Green Bonds: o que são os títulos verdes e como utilizá-los

Os green bonds são os títulos verdes, emitidos por empresas e governos, para financiar projetos com benefícios ambientais.

24 de fevereiro de 2022 - por Jaíne Jehniffer


Se você quer investir em empresas que contam com ações voltadas para o meio ambiente, os green bonds podem ser uma boa opção. No texto de hoje vou te explicar tudo o que você precisa saber para investir nesse tipo de ativo.

O que você precisa saber antes de investir em green bonds?

Abaixo tem uma lista com tudo o que você precisa saber antes de investir em green bonds:

1- O que são green bonds

O primeiro passo para investir em green bonds, é saber exatamente o que eles são. Para você entender o que eles são, vamos traduzir o termo. Green em inglês significa verde. Já bonds são títulos de dívida.

Sendo assim, os green bonds são os títulos verdes. Desse modo, esses títulos são emitidos para financiar projetos com benefícios ambientais. Existem outros tipos de títulos emitidos no mercado por empresas e governo.

Porém, os green bonds se diferem dos demais títulos justamente por causa do destino que o dinheiro terá: projetos voltados para o meio ambiente.

Portanto, o dinheiro captado por green bonds não pode ser usado em nenhum outro tipo de projeto.

Talvez você esteja se perguntando quais são os tipos de projetos que as empresas fazem. Isso varia bastante, mas os tipos mais comuns de projetos são associados a:

  • Energia renovável;
  • Controle da poluição;
  • Eficiência energética;
  • Agricultura e pecuária sustentável;
  • Transporte limpo.

No Brasil, diversos instrumentos financeiros de dívida podem receber o selo verde, tais como:

Enfim, os green bonds é uma forma de você ter uma boa rentabilidade. Isso ao mesmo tempo em que contribui, de alguma forma, com o meio ambiente.

2- Origem dos green bonds

A criação dos green bonds remete a 1992 com a criação da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas.

Em 1997 com o Protocolo de Kyoto, foram sendo criadas diretrizes para os países aderirem a ferramentas de diminuição de emissão de gases de efeito estufa.

Foi nessa época que o termo crédito de carbono passou a ser usado. A ideia inicial era reduzir as emissões de gás carbônico e ir compensando esses gastos com a emissão de créditos.

Esse foi o início do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Daí para frente, os países poderiam dar início a projetos com essa estratégia.

A primeira emissão de green bonds foi feita pelo Banco Mundial em 2008. Isso deu origem a um processo sustentável no mercado de capitais. Já em 2015, o Brasil começou a fazer as suas próprias emissões.

3- Como é feita a emissão de títulos verdes

Para emitir green bonds no Brasil, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos, três passos devem ser seguidos:

  1. Pré emissão: nessa etapa é feita uma análise de mercado para avaliar os riscos e oportunidades da operação. Na pré emissão também ocorre o planejamento de avaliação externa.
  2. Emissão: é nessa etapa que ocorre de fato a criação do título. Sendo que é preciso que haja uma instituição financeira responsável por coordenar a oferta.
  3. Pós emissão: por fim, esta etapa está relacionada com o monitoramento e reporte de captação e manutenção do projeto.

4- Quem diz o que são títulos ESG

Até o momento, os títulos ESG não são regulados. Sendo assim, existe apenas uma autorregulação e padrões amplamente aceitos por emissores e investidores.

Sendo que o principal deles é o Green Bond Principles da International Capital Markets Association (ICMA).

Em resumo, trata-se de uma organização global de autorregulação dos mercados de capitais, como uma espécie de Anbima global.

Além disso, existe também o Climate Bond Initiative que é um padrão amplamente utilizado quando se trata de emissões para projetos com foco em benefícios climáticos.

Por fim, vale citar ainda que a União Europeia está tentando criar um padrão para a emissão de títulos verdes. Desse modo, em 2021 ela divulgou uma proposta para o seu Green Bond Standard.

Sendo que este padrão tem adesão voluntária e é aberto a emissores de qualquer país e não apenas aos europeus.

Dessa forma, para usar o nome de european green bond, o projeto atrelado ao bond deve se enquadrar na taxonomia verde do bloco. Contudo, muitas pessoas no mercado acharam a regra muito restritiva.

