BDR: o que é e como funciona esse investimento?

4 de setembro de 2020, por Jaíne Jehniffer

Tempo de leitura médio: 6 min, 49 seg


BDR é o Brazilian Depositary Receipt. Na prática, eles são certificados negociados no Brasil e que representam ações de empresas internacionais.

Os BDRs

O Brazilian Depositary Receipt é um certificado de depósito emitido e negociado no Brasil. Ele representa as ações de empresas listadas na bolsa de outros países como, por exemplos, na NYSE e na NASDAQ, nos EUA.

Portanto, os BDRs na prática são recibos de ações de empresas internacionais. Logo, funciona como uma forma dos brasileiros investirem em empresas internacionais.

Este não é um ativo novo no mercado. No entanto, antes ele era restrito apenas aos investidores qualificados, isto é, que tinham mais de R$ 1 milhão em investimentos.

Contudo, com as novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esse ativo está liberado para todos os investidores.

Sendo assim, por meio dos BDRs você pode investir em empresas famosas tais como Google, Facebook e Apple. Para você ter uma ideia, hoje existem cerca de 600 BDRs na bolsa brasileira.

Um detalhe importante é que os BDRs representam ações das empresas e não das empresas em si. Essas ações ficam depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira que atua como custodiante.

Como o BDR funciona?

Os BDRs funcionam como uma forma de investir em certificados que representam ações de empresas listadas no exterior.

Basicamente, eles são títulos emitidos no Brasil, com lastro em ativos emitidos fora do país. Portanto, ao investir em BDRs você não está comprando ações da empresa internacional.

Na verdade, você está adquirindo títulos que representam essas ações e não a ação em si.

A emissão desses títulos ocorre por instituições depositárias. Em síntese, elas são responsáveis por comprar as ações no exterior e garantir que os BDRs sejam realmente lastreados nesses títulos.

Para que isso ocorra, as depositárias devem depositar e bloquear as ações em uma instituição fora do país, chamada de instituição custodiante, que fica responsável pela guarda desses títulos.

Quem faz a emissão de BDRs?

A emissão de BDRs envolve duas instituições: a custodiante e a depositária. Em resumo, a Instituição Custodiante fica no país de origem das ações internacionais.

Em resumo, a sua função é comprar ações na bolsa do país para que elas sirvam como garantia de BDRs no Brasil.

Por outro lado, a Instituição Depositária é a emissora. Sendo assim, ela fica aqui no Brasil e é a responsável por fazer a emissão e o cancelamento dos BDRs junto à B3.

Tipos de BDR

Os tipos de BDRs são:

1- Patrocinado

Essa categoria se refere às empresas de capital aberto, ou seja, donas das ações que contratam uma instituição financeira depositária.

Portanto, é a empresa que tem interesse em ter investidores brasileiros investindo nela. Esse tipo de BDRs pode, ainda, ser dividido em níveis 1, 2 e 3. 

Primeiro nível

Esse tipo de BDRs patrocinados, não precisam estarem registrados na CVM.

Contudo, eles só têm a autorização de serem negociados em segmentos criados exatamente para esse tipo de papéis na bolsa ou em mercados de balcão não organizado.

Por outro lado, se forem vendidos em oferta pública, eles devem ser de esforços restritos

Ou seja, esse nível de investimento tem menos burocracia, porém, tem limitação de 50 investidores para comprar.

Ainda no nível 1, se faz necessário a divulgação de informações que sejam obrigatórias no país de origem para os investidores brasileiros, por meio da instituição depositária. 

Segundo e terceiro nível

Diferentemente do nível 1, os níveis 2 e 3 precisam ser registrados na CVM. Por outro lado, eles não precisam ser vendidos em um segmento específico, como ocorre no nível 1.

Ou seja, os níveis 2 e 3 podem ser negociados em balcão negociado ou no pregão na bolsa.

