12 de setembro de 2022 - por Jaíne Jehniffer
O viés do otimismo é um tipo de viés cognitivo. Ele é a tendência mental dos seres humanos de definir a probabilidade de eventos ocorrerem no futuro, dando um peso maior para as previsões otimistas.
Ou seja, o viés do otimismo ou optimism bias, é uma falha de lógica que faz com que interpretemos os dados de forma incorreta.
Sendo que, muitas vezes, não percebemos conscientemente que estamos sendo guiados por este viés. Logo, não notamos que estamos interpretando os dados de forma errada.
Na prática, isso significa que uma pessoa que está fazendo uma leitura positiva do mundo não nota que essa visão não corresponde aos fatos.
Desse modo, essa pessoa passa a criar paralogismos. Em síntese, paralogismo são mentiras que, por meio de uma argumentação convincente, se passam por verdades.
A vantagem desse viés é que podemos ter maior motivação e produtividade. Isso porque temos uma expectativa positiva para o futuro.
No entanto, esse viés também pode ser negativo. Por exemplo, uma pessoa pode acreditar que a bolsa vai sempre subir e com isso tomar decisões de investimento que irão resultar em prejuízos financeiros.
Como funciona o viés do otimismo?
O viés do otimismo funciona como uma falha de lógica que faz com que sejamos otimistas demais. Isso porque o cérebro minimiza as chances negativas de algo ocorrer, e cria suas próprias interpretações positivas.
Talvez você esteja se perguntando o porque isso ocorre. Bem, acontece que o cérebro não é capaz de lidar com incoerências entre a forma como você pensa, age, se comunica e vê a realidade à sua volta.
Sendo assim, sempre que elas aparecem, criamos nossas próprias interpretações. Ou seja, criamos justificativas que, apesar de serem falaciosas do ponto de vista racional, servem como conforto emocional.
Para você entender melhor, vamos tomar como exemplo uma pessoa que fuma. Várias pesquisas indicam que quem fuma tem maiores chances de ter câncer de pulmão.
No entanto, a pessoa que fuma, geralmente, não pensa que isso vai acontecer com ela. Ou seja, ela pensa que para ela as chances de ter câncer de pulmão são menores.
Origem do viés do otimismo
O conceito de viés do otimismo foi desenvolvido por Neil D. Weinstein, em 1980.
Em resumo, ele notou que a maior parte dos universitários acreditavam que as suas chances de ter problemas com bebida ou se divorciarem eram menores do que a dos seus pares.
Além disso, esses alunos acreditavam que as chances de terem resultados positivos como, por exemplo, casa própria e viverem até a velhice, eram muito maiores.
Por outro lado, o neurocientista cognitivo Tali Sharot notou que o viés de otimismo é generalizado e pode ser visto em culturas em todo o mundo.
Desse modo, as pessoas no geral, esperam ter mais coisas boas na vida e sucesso do que a média.
Por exemplo, a maior parte das pessoas acreditam que terão mais sucesso na vida do que a média. O problema é que, por definição, não podemos estar todos acima da média.
O que se acredita é que o viés do otimismo tenha uma origem evolutiva. Neste caso, a sua função seria a de diminuir a nossa consciência de notar com precisão a dor e as dificuldades que o futuro nos reserva.
Sendo assim, este viés serve para nos impedir de notarmos as nossas opções na vida como mais limitadas. O resultado disso é que nossos níveis de estresse e ansiedade são reduzidos.
Em outras palavras, este viés proporciona uma melhora da nossa saúde física e mental. Além disso, ele causa um aumento na nossa motivação e produtividade.
Isso ocorre pois, para seguirmos em frente, precisamos imaginar realidades alternativas e acreditar que elas são possíveis.
Otimismo versus pessimismo
Por exemplo, um estudo científico mostrou que as pessoas em reabilitação após um ataque cardíaco alcançavam uma média maior de expectativa de sobrevida se fossem otimistas.
Por outro lado, um outro estudo apontou que as pessoas pessimistas têm mais chances de morrerem prematuramente por causa de eventos violentos ou acidentais.
Isso porque as pessoas otimistas adotam hábitos de vida mais saudáveis, para que as expectativas sejam alcançadas. Já as pessimistas adotam comportamentos mais arriscados pois acham que não têm muito a perder.
Efeitos do viés do otimismo
O viés do otimismo pode ter efeitos positivos ou negativos. Os efeitos positivos incluem o possível aumento da motivação e produtividade.
Além disso, ele pode ajudar a diminuir o estresse e a ansiedade. Tudo isso porque temos uma expectativa positiva para o futuro.
No entanto, o viés do otimismo também pode ser prejudicial. Isso porque, guiado por este viés, a pessoa pode ignorar os fatores negativos e vários eventos.
Por exemplo, por acreditar que não irá sofrer um acidente de carro, a pessoa pode deixar de colocar o cinto de segurança.
Da mesma forma, por acreditar que irá ter uma vida longa e saudável, a pessoa pode deixar de fazer consultas médicas e cuidar da saúde.
Nos investimentos este viés pode ser muito prejudicial. Ele pode causar, por exemplo:
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A crença de que a bolsa de valores vai sempre subir;
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Ser induzido por boas performances passadas de ativos;
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Não constituir um fundo de emergência;
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Negligenciar os riscos de crises na economia.
Portanto, nas finanças é importante sempre ficar de olho, já que existem muitos vieses e heurísticas que podem fazer com que você perca dinheiro ao investir.
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Fontes: Wikipédia, Mais retorno, The cap e Exame.