5 de dezembro de 2024 - por Sidemar Castro
O Plano Bresser foi um plano econômico lançado durante o governo de José Sarney, em 1987, com o objetivo de controlar a alta inflação que assolava o Brasil na época. O plano foi elaborado pelo então ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser-Pereira, daí o nome.
Entre algumas das medidas adotadas estavam o congelamento de preços e salários, flexibilização dos preços, reajuste salarial, desvalorização cambial e eliminação de subsídios.
O Plano Bresser conseguiu reduzir a inflação temporariamente, mas os efeitos foram de curta duração. A inflação voltou a subir nos meses seguintes, e o plano não conseguiu resolver os problemas econômicos de longo prazo do país.
Saiba mais sobre o Plano Bresser, o que foi, quem criou e quais as medidas tomadas, nessa matéria.
O que foi o Plano Bresser?
O Plano Bresser foi uma estratégia econômica implementada no Brasil em 12 de junho de 1987, durante o governo do presidente José Sarney. Criado pelo então ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser-Pereira, o plano visava estabilizar a inflação que havia se tornado um problema crônico no país, especialmente após o fracasso de planos anteriores, como o Plano Cruzado.
Contexto e objetivos
Na década de 1980, o Brasil enfrentava uma grave crise econômica, marcada pela hiperinflação e instabilidade financeira. Nesse contexto, o Plano Bresser surgiu como a terceira tentativa do governo Sarney para controlar a inflação, que estava em níveis alarmantes, com taxas mensais que chegavam a 26% no momento de sua implementação.
O principal objetivo do plano não era eliminar a inflação completamente, mas sim mantê-la sob controle e evitar uma nova escalada.
Para tanto, o plano incluiu várias medidas drásticas, como congelamento de preços e salários, a criação da URP (Unidade de Referência de Preços), um novo indexador para reajustar salários e definir limites para aumentos de preços.
Também manteve a taxa de juros elevada: A taxa SELIC foi mantida em níveis altos para restringir o consumo e controlar a inflação. Ademais, a moeda foi desvalorizada em cerca de 10% para estimular as exportações.
Resultados e Críticas
Nos primeiros meses, o Plano Bresser apresentou resultados positivos. A inflação caiu drasticamente de 26,1% em junho para 3,1% em julho. Contudo, essa tendência não se sustentou.
Em agosto, a inflação já havia subido novamente para 6,4%, e o plano logo se mostrou insustentável. O congelamento de preços não foi respeitado nem mesmo pelo governo, levando a uma remarcação generalizada e à nova alta da inflação.
Após apenas seis meses de implementação, em dezembro de 1987, Bresser-Pereira deixou o cargo com uma inflação anual que beirava os 360%. As críticas ao plano focaram na sua incapacidade de promover uma recuperação econômica duradoura e na falta de reformas estruturais necessárias para estabilizar a economia a longo prazo.
Legado
Assim, o Plano Bresser é normalmente lembrado como um exemplo das dificuldades enfrentadas pelo Brasil na luta contra a hiperinflação. Embora tenha conseguido reduzir temporariamente os índices inflacionários, suas falhas evidenciaram a fragilidade das políticas econômicas emergenciais sem um suporte estrutural adequado.
Portanto, o legado do plano continua a ser debatido entre economistas e historiadores como um alerta sobre as consequências de medidas econômicas mal planejadas.
Quais foram as principais medidas do Plano Bresser?
O plano trouxe um conjunto de medidas econômicas que incluíam:
- Congelamento de preços e salários: Foi adotado um congelamento de preços e salários por um período curto, mas com ajustes periódicos baseados na inflação acumulada. Essa estratégia buscava controlar a inércia inflacionária.
- Desvalorização cambial: O governo desvalorizou o cruzeiro em relação ao dólar para estimular as exportações e equilibrar a balança comercial, reduzindo o déficit externo.
- Corte nos gastos públicos: Medidas de austeridade fiscal foram implementadas para conter o déficit público, como redução de subsídios e controle de despesas.
- Criação de índices de reajuste: Foi instituído o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) como referência para os reajustes salariais, com o objetivo de evitar disparidades e pressões inflacionárias.
- Renegociação da dívida externa: O governo iniciou negociações com credores internacionais para aliviar a pressão sobre as contas externas do país.
O Plano Bresser deu certo?
O Plano Bresser visava controlar a alta inflação que assolava o Brasil na época. A estratégia inicial consistia em congelar preços e salários, além de adotar um câmbio fixo.
Considerando esses objetivos, no início, o plano parecia ter surtido efeito. A inflação, que era muito alta, apresentou uma queda significativa nos primeiros meses. Assim, isso gerou um certo otimismo na população e no governo.
No entanto, os efeitos positivos não duraram muito tempo. Vários fatores contribuíram para o fracasso do Plano Bresser:
Uma delas foi o desrespeito ao congelamento. Muitas empresas e comerciantes não respeitaram o congelamento de preços, o que gerou uma desconfiança generalizada e prejudicou a credibilidade do plano.
Outra foi a pressão sobre os salários. O congelamento dos salários gerou insatisfação entre os trabalhadores, que viam seus ganhos sendo corroídos pela inflação.
O déficit público foi mais um fator negativo. O governo continuou gastando mais do que arrecadava, o que pressionava a inflação e tornava difícil manter o controle dos preços.
Portanto, o Plano Bresser foi um fracasso a longo prazo. A inflação voltou a subir de forma descontrolada, e o plano não conseguiu resolver os problemas estruturais da economia brasileira.
Por que o Plano Bresser é importante?
Apesar de ter fracassado, o Plano Bresser é um caso importante para estudar, pois demonstra as dificuldades de controlar a inflação em um país com problemas estruturais profundos. Além disso, o plano serve como um lembrete de que medidas isoladas e de curto prazo não são suficientes para resolver problemas complexos como a inflação.
Em suma, o Plano Bresser foi um experimento que não deu certo, mas que deixou importantes lições para as futuras políticas econômicas do Brasil.
Quais foram as consequências do Plano Bresser?
O Plano Bresser trouxe algumas consequências importantes para a economia brasileira, tanto positivas quanto negativas.
- Redução temporária da inflação: No curto prazo, o plano conseguiu desacelerar a inflação, mas não de forma duradoura. A inflação voltou a subir nos meses seguintes, mostrando que as medidas não resolveram os problemas estruturais da economia.
- Impacto na economia real: O congelamento de preços e salários gerou insatisfação entre trabalhadores e empresários. Assim, a perda de poder aquisitivo e a dificuldade das empresas em lidar com custos levaram a tensões sociais e econômicas.
- Queda na atividade econômica: As medidas de austeridade fiscal e o corte nos gastos públicos resultaram em retração econômica, com redução do consumo e aumento do desemprego em alguns setores.
- Avanço no debate sobre a inflação inercial: Apesar dos problemas, o Plano Bresser ajudou a consolidar a ideia de que a inflação brasileira tinha um componente inercial. Assim, isso influenciou os próximos planos econômicos, como o Plano Real.
- Fragilidade política: O fracasso em controlar a inflação de forma sustentável enfraqueceu a credibilidade do governo e gerou instabilidade política, dificultando, portanto, a implementação de outras reformas.
Embora tenha sido uma tentativa relevante de combater a inflação, o Plano Bresser, no entanto, revelou as limitações de medidas de curto prazo e reforçou a necessidade de mudanças estruturais na economia brasileira.
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Fontes: Suno, Empiricus, Crecerto