Além disso, esses níveis precisam seguir as normas de governança e transparência da CVM. Contudo, existe uma diferença entre os níveis 2 e 3.

Dessa maneira, os níveis 2 só podem ser alvo de ofertas públicas com esforços restritos. Já no nível 3, as ofertas públicas podem ser amplas. Qualquer tipo de investidor pode participar de ambas as ofertas.

2- Não patrocinado

Diferente do patrocinado, o não patrocinado é uma iniciativa das instituições financeiras. A maioria dos BDRs na B3 não é patrocinado. Uma particularidade é que todos os não patrocinados são do tipo nível 1.

As instituições depositárias que criam programas de BDRs não patrocinados, visam proporcionar mais variedade de investimento para os clientes.

Portanto, é ela a responsável por divulgar informações sobre a empresa emissora das ações. Qualquer investidor pode aplicar nesse tipo de BDR.

Diferenças entre BDR e ETF

Como existem muitas siglas no mercado financeiro, você pode acabar confundindo CDB com ETF. Para evitar isso, vamos primeiro entender o significado de cada uma das siglas.

BDR é Brazilian Depositary Receipt. Em contrapartida, o ETF é o Exchange Traded Fund. Como você já sabe, os BDRs representam ações de empresas listadas no exterior.

Já os ETFs são um tipo de fundo que acompanha um índice. Sendo que existem ETFs que acompanham os mais diferentes índices, inclusive o S&P 500, um importante índice dos EUA.

Enfim, existem ETFs aqui no Brasil e no exterior. Logo, você pode investir nos dois tipos.

Vantagens e desvantagens

Algumas vantagens de investir em BDRs são:

  • Acesso mais fácil aos ativos de empresas listadas no exterior sem ter de pagar os custos relacionados a investimentos internacionais;
  • Possibilidade de investir em títulos listados no exterior, por meio de operações aqui no Brasil.
  • É uma forma de diversificar a carteira.

No entanto, os BDRs são um tipo de ativo de renda variável. Portanto, existe o risco da volatilidade. Isto é, a alta e baixa nos preços dos ativos.

Sendo assim, para investir em BDRs é essencial que você estude sobre a empresa, sobre o mercado e esteja sempre de olho nas suas aplicações.

Tributação e custos

A tributação de BDRs é de 15% em cima dos ganhos nas negociações. Sendo que essa alíquota existe mesmo em transações inferiores a R$ 20 mil.

Além disso, se as negociações forem do tipo Day Trade, então a alíquota de IR é de 20% em cima dos ganhos nas operações.

Se houver a distribuição de proventos para os acionistas, ocorre o repasse do valor para o investidor brasileiro, segundo as regras de tributação do país de origem da empresa.

Já em relação aos custos da operação, o investidor tem o custo da taxa de corretagem, a taxa de custódia e os emolumentos da B3. Sendo que, a taxa de corretagem varia de acordo com a corretora.

Quanto aos custos dessa operação, o investidor poderá arcar com a taxa de corretagem – que varia de acordo com a corretora –, a taxa de custódia e os emolumentos devidos à B3.

Como investir em BDR

Primeiramente, antes de realizar qualquer tipo de investimento, é importante analisar o seu perfil de investidor e, então, ver qual melhor investimento para o seu perfil.

O perfil não serve como uma obrigação de investir apenas em determinado tipo, contudo, ele basicamente serve para evitar frustrações futuras.

Posteriormente, assim como em outros tipos de investimentos, você precisa abrir uma conta em uma corretora de valores. Depois disso, escolha com calma e deliberadamente os BDRs que te agradam e invista. 

Gostou de saber sobre os BDRs? Então veja o vídeo e descubra outras formas de investir no exterior:

Enfim, agora que você sabe como investir em empresas do exterior através de BDRs, aproveite para descobrir como investir no exterior.

Fontes: Infomoney, Remessa online, Nubank, Infomoney e Suno