas de queda nos preços: Quando consumidores e empresas esperam que os preços continuem a cair, podem adiar compras e investimentos, o que leva a uma redução na demanda e, consequentemente, nos preços.
  6. Inovações tecnológicas: O avanço tecnológico pode reduzir os custos de produção e, consequentemente, os preços dos produtos, especialmente quando se trata de produtos tecnológicos e manufaturados.
  7. Crises econômicas: Durante períodos de recessão ou depressão, a confiança na economia diminui, e o consumo e os investimentos caem, o que pode levar a uma deflação prolongada.

Esses fatores podem se combinar de maneiras complexas, resultando em uma deflação mais intensa ou persistente.

Como conter a deflação?

A contenção da deflação envolve políticas econômicas que busquem estimular a demanda, reduzir o impacto de uma recessão e evitar uma espiral de queda de preços. Algumas das principais estratégias incluem:

Política monetária expansionista:

  • Redução das taxas de juros: O banco central pode reduzir as taxas de juros para tornar o crédito mais acessível e estimular o consumo e os investimentos.
  • Expansão da base monetária (quantitative easing): O banco central pode aumentar a oferta de dinheiro, comprando ativos financeiros, o que visa injetar liquidez na economia e facilitar o crédito.

Política fiscal expansionista:

  • Aumento dos gastos públicos: O governo pode aumentar seus investimentos em infraestruturas, serviços públicos e programas sociais para estimular a economia e aumentar a demanda.
  • Redução de impostos: Cortes fiscais podem aumentar a renda disponível para consumidores e empresas, incentivando o consumo e o investimento.
  • Estimulo ao crédito: Estimular os bancos a oferecerem empréstimos a juros baixos pode incentivar o consumo e os investimentos. Isso pode ser feito por meio de programas de garantia de crédito ou pela flexibilização das exigências para os empréstimos.
  • Apoio ao setor privado: Subsídios ou incentivos fiscais para as empresas podem ajudar a manter a produção e o emprego, o que contribui para o aumento da demanda e evita que os preços caiam excessivamente.
  • Políticas de controle de expectativas: O banco central pode atuar para dar confiança ao mercado, garantindo que a deflação será temporária e não se transformará em uma espiral de queda de preços. Comunicações claras e consistentes podem ajudar a moldar as expectativas dos consumidores e investidores.
  • Desvalorização da moeda: Em alguns casos, o governo pode buscar a desvalorização da moeda nacional, o que pode aumentar as exportações e reduzir a competição com produtos importados, ajudando a elevar a demanda agregada.
  • Reformas estruturais: Melhorar a eficiência da economia por meio de reformas, como a redução da burocracia, a melhora no sistema tributário e a promoção da inovação, pode ajudar a recuperar a confiança e aumentar a produtividade.

Essas ações, quando bem coordenadas, podem ajudar a conter a deflação e restaurar o equilíbrio econômico. No entanto, é importante que o governo e o banco central monitorem de perto os efeitos dessas políticas para evitar que a economia entre em um ciclo de inflação após a recuperação.

Riscos

Inicialmente, a deflação parece uma coisa boa, afinal de contas, com a queda dos preços, as pessoas conseguem comprar mais por menos. Contudo, assim como a inflação descontrolada traz riscos, a deflação por longos períodos pode ter impactos negativos na economia. 

Acontece que a queda generalizada dos preços atrapalha as empresas, o que causa desemprego e, em última instância, impacta a economia do país. Basicamente, ocorre uma cadeira deflacionária.

Para entender a cadeia deflacionária, vamos imaginar que a dona da fazenda produtora de batatas, que usamos como exemplos anteriormente, não conseguiu vender as batatas. Para tentar minimizar os prejuízos, ela diminui os preços, mas, mesmo assim, não consegue vender tudo e acaba com um grande prejuízo.

Suponhamos que o prejuízo foi tão alto, que ela teve que demitir alguns funcionários. Esses trabalhadores, que agora estão desempregados, são obrigados a diminuir seus gastos, já que perderam sua fonte de renda. Desse modo, eles param de consumir produtos que antes consumiam.

Vamos supor que, para economizar, eles pararam de fazer compras em grandes supermercados. Com a diminuição de pessoas comprando nos supermercados, a necessidade de encomendar produtos é afetada.

A indústria então é impactada, já que precisa produzir menos, pois a demanda do supermercado é menor, sendo assim, a indústria pode comprar menos batatas, por exemplo.

Quais são os impactos da deflação na economia?

