17 de junho de 2021 - por Jaíne Jehniffer

Entender os riscos de investimentos é como um jogo de equilíbrio: quanto mais você se arrisca, maior a chance de ganhar (ou perder!) mais. Pense assim: um investimento que promete um retorno bem alto geralmente vem com uma dose extra de risco. Por outro lado, se a promessa de lucro é mais modesta, a segurança costuma ser maior.
Por isso, antes de colocar seu dinheiro em algum lugar, vale a pena se perguntar: “Esse retorno que estou buscando realmente compensa o risco que estou disposto a correr?”. A boa notícia é que existem formas de espalhar seus ovos em várias cestas, diminuindo os riscos e até aumentando suas chances de lucrar. É a famosa diversificação!
Para saber o grau de risco que você está disposto a correr, você pode fazer o teste do seu perfil de investidor. Como os riscos dos investimentos variam, diferentes ativos são recomendados para perfis diferentes. Leia!
Leia mais: Perfil de investidor: o que é, quais são os tipos e como descobrir?
O que são riscos de investimentos?
Investir, no fundo, é sempre lidar com a incerteza. Quando falamos em risco de investimento, estamos nos referindo àquela possibilidade, por menor que seja, de você não só ganhar menos do que esperava, mas até mesmo perder dinheiro que aplicou. E aqui vai uma verdade importante: por mais segura que uma aplicação pareça, nenhum investimento é 100% livre de risco. Mesmo aquelas opções consideradas superconservadoras ainda carregam uma pontinha de algum tipo de risco.
É justamente por essa realidade que, antes de colocar seu dinheiro em qualquer lugar, é tão importante fazer duas coisas:
- Conhecer seu perfil de investidor: Isso é como um “termômetro” da sua tolerância ao risco. Você é uma pessoa mais conservadora, que prefere a segurança mesmo que o retorno seja menor? Ou é mais arrojada, disposta a encarar maiores altos e baixos em busca de um lucro maior? Entender isso é o primeiro passo para não ter surpresas desagradáveis.
- Ser um entendido nos riscos dos investimentos: Não basta saber o que você aguenta; é preciso saber o que cada investimento pode te trazer de “susto”. Existem diversos tipos de risco, como o risco de mercado (ligado às oscilações da economia), o risco de crédito (se a empresa ou governo não pagar o que deve), o risco de liquidez (a dificuldade de transformar o investimento em dinheiro rapidamente), entre outros. Ao ficar ciente desses riscos, você consegue analisar se o retorno prometido por uma aplicação realmente compensa o risco que você estará correndo.
No final das contas, investir de forma consciente é como embarcar em uma viagem: você precisa saber qual destino quer chegar (seu objetivo de retorno), qual o nível de aventura que você topa (seu perfil de risco) e quais os possíveis percalços da estrada (os riscos do investimento).
Leia também: Investidor conservador: o que é e quais as características?
Quais são os tipos de riscos de investimentos
Para muita gente, o tema já causa um arrepio na espinha só de pensar em “risco”, né? Mas a verdade é que, para investir de forma mais tranquila e inteligente, a gente precisa entender quais são esses bichos-papões. E olha, não é tão complicado quanto parece!
Aqui estão os principais tipos de riscos que você vai encontrar no mundo dos investimentos:
1) Risco de Mercado
Imagine que o mercado financeiro é um marzão e seus investimentos são barquinhos. O risco de mercado é quando as ondas desse mar ficam muito agitadas, subindo e descendo sem parar. Isso acontece por conta de coisas como a economia do país (se a inflação sobe, se o juros aumenta ou diminui, etc.), eventos políticos, crises internacionais ou até mesmo notícias que afetam o humor dos investidores.
É um risco que afeta boa parte dos investimentos ao mesmo tempo, independentemente de serem bons ou ruins.
2) Risco de Crédito (ou Inadimplência)
Esse aqui é mais simples de entender. Sabe quando você empresta dinheiro para alguém e fica na torcida para a pessoa te pagar de volta? No mundo dos investimentos, funciona parecido. O risco de crédito é a chance de quem pegou seu dinheiro emprestado (seja uma empresa, um banco ou até o governo) não conseguir te pagar o que deve, nem os juros prometidos.
