Consórcio ou financiamento: qual dos dois escolher?

7 de março de 2023, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 9 min, 18 seg


A escolha entre consórcio ou financiamento é uma questão frequentemente enfrentada por aqueles que desejam adquirir um bem por meio de um desses dois métodos.

O consórcio e o financiamento são amplamente utilizados para adquirir bens de alto valor, no entanto, nenhum deles é considerado a opção ideal. O mais recomendável é focar em investir para atingir seus objetivos financeiros.

Apesar disso, ambos apresentam vantagens e desvantagens. Por exemplo, o financiamento oferece a vantagem de proporcionar acesso mais rápido ao bem desejado, mas traz o inconveniente dos altos juros.

Portanto, a escolha entre os dois deve ser feita com cuidado, ponderando os prós e contras de cada um. É importante lembrar que o ideal é investir em vez de contrair dívidas.

O que é e como funciona o consórcio?

Um consórcio é uma modalidade de aquisição baseada na união de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, que formam um grupo com o objetivo comum de adquirir um bem ou serviço. Todos os integrantes contribuem mensalmente com um valor determinado, formando uma poupança comum a todos.

A gestão destes grupos é feita por administradoras de consórcios, instituições que precisam de autorização do Banco Central para funcionar e são fiscalizadas pela autoridade monetária.

No consórcio, os membros do grupo pagam parcelas periódicas para formar o fundo comum que permite a compra de bens ou serviços. O prazo e o número de cotas são preestabelecidos. O valor do item é dividido pela duração do consórcio e cada integrante paga uma fração dele.

Mensalmente (ou em outra periodicidade prevista em contrato), a administradora sorteia parte do fundo para um ou mais participantes comprarem o item. Nestas ocasiões, integrantes podem dar lances e, caso vencedores, são também contemplados.

O consórcio é uma inovação brasileira, formalizada na década de 1960 por colaboradores do Banco do Brasil que se uniram para criar um fundo com recursos adequados para adquirir automóveis para todos. Com o passar do tempo, outros tipos de bens, como eletrônicos, imóveis e serviços, foram gradualmente incorporados ao sistema.

Quais são as vantagens do consórcio?

O consórcio não é uma opção muito boa, o melhor é investir o seu dinheiro. No geral, o consórcio costuma ser pior do que o financiamento. Inclusive, aqui no Investidor Sardinha, já temos um texto explicando direitinho o porque consórcio não vale a pena. Apesar de tudo, o consórcio conta com algumas vantagens:

  • Redução da carga tributária: A única taxa extra é para a manutenção do consórcio que, frente ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e aos juros, normalmente praticados pelos bancos, é bem menor.
  • Flexibilidade: Esse tipo de negócio permite que o prazo de pagamento seja adequado à realidade de cada investidor.
  • Poder de compra à vista: Apesar de parcelar o produto, o pagamento do bem será à vista.
  • Planejamento da compra: O consumidor consegue se programar para a quitação da aquisição do bem com parcelas menores e livres de juros.
  • Poder de antecipação da compra: Se sobrar um dinheiro extra durante o consórcio, é possível adiantar a sua contemplação.
  • Sem juros: Diferentemente dos financiamentos, as parcelas de um consórcio não têm juros.
  • Não precisa pagar entrada: No consórcio, você paga somente as parcelas.
  • Parcelas mais baixas que a de um financiamento.
  • Permite a antecipação de parcelas, caso o cotista deseje receber antes do prazo sua carta de crédito.
  • Permite poupar dinheiro e manter a disciplina financeira. Coisa que o investimento também permite, e de forma bem mais eficaz.

E quais são as desvantagens?

O consórcio tem várias desvantagens, tais como:

  • Demora na conquista do bem: Quando se adquire um consórcio, uma das desvantagens é de que a conquista do bem pode demorar.
  • Contar com a sorte: Você depende da sorte para receber a sua carta de crédito
  • Alto valor em dinheiro disponível para dar lances: Para dar lances e antecipar a carta de crédito, é preciso ter alto valor em dinheiro disponível.
  • Desistência demorada e burocrática: A desistência de um Sistema de Consórcio é demorada e burocrática, e ainda incide o pagamento de multa caso desista depois dos sete primeiros dias.
  • Possibilidade de inadimplência: Uma grande desvantagem do consórcio é a possibilidade de inadimplência, o que pode resultar no cancelamento do contrato e na perda dos valores já pagos.
  • Cobrança de multas e juros em caso de atraso no pagamento das parcelas: A administradora pode cobrar multas e juros em caso de atraso no pagamento das parcelas, tornando o modelo mais oneroso do que o previsto inicialmente.

O que é e como funciona o financiamento?

O financiamento é uma modalidade de crédito que envolve um contrato entre quem precisa de dinheiro (pessoa física ou jurídica) e uma instituição financeira capaz de fornecê-lo, como bancos e cooperativas. É usado para fins específicos, como a compra de um imóvel ou de um veículo.

A pessoa que recorre a essa opção consegue adquirir bens de alto valor, mas com condições facilitadas de pagamento. A dívida é quitada aos poucos, em prestações acrescidas de juros. E o bem financiado é a garantia do negócio. Assim, se por acaso o cliente atrasar as parcelas ou cair na inadimplência, o produto poderá ser tomado pela instituição financeira e até ir a leilão.

