Rendimento da poupança: tudo o que você precisa saber (2023)

O rendimento da poupança acontece sempre no dia do aniversário de depósito, com base em algumas regrinhas, saiba quais são elas.

19 de novembro de 2020 - por Jaíne Jehniffer


O rendimento da poupança é o retorno que a pessoa tem ao deixar o dinheiro na conta. Esse rendimento é feito de forma mensal, no dia do aniversário da aplicação.

Em relação ao valor do rendimento, isso varia de acordo com a taxa Selic, podendo ser equivalente a 70% da Selic mais a Taxa Referencial ou 0,05% ao mês mais a taxa referencial.

Apesar da poupança ser uma das aplicações mais usadas pelos brasileiros, o seu rendimento não é vantajoso. Na verdade, existem outros investimentos conservadores que proporcionam um retorno muito mais alto.

Muitas pessoas optam pela poupança devido à segurança desse tipo de investimento. Afinal, a caderneta conta com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). No entanto, alguns outros tipos de investimentos também contam com a garantia do FGC. 

Por fim, vale considerar que, apesar das diversas vantagens apresentadas pela poupança, a sua rentabilidade é somente nominal, o que significa que, ao optar por essa aplicação, o investidor está perdendo dinheiro.

Como funciona o rendimento da poupança?

O rendimento da poupança acontece por meio do aniversário de depósito, dessa forma, uma vez por mês, quando a aplicação completa um mês, ocorre a sua remuneração.

Portanto, caso seja feito o resgate do dinheiro antes da data de aniversário, não ocorre nenhuma remuneração. Mesmo que você mantiver o dinheiro em conta até um dia antes do aniversário, se você fizer a retirada, você não recebe os juros pelo período.

Historicamente falando, a época em que o rendimento da poupança foi mais interessante, foi nos anos 1990. No ano de 1995, por exemplo, o rendimento da poupança foi de 12,9% no mês de dezembro. Já em dezembro de 1996, a rentabilidade ficou em 5,27% e em 1997 ela foi para 11,56%.

Contudo, essa também foi a época em que a inflação estava muito alta no Brasil. Ou seja, apesar de apresentar um bom rendimento, o poder de compra ainda era corroído pela inflação.

Quanto está o rendimento da poupança hoje?

O rendimento da poupança em fevereiro de 2023 está em 0,71% mensal ou 8,05% anual. Na base mensal, ele é calculado como  0,5% ao mês + TR (0,2081%). 

O rendimento da poupança muda de acordo com a Selic, que é decidida pelo Copom. No entanto, no dia 1º de fevereiro de 2023 houve uma reunião do Copom e a taxa Selic não foi alterada, se mantendo em 13,75% ao ano.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias e a Selic é mantida ou alterada de acordo com a política monetária e a situação econômica do país.

A Selic impacta no rendimento da poupança, pois o retorno da caderneta tem como base a Selic. Em resumo, para depósitos realizados depois de 2012, existem duas regrinhas: 

  • Se a Selic estiver mais alta que 8,5%, o rendimento é: 0,5% ao mês + Taxa Referencial;

  • Se a Selic estiver abaixo ou igual a 8,5%, o rendimento será de: 70% da Selic + Taxa Referencial.

Quais são os cálculos feitos para saber o rendimento da poupança?

O cálculo de rendimento da poupança era diferente até o ano de 2012, chamada de poupança antiga. Na antiga regra, o rendimento seria calculado da seguinte maneira: 

  • Rendimento da poupança = Taxa de juros de 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR)

A Taxa Referencial foi criada em 1990, como uma ferramenta de controle da inflação. Sua função era similar à nossa atual taxa básica de juros, a Selic. Depois de 2012, o cálculo do rendimento da poupança passou a ser outro. Dessa maneira, para depósitos realizados depois de 2012, existem duas regrinhas: 

  • Se a Selic estiver mais alta que 8,5%, o rendimento é: 0,5% ao mês + Taxa Referencial;

  • Se a Selic estiver abaixo ou igual a 8,5%, o rendimento será de: 70% da Selic + Taxa Referencial.

