Investir no exterior: saiba como e por que fazer


Investir no exterior é muito mais fácil do que muitos pensam. Afinal, apesar de todo o estigma em volta dessa opção de investimento, ela é cheia de vantagens, além de ser uma ótima maneira de diversificar a carteira de investimentos.

Uma das vantagens, além da diversificação, é a proteção contra crises econômicas nacionais.  Assim, com uma parte do seu patrimônio alocado no exterior, a carteira fica mais balanceada. Portanto, em casos de baixa do mercado no Brasil, você não vai sentir o baque em toda a sua carteira.

Em resumo, aplicar no exterior pode ser tão fácil quanto aplicar em fundos de ações. Uma das opções é justamente a aplicação em fundos de investimentos com foco em ativos no exterior. Sendo assim, para quem quer investir diretamente, também é possível, com um pouco mais de esforço.

O que é investir no exterior?

Investir no exterior consiste em colocar dinheiro em empresas de fora ou em ativos financeiros internacionais. Isso pode ser feito de várias formas como, por exemplo, por meio da aquisição de ações de companhias estrangeiras, ETFs, fundos de investimento etc.

Os investimentos internacionais oferecem oportunidades de diversificação ao investidor, já que os mercados financeiros de diferentes países têm comportamentos distintos e podem proporcionar maior segurança jurídica.

Além disso, esse tipo de investimento permite acesso a setores e empresas que não estão disponíveis no mercado local. Por exemplo, o índice Ibovespa tem uma grande concentração de empresas de commodities e bancos, enquanto o mercado norte-americano conta com muitas empresas de tecnologia.

Por último, investir no exterior pode ser uma forma de mitigar o risco cambial, por meio da aplicação em ativos vinculados a moedas mais fortes, como dólar, euro, libra e outras.

Contudo, é importante considerar que investir fora do país pode acarretar riscos adicionais, como diferenças na regulação e proteção de investidores, cenários macroeconômicos diversos e, dependendo do país, maior volatilidade.

Como investir no exterior?

1. Fundos de investimentos

Aplicar fora do Brasil por meio dos fundos de investimento é uma das maneiras mais fáceis de investir no exterior. Uma vez que não é necessário mandar dinheiro para fora do país. O funcionamento desses fundos é igual aos demais, ou seja, várias pessoas aplicam em uma porcentagem do fundo.

O fundo, então, aplica o patrimônio em ativos. Posteriormente, a rentabilidade é dividida entre os cotistas do fundo. O retorno financeiro que cada cotista vai ter depende de quantos por cento do fundo ele adquiriu. 

Existem fundos de varejo que podem aplicar até 20% de seus recursos em ativos fora do país. É claro que isso já deve estar previsto nas políticas do fundo.

Além disso, existem ainda fundos comuns que destinam até 40% de seu patrimônio para ativos no exterior. Por fim, um fundo pode, até mesmo, ter todos os seus ativos no exterior. 

Em relação aos custos, se o fundo for de ação, o Imposto de Renda (IR) é de 15% em cima dos ganhos. Por outro lado, se forem de renda fixa ou multimercado, a tributação segue a tabela regressiva, onde o desconto começa com 22,5% e abaixa até o mínimo de 15%. 

2. Ações internacionais

Você pode comprar ações de empresas estrangeiras por meio de corretoras internacionais. Essa é uma boa forma de se expor ao mercado internacional e diversificar a carteira, pois as corretoras do exterior contam com uma grande quantidade de ações disponíveis.

Para investir diretamente em ações internacionais, basta abrir uma conta em uma corretora internacional. Existem várias corretoras internacionais com foco no público brasileiro e plataformas em português.

3. Imóveis

Outra opção para investir no exterior é comprar imóveis em outros países. Por exemplo, você pode escolher um país que você goste e comprar um apartamento ou casa de férias. A desvantagem dessa opção é que ela não é muito acessível, já que é preciso muito dinheiro para comprar um imóvel.

4. BDRs

A sigla BDR significa Brazilian Depositary Receipts. Os BDRs não são ações do exterior, mas sim certificados que representam as ações emitidas por empresas fora do Brasil.

Esses certificados são negociados na bolsa de valores brasileira, portanto, não é necessário mandar dinheiro para fora do país. Como os certificados são uma representação das ações, ao aplicar em BDRs, o investidor não está adquirindo diretamente as ações. Contudo, essas ações existem de fato, não é um certificado vazio.

Dessa maneira, as ações ficam bloqueadas para que sejam negociadas somente quando estiverem livres. O responsável por esse bloqueio é a instituição depositária, que é, também, quem emite os BDRs. 

Os custos de se investir fora do Brasil por meio de BDRs é o mesmo que aplicar em ações comuns brasileiras. Portanto, existem os gastos com taxas de custódia, corretagem e emolumentos. Além disso, o imposto é de 15%.  Enfim, existem dois tipos de BDRs:

  • Patrocinados: A própria empresa no exterior contrata uma instituição depositária para que os certificados de representação de suas ações sejam negociados no Brasil. Ou seja, os BDRs patrocinados são aqueles que a própria empresa tem interesse. 
  • Não patrocinados: Como o próprio nome sugere, nos BDRs não patrocinados, a empresa não tem interesse. Portanto, é a instituição depositária que opta por assumir as responsabilidades com foco em disponibilizar mais opções de investimento no exterior para os seus clientes. 

