Efeito Fisher: o que é e como funciona?

O efeito Fisher é uma teoria muito relevante para a macroeconomia e usada pelos Bancos Centrais. Saiba o que é e como funciona neste texto!

2 de agosto de 2023 - por Nathalia Lourenço


Efeito Fisher é uma teoria econômica que comprova a relação entre a inflação e as taxas de juros real e nominal de uma economia. Essa constatação foi possível graças aos estudos do economista norte-americano Irving Fisher, que é considerado um dos primeiros economistas neoclássicos dos Estado Unidos.

Essa teoria pode ser bastante óbvia para nós hoje, mas após a Grande Depressão de 1929foi inovadora e, por isso, é uma das descobertas que trouxeram as mais importantes resultados para a macroeconomia.

O que é o efeito Fisher?

O Efeito Fisher foi desenvolvido por Irving Fisher no início do século passado. O economista criou essa teoria para explicar o que ele via como os efeitos alterados do processo de ajustamento da taxa de juros real.

Segundo o economista, a taxa nominal de juros de uma nação se altera em função de mudanças na taxa de juros real e na expectativa de inflação. Dessa forma,ele definiu que a taxa de juros nominal é igual à taxa de juros real mais a expectativa de inflação.

Assim, tem-se a seguinte fórmula:

  • i = r + Ep

onde:

  • i = taxa nominal;
  • r = taxa de juros real;
  • Ep = inflação esperada.

Portanto, você já deve ter notado que o efeito Fisher é o ajuste ideal das taxas de juro e da taxa de inflação.

Como o efeito Fisher funciona?

A partir da fórmula apresentada anteriormente, podemos concluir que a taxa de juros real fica maior quando a taxa nominal está maior do que a de equilíbrio. Isso desestimula a atividade econômica e, assim, a inflação se desacelera.

A taxa de juros real fica menor, temporariamente, quando a taxa nominal está mais barata que a de equilíbrio. Esse fenômeno gera maior dinamismo, que atinge no aumento de preços.

Dito isso, para você entender melhor como esse efeito funciona, vamos exemplificar esse efeito com um fato recente da economia brasileira.

No ano de 2018, a expectativa da inflação foi de 4,5%, enquanto a Selic, a taxa de juros, foi de 6,5%. Logo, o juros real foi de 2%.

Agora, imagine aí que a expectativa da inflação tenha subido para 6%. Sendo assim, a taxa de juros nominais teria que subir para 8%, retomando aos 2% da taxa real mais os 6% da expectativa da inflação. Compreendeu melhor agora?

Ah! Só não se esqueça que, segundo o efeito Fisher, a taxa de juros real é fixa no curto prazo, certo?

Relação entre o efeito Fisher e a macroeconomia

O efeito Fisher é um conceito central na macroeconomia porque conecta as variáveis ​​de taxa de juros, inflação e expectativas futuras. Dessa forma, fornece uma estrutura analítica para entender como políticas monetárias e mudanças nas condições econômicas afetam o comportamento dos agentes econômicos e o desempenho geral da economia.

Política Monetária

Os bancos centrais frequentemente ajustam as taxas de juros nominais para atingir metas de inflação ou para estimular o crescimento econômico. O efeito Fisher ajuda a entender como mudanças nas taxas de juros reais (ajustadas pela inflação) afetam o consumo, investimento e poupança na economia.

Expectativas de Inflação

As expectativas de inflação são cruciais para a determinação das taxas de juros de mercado. Se os agentes econômicos esperam que a inflação aumente, isso normalmente se reflete em taxas de juros nominais mais altas, para compensar a perda de poder de compra do dinheiro.

Investimento e Consumo

O efeito Fisher influencia diretamente as decisões de investimento e consumo. Taxas de juros reais mais baixas tendem a estimular o investimento em projetos de longo prazo e o consumo de bens duráveis, enquanto taxas de juros mais altas podem desencorajar essas atividades econômicas.

