Letra de câmbio: o que é, para que serve e como funciona?

14 de outubro de 2020, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 9 min, 23 seg


A letra de câmbio é um tipo de investimento em renda fixa. Sendo assim, possui poucos riscos e serve como opção para diversificação da carteira de investimentos. 

No entanto, antes de investir, é importante levar em consideração que os prazos de resgate desse tipo de investimento costumam ser longos. Porém, quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, melhor será o rendimento.

Por ser um ativo de renda fixa, a letra de câmbio é muito procurada pelos investidores de perfil conservador. Porém, ela também é uma opção para outros perfis e pode ser usada como uma forma de proteção de patrimônio.

Quer saber mais sobre letras de câmbio? Leia a matéria.

O que é letra de câmbio?

A Letra de Câmbio, também conhecida como LC, é um título de renda fixa. Com ela, o investidor empresta dinheiro para uma instituição financeira e recebe o valor de volta com juros em um determinado período.

A LC é emitida por sociedades de crédito, financiamento e investimentos, ou seja, instituições financeiras de modo geral. Ao comprar uma Letra de Câmbio, você está “emprestando” dinheiro à financeira que emitiu o título e, em troca, receberá o valor acrescido de juros e correção monetária.

Existem três tipos de letras de câmbio: a prefixada, a pós-fixada e a híbrida. Na letra de câmbio prefixada, você já sabe qual a rentabilidade bruta (sem Imposto de Renda) no momento da aplicação. Na letra de câmbio pós-fixada, você tem uma estimativa de quanto receberá pelo investimento ao final do prazo da aplicação. A letra de câmbio híbrida combina características das duas anteriores.

É importante notar que, apesar do nome, as letras de câmbio não têm relação com operações de câmbio ou comércio internacional.

Para que serve?

O funcionamento de uma letra de câmbio é bem parecido com o dos Certificados de Depósito Bancário (CDB). Entretanto, eles são emitidos por instituições diferentes. Enquanto o CDB é emitido por bancos, as LCs são emitidas por financeiras. 

Quando realiza uma aplicação em letra de câmbio, o investidor está, na prática, emprestando dinheiro para uma financeira. Como remuneração pelo dinheiro emprestado, o investidor recebe os juros.

Como é um investimento em renda fixa, além da aplicação ter um prazo definido, ela ainda possui pouco risco. Ou seja, esse tipo de aplicação é uma ótima opção para a diversificação da carteira de investimentos. 

O perfil de quem investe em letra de câmbio costuma ser mais conservador, justamente por ser um investimento de baixo risco com uma rentabilidade muito melhor do que a poupança.

Tipos de letra de câmbio

Prefixada

A Letra de Câmbio prefixada é um tipo de investimento em que a taxa de retorno é determinada no momento da aplicação. Isso significa que o investidor já sabe, desde o início, qual será o valor bruto (sem Imposto de Renda) que receberá ao final do prazo da aplicação.

Esse tipo de LC pode ser uma boa opção quando as taxas de juros estão altas ou se espera que caiam no futuro.

Pós-fixada

A Letra de Câmbio pós-fixada é um tipo de investimento em que a taxa de retorno é vinculada a um índice de referência, como a taxa Selic ou o CDI. Isso significa que o retorno do investimento varia de acordo com o desempenho desse índice.

Com uma LC pós-fixada, o investidor tem uma estimativa de quanto receberá pelo investimento ao final do prazo da aplicação. Esse tipo de LC pode ser uma boa opção quando se espera que as taxas de juros aumentem no futuro.

Híbrida

A Letra de Câmbio híbrida combina características das LCs prefixadas e pós-fixadas. Isso significa que parte do retorno é determinada no momento da aplicação (como uma LC prefixada), e parte do retorno é vinculada a um índice de referência (como uma LC pós-fixada).

Com uma LC híbrida, o investidor tem uma combinação de retorno fixo e variável. Esse tipo de LC pode ser uma boa opção para investidores que desejam diversificar seus investimentos e equilibrar o risco e o retorno.

Quem emite letra de câmbio?

As Letras de Câmbio (LCs) são emitidas por instituições financeiras, especificamente por sociedades de crédito, financiamento e investimento (SCFIs), também conhecidas como financeiras.

Essas instituições utilizam as LCs como uma forma de captar recursos para financiar suas operações. Portanto, quando você investe em uma LC, está essencialmente emprestando dinheiro para a financeira em troca de uma promessa de pagamento futuro com juros.

A letra de câmbio é protegida pelo FGC?

Sim, a Letra de Câmbio é protegida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Isso significa que, em caso de falência da instituição financeira que emitiu a Letra de Câmbio, o FGC garante a devolução do valor investido até o limite de R$ 250.000,00 por CPF ou CNPJ. Isso traz mais segurança para os investidores.

Mas atenção, o FGC só devolve até R$ 250 mil por CPF e instituição. Isso significa que, se o investidor tiver mais do que R$ 250 mil investido em uma mesma financeira, ele vai perder parte do seu investimento. Portanto, é muito importante diversificar entre as financeiras.

