Efeito Fisher: o que é e como funciona?

2 de agosto de 2023, por Cesar Fontenele

Tempo de leitura médio: 4 min, 9 seg


Efeito Fisher é uma teoria econômica que comprova a relação entre a inflação e as taxas de juros real e nominal de uma economia. Essa constatação foi possível graças aos estudos do economista norte-americano Irving Fisher, que é considerado um dos primeiros economistas neoclássicos dos Estado Unidos.

Essa teoria pode ser bastante óbvia para nós hoje, mas após a Grande Depressão de 1929 foi inovadora e, por isso, é uma das descobertas que trouxeram as mais importantes resultados para a macroeconomia.

O que é o efeito Fisher?

O Efeito Fisher foi desenvolvido por Irving Fisher no início do século passado. O economista criou essa teoria para explicar o que ele via como os efeitos alterados do processo de ajustamento da taxa de juros real.

Segundo o economista, a taxa nominal de juros de uma nação se altera em função de mudanças na taxa de juros real e na expectativa de inflação. Dessa forma, ele definiu que a taxa de juros nominal é igual à taxa de juros real mais a expectativa de inflação.

Assim, tem-se a seguinte fórmula:

  • i = r + Ep

onde:

  • i = taxa nominal;
  • r = taxa de juros real;
  • Ep = inflação esperada.

Portanto, você já deve ter notado que o efeito Fisher é o ajuste ideal das taxas de juro e da taxa de inflação.

Como o efeito Fisher funciona?

A partir da fórmula apresentada anteriormente, podemos concluir que a taxa de juros real fica maior quando a taxa nominal está maior do que a de equilíbrio. Isso desestimula a atividade econômica e, assim, a inflação se desacelera.

A taxa de juros real fica menor, temporariamente, quando a taxa nominal está mais barata que a de equilíbrio. Esse fenômeno gera maior dinamismo, que atinge no aumento de preços.

Dito isso, para você entender melhor como esse efeito funciona, vamos exemplificar esse efeito com um fato recente da economia brasileira. No ano de 2018, a expectativa da inflação foi de 4,5%, enquanto a Selic, a taxa de juros, foi de 6,5%. Logo, o juros real foi de 2%.

Agora, imagine aí que a expectativa da inflação tenha subido para 6%. Sendo assim, a taxa de juros nominais teria que subir para 8%, retomando aos 2% da taxa real mais os 6% da expectativa da inflação. Compreendeu melhor agora?

Ah! Só não se esqueça que, segundo o efeito Fisher, a taxa de juros real é fixa no curto prazo, certo?

Como o efeito Fisher se relaciona com a política monetária?

Lembra que no início do texto falamos que o efeito Fisher trouxe importantes resultados para a macroeconomia? Pois é, isso se materializa claramente nos dias de hoje.

Por ser uma teoria respeitada por economistas, o efeito Fisher é favorecido nos modelos macroeconômicos usados pelos Bancos Centrais mundo afora, inclusive pelo Bacen. Ele é responsável por apontar a taxa nominal e, ao fazer isso, evidencia a inflação projetada, agindo sobre as expectativas dos agentes.

Tendo essa informação, você consegue constatar o porquê das autoridades monetárias observar de perto e com uma lupa a evolução das expectativas de inflação.

O que é o efeito Fisher internacional?

Logo após a Grande Depressão americana de 1929, Fisher apresentou um modelo que ajudasse a prever a taxa de câmbio entre diferentes moedas, baseado na taxa de juros nominal.

Mas, para isso, não pode haver nenhuma restrição de compra e venda entre elas. Além dessa condição, a taxa nominal deve ser a taxa livre de risco.

Sendo assim, segundo o efeito Fisher Internacional, as taxas de juros real de cada moeda não mudam, porque qualquer discrepância entre elas é neutralizada através das operações de arbitragem. Logo, o valor de uma moeda, em relação à outra, pode ser determinado em função da diferença entre as taxas de juros nominais de cada país.

Contudo, esse modelo não tem mais aplicações práticas hoje em dia, visto que os países têm adotado políticas nada comuns para proteger suas economias.

Quais são as críticas ao efeito Fisher?

Como toda teoria, o efeito de Fisher também recebeu críticas. Os críticos usam a crise de 2008, nos Estados Unidos, para refutá-la.

De acordo com eles, a inflação não retomou aos patamares em que se encontravam antes da crise, mesmo com uma considerável redução das taxas de juros nominais, somada aos programas de afrouxamento quantitativo lançados pelos principais bancos centrais.

E aí gostou deste texto? Então, que tal aprender um pouco mais lendo este texto aqui: Rentabilidade real, o que é? Cálculos, importância e rendimento negativo. Nos vemos lá!

Fontes: Funds people, Suno, Mais retorno, Terraço econômico, The Capital Advisor e Sociedade do investidor.