Os principais tipos de financiamento que existem são:

  • Imóvel
  • Veículos
  • Equipamentos
  • Estudantil

Quais são as vantagens dele?

A principal vantagem é que, após pagar a entrada, você pode parcelar o restante do valor em linhas de médio e longo prazo, a depender das condições do contrato. Mas há também outras vantagens:

  • Aquisição imediata do bem: Diferente do consórcio, assim que a compra é aprovada, o consumidor já pode utilizar o carro ou o imóvel financiado.
  • Prazos mais longos: Prazos mais longos de até 35 anos, quando se trata de financiamento imobiliário e até 5 anos para financiamento de veículos.
  • Taxas baixas: Especialmente em tempos de Selic na mínima histórica.
  • Pagamento antecipado das parcelas: As parcelas do financiamento podem ser pagas de forma antecipada, caso queira.
  • Menos juros com maior entrada: Quanto maior a entrada, menor serão os juros pagos.

E as desvantagens?

As principais desvantagens do financiamento são:

  • Taxas de juros altas: Mesmo que as parcelas sejam fixas, nelas são inseridos juros elevados, considerando o valor do bem no momento da compra.
  • Burocracia mais presente: As instituições financeiras exigem vários documentos para aprovar o crédito.
  • Risco maior de perder o bem: Se o investidor não pagar as parcelas do financiamento em dia, corre o risco de devolver o bem adquirido para quitar as dívidas com a instituição financeira.
  • Mais chances de ficar com o nome sujo: As parcelas afetam, sem dúvida, o orçamento do investidor por causa dos juros. Esse aspecto eleva também o risco de inadimplência.
  • Menos condições de aplicar o dinheiro: A taxa de juros do financiamento faz com que os investidores necessitem de muita cautela para aplicar o dinheiro em outras iniciativas.
  • Alto pagamento de entrada: Em alguns casos, o valor exigido equivale a 20% ou 30% do preço do bem.
  • Cobrança de taxa de financiamento imobiliário, juros com base na Selic e/ou no IPCA.

Então, qual dos dois escolher?

A escolha entre consórcio e financiamento depende muito do seu perfil, necessidades e condições financeiras. Aqui estão alguns pontos a considerar:

Consórcio pode ser uma boa opção se você:

  • Não tem urgência em adquirir o bem.
  • Tem disciplina para guardar dinheiro, mas tem dificuldade para juntar uma grande quantia sozinho.
  • Não tem dinheiro para dar uma entrada alta.
  • Quer evitar o pagamento de juros altos.

Financiamento pode ser uma boa opção se você:

  • Precisa do bem imediatamente.
  • Pode pagar uma entrada alta.
  • Tem condições de arcar com as parcelas e os juros.
  • Apresenta um bom histórico de crédito, o que pode facilitar a aprovação do financiamento.

Assim, é importante considerar suas necessidades e circunstâncias individuais ao escolher a melhor opção para você. É sempre recomendável buscar a orientação de um consultor financeiro ou realizar uma pesquisa aprofundada antes de tomar uma decisão.

Conclusão:

Nenhum dos dois. Tanto o consórcio quanto o financiamento são opções ruins. O consórcio é sempre ruim, mas o financiamento pode ser vantajoso em raras situações. Por isso, vale a pena analisar as condições oferecidas e, principalmente, a taxa de juros cobrada.

Em muitos casos, as pessoas optam pelo consórcio por acreditar que esse é um tipo de investimento, mas na verdade não é. Prefira estudar sobre investimentos e aprender a ter controle financeiro, assim você pode investir e comprar o bem que deseja.

Se você ainda pretende escolher uma das duas opções, o ideal é analisar alguns fatores como, por exemplo, as condições que estão sendo oferecidas.

Muitas vezes as pessoas optam pelo financiamento por causa da possibilidade do acesso rápido ao bem. Logo, o financiamento costuma ser mais usado por quem deseja ter acesso ao bem e pagar por ele depois. A vantagem é que você tem acesso ao bem rápido, mas os juros podem ser bem altos.

Existem melhores opções?

Sim. A melhor opção é investir com o intuito de realizar o seu objetivo financeiro. Você pode investir em títulos de renda fixa ou ativos de renda variável, lembrando sempre de diversificar a carteira e respeitar seu perfil de investidor.

Vamos supor que você queira financiar uma casa. Dependendo da taxa de juros, você acaba pagando quase o dobro do valor da casa.

Além disso, as parcelas do financiamento podem pesar no orçamento, até porque essa é uma dívida de longo prazo. Portanto, ao invés de financiar uma casa, você poderia morar de aluguel e investir todos os meses.

No longo prazo, você pode investir uma quantia suficiente para comprar a casa, sem precisar se endividar. Até porque, a gente nunca sabe como será o futuro e fazer uma conta de longo prazo é sempre um risco. No entanto, a escolha entre financiar um bem ou entrar em um consórcio depende de você.

Por isso, não deixe de analisar a sua situação financeira e as condições oferecidas no financiamento e no consórcio. Para finalizar, assista ao vídeo de Raul Sena, o Investidor Sardinha, e entenda porque o consórcio não vale a pena:

Fontes: Valor Investe, Santander, Terra Investimentos, Inteligência Financeira, Idinheiro