Stablecoins: o que são, para que servem e popularidade

28 de julho de 2021, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 7 min, 54 seg


Muitas criptomoedas surgiram como uma alternativa de meio de pagamento no dia a dia. No entanto, a adoção dessas moedas é prejudicada pela alta volatilidade dos preços. Nesse sentido, surgiram as stablecoins. 

Em síntese, as stablecoins são as criptomoedas atreladas a ativos de reserva. O fato de serem atreladas a ativos, faz com que essas moedas digitais apresentem pouca variação de preço. 

Dessa forma, elas podem ser uma solução para as pessoas que desejam usar criptomoedas como meio de pagamento do dia a dia. 

O que são stablecoins?

As stablecoins, também chamadas de moedas estáveis, são um tipo de criptomoeda, cujo objetivo é apresentar uma menor volatilidade de preços. Para isso, elas são atreladas a um ou mais ativos de reserva. Sendo que, os ativos de reservas são ativos financeiros mantidos por instituições ou organizações como os bancos, e que classificam seu valor à sociedade.

Em resumo, um ativo de reserva se caracteriza por estar sempre disponível para as autoridades monetárias, precisa ser um ativo físico externo, ser controlado por formuladores de política e ser facilmente transferível. Desse modo, o ouro e o dólar são exemplos de ativos de reserva.

Inclusive, um dos principais motivos pelos quais os preços das moedas fiduciárias são mais estáveis, são as reservas que as apoiam. Em outras palavras, as moedas fiduciárias possuem certa estabilidade de preço por causa dos ativos de reservas e das ações das autoridades que a controlam, como os bancos centrais.

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Enfim, a alta volatilidade das moedas digitais é um dos fatores que atrapalham sua adoção como meio de pagamento no dia a dia. Ou seja, as criptomoedas passam por mudanças de preços em um curto espaço de tempo, o que dificulta o seu uso como meio de pagamento.

Isso porque, quem compra e vende está sujeito a perder dinheiro no câmbio, indo contra o princípio de reserva de valor monetário na troca. Dessa maneira, os usuários não confiam nos ativos por causa das incertezas do poder de compra futuro do ativo. Nesse cenário, as stablecoins funcionam como uma solução, já que elas não passam por fortes oscilações e podem manter o poder de compra do ativo no futuro. 

Para que servem?

As stablecoins funcionam como alternativas para quem deseja utilizar criptomoedas em pagamentos no dia a dia. Isso é possível, pois elas são moedas digitais com valor estável, que passam por pouquíssima volatilidade. Por exemplo, o Bitcoin não é uma stablecoin, logo, ele passa por constantes oscilações, o que atrapalha o seu uso nas intermediações de compra e venda.

De fato, as oscilações do Bitcoin são tão grandes que o seu valor pode mudar drasticamente no meio de uma operação, o que atrapalha o poder de compra dos usuários. É claro que essas oscilações podem representar uma oportunidade para os investidores mais arrojados. Porém, para o público em geral, a alta volatilidade é um obstáculo.

Stablecoins: o que são, para que servem e popularidade

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Por outro lado, as stablecoins são criptomoedas que podem ser usadas como meio de pagamento, já que elas passam por poucas oscilações, o que garante o poder de compra do usuário.

Sendo assim, as stablecoins de certa forma une o melhor dos dois mundos. Ao mesmo tempo em que resolve o problema da volatilidade de preços, elas também possuem algumas características do Bitcoin, como, por exemplo, resistência à censura e fluxo livre de capital. Por fim, os usos das stablecoins são:

  • Utilizadas nas transações diárias, sem a perda de confiança devido à possibilidade de perda do poder compra;
  • Diversificar carteiras para diluir o risco causado pela instabilidade do mercado;
  • Criar estabilidade entre pares de negociação de moedas digitais em negociação como as realizadas em forex.

Popularização das stablecoins

Se considerarmos a capitalização de mercado, a Tether (USDT) é a principal stablecoin no momento. Algumas outras populares são: USD Coin, Dai, Binance USD, TerraUSD, Liquity, HUSD, Fei Protrocol, TrueUSD e Paxos Standart.

Como as stablecoins se popularizaram rapidamente no mundo, esse movimento atraiu a atenção de vários governos. Dessa forma, iniciou-se a criação de Central Bank Digital Currencies (CBDCs) ou Moedas Digitais de Bancos Centrais.

Basicamente, as CBDCs são stablecoins emitidas por bancos centrais. Portanto, todos os CBDCs são considerados stablecoins, já que são estáveis e atrelados a ativos “reais”. Entretanto, nem todas as stablecoins são CBDCs, já que nem todas elas são emitidas por bancos centrais.

