11 de dezembro de 2020 - por Sidemar Castro

No grau especulativo estão todos os países em que, investir em suas dívidas públicas, é sinônimo de risco. Ou seja, os países que correm mais riscos de darem calotes nos investidores, são classificados como grau especulativo.
Como esses países são mais arriscados, investir em suas dívidas públicas pode trazer grandes retornos. Isso porque, geralmente, os investimentos arriscados são também os que possuem uma possibilidade de retorno maior.
Para os investidores que não querem se arriscar, o mais recomendado é aplicar em dívidas públicas de países desenvolvidos. Dessa forma, estes investimentos terão uma rentabilidade inferior, mas serão mais seguros.
Entenda melhor na matéria a seguir!
O que é grau especulativo?
As agências de classificação de risco analisam os países e lhe dão notas, também chamadas de rating, de acordo com o risco do país dar calote. Sendo assim, dependendo da nota, determinado país pode se encaixar no grau de investimento ou no grau especulativo.
Dentro do grau especulativo, estão os países com grandes chances de dar calote nos investidores que aplicarem em suas dívidas públicas. Já no grau de investimento, estão os países com baixo risco.
Grau especulativo versus grau de investimento
Dentro do grau especulativo estão os países e empresas com alto risco de se investir. Por outro lado, no grau de investimento, estão os países e empresas que são aplicações mais seguras.
Portanto, as empresas e governos que dificilmente dariam calote, pois possuem boas condições financeiras de honrar com seus compromissos financeiros, são do grau de investimento. Ao escolher por financiar a dívida pública de um país, é importante que o investidor analise qual o nível de risco está disposto a correr.
Para os investidores mais conservadores, avessos aos riscos, o mais indicado seria países e empresas com grau de investimento. Em contrapartida, os investidores arrojados podem preferir um pouco de risco em troca de um retorno financeiro maior.
O que é grau altamente especulativo?
O grau altamente especulativo ocorre quando um país apresenta características como: alto desajuste fiscal, risco de inflação, desvalorização da moeda e aumento da dívida pública.
Além disso, quando a nação apresenta déficit orçamentário por anos seguidos, sem nenhum tipo de medida de ajuste fiscal por parte do governo, a sua nota pode ser rebaixada.
Normalmente, quando a nota de um país abaixa, as empresas também são afetadas. Justamente por isso, as companhias bem estruturadas procuram sempre acompanhar a política econômica do país onde possuem sede. Isso possibilita a tomada de medidas para que a empresa não saia do grau de investimento, devido à baixa nota do país.
Quais os impactos?
Diversos países emitem títulos de dívida pública como uma forma de conseguir recursos para suprir todos os gastos do Estado. Dessa maneira, ao aplicar em títulos públicos, o investidor está financiando a dívida pública do seu país ou de outros países, em casos de investimentos no exterior.
Quando um governo tem uma avaliação ruim, entende-se que as chances de ele dar um calote são altas. Logo, este país deve aumentar os juros oferecidos pelos seus papéis, para que eles se tornem interessantes para o investidor.
Ou seja, a avaliação com grau de risco impacta diretamente na forma com que os governos oferecem seus títulos públicos. Com as empresas não é diferente, ao receberem uma avaliação ruim, elas buscam formas de atrair os investidores.
Porém, ao pagarem juros mais altos, as empresas lucram menos. Por isso, é tão importante manter a saúde da organização e ser classificado como grau de investimento.
Como funciona o rating?
As três maiores agências de rating do mundo são a Standard&Poor’s (S&P), Fitch e Moody’s. Para que as notas sejam dadas aos países, as agências enviam técnicos periodicamente.
O papel dos técnicos é avaliar as condições econômicas dos países e determinar se eles pertencem ao grau especulativo ou de risco. Alguns critérios levados em consideração são, por exemplo: contexto político, expectativa do mercado interno e cenário econômico.
Além disso, as empresas de capital aberto destes países também são avaliadas e ganham notas. Alguns critérios considerados nas análises das empresas é o balanço patrimonial, nível de alavancagem e fluxo de caixa.
As empresas também são determinadas como grau especulativo ou de investimento, sendo que a avaliação do país também impacta nos resultados das empresas.
Vale ressaltar que os técnicos são enviados periodicamente. Isso acontece para verificar se a nota continua a mesma, se aumentou ou abaixou. Em outras palavras, um país com grau especulativo, se passar por diversas mudanças, pode se tornar um país de investimento.
Enfim, a nota dada pelas agências serve para que os países adequem suas taxas de juros. Afinal, um país que representa um investimento de alto risco deve proporcionar um alto retorno.
Análise e avaliação
Empresas especializadas, como a Moody’s, S&P Global Ratings e Fitch Ratings, avaliam a capacidade de um emissor de honrar suas obrigações financeiras. Estas agências são independentes e utilizam uma variedade de critérios para suas análises.
Primeiramente, as agências fazem uma análise de risco: elas analisam diversos fatores, como a saúde financeira da empresa, a estabilidade econômica do país e a capacidade de gerar receitas suficientes para pagar dívidas.
Temos, então, uma classificação: Com base nessa análise, elas atribuem uma nota, ou rating, que vai desde AAA (muito seguro) até D (calote). Investimentos com rating abaixo de BBB- são considerados especulativos ou de “grau de não investimento”.
Um rating especulativo indica maior risco de inadimplência, o que pode significar retornos maiores para compensar esse risco. No entanto, também significa que o investidor deve estar preparado para possíveis perdas.
Por exemplo, se uma empresa recebe um rating B+, significa que ela tem uma probabilidade razoável de pagar suas dívidas, mas com riscos significativos.
Qual é o significado de cada nota do rating?
Os significados das notas emitidas pelas agências de rating são os seguintes:
- AAA: Esta é a nota mais alta e indica que o investimento é de qualidade superior, com risco mínimo de inadimplência. Investidores podem confiar na segurança do retorno.
- AA: Muito boa qualidade, com um risco um pouco maior que o AAA, mas ainda extremamente confiável.
- A: Boa qualidade, com risco baixo, mas não tão segura quanto as categorias acima. Reflete uma sólida capacidade de pagamento.
- BBB: Qualidade média-alta, com risco moderado. Considerada a categoria mais baixa de investimento “seguro”. Além disso, serve como transição para ratings mais arriscados.
- BB: Especulativo. Aqui começa o grau de investimento especulativo, indicando um risco mais alto de inadimplência, mas também potencial para retornos maiores.
- B: Especulativo com maior risco de inadimplência. Embora ainda tenha alguma capacidade de pagamento, é mais vulnerável a condições adversas.
- CCC: Alto risco de inadimplência. A capacidade de pagamento depende de condições favoráveis.
- CC: Muito alto risco de inadimplência. A chance de recuperação é baixa e o investimento é extremamente arriscado.
- C: Perto do calote. Pouquíssima capacidade de pagar suas dívidas.
- D: Calote. Este rating é dado quando o emissor não consegue cumprir suas obrigações de pagamento.
Portanto, quanto mais alta a nota, menor o risco de inadimplência e maior a segurança para o investidor. Quanto mais baixa a nota, maior o risco e, consequentemente, o potencial de retorno, mas também a probabilidade de perda.
- Leia também: E aí, gostou de aprender sobre grau especulativo? Aproveite para descobrir Como receber dividendos mensais – Seis empresas para montar a carteira