Acordo de Bretton Woods: o que foi e quais as suas definições?

O Acordo de Bretton Woods estabeleceu as regras do sistema financeiro pós-Segunda Guerra. Veja o que foi e quais as suas definições.

27 de maio de 2025 - por Sidemar Castro


Já ouviu falar no Acordo de Bretton Woods? Terminada a Segunda Guerra Mundial, o mundo estava um caos financeiro. Em 1944, vários países se juntaram em uma cidade chamada Bretton Woods, nos EUA. O objetivo? Organizar a combalida economia global para evitar novas crises e facilitar o comércio internacional.

Apesar da ideia de cooperação, os Estados Unidos saíram da guerra muito fortes. Por isso, o sistema criado em Bretton Woods acabou dando aos americanos um controle enorme sobre as finanças mundiais, definindo as regras do jogo dali pra frente.

Conheça mais sobre o acordo de Bretton Woods, o que foi e quais as suas definições para o mundo pós-guerra.

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O que foi o Acordo de Bretton Woods?

Em 1944, o mundo começava a se recuperar de seu maior conflito: a Segunda Guerra Mundial, que terminaria no ano seguinte. A economia global estava de pernas pro ar. Foi aí que, num lugarzinho nos Estados Unidos chamado Bretton Woods, as lideranças do mundo se encontraram.

De 1 a 22 de julho, representantes de 44 países (incluindo EUA, Canadá, Europa e Austrália) sentaram-se para conversar. A conversa era séria: como a gente faz para botar ordem no mundo, criar umas regras claras para o dinheiro circular e o comércio funcionar de novo, sem que o mundo caia em outra crise?

Dessa reunião, nasceram duas instituições superimportantes que a gente conhece até hoje: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Eles foram as “colunas” para segurar a nova economia mundial.

O sucesso da conferência foi muito grande, principalmente levando em conta que era uma época de muita desconfiança internacional. Conseguir que tantas lideranças mundiais entrassem em acordo foi uma enorme vitória. E isso só foi possível porque a lição de casa foi bem feita antes.

Os Pensadores Por Trás da Ideia

Anos antes, dois economistas bem famosos, o britânico John Maynard Keynes e o americano Harry Dexter White, já tinham jogado umas ideias no papel, em 1942. Esses rascunhos rodaram pelo mundo, entre especialistas e empresários, e foram amadurecendo as propostas que seriam aprovadas na reunião de 1944.

Lá em Bretton Woods, eles dividiram o trabalho em três grandes equipes:

  • Uma equipe, liderada pelo White, ficou encarregada de pensar no FMI.
  • Outra, com o Keynes no comando, cuidou do Banco Mundial.
  • E a terceira, chefiada pelo ministro da Economia do México, Eduardo Suárez, discutiu outras formas de cooperação financeira.

Cada equipe tinha seus “subgrupos” para afinar os detalhes. E o governo dos EUA, que estava recebendo todo mundo, anotou cada conversa, cada debate. Mesmo que as atas tenham sido publicadas só em 1948, os detalhes completos desses papos só vieram à tona muito tempo depois, em 2013, quando pesquisadores organizaram tudo.

No fim das contas, foi em Bretton Woods que o mundo começou a desenhar um novo caminho para a economia, buscando mais estabilidade e cooperação depois de uma guerra devastadora.

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Quais eram os objetivos do Acordo de Bretton Woods?

Os países que toparam essa empreitada tinham metas bem claras.

Entre elas, estabilizar as moedas. Eles queriam acabar com aquela loucura de moedas valorizando e desvalorizando do nada, o que causava um estrago danado na economia global.

A solução? Cada país fixaria o valor da sua moeda em relação ao dólar americano, com uma pequena margem de variação. E o dólar, por sua vez, seria “garantido” por ouro. Assim, dava pra ter mais confiança e previsibilidade para fazer negócios e investir.

Outro objetivo era colocar todos para trabalhar juntos na economia. Para isso, criaram duas instituições que a gente conhece até hoje: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. A função dessas entidades era dar uma força para a economia mundial, ajudar os países que estivessem em apuros e colaborar na reconstrução e no desenvolvimento.

Facilitar o comércio era mais uma meta na reunião. O acordo também queria que o comércio entre os países fluísse mais fácil, tirando barreiras e incentivando a troca de produtos e dinheiro. A ideia era que as moedas pudessem ser convertidas umas nas outras e que as balanças comerciais ficassem mais equilibradas, impulsionando o crescimento global.

No fundo, Bretton Woods foi a tentativa de criar um terreno mais firme e previsível para a economia mundial crescer e se recuperar depois de um período tão turbulento.

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Quais foram as definições do acordo de Bretton Woods?

O que realmente definiu o Acordo de Bretton Woods foi um conjunto de regras claras e detalhadas, um verdadeiro “manual de instruções” para reorganizar as finanças do mundo depois da Segunda Guerra. Esse pacote, conhecido como Sistema Bretton Woods, criou uma nova ordem para o sistema financeiro global, baseada em pilares essenciais.