Crescimento Econômico

Ao influenciar as condições de crédito e o custo do capital, o efeito Fisher desempenha um papel importante no crescimento econômico de longo prazo. Taxas de juros nominal e real bem ajustadas podem promover um ambiente econômico estável e favorável ao crescimento.

Como o efeito Fisher se relaciona com a política monetária?

Lembra que no início do texto falamos que o efeito Fisher trouxe importantes resultados para a macroeconomia? Pois é, isso se materializa claramente nos dias de hoje.

Por ser uma teoria respeitada por economistas, o efeito Fisher é favorecido nos modelos macroeconômicos usados pelos Bancos Centrais mundo afora, inclusive pelo Bacen.

Ele é responsável por apontar a taxa nominal e, ao fazer isso, evidencia a inflação projetada, agindo sobre as expectativas dos agentes.

Tendo essa informação, você consegue constatar o porquê das autoridades monetárias observar de perto e com uma lupa a evolução das expectativas de inflação.

O que é o efeito Fisher internacional?

Logo após a Grande Depressão americana de 1929, Fisher apresentou um modelo que ajudasse a prever a taxa de câmbio entre diferentes moedas, baseado na taxa de juros nominal.

Mas, para isso, não pode haver nenhuma restrição de compra e venda entre elas. Além dessa condição, a taxa nominal deve ser a taxa livre de risco.

Sendo assim, segundo o efeito Fisher Internacional, as taxas de juros real de cada moeda não mudam, porque qualquer discrepância entre elas é neutralizada através das operações de arbitragem.

Logo, o valor de uma moeda, em relação à outra, pode ser determinado em função da diferença entre as taxas de juros nominais de cada país.

Contudo, esse modelo não tem mais aplicações práticas hoje em dia, visto que os países têm adotado políticas nada comuns para proteger suas economias.

Quais são as críticas ao efeito Fisher?

Como toda teoria, o efeito de Fisher também recebeu críticas. Os críticos usam a crise de 2008, nos Estados Unidos, para refutá-la.

De acordo com eles, a inflação não retomou aos patamares em que se encontravam antes da crise, mesmo com uma considerável redução das taxas de juros nominais, somada aos programas de afrouxamento quantitativo lançados pelos principais bancos centrais.

Qual é a origem do efeito Fisher?

O efeito Fisher é um conceito econômico nomeado em homenagem ao economista americano Irving Fisher, que o formulou e desenvolveu no início do século XX.

Irving Fisher foi um dos economistas mais proeminentes de sua época e fez contribuições significativas em várias áreas da economia, incluindo teoria monetária, teoria do valor, teoria do capital e análise de ciclos econômicos.

A origem específica do efeito Fisher remonta ao trabalho de Irving Fisher sobre a teoria da taxa de juros.

Em 1930, Fisher publicou o livro “The Theory of Interest”, onde ele formalizou a relação entre as taxas de juros nominais, as taxas de juros reais e as expectativas de inflação. Neste livro, Fisher apresentou a equação fundamental que ficou conhecida como a equação do efeito Fisher:

i=r+πei = r + \pi^ei=r+πe

onde:

  • i é a taxa de juros nominal,
  • r é a taxa de juros real,
  • πe é a expectativa de inflação.

Fisher argumentou que a taxa de juros nominal em uma economia é composta pela taxa de juros real (a taxa de retorno real exigida pelos detentores de dinheiro) e pela expectativa de inflação futura.

Essa formulação tornou-se essencial não apenas para a teoria monetária, mas também para a política econômica, pois oferece uma maneira de entender como as mudanças nas expectativas de inflação afetam as decisões de investimento, consumo e poupança na economia.

Além do efeito Fisher, Irving Fisher fez outras contribuições importantes para a economia, incluindo o conceito de equação de troca e seu trabalho pioneiro em economia da saúde, onde ele aplicou princípios econômicos para melhorar a eficiência dos sistemas de saúde.

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