4 tipos de Tesouro Direto – qual escolher? 

23 de maio de 2022, por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Tempo de leitura médio: 7 min, 11 seg


Os títulos do Tesouro Direto são um dos investimentos mais simples do mercado financeiro. Por isso mesmo, são sempre um porto seguro para os investidores mais conservadores, que preferem uma exposição maior em renda fixa. Mas, qual será o título público ideal para você? Qual deles escolher?

Neste post, vou te ajudar a compreender a diferença entre os 4 tipos de títulos do Tesouro Direto que estão disponíveis no mercado.

Cada um deles tem as suas particularidades. Então, podemos esperar uma rentabilidade diferente entre os títulos.

E saber qual se aplica melhor aos seus investimentos está intrinsecamente ligado a diversos fatores, como a sua idade e o seu perfil de investidor.

Onde compro títulos do Tesouro Direto?

Os títulos públicos são negociados diretamente pelo Tesouro Direto ou pelos bancos e corretoras.

Ou seja, o caminho mais simples para o investidor pode ser optar pela sua corretora. Assim, você opera em uma plataforma com a qual já está familiarizado.

É importante observar, no entanto, se a sua corretora cobra as taxas de corretagem, administração e custódia para os títulos públicos.

Hoje em dia, a maioria não cobra corretagem. E algumas, também, já praticam taxa zero para as outras duas taxas.

Depois de escolher a corretora, o próximo passo é saber qual título é o mais adequado pra você.

1. Tesouro Selic

O primeiro tipo de título que vamos conhecer é o Tesouro Selic. Como o nome já diz, este título paga o equivalente a 100% da taxa básica de juros, a taxa Selic.

Hoje, a taxa está em 12,75% ao ano. Então, este o rendimento que você terá investindo no Tesouro Selic.

Existe, entretanto, um detalhe importante aqui.

Ágio e deságio nos títulos públicos

É comum os títulos públicos serem oferecidos com um pequeno ágio ou deságio. E isso depende, essencialmente, da oferta e demanda sobre aquele papel.

Assim, quando existe uma oferta maior do que a demanda, o Governo – que é quem emite os títulos com o objetivo de levantar dinheiro para pagar a dívida pública – oferece um deságio para quem comprar o título.

Na prática, quem compra acaba aumentando um pouco a rentabilidade.

Quando a demanda é maior que a oferta, vale o oposto. Neste caso, o investidor “paga” um pequeno ágio, que é automaticamente descontado da rentabilidade.

Na data de hoje, o Tesouro Selic está com deságio de 0,13%.

Desta forma, quem compra o título, hoje, garante a rentabilidade da Selic (12,75%) + 0,13%.

No fim das contas, o investidor terá 12,83% de rentabilidade anual.

Pra quem é indicado o Tesouro Selic?

Os títulos do Tesouro Selic são indicados, principalmente, para quem vai precisar, no curto prazo, daquele valor investido.

Assim como nas outras 3 opções, o Selic tem liquidez diária. Isso quer dizer que você poderá fazer o resgate dos valores, de forma quase imediata – no mesmo dia (se pedir até 13h) ou, no máximo, no dia seguinte.

Entretanto, caso o investidor precise do dinheiro antes de 30 dias, ele perderá uma parte da rentabilidade.

Isso porque, neste caso, haverá a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras. E a tabela do IOF é regressiva.

Ou seja, quanto mais rápido você retirar o valor investido, mais imposto vai pagar.

Esta, portanto, é uma forma de o governo incentivar as pessoas a manter, por mais de 30 dias, o dinheiro investido nos títulos públicos.

Além disso, o rendimento – e não o valor total – de todos os títulos do Tesouro também está sujeito à tabela regressiva do imposto de renda.

Quanto mais tempo você mantiver o título, menos o leão vai abocanhar sua rentabilidade:

  • Até 180 dias (6 meses) = IR de 22,5%
  • De 181 a 360 dias (1 ano) = IR de 20%
  • De 361 a 720 dias (2 anos) = IR de 17,5%
  • Acima de 720 dias (2 anos) = IR de 15%

Outra dica importante, para não perder dinheiro, é investir no título com prazo mais longo.

