Empresa de capital aberto: o que é e como funciona?

As empresas de capital aberto são as empresas que realizaram o processo de IPO e possuem suas ações na bolsa de valores brasileira. A principal diferença entre uma empresa comum e uma de capital aberto, é justamente o recebimento de sócios através da disponibilidade de suas ações na B3.

18 de novembro de 2020 - por Sidemar Castro


As empresas de capital aberto são as companhias com ações disponíveis para negociação na bolsa de valores brasileira. 

Para que possa ser considerada uma empresa de capital aberto, a companhia precisa realizar a IPO. É através dela que a empresa se adequa à uma série de critérios estabelecidos pela B3 e passa a ser negociada na bolsa. 

Geralmente, as empresas que fazem a abertura de capital, estão em busca de recursos. Apesar de existirem outras maneiras de conseguir verba para financiar seus projetos, a IPO possui vantagens que os meios tradicionais não têm. Entenda melhor. 

O que é uma empresa de capital aberto?

As empresas de capital aberto são as empresas que realizaram o processo de IPO e possuem suas ações na bolsa de valores. A principal diferença entre uma empresa comum e uma de capital aberto, é justamente o recebimento de sócios através da disponibilidade de suas ações na B3. 

Ou seja, ao abrir o capital, as companhias vendem parcelas da empresa, chamadas de ações. Com isso, novos sócios minoritários entram na companhia. Geralmente, as empresas fazem a abertura de capital como uma forma de conseguir dinheiro para investir em seu crescimento. 

IPO

O processo de abertura de capital é chamado de IPO – Initial Public Offering que, em português, significa: Oferta Pública Inicial. Apesar de ser um processo longo e caro, onde a empresa passa por uma série de reformulações e burocracias para se adequar aos padrões da bolsa de valores, ele costuma ser preferível aos meios tradicionais.  

Podemos dividir a disponibilização de ações em duas etapas: 

Oferta primária: ocorre quando a empresa passa pelo processo de abertura de capital e disponibiliza suas ações. Nesse caso, como a empresa está vendendo suas ações para os investidores, o dinheiro vai para o caixa da companhia. 

Oferta secundária: A oferta secundária ocorre quando a primária acaba. Ou seja, após a venda das ações, a empresa sai de cena e o mercado secundário começa.

Desse modo, como não tem mais o envolvimento da empresa, o dinheiro não vai para o caixa da companhia. Portanto, as negociações são entre investidores. Isso significa que o dinheiro circula entre os investidores, que buscam comprar as ações na baixa e realizar a venda na alta. 

Ações

As ações, também chamadas de papéis, são pequenas frações da empresa de capital aberto. Elas são os ativos mais conhecidos e negociados na bolsa de valores. Podemos dividir as ações em dois tipos com benefícios diferentes: 

Ações preferenciais (PN): As ações preferencias são as queridinhas de muitos investidores, pois, elas possibilitam a prioridade no recebimento de dividendos. Os dividendos, por sua vez, são partes dos lucros das empresas distribuídos aos acionistas. 

Ações ordinárias (ON): As ações ordinárias, ao contrário das ações preferenciais, não possuem prioridade no recebimento de proventos. No entanto, elas trazem consigo o poder de voto nas assembleias de acionistas. 

Que tipo de empresa pode abrir o capital?

Qualquer empresa pode abrir o capital, desde que atenda a certos requisitos. Em resumo, as empresas que desejam vender ações na bolsa de valores devem ser organizadas como sociedades anônimas (S.A.), estar financeiramente saudáveis e seguir as regras do mercado. Vamos entender melhor:

  • Formato legal: A empresa precisa ser uma sociedade anônima, pois é esse modelo que permite a emissão de ações. Se for uma sociedade limitada (LTDA), será necessário fazer a transformação para S.A.
  • Transparência e governança: Empresas que abrem o capital precisam ser transparentes com suas informações financeiras e operacionais. Por isso, elas devem seguir boas práticas de governança corporativa, como ter conselhos administrativos, auditar as contas e divulgar relatórios regularmente.
  • Viabilidade financeira: A empresa deve ter um histórico de lucros ou pelo menos um potencial claro de crescimento. Investidores compram ações esperando retorno, então a empresa precisa mostrar que é capaz de gerar resultados.
  • Tamanho e estrutura: Não há um tamanho mínimo obrigatório, mas abrir o capital envolve custos altos. Por isso, geralmente empresas de médio a grande porte conseguem arcar com essas despesas e se beneficiar do processo.
  • Cumprimento de leis: É necessário seguir as normas estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil. A empresa deve registrar-se na CVM e preparar um prospecto, que é um documento com todas as informações sobre o negócio.