A lógica é a seguinte: Com a taxa Selic alta, o rendimento da poupança aumenta, porém, a inflação também sobe. Com a taxa Selic baixa, os rendimentos ficam ainda mais desvantajosos. Enfim, para realizar esses cálculos de maneira rápida, basta acessar a Calculadora do Cidadão do Banco Central do Brasil (Bacen)

Quanto a poupança rendeu nos anos anteriores?

Se analisarmos historicamente, podemos perceber que a poupança não é tão rentável. É claro que em cenários de Selic alta, o retorno se mostrou mais atrativo. Mas mesmo assim, não é um retorno tão interessante quanto de outros ativos como, por exemplo, o tesouro direito e o CDB.

Confira abaixo o retorno da poupança desde 2012, que foi quando a regra de remuneração mudou:

Ano Rentabilidade Nominal Inflação Rentabilidade Real
2022 7,89% 5,79% 2,10%
2021 2,94% 10,06% -6,37%
2020 2,11% 4,52% –2,41%
2019 4,26% 4,31% –0,05%
2018 4,62% 3,75% 0,84%
2017 6,61% 2,95% 3,55%
2016 8,30% 6,29% 1,89%
2015 8,15% 10,67% -2,28%
2014 7,16% 6,41% 0,71%
2013 6,37% 5,91% 1,43%
2012 6,47% 5,84% 0,60%

Vale destacar que mesmo nos anos em que a poupança teve um retorno mais alto, ela ainda continuou tendo um rendimento ruim. Isso porque, nesses períodos, a inflação também estava mais alta, o que compromete o poder de compra da população e faz com que a poupança não tenha um ganho real.

O que influencia no rendimento da poupança?

O rendimento da poupança é influenciado pela Selic e o ganho real depende da inflação. A Selic influencia, pois ela é a taxa básica de juros da economia, sendo assim, ela afeta todas as demais taxas de juros do mercado, inclusive os juros pagos em investimentos e na poupança.

O ganho real, por sua vez, é quando o rendimento fica acima da inflação. O ganho real é muito importante para que o seu patrimônio suba de fato.

A lógica é que a inflação corrói o seu poder de compra, logo, para manter esse poder de compra, é preciso de investimentos com retorno acima do poder de compra que você perdeu. Se o investimento não ultrapassar o poder de compra que você perdeu, então você continua com o poder de compra reduzido.

Vantagens e desvantagens

Algumas vantagens fazem com que investir na poupança seja tão popular entre os brasileiros. A primeira vantagem é a praticidade, afinal, a poupança é uma conta no banco, por meio da qual você consegue fazer depósitos, saques e transferências. 

Além da praticidade, aplicar na poupança é um dos investimentos mais fáceis de serem realizados. Ou seja, basta ir até um caixa eletrônico para sacar o dinheiro. Os investimentos em poupança também são isentos de imposto de renda, o que se torna um atrativo.

Temos ainda a vantagem do baixo risco, já que a caderneta de poupança é protegida pelo FGC. Entretanto, o fundo garantidor protege apenas o limite de R$ 250 mil por CPF e instituição. Além disso, ela não exige valor mínimo a ser aplicado e o dinheiro pode ser resgatado a qualquer momento.

Por outro lado, o rendimento da poupança é uma desvantagem tão grande que suplanta algumas vantagens. Desse modo, quando a inflação está alta e os juros estão baixos, o rendimento é muito baixo ou negativo. 

Ao investir na poupança, o investidor não está protegido contra a inflação, que é a causadora da perda do poder de compra. Portanto, podemos dizer que, ao investir na poupança, o investidor está perdendo dinheiro. 

Por fim, vale ressaltar que algumas vantagens da poupança, como a proteção do FGC, também existem em outros tipos de investimentos. Além disso, alguns investimentos, como o tesouro direto, possuem uma liquidez bastante interessante, apesar de não ser imediata como a poupança. 

Rentabilidade real ou nominal

A rentabilidade real de um investimento é o valor final que o investidor terá depois que descontar a inflação acumulada do período.

