O que acontece quando uma empresa sai da bolsa ou quebra?

8 de novembro de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 7 min, 58 seg


Você já se perguntou o que acontece quando uma empresa sai da bolsa ou quebra? Afinal de contas, se você é sócio da empresa, o que vai acontecer com o dinheiro que você investiu nela? 

Você pode ter se perguntado também: para onde vão as ações onde uma empresa sai da bolsa? No texto de hoje nós vamos responder a todas essas perguntas.

Vamos te explicar ainda os motivos pelos quais uma empresa pode sair da bolsa. Como essas informações, você saberá o que fazer caso uma empresa que você investe opte por sair da bolsa.

O que acontece quando uma empresa sai da bolsa ou quebra?

A empresa pode tanto escolher sair da bolsa de valores, quanto ter que sair porque quebrou. Confira o que acontece com as suas ações nos dois casos:

1- Quando a empresa decide sair da bolsa

Para entender o que acontece quando a empresa sai da bolsa por vontade própria, precisamos falar sobre a Oferta Pública de Aquisição (OPA).

Em resumo, a OPE tem como intuito garantir o direito dos pequenos acionistas na transação entre os controladores. Sendo que a OPA é obrigatória em 3 situações:

  • Quando a empresa decide não ser mais listada na B3;
  • Quando é feita a troca do controle acionário;
  • Ocorrência do aumento de participação.

Um dos principais motivos que levam à OPA é o cancelamento do registro da empresa. Neste caso, as empresas são obrigadas a fazer a OPA para que os acionistas minoritários tenham a opção de vender suas ações.

Afinal de contas, depois que ocorre o cancelamento, as ações da empresa passam a ser negociadas apenas em balcão. Isso faz com que a liquidez dos papéis seja menor.

O que acontece quando uma empresa sai da Bolsa ou quebra?

Como funciona a OPA quando a empresa sai da bolsa?

Para que a OPA seja feita, é publicado um fato relevante sobre a oferta. Depois disso, o pedido de fechamento de capital é protocolado em um prazo de até 30 dias na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A CVM então vai decidir se a empresa tem ou não autorização para fazer a OPA. Sendo que a CVM tem 60 dias para dar uma resposta.

Com a autorização da CVM, a empresa deve divulgar a OPA em jornais de grande circulação dentro do prazo de 10 dias. Depois disso, a OPA deve ser feita no prazo mínimo de 30 dias e máximo de 45 dias, em um leilão na B3. 

No processo de OPA, o disclosure é feito por meio dos canais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dessa forma, o acionista tem acesso ao edital e ao laudo de avaliação.

O edital fala sobre os motivos pelos quais a OPA está sendo feita. Já o Laudo de Avaliação é uma espécie de valuation da empresa, feito por uma empresa de consultoria independente. Esse laudo leva em conta:

  • Valor do patrimônio por ação;
  • Valor justo das ações;
  • Média da cotação da ação.

O que acontece quando uma empresa sai da Bolsa ou quebra?

Com esses dados, chega-se ao valor final da ação unitária que pode ser maior ou menor do que a cotação na B3.

Desse modo, se pelo menos 10% dos acionistas minoritários não estiverem de acordo com o preço justo do Laudo de Avaliação, um 2º laudo pode ser feito.

Se o 2º laudo tiver um valor maior, ele passa a ser o oficial. Mas caso ele tenha um valor menor, o 1º preço continua valendo. Além disso, se ao menos ⅔  dos acionistas minoritários não participarem do leilão, ele é suspenso.

O que o investidor deve fazer quando a empresa sai da bolsa?

Se você tiver ações de uma empresa que fará uma OPA, você deve se manifestar à sua corretora. Neste caso, você deve informar se você concorda ou não com a venda das ações.

Se você concordar, as suas ações serão vendidas por um preço previamente determinado no dia do leilão. Logo, essa venda será feita de forma automática pela corretora.

Um detalhe muito importante é que quando a OPA é feita para que a empresa possa sair da bolsa, ela tem autorização da CVM para tirar as ações de circulação depois da OPA.

Portanto, se você perder o leilão, a empresa está livre para pagar o que quiser pela ação depois. Sendo que os acionistas que não participarem do leilão tem o prazo de 3 meses para ir atrás da empresa e receber o dinheiro.

O que acontece quando uma empresa sai da Bolsa ou quebra?