A deflação pode ter uma série de impactos negativos na economia, afetando tanto os consumidores quanto as empresas. Alguns dos principais efeitos incluem:

1) Aumento da dívida real

Quando os preços caem, o valor real da dívida aumenta. Isso significa que os devedores, tanto consumidores quanto empresas, acabam pagando mais em termos reais para quitar suas dívidas. Esse efeito pode resultar em inadimplência e falências, especialmente em um cenário de baixo crescimento econômico.

2) Queda no consumo e no investimento

Quando as pessoas e empresas antecipam que os preços continuarão a cair, tendem a adiar compras e investimentos. Isso reduz ainda mais a demanda na economia, o que pode agravar a deflação e levar a uma espiral de recessão.

3) Aumento do desemprego

A deflação pode levar as empresas a reduzir a produção devido à queda na demanda. Para ajustar os custos, muitas empresas optam por demitir trabalhadores, o que aumenta o desemprego e reduz ainda mais o consumo, criando um ciclo negativo.

Leia também: Desemprego estrutural: o que é, causas e consequências

4) Dificuldade para o setor bancário

Com a deflação, os empréstimos se tornam mais difíceis de serem pagos devido ao aumento do valor real das dívidas. Isso pode afetar a saúde financeira dos bancos, que podem enfrentar um aumento no número de inadimplentes. Como resultado, os bancos podem se tornar mais restritivos em relação à concessão de crédito, exacerbando a desaceleração econômica.

5) Estagnação econômica

A deflação prolongada pode levar à estagnação econômica, onde a economia permanece estagnada por um período prolongado, com baixo crescimento, alta taxa de desemprego e pouca inovação. Isso ocorre porque a falta de demanda pode desencorajar tanto consumidores quanto empresas de investir em novos projetos.

6) Redução nos lucros das empresas

A queda nos preços pode diminuir as margens de lucro das empresas, especialmente para aquelas com custos fixos elevados. Isso pode levar as empresas a cortar gastos, investir menos em inovação e, novamente, demitir funcionários.

7) Expectativas negativas

A deflação pode gerar um ciclo de expectativas negativas, onde consumidores e empresas esperam que os preços continuem a cair, o que leva à retenção de gastos e investimentos. Isso pode prolongar a recessão e dificultar a recuperação econômica.

8) Atraso nas políticas de recuperação

Em um cenário deflacionário, políticas tradicionais de estímulo, como redução das taxas de juros, podem ser menos eficazes, especialmente quando as taxas já estão próximas de zero. Isso limita a capacidade do governo e do banco central de reagir à crise econômica.

Esses impactos podem ser graves, especialmente quando a deflação se prolonga por um período mais longo, resultando em uma depressão econômica. Portanto, muitos economistas consideram a deflação como um problema econômico sério que requer uma intervenção eficaz por parte das autoridades monetárias e fiscais.

Quais as diferenças entre inflação, deflação e desinflação?

Os três termos podem ser parecidos, mas os seus significados e impactos na economia são diferentes:

Deflação: A deflação é a queda generalizada dos preços de bens e serviços. Uma das principais causas é o excesso de oferta frente à demanda, o que causa a diminuição dos preços para estimular o consumo.

Desinflação: A desinflação é o processo onde a inflação ocorre em ritmo mais lento do que o esperado. Neste cenário, os preços dos bens e serviços ainda sobem, porém, de uma maneira gradual.

Inflação: A inflação é o aumento generalizado do preço de produtos e serviços. Neste caso, as pessoas perdem o seu poder de compra, já que não conseguem comprar o mesmo item com a quantidade de dinheiro de antes. Por exemplo, para comprar o mesmo pacote de arroz que você comprava há dois anos, é preciso de muito mais dinheiro.

As variações de preços e o IPCA

O IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, é divulgado mensalmente pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O índice IPCA representa as variações de preços de uma cesta básica de bens e produtos. Dessa maneira, ele serve para indicar se o mercado está com inflação, deflação ou desinflação.

O IPCA é usado também como indexador em alguns investimentos de renda fixa. Um exemplo disso, é o Tesouro IPCA +, uma modalidade do Tesouro Direto. Nessa opção de investimento, o retorno do investidor é definido com base no IPCA mais uma taxa combinada no momento da aplicação.

E aí, curtiu conhecer sobre a deflação? Então aproveita para descobrir o que é a Hiperinflação – Definição, causas, histórico e consequências.

Fontes: G1, Dicionário financeiro, Onze e Toro investimentos

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