No caso, a inflação é o aumento dos preços e consequente perda do poder de compra por parte da população. Portanto, descontar a inflação mostra o quanto o investimento realmente rendeu. Por outro lado, a rentabilidade nominal é o rendimento total, sem os descontos.

No entanto, como a inflação faz basicamente com que o investidor perca dinheiro, não basta considerar o rendimento nominal. 

Em síntese, um investimento pode apresentar um rendimento aparentemente vantajoso. Contudo, se ele não for protegido contra a inflação, ou render abaixo do valor da inflação, o seu rendimento não será vantajoso.

Podemos observar isso muito bem no rendimento da poupança, onde ocorre uma rentabilidade nominal. Porém, como os valores ficam abaixo da inflação, a rentabilidade da poupança não é real.

Vale a pena investir na poupança hoje?

Não. Usar a poupança como investimento não vale a pena, pois o retorno oferecido é muito baixo. Se o seu intuito é fazer o seu dinheiro render, então é melhor investir em ativos que proporcionem um retorno mais alto como, por exemplo, o tesouro direto.

Por outro lado, a poupança pode ser útil em algumas situações. Por exemplo, você pode usar a poupança para deixar a sua reserva de emergência, já que a poupança tem algumas vantagens essenciais para a reserva como, por exemplo, alta liquidez e facilidade de uso.

Outras opções de investimentos

Existem diversos tipos de investimentos com rendimentos mais atrativos do que a poupança, onde a remuneração é real e não apenas nominal. Alguns deles são:

1- Tesouro direto

O tesouro direto é um título emitido pelo governo. Ao investir nele, você está basicamente emprestando o seu dinheiro, em troca de uma taxa de juros. Como os títulos do tesouro contam com a garantia do governo, eles são dos investimentos mais seguros, pois a probabilidade do país quebrar ou dar o calote, é mínima. 

Uma grande vantagem desse investimento, em comparação com a poupança, é que a rentabilidade é diária. Além disso, o tesouro tem a vantagem da alta liquidez, ou seja, você pode resgatar facilmente o dinheiro aplicado.

2- LCA e LCI têm um rendimento maior do que a poupança

As Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) são títulos de renda fixa emitidos por bancos com o intuito de captar recursos dos investidores.

Assim como o tesouro direto, as LCAs e LCIs funcionam como um tipo de empréstimo em troca de uma taxa de juros.

Mas neste caso, o dinheiro captado é destinado, respectivamente, ao setor do agronegócio e imobiliário. Ou seja, o investidor empresta dinheiro para um banco que, posteriormente, disponibiliza essa verba em forma de empréstimos para o setor imobiliário ou do agronegócio.

A grande vantagem das LCIs e LCAs é a isenção do imposto de renda. Outra vantagem é que elas também possuem a mesma proteção da poupança, isto é, o Fundo Garantidor de Crédito. 

3 – CDBs

Os CDBs – Certificados de Depósito Bancário, são papéis emitidos por bancos. Sendo assim, ao aplicar em CDBs, o investidor está emprestando dinheiro aos bancos, que, posteriormente, o devolve com juros.

Ou seja, eles são parecidos com as LCIs e LCAs, mas neste caso o dinheiro é usado em várias atividades do banco e não é destinado para um setor específico. Uma vantagem dos CDBs é que eles também contam com a proteção do FGC, assim como a poupança.

4- Bolsa de valores

Apesar de possuir um risco muito maior do que a poupança, a bolsa de valores pode ser uma opção para as pessoas que desejam se arriscar. A lógica é que, quanto mais arriscado, maior a probabilidade de retorno elevado.

Mas antes de aplicar em qualquer uma das opções de investimentos acima, não deixe de estudar sobre investimentos. Para isso, assista ao vídeo abaixo do Raul Sena, o Investidor Sardinha:

Fontes: Uol, Idinheiro, Remessa online,  Btg pactual e, por fim, Efetividade.

SG&A: o que é, como funciona e como calcular?

DMPL: o que é, para que serve e como fazer?

Guidance: o que é, para que serve e qual a importância?

SFH: o que é e como funciona o sistema financeiro de habitação?