Depois desse período, a empresa não tem mais a obrigação de comprar as ações que deixam de ser listadas na B3 e são negociadas no balcão não organizado.

Ou seja, você tem a opção de continuar com as ações. Mas como elas possuem menos liquidez, você corre mais riscos ao manter os ativos.

Impactos e motivos da saída de empresas da B3

A saída de uma empresa da bolsa pode ser vantajosa ou desvantajosa. Isso vai depender de vários fatores como, por exemplo, o preço que a empresa vai pagar por ação, que pode até ser mais alto do que a cotação do momento.

Para evitar prejuízos, o investidor deve ficar atento aos motivos pelo qual a empresa está saindo da B3 e as movimentações que ela está realizando.

Por exemplo, se houver um tipo de disputa pelas ações, ficar até o leilão pode ser mais vantajoso. No entanto, se o laudo indicar um valor abaixo do mercado, pode ser melhor vender os papéis antes da OPA.

O que acontece quando uma empresa sai da Bolsa ou quebra?

Enfim, os motivos que podem levar uma empresa a fechar o capital são diversos. Por exemplo, o controlador pode achar que as ações estão com preço muito baixo e que é um bom momento para comprar ações e aumentar sua participação no negócio.

Pode acontecer ainda da empresa estar passando por uma fusão. Por fim, a empresa pode fechar o capital pois tem um projeto que pode gerar altos resultados e o controlador não quer dividir isso com os acionistas minoritários.

2- Recuperação judicial e falência

Quando uma empresa passa por um processo de recuperação judicial mas não consegue se reerguer e vai à falência, ela sai da bolsa de valores.

No processo de recuperação judicial a empresa toma atitudes extremas para acabar com a sua insolvência e não quebrar. Sendo que a insolvência pode ser por falta de capital ou por falta de fluxos.

Quando a justiça aceita o pedido de recuperação judicial, ocorre a suspensão de 180 dias das cobranças da empresa.

Além disso, ela tem 60 dias para apresentar uma proposta para negociação de dívidas com os credores e as medidas que serão tomadas pela empresa. Durante a recuperação judicial, a empresa emite relatórios mensais.

Esses relatórios falam sobre o processo de recuperação e incluem as demonstrações contábeis do negócio. Vale destacar que um processo de recuperação judicial costuma durar anos.

Sendo assim, se você tem ações de uma companhia nesta situação, não deixe de acompanhar os relatórios e fatos relevantes da empresa.

Vale destacar, que a liquidez de uma empresa tende a diminuir quando ela está em recuperação judicial. Isso ocorre pois poucas empresas conseguem dar a volta por cima.

Se a recuperação falhar e a empresa sair da bolsa

A maioria das empresas em recuperação judicial acaba falindo. Dessa maneira, é compreensível que os investidores busquem evitar esse tipo de empresa.

Se a recuperação judicial falhar, a empresa entra no processo de liquidação de bens restantes. A liquidação dos bens da empresa segue a seguinte senioridade:

  • Despesas relacionadas à liquidação dos ativos;
  • Funcionários (remuneração, comissões e salários);
  • Clientes;
  • Credores;
  • Tributos e impostos;
  • Multas;
  • Sócios, administradores e acionistas. 

Como você deve ter notado, os acionistas e sócios são os últimos na lista a receberem alguma parte dos bens liquidados.

Isso significa que se você investir em uma empresa e ela falir, você corre o risco de perder todo o seu investimento e não receber nada dos bens liquidados.

Quando o acionista tem obrigações?

Quando uma empresa sai da bolsa, como acionista você possui algumas obrigações em algumas situações específicas.

Por exemplo, se você pegar empréstimos na corretora usando as ações como margem, você será responsável pelo pagamento da dívida, mesmo que as ações deixem de ser negociadas na bolsa.

Por outro lado, se você não tiver dívida de margem e a empresa falir, provavelmente você não terá nenhuma dívida. Isso porque, as ações, de maneira geral, são conhecidas como totalmente pagas e não-avaliáveis.

Antigamente algumas empresas emitiam ações avaliáveis para captar recursos. Neste caso, os acionistas tinham responsabilidades financeiras com a empresa. Logo, quando a empresa precisava, ela exigia uma certa quantia por ação, que os acionistas tinham que enviar.

Enfim, agora que você sabe o que acontece quando uma empresa sai da Bolsa ou quebra, leia também: Grupamento de ações: o que é e como funciona?