Títulos verdes, o que são? Como funcionam, vantagens e desvantagens

15 de fevereiro de 2021 - por Jaíne Jehniffer


Os títulos verdes são títulos de dívida similares aos demais ativos de renda fixa. Portanto, ao investir nesses títulos, o investidor está basicamente emprestando seu dinheiro em troca de uma rentabilidade acordada no momento da aplicação. 

O que difere um título verde dos demais títulos é o destino dos recursos. Isso porque o dinheiro captado deve obrigatoriamente ser usado em algum projeto ambiental, como por exemplo, eficiência energética e gestão sustentável de resíduos.

Realizar investimentos sustentáveis é uma forma de conseguir bons retornos financeiros e ainda contribuir com o meio ambiente. Além disso, como são ativos de renda fixa, os títulos têm a vantagem de serem pouco arriscados, sendo uma opção de investimento para todos os perfis de investidores.

O que são títulos verdes?

Os títulos verdes, também chamados de green bonds, são um tipo de investimento sustentável. O seu funcionamento é similar aos demais títulos de renda fixa, porém os recursos captados devem ser direcionados para iniciativas ambientais. 

Títulos verdes, o que são? Como funcionam, emissão e como investir

Ubrabio

Dessa maneira, o dinheiro captado com os títulos verdes, é usado em projetos sustentáveis como, eficiência energética, gestão de resíduos e energia renovável. Se o título for focado em diminuir as emissões de gases do efeito estufa e as mudanças climáticas, eles são chamados de Climate Bonds

Como normalmente os projetos sustentáveis possuem durabilidade de longo prazo, boa parte de quem investe em títulos verdes são investidores institucionais, como fundos de previdência, fundos de pensão e seguradoras. 

Títulos verdes no Brasil e no mundo

As primeiras emissões de títulos verdes ocorreram em 2007, por meio da iniciativa do European Investment Bank (EIB) e do World Bank.

Atualmente, os green bonds representam cerca de 4% do total de títulos emitidos no mundo. A porcentagem ainda é pequena, no entanto, a cada dia as pessoas estão mais preocupadas com o meio ambiente e procurando formas de fazer investimentos sustentáveis. 

Finanza operativa

No Brasil, a primeira emissão de títulos verdes ocorreu em 2015. Algumas empresas que já emitiram esse tipo de título foram: BRF (a primeira a emitir), AES Tietê, Taesa e Suzano. Apesar desse tipo de investimento ainda estar dando os primeiros passos no Brasil, a expectativa é que ele ganhe força nos próximos anos. 

Como os títulos verdes funcionam?

Os títulos verdes funcionam de maneira similar aos títulos de dívidas tradicionais. A diferença é que os recursos captados são focados em projetos sustentáveis. Desse modo, os green bonds são uma união entre a preocupação com o meio ambiente e um investimento com retorno vantajoso.

Assim como os demais títulos de dívidas, ao aplicar em green bonds, o investidor está emprestando seu dinheiro para  instituições que podem ser públicas ou privadas. Sendo assim, os títulos verdes podem ser emitidos como:

  • Debêntures (comuns ou incentivadas); 
  • Cotas de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC);
  • Letras Financeiras (LF);
  • Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
  • Certificado de Recebíveis Imobiliário (CRI).

Para que os green bonds sejam emitidos, é necessário que exista um agente denominado de second opinion. Em síntese, as seconds opinion são instituições que servem para avaliar e atestar a validade dos projetos sustentáveis que os títulos verdes serão destinados. 

Títulos verdes, o que são? Como funcionam, emissão e como investir

Valor investe

No Brasil, as responsáveis por fazer essas avaliações são a FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos e o CEBDS – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. Portanto, se uma instituição pretende emitir títulos verdes, ela deve enviar o seu projeto para essas duas instituições.

O processo de emissão de títulos verdes possui um custo mais alto do que os títulos de dívida comuns. Isso porque a empresa deve criar uma estrutura interna de fiscalização e contratar uma consultoria externa para fazer o acompanhamento da alocação dos recursos captados. 

Apesar dos custos, as empresas que emitem green bonds normalmente ganham uma boa reputação, o que impacta positivamente na imagem da empresa. Já para os investidores, o processo de investimento é igual aos títulos comuns.

Diferenças entre títulos verdes e comuns

Ambos os tipos de títulos são de renda fixa. Logo, ao aplicar em títulos, o investidor está emprestando seu dinheiro em troca de uma porcentagem de juros. A diferença entre um título verde e um título tradicional está apenas na destinação dos recursos captados. 

Ledger insights

Sendo assim, os recursos de green bonds devem ser usados exclusivamente em iniciativas ambientais, ao passo que os títulos tradicionais podem ser usados nos mais diversos setores. 

Enfim, qualquer ativo de renda fixa que seja focado na contribuição com o ambiente socioambiental, cuja contribuição seja mensurável e verificável, pode ser considerado como um título verde. Sendo que se esses títulos descumprirem com o processo previsto, ele se torna apenas um título comum de renda fixa.

Vantagens e desvantagens

A principal vantagem de investir em green bonds é contribuir com o futuro do nosso planeta. Ou seja, além de ser um investimento que irá proporcionar retornos financeiros, existe ainda a gratificante sensação de estar contribuindo para a preservação do meio ambiente. 

Outra vantagem é que as empresas que emitem os títulos verdes contratam uma consultoria externa para avaliar se os recursos estão de fato sendo destinados aos projetos sustentáveis. Dessa forma, existe a segurança de que a empresa está cumprindo com o acordo e realmente impactando positivamente o meio ambiente.  

Suno

Como vantagem para as empresas, existe a credibilidade, o que contribui para a construção positiva da marca e da imagem frente ao mercado. Por fim, as empresas possuem ainda a vantagem de contarem com incentivos fiscais.  

Em contrapartida, temos a desvantagem de que os prazos normalmente são bem longos. Nesse sentido, o recomendado é ficar com o título até o vencimento. Já para as empresas, existe a desvantagem de que a emissão de títulos verdes pode sair mais cara do que a emissão de títulos tradicionais. 

Como investir?

Para investir em títulos verdes, você deve primeiramente ler o prospecto das ofertas. É por meio desse documento que você poderá identificar os objetivos, remunerações e prazos. O próximo passo é analisar os riscos e definir qual opção melhor se encaixa com os seus objetivos. 

Dinheiro real

Por fim, basta fazer uma transferência bancária para a sua conta na corretora e investir. Não se esqueça de que, para conseguir a rentabilidade combinada, é preciso manter os títulos até o vencimento. 

Enfim, agora que você sabe como funcionam os títulos verdes, aproveite para aprender o que é ESG, o que é? Origem, critérios e opções de investimentos sustentáveis

Fontes: Abgi, The cap e Lexlatin

Imagens: Valor investe, Ubrabio, Trovo academy, Suno, Dinheiro real, Finanza operativa e Ledger insights

Non Performing Loan (NPL): o que é e como funciona?

Arrendamento: o que é, para que serve e quais os tipos?

Lock-up: o que é e como funciona esse tipo de cláusula?

Usufruto: o que é, como funciona e quais são os tipos?