3) Risco de Liquidez
Já se viu precisando de dinheiro rápido, mas sem conseguir vender algo que você tem? O risco de liquidez é exatamente isso: a dificuldade ou o tempo que você pode levar para transformar seu investimento em dinheiro vivo. Alguns investimentos são muito “líquidos”, ou seja, você vende na hora.
Outros, como imóveis ou alguns títulos específicos, podem demorar bem mais para encontrar um comprador, e você pode até ter que vender por um preço abaixo do que gostaria para conseguir o dinheiro logo.
4) Risco Operacional
O risco operacional está mais ligado a falhas “internas” na hora de gerir um investimento. Pense em erros humanos, problemas nos sistemas de uma instituição financeira, fraudes, ou até mesmo desastres naturais que afetam as operações. Não é o risco do investimento em si, mas do processo ou da empresa que o administra. Felizmente, com a tecnologia e a regulação, as instituições financeiras trabalham duro para minimizar isso.
5) Risco Legal e Regulatório
Este é aquele risco que a gente não controla de jeito nenhum, mas que pode bagunçar o cenário dos investimentos: mudanças nas leis, nas regras do jogo ou nas políticas do governo. Sabe quando uma nova lei sobre impostos aparece e, de repente, o rendimento que você esperava do seu investimento já não é mais o mesmo? Ou quando as regras de um fundo mudam e ele passa a funcionar de um jeito diferente do que você imaginava?
É exatamente disso que estamos falando. É como se as regras do tabuleiro fossem alteradas no meio da partida, e a gente, como jogador, só pode se adaptar.
Viu só? Entender esses riscos não é para te assustar, mas sim para te dar mais controle. Sabendo onde você está pisando, fica muito mais fácil tomar decisões que combinem com o seu perfil e seus objetivos. Afinal, conhecimento é poder, especialmente quando o assunto é o seu dinheiro!
Exemplos de riscos de investimentos na prática
É super importante entender a teoria por trás dos riscos de investimento, mas nada como ver isso na prática para a gente “sentir” o que eles significam de verdade, né? Afinal, quando o assunto é nosso dinheiro, os exemplos falam mais alto!
Vamos lá, prepare-se para alguns cenários do dia a dia do investidor:
- Risco de Mercado (A montanha-russa da bolsa): Imagine uma situação em que você comprou ações de uma empresa super promissora. De repente, a economia do país desacelera, o Banco Central aumenta a taxa de juros (o que desanima as empresas a investirem e as pessoas a comprarem) e o noticiário só fala em crise.O preço das suas ações começa a cair, mesmo que a empresa em si não tenha feito nada de errado. É o humor geral do mercado, o “mar agitado”, puxando tudo para baixo. Você vê o valor do seu investimento diminuindo no extrato.Resultado: Se você precisar vender as ações nesse momento de baixa, terá prejuízo. O risco de mercado é a volatilidade, a incerteza de que o preço do seu ativo vai cair por fatores macroeconômicos.
- Risco de Crédito (O calote inesperado): Aqui, você investiu em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) de um banco pequeno que oferecia uma taxa de juros bem interessante. Ele prometia um retorno maior que os bancos grandes. De repente, surgem rumores de que esse banco está com problemas financeiros sérios. A situação piora e o banco acaba não conseguindo honrar seus compromissos, ou seja, não consegue te pagar o dinheiro que você investiu, nem os juros.Você pode perder parte ou todo o valor que investiu. Felizmente, para CDBs, existe o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que te garante o dinheiro de volta até um certo limite por CPF e por instituição financeira. Mas se você investisse em um título de dívida de uma empresa que faliu e não tivesse garantia, o prejuízo poderia ser total.
- Risco de Liquidez (O dinheiro que não aparece na hora): Nessa situação, você aplicou uma boa parte da sua reserva de emergência em um imóvel para alugar, pensando em ter uma renda extra. De repente, surge uma despesa inesperada e muito alta, e você precisa do dinheiro na mão, pra ontem!Assim, você tenta vender o imóvel, mas o mercado está parado. As ofertas que aparecem são muito abaixo do preço que você esperava. Para conseguir o dinheiro rápido, você se vê forçado a vender por um valor menor, ou então, o imóvel simplesmente não é vendido a tempo.Desse modo, você demora para ter acesso ao seu dinheiro ou precisa aceitar um preço menor do que o justo para ter a grana rápido. O imóvel é um exemplo clássico de ativo com baixo risco de mercado (geralmente não varia tanto quanto a bolsa), mas com alto risco de liquidez.