Assim, entre o Tesouro Selic 2025 e o Tesouro Selic 2027, é mais rentável optar pelo vencimento em 2027.

Eu explico isso em detalhes no vídeo abaixo, que publiquei no canal do Investidor Sardinha.

2. Tesouro Prefixado

A segunda opção de título público é o Tesouro Prefixado. É uma modalidade que já apresenta, de cara, qual vai ser a rentabilidade futura para o investidor.

É como se fosse uma renda fixa dentro da própria renda fixa.

Hoje, o prefixado 2025 tem rentabilidade anual de 12,58%. O mesmo título, que vence em 2029, vai pagar 12,45% ao ano.

Pra quem é indicado o Tesouro Prefixado?

Este tipo de título público é mais indicado para quem tem um objetivo bem definido, num prazo um pouco maior.

Você quer se casar, por exemplo, daqui a 3 anos; ou fazer uma viagem cara, para um destino bem específico.

No Tesouro Prefixado, você terá a previsão exata do quanto vai receber naquela data.

O problema é que você poderá perder dinheiro para a inflação.

Além disso, ao se desfazer do título antes do vencimento, seu capital pode se desvalorizar, pela chamada marcação a mercado.

Na rentabilidade atual – 12,58% –, no entanto, é bem improvável que isso aconteça.

Talvez, com sorte, você pode até se beneficiar da marcação a mercado. Ou seja, ganhar dinheiro na compra e venda do título.

Isso porque, quando a taxa básica de juros cai, o preço dos títulos sobe. E, como a Selic está bem alta, a tendência é de queda, em algum momento, no futuro.

3. Tesouro IPCA+

O Tesouro IPCA+ é um título que leva em consideração os reajustes da inflação para determinar sua rentabilidade.

Assim, o título paga o valor referente ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas, não só isso.

O símbolo “+” quer dizer que o investidor vai receber uma rentabilidade acima da inflação, o que chamamos de ganho real.

Na prática, significa dizer que aquele título faz, de fato, aumentar o poder de compra do investidor.

E isto é determinante na hora de escolher sua modalidade de investimento.

4 tipos de Tesouro Direto - qual escolher? 

Pra quem é indicado o Tesouro IPCA+?

Como o Tesouro IPCA+ também sofre a marcação a mercado, este título não é recomendado para o curto prazo.

Ao contrário, é mais indicado para quem tem objetivos de longo prazo e se preocupam em manter o poder de compra.

Isso porque, nesta modalidade, o investidor sempre estará ganhando acima da inflação.

Então, pode ser uma ótima escolha para jovens que estão planejando a aposentadoria, por exemplo.

Ou, também, para qualquer pessoa que quer proteger o dinheiro, ao invés de deixar parado – sendo corroído pela inflação – numa poupança qualquer.

4. IPCA+ com juros semestrais

Por fim, temos o Tesouro IPCA+ com juros semestrais, que segue a mesma lógica do IPCA+.

A diferença, no entanto, está na forma de remunerar o investidor.

Ao invés de pagar tudo de uma vez, lá no vencimento do título, nessa modalidade os pagamentos são feitos a cada 6 meses.

Pra quem é indicado o IPCA+ com juros semestrais?

Este tipo de título do Tesouro Direto é mais indicado para quem já tem um bom patrimônio e pode viver de renda.

Então, de cara, podemos dizer que os juros semestrais são péssimos para o investidor que ainda está na fase de construção de riqueza.

Isso porque os pagamentos feitos a cada 6 meses acabam prejudicando a curva de juros compostos.

Quem já vive de renda, por outro lado, já conseguiu acumular um bom dinheiro. E, agora, pode se dar o luxo de adiantar os recebimentos, 2 vezes por ano.

Além do IPCA+, a modalidade de juros semestrais também está disponível para os títulos prefixados.

Assim, o investidor pode adquirir títulos com diferentes datas de pagamento e, com isso, receber os cupons de juros semestrais em vários meses do ano.

Agora, que você já conhece os 4 tipos de Tesouro Direto, chegou sua vez de decidir qual escolher.

Com as altas taxas de juros praticadas no Brasil, você poderá se beneficiar da renda fixa que está entre as mais rentáveis do planeta.

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