Stablecoins: o que são, para que servem e popularidade

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Preocupados com o rápido crescimento das stablecoins, as autoridades monetárias dos Estados Unidos pretendem legislar esses ativos.

Desse modo, os EUA exigiram que as empresas emissoras de stablecoins obtenham uma licença, sigam os regulamentos bancários em sua jurisdição e que mantenham reservas equivalentes ao valor em dólares das emissões de stablecoin no Federal Reserve (FED).

É claro que a tentativa de regulamentação não foi bem recebida no mercado de criptomoedas. As emissoras temem o surgimento de obstáculos para os investidores e o aumento de custos. 

Tipos de stablecoins

As stablecoins podem ser divididas em 4 tipos diferentes de acordo com a colaterização adotada:

1- Stablecoins colateralizadas em FIAT: Este é o tipo mais comum de stablecoins. As criptomoedas desse tipo são lastreadas em moeda fiduciária como, por exemplo, o dólar. Elas funcionam por meio da proporção 1:1. Por exemplo, a Tether (USDT) está atrelada ao dólar norte-americano. Logo, 1 USDT é equivalente a 1 dólar.

2- Stablecoins colateralizadas em commodities: Essas criptomoedas são apoiadas em commodities, como o ouro. Apesar de o ouro ser o metal mais utilizado, elas podem ser lastreadas também em cestas com vários ativos e até mesmo petróleo.

Stablecoins: o que são, para que servem e popularidade

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As pessoas com stablecoins apoiadas em commodities possuem basicamente um ativo tangível com valor real, sendo que nem todas as criptomoedas são assim. Inclusive, existe o potencial de valorização ao longo do tempo por causa da valorização da colateralização, o que serve como incentivo para as pessoas utilizarem este tipo de moeda digital.

3- Stablecoins colateralizadas em criptomoedas: São as criptomoedas apoiadas em outras moedas digitais. Como tudo é conduzido na plataforma blockchain, esse tipo possibilita que a stablecoin com suporte a criptografia seja mais descentralizada do que o tipo em que a criptomoeda está lastreada em moeda fiduciária.

A desvantagem desse tipo é que as criptomoedas usadas como lastro podem passar por fortes oscilações o que impactaria a estabilidade das stablecoins. 

4- Stablecoins não colateralizadas: Essas stablecoins não se apoiam em nada. A primeira vista isso pode ser contraditório, já que as stablecoins usam o apoio em outros ativos para manterem a estabilidade de preços.

Contudo, essas criptomoedas possuem algoritmos que controlam a quantidade de ativos em circulação e fazem a queima ou emissão de tokens de acordo com a necessidade para que o preço se mantenha estável. 

Vantagens

As stablecoins possuem diversas vantagens. Primeiramente, elas são muito eficientes para realizar pagamento e enviar dinheiro para diversas partes do mundo. Elas também podem ser integradas a aplicativos digitais compatíveis com outros sistemas, já que elas possuem código aberto. Alguns outros benefícios são: segurança criptográfica, taxas baixas e transferências rápidas.

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Além disso, elas podem ser usadas como proteção contra as oscilações do mercado por traders e investidores. Elas são caracterizadas por serem atreladas a qualquer tipo de ativo e podem ser enviadas ou recebidas por qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer lugar do planeta.

Importância das stablecoins

As stablecoins são importantes, pois são uma solução para que as moedas digitais sejam usadas no dia a dia. Apesar de o Bitcoin ainda ser a criptomoeda mais popular do mundo, ele é usado sobretudo por investidores e traders. Para que ele seja usado no dia a dia, é preciso que ele diminua a sua volatilidade. 

Isso porque, uma moeda, até mesmo as digitais, precisam servir como meio de troca monetária e reserva de valor. Sendo assim, ela precisa ser relativamente estável e não sofrer oscilações bruscas.

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Portanto, as stablecoins podem exercer um papel de protagonista no futuro, já que elas podem servir como uma porta de entrada para que mais pessoas possam usar criptomoedas.

Por exemplo, é muito mais fácil para uma pessoa que não entende nada de criptomoedas começar a usar moedas digitais por meio de uma moeda que tem o valor equivalente a uma moeda fiduciária do que uma criptomoeda que oscila o tempo todo.

Um detalhe importante é que para que a stablecoin sobreviva, é fundamental que a entidade, fundação ou empresa controladora tenha o lastro equivalente ao total de moedas em circulação, caso contrário, ela tem um grande risco de insolvência.

Se você é novo no mundo das moedas digitais, leia: Criptomoeda, o que é? Definição, como investir e conceito de mineração

Fontes: Foxbit, ExameE-investidor

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