5- O que são SLB, Social e Sustainable bonds

Os social bonds se parecem com os green bonds, porém, neste caso o dinheiro captado é voltado para projetos com benefícios sociais definidos. Alguns exemplos são:

  • Acesso à infraestrutura básica como: água, esgoto, energia e transporte.
  • Acesso a serviços essenciais como: educação, saúde e habitação.

Por outro lado, os sustainable bonds ou bons sustentáveis servem para financiar projetos com benefícios sociais e ambientais. As empresas que costumam emitir esse tipo de ativo são as de saneamento.

Com isso, elas aliviam a poluição e ainda ajudam a melhorar a saúde da população ao proporcionar acesso a esgoto e água limpa.

Os bancos também costumam emitir esses títulos e direcionar o dinheiro para financiar sua carteira de crédito verde e social.

Por fim, os Sustainability-linked Bonds (SLB) é uma categoria que está despontando e ganhando tração dentro da família dos títulos ESG.

O dinheiro captado com green bonds e social bonds é carimbado e só pode ser destinado para o projeto que a empresa ou governo declarou no momento da emissão.

Já nos ESL o dinheiro não é carimbado. Isso proporciona uma maior liberdade para o uso do dinheiro captado.

Contudo, ao emitir esse tipo de título, a companhia tem que se comprometer com as metas ambientais e ou sociais objetivadas dentro de um certo prazo.

Se a empresa falhar em atingir essas metas, ela sofre uma penalidade na forma de um prêmio sobre a taxa de juros, o que encarece o seu custo de crédito.

6- Quem dá o selo

A ICM recomenda que os emissores contratem uma revisão externa antes de emitir títulos verdes. Dessa forma, é este revisor quem irá verificar o alinhamento da emissão aos princípios do tipo de título.

Além disso, a boa prática no mercado indica que, ao lançar uma emissão, a companhia divulgue também o parecer de segunda opinião, o que atesta a aderência aos princípios e faz as devidas ressalvas, se preciso.

No entanto, a limitação da contratação de uma segunda opinião é que quem paga por ela, é o próprio emissor. Com isso, a realidade do mercado é a qualidade irregular dos pareceres.

7- Qual é o papel dos bancos

Os bancos de investimento originam e estruturam as operações de títulos ESG. Sendo assim, são eles quem conversam com as companhias sobre a emissão desse tipo de dívida.

Isso significa que, na prática, esses bancos assumem o papel de emissor de primeira opinião ao filtrar as operações que merecem o rótulo de ESG.

Sendo que tanto essa 1º opinião, quanto a 2º, não são atividades reguladas. Apesar disso, alguns bancos estão tentando dar uma transparência maior às suas práticas por meio da divulgação dos seus frameworks.

8- A emissão de green bonds é mais barata?

Em teoria, o aumento da demanda por títulos verdes justifica a existência de um prêmio verde para os emissores. Em outras palavras, a empresa pagaria juros menores para captar recursos com esses títulos.

Porém, a existência ou não do chamado greenium é ainda um debate.

Isso porque, só é possível verificar a existência de um prêmio quando a companhia é uma emissora recorrente, com vários títulos de preços diferentes no mercado e uma curva de vencimento semelhante.

Nessa situação seria possível comparar as emissões ESG com as tradicionais. No entanto, é importante notar que as vantagens dos títulos verdes para as empresas não são apenas o prêmio na emissão.

Na verdade, isso contribui com a imagem da empresa. Afinal de contas, ela passa a ser vista como uma empresa que se preocupa com o meio ambiente.

9- Como investir em green bonds

Agora que você sabe o que é green bonds, eu vou te contar como investir nos títulos verdes. Lembrando que isso não é uma recomendação de investimentos.

O primeiro passo para investir é analisar os títulos disponíveis no mercado. Para isso, vale a pena analisar o prospecto das ofertas.

Além disso, não deixe de analisar o risco dos títulos. Isso é essencial para que você escolha um ativo que esteja de acordo com o seu perfil de investidor. Por fim, basta entrar na sua conta na corretora e comprar o título.

Enfim, gostou de aprender como investir em green bonds? Então aprenda também o que é Economia verde, o que é? Conceito, importância e críticas

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