Para diminuir ainda mais o risco, o investidor deve pesquisar sobre as financeiras e escolher as mais sólidas. Entretanto, como as instituições mais sólidas possuem menos risco de ir à falência, elas também oferecem opções com rentabilidade menores. 

A equação é simples, quanto maior o risco, maior o rendimento. Logo, as financeiras menores oferecem melhores rendimentos porque elas podem quebrar mais facilmente do que as grandes financeiras.

Como é a rentabilidade e tributação desse tipo de investimento?

A remuneração das letras de câmbio pode ser feita de três maneiras diferentes:

Pós-fixada: Na pós-fixadas, além do investidor saber exatamente o seu rendimento quando chegar ao final do prazo estipulado, ele ainda é atrelado a um indexador, que costuma ser o CDI. 

Prefixadas: Essa é a opção para o investidor que prefere saber de antemão o quanto irá receber por aplicar em letra de câmbio. Sendo assim, já no momento da aplicação, ele consegue fazer os cálculos do rendimento.

Porém, essa opção apresenta a desvantagem de não estar protegida contra a inflação, que pode ser mais alta do que os ganhos com o investimento.  

Híbridas: Por fim, as letras de câmbio híbridas possuem uma remuneração que é um misto entre prefixadas e pós-fixadas. Dessa maneira, uma parte é uma porcentagem fixa oferecida pela financeira e outra parte varia segundo um indexador.

A taxa indexadora pode ser, por exemplo, o IPCA. Como tem uma parte variável, essa opção de remuneração proporciona um ganho real ao investidor. 

Em relação à tributação, ao contrário do que acontece com investimentos como LCI e LCA, a LC tem Imposto de Renda, ou seja, é um investimento tributável. A alíquota incidente varia com a tabela regressiva de IR. Sendo assim, um tempo maior de investimento permite obter alíquotas menores, no piso de 15%.

Para aplicações em Letra de Câmbio de até seis meses, a incidência de IR sobre o lucro é de 22,5%; para investimentos com vencimento entre 6 meses e um ano, paga-se 20% de IR.

Custos e prazos

Assim como vários outros tipos de investimentos, as LCs possuem alguns custos. Desse modo, é descontado o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). 

O imposto de renda segue uma tabela regressiva onde os valores começam em 22,5% e vão abaixando até o valor mínimo de IR, que é de 15%, depois de 2 anos da aplicação. Já o IOF segue outra tabela regressiva, onde, após 30 dias do dinheiro aplicado, ele zera e nada mais é cobrado.

Já em relação aos prazos, as letras de câmbio possuem períodos variados, mas, no geral, são considerados como prazos longos. Normalmente, o prazo mínimo gira em torno de 360 dias, sendo que o máximo pode chegar a 7 anos. 

É claro que, quanto maior o prazo, normalmente, maior é a rentabilidade. Mas é importante escolher segundo os seus planos, pois, depois de investir, é preciso esperar chegar ao fim do prazo para realizar o resgate. 

Quais são as vantagens de investir em LC?

A rentabilidade da Letra de Câmbio (LC) pode ser prefixada, pós-fixada ou híbrida.

  • Na LC prefixada, você já sabe qual a rentabilidade bruta (sem Imposto de Renda) no momento da aplicação. Isso significa que, independentemente do que acontecer com os juros (se caírem ou subirem) durante a aplicação, terá garantida a taxa acordada no momento da compra do título.
  • Na LC pós-fixada, você tem uma estimativa de quanto receberá pelo investimento ao final do prazo da aplicação. A rentabilidade é atrelada a um índice de referência, como a taxa Selic ou o CDI.
  • A LC híbrida combina características das LCs prefixadas e pós-fixadas. Parte do retorno é determinada no momento da aplicação (como uma LC prefixada), e parte do retorno é vinculada a um índice de referência (como uma LC pós-fixada).

Quem pode investir em letra de câmbio?

Qualquer pessoa pode investir em Letra de Câmbio. O investimento é feito por meio de uma corretora de valores ou de um banco de investimento habilitado para essa operação.

Os procedimentos internos de cada instituição podem variar, mas geralmente envolvem a abertura de uma conta. Portanto, se você está interessado em investir em Letra de Câmbio, o primeiro passo seria entrar em contato com uma corretora de valores ou um banco de investimentos para abrir uma conta e obter mais informações sobre como investir nesse tipo de título.

Como investir em letra de câmbio

O primeiro passo antes de investir em letra de câmbio é determinar qual o seu objetivo com o investimento. Isso é importante porque as LCs costumam ter um prazo muito longo. Logo, se seus planos forem a curto ou médio prazo, esse investimento não é o recomendado.

Se esse for mesmo o investimento ideal para você, o próximo passo é pesquisar por corretoras e escolher, entre tantas no mercado, qual a que possui as melhores vantagens.

Depois disso, abra uma conta. De maneira geral, a abertura de contas em corretoras é totalmente online, sendo fácil e gratuito a sua abertura.

Por fim, basta analisar as opções e prazos das letras de câmbio, fazer uma transferência da sua conta para a conta na corretora e investir.

Fontes: Capital Research, Infomoney, Leoa