Empresas de diferentes setores, como tecnologia, varejo, energia ou saúde, podem abrir o capital, desde que atendam a esses critérios. O principal é que estejam preparadas para lidar com a responsabilidade de ser uma companhia pública.

Como abrir o capital de uma empresa?

Abrir o capital de uma empresa, também conhecido como fazer um IPO (Initial Public Offering), é um processo que permite à empresa vender ações ao público e listar-se na bolsa de valores. Vamos seguir os passos para entender como isso funciona.

Passo 1: Preparação Interna

  • Avaliação da Empresa: Antes de tudo, é essencial avaliar a saúde financeira e operacional da empresa. Isso inclui revisar finanças, processos e governança corporativa.
  • Estruturação Interna: Ajuste a estrutura organizacional e os processos internos para atender aos padrões exigidos pelas bolsas de valores e reguladores.

Passo 2: Escolha de Consultores e Subscriptores

  • Contratação de Consultores: Contrate advogados, contadores e consultores financeiros experientes em IPOs. Eles ajudarão a preparar a documentação necessária e a garantir a conformidade regulatória.
  • Engajamento de Bancos de Investimento: Escolha bancos de investimento que serão os subscritores do IPO. Eles ajudarão a definir o preço das ações e a atrair investidores.

Passo 3: Documentação e Registro

  • Prospecto: Prepare um prospecto detalhado, que é um documento legal que fornece informações sobre a empresa, suas finanças, riscos e planos futuros. Este documento será usado para atrair investidores.
  • Registro na CVM: Registre a empresa e o prospecto na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A CVM revisará a documentação e garantirá que todas as informações exigidas sejam fornecidas.

Passo 4: Roadshow e Marketing

  • Roadshow: Conduza uma série de apresentações para potenciais investidores, conhecidas como roadshows. Isso ajuda a gerar interesse e a explicar os méritos do investimento na empresa.
  • Campanha de Marketing: Utilize várias plataformas de marketing para promover o IPO e atrair o interesse do público.

Passo 5: Precificação e Lançamento

  • Definição do Preço: Em conjunto com os bancos de investimento, defina o preço das ações com base na demanda do mercado e na avaliação da empresa.
  • Listagem na Bolsa: Após definir o preço, as ações são oficialmente listadas e começam a ser negociadas na bolsa de valores escolhida.

Passo 6: Pós-IPO

  • Governança e Transparência: Mantenha uma governança robusta e a transparência na comunicação com os acionistas. Isso inclui a divulgação regular de resultados financeiros e outras informações importantes.
  • Cumprimento Regulatório: Continue a cumprir todas as exigências regulatórias e a garantir que a empresa opere de acordo com as normas do mercado de capitais.

Quais são os custos para uma empresa abrir o capital?

Os custos para uma empresa abrir o capital no Brasil, por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO), podem variar significativamente, mas em média representam entre 2,5% a 5,6% do valor total captado. Esse percentual é diluído em ofertas maiores, onde os custos relativos diminuem. Por exemplo, ofertas acima de US$ 1 bilhão tendem a ter custos percentuais menores em comparação com ofertas menores, que podem alcançar até 11,7% nos Estados Unidos.

Os principais componentes dos custos são:

  • Comissões: As comissões dos bancos coordenadores da oferta são o maior componente dos custos, representando cerca de 80% do total. Isso inclui taxas de colocação, coordenação e garantia de liquidação.
  • Honorários Profissionais: Despesas com advogados e auditores também são significativas. Historicamente, os honorários de advogados representam cerca de 0,41% do valor distribuído em IPOs.
  • Taxas Regulatórias e de Manutenção: Após a abertura de capital, as empresas devem arcar com custos anuais para manter sua condição como companhia aberta. Esses custos variam conforme o tamanho e a receita da empresa, podendo chegar a R$ 800 mil para empresas com faturamento abaixo de R$ 300 milhões, enquanto empresas maiores podem gastar até R$ 3,85 milhões anualmente.

