6 de agosto de 2021 - por Jaíne Jehniffer
O hedge cambial é uma estratégia usada por investidores e empresas para se protegerem contra as variações das moedas estrangeiras, sobretudo o dólar, já que ele é a moeda mais usada internacionalmente.
Portanto, o objetivo ao realizar operações de hedge cambial é proteger o patrimônio contra a perda de dinheiro por causa das variações do dólar. Sendo que essa é uma estratégia muito importante para as empresas que atuam no mercado internacional.
Para essas empresas, as mudanças no dólar podem prejudicar o fluxo de caixa e as margens de lucro. Porém, ao fazer hedge, essas companhias conseguem uma certa previsibilidade.
O que é hedge cambial?
O hedge cambial, também conhecido como hedge financeiro, é uma estratégia de proteção de patrimônio contra as possíveis desvalorizações da moeda local. Em épocas de crises, a moeda de países emergentes geralmente perdem seu valor em relação às moedas mais fortes.
Isso porque, em cenários de crise, os investidores geralmente focam em ativos considerados mais seguros, como, por exemplo, o dólar e o euro, o que resulta no aumento da cotação das moedas. No entanto, por meio de uma estratégia de hedge é possível compensar os prejuízos de uma parte da carteira com os lucros de outra parte.
Algumas maneiras de fazer hedge cambial são: investindo no exterior, dólar futuro, saldo em conta internacional e fundos cambiais. Além do hedge cambial, existe também o hedge em commodities e hedge em ações.
No caso do hedge em commodities, o produtor compra ou vende contratos futuros com preços fixos para serem pagos em uma data futura. Em contrapartida, o hedge em ações é uma maneira de proteger a carteira contra as oscilações das ações na bolsa.
Como uma estratégia de proteção, o hedge surgiu no século XIX no mercado de commodities agrícolas. Na época, os produtores rurais de Chicago (EUA) adotaram esta prática como uma maneira de evitar as fortes quedas no preço da produção durante a safra, já que este é um período de grande oferta.
Desse modo, os produtores negociavam antecipadamente com os compradores os preços das commodities para uma entrega em data futura.
Sendo assim, caso ocorresse uma redução dos preços por causa do excesso de oferta frente a demanda, o faturamento do produtor já estaria garantido. Enfim, no mercado financeiro as ferramentas usadas como hedge foram aperfeiçoadas e resultaram em novos tipos de derivativos, como, por exemplo, os contratos futuros.
Como funciona o hedge cambial no mercado futuro?
O mercado futuro é um ambiente da B3 onde são negociados contratos futuros derivados de algum tipo de ativo. Como proteção em relação aos riscos cambiais, o investidor pode usar o dólar futuro, por exemplo. O contrato de dólar é negociado entre o comprador e o vendedor com vencimento em uma data futura.
Ao negociarem o contrato, eles devem estabelecer o prazo de liquidação e o preço futuro da moeda. Na prática, o comprador realiza a negociação por acreditar que o dólar vai subir no futuro, ao passo em que o vendedor acredita que o dólar vai cair.
Vale destacar que apesar de os contratos futuros de dólares serem considerados como uma forma de fazer hedge cambial, eles são uma operação arriscada que pode resultar em prejuízos.
Além disso, é preciso considerar que a realização de um hedge cambial no mercado de derivados envolve alguns custos operacionais, de spread bancário e do preço futuro do dólar. Quando o preço do dólar é definido pelo comprador e vendedor para uma data futura, não é possível determinar exatamente qual será o câmbio no vencimento.
Entretanto, alguns elementos que podem influenciar a taxa futura são avaliados, tais como a taxa à vista (spot), taxa de juros reais (pré) e taxa de juros em dólares (cupom cambial). A fórmula utilizada é a seguinte: Futuro (BRL/USD) = Spot (BRL/USD) x Juros (BRL) / Juros (USD).
Tipos e estratégias de hedge cambial
Alguns tipos de aplicações e estratégias usadas para fazer hedge cambial são:
1- Contratos futuros
Os contratos futuros de dólar são os mais utilizados pelos investidores que desejam se proteger das mudanças do preço do dólar. Sendo que, as operações levam em conta o valor estimado de quanto deve ficar a cotação do dólar nos meses seguintes.
2- Fundos cambiais
Essa é uma opção prática sobretudo para os investidores pessoa física, já que os fundos cambiais investem em ativos relacionados com a variação do câmbio.
3- Compra e venda
Se você pretende comprar algum produto cotado em dólar, você pode se proteger de uma possível desvalorização do real por meio da imobilização da quantia desejada para o hedge. Ou seja, é como comprar algo no futuro pelo preço atual. Nesse hedge financeiro por meio do congelamento da cotação, o vendedor e o comprador se protegem dentro do preço acordado e os dois se beneficiam.
4- Contratos de câmbio
A bolsa brasileira oferece contratos de câmbios futuros, onde o comprador paga de forma antecipada pelo direito de comprar lotes com valores de 50 mil dólares (contratos cheios) ou 10 mil dólares (mini contratos) pelo valor negociado no dia na B3, mas com uma data no futuro.
5- Fluxo de Caixa internacional
A manutenção de fluxo de caixa internacional funciona como um hedge para as empresas que operam em vários países.
6- Opções de dólar
As opções de dólar funcionam como uma espécie de direito de comprar um ativo por um valor fixo. Sendo que, o dono da opção paga uma parte do valor dos ativos e tem o direito de usá-lo até a data previamente estabelecida.
7- Swap cambial
Consiste na troca dos indexadores que remuneram o capital. Por exemplo, uma organização com dívidas em dólares que acredita que o dólar vai subir, pode fazer uma swap e trocar o indexador pela variação do câmbio. Desse modo, se o dólar se valorizar, o capital da companhia acompanhará a subida e a capacidade de pagamento da dívida no futuro estará garantida.
8- NDF
O Non Deliverable Forward (NDF) é um tipo de contrato a termo de moeda sem entrega física. Nesse tipo de operação, os envolvidos determinam de forma antecipada qual a taxa de câmbio para uma data futura. No vencimento o contrato é liquidado e quem teve prejuízo paga para a pessoa que teve lucro.
9- Trava de câmbio
Este tipo de operação é oferecida por vários bancos especializados em operações de câmbio. Ele funciona de maneira parecida com o NDF, mas o foco está nas empresas importadoras e exportadoras.
Como fazer o hedge cambial?
Para os investidores o hedge cambial pode ser usado como uma maneira de se proteger contra as variações do dólar. Por exemplo, se você vai viajar para o exterior, é possível usar ferramentas para garantir que o seu orçamento da viagem não será comprometido pelas oscilações do dólar.
Por outro lado, para as empresas que atuam no comércio exterior, fazer hedge cambial é fundamental, pois as flutuações do câmbio podem prejudicar o fluxo de caixa e as margens de lucro da companhia. Por exemplo, para uma empresa importadora, o dólar alto é ruim já que ela precisa repassar os custos para o cliente.
Já uma empresa exportadora, o dólar alto é vantajoso, pois indica maior lucro. Seja como for, fazer hedge cambial traz maior previsibilidade para o negócio. Enfim, para fazer uma operação de hedge, basta analisar as ferramentas disponíveis e escolher aquela que mais se encaixa nos seus objetivos e no nível de risco que você aceita correr.
Agora que você sabe o que é hedge cambial, aprenda como funciona o Aluguel de FIIs: o que é, como funciona, riscos e vantagens
Fontes: Clear, Confidence e Andre bona
Imagens: Uol, Capital research, Elite plus magazine, Martarello advogados, Portal folha da terra e Exame