27 de julho de 2022 - por Jaíne Jehniffer
A heurística da disponibilidade é quando a nossa mente define a probabilidade de certo evento ocorrer, tendo como base eventos passados que são parecidos.
Com isso, podemos ter um viés, ou seja, uma distorção da realidade. Desse modo, ele faz com que julguemos o mundo a partir de uma ideia mental parcial ou totalmente errada.
O que é heurística da disponibilidade?
A heurística da disponibilidade ocorre quando o cérebro estabelece a probabilidade de certo evento ocorrer. Isso a partir da facilidade com que ele se lembra de um evento parecido que ocorreu no passado.
Vale destacar que este é um mecanismo desenvolvido desde os tempos primitivos. Isso porque, o ser humano vivia em meio à natureza selvagem e precisar possibilidades não era ainda uma ciência exata.
Já nos tempos modernos, a heurística da disponibilidade aparece também em situação de difícil precisão imediata. Por exemplo, se um amigo te perguntar o quão segura é a sua cidade, o que você responde?
Se você não tiver nenhuma pesquisa como base, você, certamente, irá puxar na memória eventos para definir o grau de segurança da cidade.
Ou seja, você irá se lembrar de notícias na TV, casos de pessoas que você conhece que foram assaltadas e afins, para estabelecer o nível de segurança da cidade. Depois disso, você dirá se ela é pouco ou muito segura.
Geralmente a gente faz esse processo e confia no resultado. Muitas vezes nem paramos para refletir sobre isso. Mas o fato é que o nosso cérebro não é assim tão confiável e preciso nos resultados.
Sendo assim, muitas vezes, a precisão imprecisa da heurística da disponibilidade resulta em um viés, isto é, em uma distorção da realidade.
Com isso, acabamos julgando o mundo a partir de uma ideia mental parcial ou totalmente errada.
A teoria por trás da heurística da disponibilidade
Tversky e Kahneman publicaram um trabalho na revista Science em 1974, intitulado “Judgement under uncertainty: Heuristics and biases”.
O trabalho mostrou que o viés da disponibilidade é resultado da facilidade em lembrar conceitos e ideias para fazer julgamentos e estimativas, caracterizando-se pela primeira ideia que surgir na mente.
Por exemplo, se eu te perguntar: qual representa maior risco para o extermínio da vida na Terra, um choque de um asteroide ou um vírus mortal?
Você provavelmente diria que é o vírus. Mas se levarmos em conta que nós somos apenas uma das milhares de espécies de seres vivos do planeta.
Sendo assim, o asteroide é mais provável do que o vírus. Até porque, o vírus também é uma forma de vida!
Como funciona?
A heurística da disponibilidade funciona da seguinte maneira: quanto mais rápido você se lembra de um exemplo para certo acontecimento, mais frequente ou provável ele é.
Por exemplo, se você pega engarrafamento todos os dias, a probabilidade de você ficar preso no trânsito amanhã, de novo, é grande.
Essa lógica parece fazer sentido, certo? De fato, a heurística da disponibilidade não é ruim sempre. Isso porque, ela serve para nos ajudar a sobreviver.
Por exemplo, lá na selva quando os seres humanos tinham que decidir entre correr ou lutar contra certo animal, era preciso tomar uma decisão rápida.
Ou seja, não dava para ficar pensando demais e fazer pesquisas. Era preciso agir para garantir a sobrevivência. Neste caso, os seres humanos da época se lembravam de situações similares e tomavam sua decisão.
Portanto, a heurística da disponibilidade teve um papel fundamental na nossa sobrevivência. Ainda hoje ela é de grande ajuda e, muitas vezes, resulta em uma visão correta da situação.
Contudo, nem sempre ela acerta. Logo, podemos acabar criando uma ideia parcial ou totalmente errada da situação e tomar decisões equivocadas.
Como a heurística da disponibilidade ocorre nos investimentos?
Para você entender a influência que a heurística da disponibilidade tem nos investimentos, primeiro você precisa entender sobre o efeito manada.
Em resumo, o efeito manada é quando muitos investidores passam a comprar o mesmo ativo. Com a alta demanda, a tendência é que os preços subam. Mas isso não se mantém e uma hora os preços caem.
Quando o mercado está passando por um efeito manada, as pessoas não estudam a fundo a empresa. Eles apenas compram ações achando que elas são continuar se valorizando.
Um dos motivos para isso, é a heurística da disponibilidade. Isso porque, ao avaliar se um ativo é vantajoso ou não, muitos investidores trazem na memória esse julgamento relacionado ao investimento.
Desse modo, a memória da valorização do ativo (valorização essa causada pelo efeito manada) é suficiente para que algumas pessoas optem por investir no ativo.
Sendo que, quanto mais recente tiver sido essa onda de crescimento, mas fácil é esquecer os fracassos passados da empresa.
Portanto, ao investir não se deixe levar pela onda ou por vieses. Ao invés disso, baseie a sua decisão de investimento em dados e fundamentos da empresa.
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Fontes: Warren, Mais retorno e Smart tbot.