Foi assim que o dólar americano foi escolhido como a moeda principal para todas as transações internacionais, virando o centro do sistema. Desse modo, os países passaram a fixar o valor de suas moedas nacionais sempre em relação ao dólar dps EUA, com uma variação permitida de apenas 1%. E, verdade seja dita, isso trouxe estabilidade e previsibilidade para o comércio global durante anos.

E não apenas: o dólar não era só um papel; ele tinha lastro em ouro. O que isso significava? Que seu valor era garantido: 35 dólares correspondiam a uma “onça troy de ouro”, o que dava segurança e confiança a todo o sistema.

E para garantir que tudo isso funcionasse direitinho, foram criadas as duas instituições internacionais antes citadas: o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (também chamado de BIRD). Essas instituições se tornariam as guardiãs da nova ordem financeira, oferecendo suporte e fiscalizando o cumprimento das regras.

Bretton Woods não foi apenas um acordo entre governos. Foi o nascimento de uma nova arquitetura econômica internacional que moldaria o rumo da economia mundial por muitas décadas.

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Acordo de Bretton Woods e a hegemonia dos Estados Unidos

Com o dólar virando a moeda principal para as transações no mundo, o Acordo de Bretton Woods acabou sendo muito bom para os Estados Unidos. Na prática, os EUA passaram a ter um controle enorme sobre como o dinheiro circulava e funcionava no planeta.

Além disso, as grandes instituições que nasceram de Bretton Woods, como o Banco Mundial e o FMI, sempre estiveram sob forte influência americana. E como esses organismos, com o tempo, acabaram “orientando” a economia de países mais pobres, isso só reforçou a liderança dos EUA na economia global.

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O fim de Bretton Woods

O sistema que nasceu em Bretton Woods até que segurou as pontas por umas duas décadas. Foi um período de bastante estabilidade para as moedas e ajudou a economia global a se reerguer depois da guerra. Mas, lá pela segunda metade dos anos 1960, a coisa começou a desandar.

O problema principal? As finanças dos Estados Unidos começaram a dar sinais de fraqueza. Com o dólar perdendo valor aos poucos, todos os países que tinham suas moedas atreladas a ele começaram a sentir o baque dessa instabilidade.

Para bancar os gastos públicos e dar um gás na economia interna, os EUA começaram a imprimir muito dólar. E isso bagunçou tudo, porque, para manter o câmbio fixo com o dólar, os outros países também tinham que imprimir suas próprias moedas, gerando uma inflação mundial e aumentando a tensão econômica.

Crise de Confiança

A desconfiança foi crescendo porque o dólar, que deveria ter seu valor garantido em ouro, já não parecia tão sólido assim. Mais e mais países e investidores queriam trocar seus dólares por ouro, e os EUA simplesmente não tinham ouro suficiente para atender a todo mundo. A pressão era imensa.

A situação ficou insustentável em 1971, quando países como a Alemanha Ocidental e a França começaram a fazer exatamente isso: trocar muitos dólares por ouro. Foi aí que o então presidente americano, Richard Nixon, tomou uma decisão drástica: suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro. Esse ato, conhecido como “choque Nixon”, marcou o fim oficial do sistema de Bretton Woods e abriu as portas para o sistema de câmbio flutuante que conhecemos hoje.

Foi como se, de repente, o mundo financeiro tivesse que aprender a nadar sem bóia, sem aquele lastro no ouro que dava tanta segurança.

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Legado do Acordo de Bretton Woods

Mesmo tendo chegado ao fim lá em 1971, o Acordo de Bretton Woods ainda deixou suas marcas. E não são poucas. Ele ajudou a desenhar o jeito como o dinheiro circula no mundo até hoje. Dá para dizer que foi uma espécie de arquiteto do sistema financeiro moderno.

Um dos legados mais fortes foi a escolha do dólar como moeda principal nas transações internacionais. Mesmo sem estar mais ligado ao ouro, o dólar continua mandando no comércio global, nas finanças e nas reservas de muitos países. E isso, claro, garante aos Estados Unidos uma influência enorme no cenário mundial.

Outro ponto importante são as duas instituições que nasceram desse acordo e seguem super relevantes: o FMI e o Banco Mundial. O FMI ainda atua como uma espécie de “bombeiro”, ajudando países a enfrentarem crises financeiras. Já o Banco Mundial continua sendo um dos grandes financiadores do desenvolvimento em países emergentes. A origem e a importância deles vêm direto de Bretton Woods.

E tem também o espírito do acordo: a ideia de cooperação internacional e busca por estabilidade para evitar grandes crises. Mesmo que o sistema de câmbio fixo tenha ficado no passado, essa noção de que os países precisam trabalhar juntos pra enfrentar os desafios globais continua mais atual do que nunca. Bretton Woods, sem dúvida, foi um divisor de águas na economia mundial.

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Fontes: Suno, Scielo, Politize, Clipping, Investopedia e Mais Retorno.

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