Abrir capital no Brasil é geralmente mais barato do que nos Estados Unidos. Enquanto as empresas brasileiras gastam menos em média para abrir e manter seu status como empresa pública, os custos nos EUA podem ser significativamente mais altos, com muitas empresas relatando gastos anuais entre US$ 1 milhão e US$ 1,9 milhão.

Quais são as vantagens de abrir o capital de uma empresa?

1) Acesso a Recursos Financeiros Ampliados

Abrir o capital permite captar grandes somas de dinheiro por meio da venda de ações na bolsa de valores. Esses recursos podem ser usados para expandir operações, investir em novos projetos ou até adquirir outras empresas.

2) Melhoria da Visibilidade e Reputação

Empresas listadas ganham maior reconhecimento no mercado. Isso fortalece a credibilidade e pode atrair novos clientes, parceiros e investidores.

3) Diversificação das Fontes de Capital

Com o capital aberto, a dependência de financiamentos bancários ou de um pequeno grupo de investidores diminui. Isso reduz os riscos financeiros e melhora a flexibilidade para enfrentar crises.

4) Facilidade para Atrair e Reter Talentos

Oferecer ações ou opções de ações como parte de pacotes de remuneração é um atrativo para profissionais qualificados. Isso ajuda a formar equipes mais engajadas e alinhadas aos objetivos da empresa.

5) Possibilidade de Liquidez para os Sócios

Abrir o capital cria uma oportunidade para que sócios e investidores iniciais vendam parte de suas ações no mercado, realizando lucros sem perder totalmente o controle do negócio.

6) Valorização do Negócio

Com a empresa sendo avaliada publicamente, a percepção de valor tende a aumentar. Essa valorização pode facilitar futuras emissões de ações ou negociações com parceiros estratégicos.

7) Governança Corporativa Aprimorada

Para ser listada na bolsa, a empresa precisa adotar práticas de governança corporativa. Isso aumenta a transparência, melhora a gestão e fortalece a confiança dos stakeholders.

8) Acesso a Mercados Globais

A listagem em bolsas internacionais pode abrir portas para atuar em outros países, atrair investidores estrangeiros e expandir a atuação globalmente.

9) Capacidade de Financiamento Contínuo

Após abrir o capital, a empresa pode realizar novas emissões de ações no futuro, obtendo mais recursos sem precisar recorrer a endividamento.

10) Fortalecimento da Marca

A presença no mercado de capitais gera maior exposição na mídia e entre investidores. Isso reforça a marca e pode impulsionar vendas e parcerias comerciais.

E quais são as desvantagens?

1) Altos Custos de Estruturação e Manutenção

Abrir o capital exige um investimento inicial elevado, com despesas relacionadas a auditorias, consultorias, taxas regulatórias e outras formalidades. Além disso, manter uma empresa listada gera custos contínuos, como relatórios financeiros e conformidade regulatória.

2) Perda de Controle pelos Fundadores

A venda de ações dilui a participação dos sócios originais, o que pode resultar em perda de controle sobre decisões estratégicas, especialmente se acionistas minoritários forem influentes.

3) Exigências de Transparência e Divulgação

Empresas de capital aberto devem divulgar informações detalhadas sobre sua operação, finanças e estratégias. Isso pode expor segredos comerciais ou informações sensíveis aos concorrentes.

4) Pressão para Resultados de Curto Prazo

A necessidade de atender às expectativas dos acionistas e analistas pode levar a decisões focadas no curto prazo, em vez de priorizar o crescimento sustentável e a visão de longo prazo.

5) Riscos de Valorização Volátil

O preço das ações pode variar por motivos fora do controle da empresa, como condições econômicas, mudanças políticas ou flutuações no mercado. Isso pode afetar a confiança de investidores e a reputação da companhia.