5. ETFs

As ETFs ou Exchange Traded Funds, são fundos de índice. Ao seguir o índice, o ETF procura realizar os mesmos investimentos do índice. No caso, para investimentos no exterior, as ETFs seguem índices de ações estrangeiras na B3. 

Para esse tipo de aplicação, o investidor compra cotas de ETFs na bolsa da mesma maneira que se compra ações. Como são negociadas na bolsa de valores brasileira, para investir no exterior por meio de ETFs, também não precisa mandar dinheiro para fora do país. 

Os custos de se aplicar em ETFs são similares ao investimento em ações. Dessa maneira, a alíquota é de 15% de imposto de renda em cima dos lucros. Entretanto, diferente das ações, não existe isenção de imposto em investimentos abaixo de R$ 20 mil por mês.

6. Investimentos diretos

Como você já sabe, você pode investir em empresas no exterior por meio das bolsas de valores, comprando ações. O que talvez você não saiba, é que você pode comprar uma participação acionária e se tornar sócia da empresa.

No entanto, é preciso ter um alto capital para poder fazer o aporte, e é recomendado ter um apoio tributário e legal para a operação.

7. COEs

A sigla COE significa Certificados de Operações Estruturadas. Os COEs são espécies de pacotes com características tanto de renda fixa, quanto variável.

Existem diversos tipos de investimentos possíveis realizados através de COEs como ações, ouro ou moedas. Com tanta diversidade, é claro que existem os ativos do exterior. Portanto, esse tipo de investimento também não necessita do envio de dinheiro para fora do Brasil. 

Investir no exterior, por meio de COEs possui alguns custos como taxa de administração, que varia entre 0,5% a 2% no ano. Além disso, existe ainda o imposto de renda com tabela regressiva que começa em 22,5% e reduz até o valor mínimo de 15%. 

Por que investir no exterior?

Investir no exterior é uma forma de aproveitar todas as vantagens dessa forma de aplicação. Uma das grandes vantagens, é a diversificação da carteira de investimentos.

Além disso, investir no exterior é uma forma de se proteger das variações da economia no Brasil, o que, consequentemente, te ajuda a se proteger contra perdas de dinheiro.

Atrelado às características anteriores, investir no exterior representa um balanceamento nos resultados da carteira de investimentos. Em outras palavras, quando o mercado brasileiro tiver baixa, e o mercado exterior estiver funcionando normalmente, a sua carteira terá um balanço entre os dois resultados. 

Como declarar os investimentos no exterior?

Saber como declarar os investimentos no exterior é essencial para que você não caia na malha fina. No caso das aplicações nos EUA, você pode declarar os ativos diretamente no Imposto de Renda, pois existe um acordo dos EUA com o Brasil para evitar a bitributação.

Para declarar suas ações no exterior, vá até a ficha Bens e Direitos e use o código 31 – Ações. Na localização, escolha o código correspondente ao país em que você adquiriu ações, como por exemplo, 249 – Estados Unidos.

No campo Discriminação, preencha todas as informações sobre as ações, como quantidade, data da compra, número do contrato de câmbio da remessa ao exterior e nome da corretora.

Cuidados que precisam ser tomados ao investir no exterior

Alguns cuidados que você deve ter ao investir no exterior são:

1. Conhecimento do mercado externo

Primeiramente, invista apenas naquilo que você conhece. Se você pretende investir em algo pela primeira vez, estude bastante sobre o ativo antes, pois conhecendo o ativo as chances de você obter bons resultados é maior.

2. Diversificação

A diversificação é essencial para reduzir os riscos da carteira de investimentos. Por isso, diversifique entre diferentes classes de ativos tanto no Brasil, quanto no exterior.

3. Risco cambial

Ao investir fora, fique atento ao risco cambial, isto é, ao risco de perda por causa das variações nas taxas de câmbio. O investimento em moedas mais estáveis como o dólar e o euro tem um risco, mas existem países em que o risco cambial é bem alto.

4. Acompanhar o investimento

Por fim, depois de investir fique de olho na performance da sua aplicação. Lembrando que é importante fique de olho, mas tenha sempre foco no longo prazo, evite operações de curto prazo.

Como abrir conta em corretora no exterior?

Antigamente, abrir uma conta no exterior era bem complicado e era preciso saber inglês. Mas hoje em dia, existem várias corretoras com foco no público brasileiro que, além da plataforma em português ainda oferecem suporte na hora de declarar o imposto de renda.

O primeiro passo para abrir sua conta, é escolher uma corretora. Aqui no site já tem um artigo com as melhores opções de corretoras internacionais. Depois de escolher a corretora que melhor se encaixa nas suas necessidades, abra sua conta.

O próximo passo é fazer uma transferência e investir. Um detalhe importante: ao escolher o ativo para investir, não deixe de analisar se ele se encaixa nos seus objetivos e no seu perfil de investidor.

Enfim, agora que você já viu que aplicar no exterior é fácil, veja o vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, e descubra como investir com pouco dinheiro:

E aí, gostou de entender como funciona o investimento internacional? Então entenda também Como investir em ouro? Principais vantagens, riscos e formas de investir.

Fontes: Suno, Focalise, Exame e Infomoney

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