6) Aumento da Complexidade na Gestão

Empresas listadas precisam lidar com mais regulamentos, acionistas diversificados e assembleias gerais. Essa complexidade pode tornar a administração mais burocrática e demorada.

7) Risco de Aquisição Hostil

Com ações disponíveis no mercado, outras empresas ou investidores podem comprar uma participação significativa e tentar tomar o controle da organização sem o consentimento dos fundadores.

8) Possibilidade de Conflitos com Acionistas

As expectativas dos acionistas podem divergir das metas da empresa, gerando conflitos sobre a estratégia de negócios, distribuição de lucros e outras decisões importantes.

9) Exposição a Multas e Sanções Regulatórias

Qualquer falha em cumprir as exigências legais pode resultar em penalidades significativas, prejudicando a imagem da empresa e suas finanças.

10) Perda de Privacidade

A obrigatoriedade de divulgar dados financeiros, estratégias e decisões reduz a privacidade empresarial, expondo a companhia a críticas e escrutínio público constante.

Quais são as 20 empresas brasileiras mais valiosas de capital aberto?

Aqui estão as 20 empresas brasileiras mais valiosas de capital aberto, com base no valor de mercado:

  1. 1) Petrobras – R$ 389,2 bilhões
  2. 2) Itaú Unibanco – R$ 254,5 bilhões
  3. 3) Banco do Brasil – R$ 194,3 bilhões
  4. 4) Vale – R$ 162,7 bilhões
  5. 5) Ambev – R$ 151,2 bilhões
  6. 6) B3 – R$ 130,8 bilhões
  7. 7) Braskem – R$ 120,5 bilhões
  8. 8) Cosan – R$ 118,9 bilhões
  9. 9) Ultrapar – R$ 117,6 bilhões
  10. 10) Gerdau – R$ 115,3 bilhões
  11. 11) Cielo – R$ 110,2 bilhões
  12. 12) BR Malls – R$ 108,7 bilhões
  13. 13) Raia Drogasil – R$ 107,5 bilhões
  14. 14) BRF – R$ 105,9 bilhões
  15. 15) WEG – R$ 103,8 bilhões
  16. 16) Copasa – R$ 101,2 bilhões
  17. 17) Sabesp – R$ 99,6 bilhões
  18. 18) Eletrobras – R$ 98,3 bilhões
  19. 19) BR Properties – R$ 97,1 bilhões
  20. 20) Petróleo Ipiranga – R$ 96,5 bilhões

Diferenças entre empresa de capital aberto e de capital fechado?”

No capital aberto, as ações são negociadas publicamente em bolsas de valores, permitindo que qualquer pessoa compre e venda ações da empresa. Isso aumenta a liquidez e a visibilidade da empresa no mercado.

Já no capital fechado, as ações não são negociadas em bolsa. Em vez disso, a propriedade é restrita a um grupo limitado de acionistas, muitas vezes familiares ou investidores privados, resultando em menor liquidez.

Com relação a transparência e regulamentação, as empresas de capital aberto são obrigadas a divulgar informações financeiras e operacionais regularmente, seguindo regulamentações rigorosas. Isso garante maior transparência para os investidores. No capital fechado, não são obrigadas a divulgar informações ao público, o que permite maior privacidade nas operações e decisões estratégicas.

No capital aberto, elas possuem uma estrutura de governança mais complexa, com assembleias gerais de acionistas e conselhos de administração que supervisionam as operações da empresa. Já no capital fechado, a gestão tende a ser mais direta e menos sujeita a pressões externas, permitindo que os proprietários tomem decisões estratégicas sem interferências do mercado.

Quanto à captação de recursos, no capital aberto, facilitam a captação de recursos através da venda de ações ao público, o que pode acelerar o crescimento e a expansão da empresa. No capital fechado, dependem de um número limitado de investidores para levantar capital, o que pode dificultar o acesso a grandes somas de dinheiro.

Essas diferenças fundamentais ajudam as empresas a decidir qual estrutura se alinha melhor com seus objetivos estratégicos e necessidades financeiras.

Fontes: Infomoney, Pag Seguro, 4cinco, Remessa Online

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