- Risco Operacional (O sistema que falha): Nesse caso, você fez uma ordem de compra de um investimento importante através do aplicativo do seu banco ou corretora. Era uma operação crucial e você contava com ela.O sistema do banco trava, a internet cai na hora H, ou a ordem é executada com um valor errado por alguma falha interna. Seu dinheiro pode ficar “preso” ou a operação não é realizada como deveria.Como afeta você? Pode gerar atrasos, perda de oportunidades de compra ou venda no preço desejado, ou até mesmo erros que exigem tempo e burocracia para serem corrigidos, causando dor de cabeça e, em casos extremos, prejuízos.
- Risco Legal e Regulatório (A regra do jogo que muda): Você investiu em um tipo de fundo que tinha uma isenção de imposto de renda bem atraente, o que aumentava bastante seu retorno líquido.Então, o governo aprova uma nova lei que elimina ou reduz drasticamente essa isenção fiscal para esse tipo de investimento. O rendimento líquido do seu investimento cai, mesmo que o investimento em si continue performando bem no mercado. As regras mudaram e, com elas, a atratividade do seu investimento diminuiu.
Viu como esses riscos saem dos livros e aparecem no dia a dia? O importante é ter em mente que eles sempre vão existir, em maior ou menor grau. O segredo é entender quais riscos você está disposto a correr e escolher investimentos que se encaixem no seu perfil e objetivos. Assim, você navega pelo mundo dos investimentos com muito mais segurança e confiança!
Informe-se melhor: Diversificação de investimentos – Quantas ações ter em carteira?
Como calcular os riscos de investimentos?
A gente já sabe que o risco faz parte da vida de qualquer investidor. Mas a grande pergunta é: como a gente mede esse risco? Não existe uma bola de cristal, claro, mas a boa notícia é que dá pra ter uma ideia bem mais clara do que você está encarando. E não se assuste com os nomes complicados; a ideia é entender o conceito!
Existem algumas ferramentas e análises que podem te dar um norte. Vamos conhecer as principais:
- O famoso “CAPM” (ou Modelo de Precificação de Ativos de Capital):
Esse é um jeito mais sofisticado de estimar quanto um investimento deveria render para compensar o risco que ele carrega. Pense assim: se um investimento é mais arriscado, ele precisa te dar um retorno maior para valer a pena, certo?
A fórmula que os especialistas usam é essa aqui:
ER=RF+β(RM–RF)
Meio assustador à primeira vista, mas vamos simplificar:
- ER: É o retorno que se espera daquele investimento.
- RF: É o retorno “livre de risco”. No Brasil, a gente costuma usar a Selic (nossa taxa básica de juros) como referência. Afinal, investimentos atrelados a ela, como o Tesouro Selic, são considerados os mais seguros.
- RM: É o retorno do mercado como um todo. Por aqui, a referência é o Ibovespa, o principal termômetro das ações brasileiras.
- β (Beta): Esse é o cara que mede o risco daquele investimento em relação ao mercado. Se o Beta é 1, significa que o investimento se move junto com o mercado. Se é 1.5, ele tende a subir (ou cair) 50% mais que o mercado. Se é 0.5, ele se move 50% menos. É ele quem aponta o “risco que não dá pra fugir” diversificando.
Com essa fórmula, você consegue ver se o retorno prometido por um investimento faz sentido diante do risco que ele apresenta.
Veja aqui: CAPM: como funciona este modelo de precificação de ativos
- O “Índice de Sharpe” (A relação risco x retorno):
Essa é uma ferramenta queridinha de muita gente! O Índice de Sharpe te ajuda a comparar se o retorno de um investimento está valendo a pena pelo risco que você está assumindo. Ele pega a rentabilidade que você teve e compara com a taxa livre de risco (a Selic, de novo).
Na prática: um Sharpe alto significa que o investimento está entregando um retorno bacana sem que você precise se expor a um risco desproporcional. É tipo perguntar: “Vale a pena correr esse risco para ganhar X, ou eu consigo um X parecido com menos dor de cabeça em outro lugar?”
Entenda melhor: Índice de Sharpe: o que é, como funciona e como analisá-lo?
Como avaliar os riscos de investimentos?
1) Conheça (muito bem!) o seu Perfil de Investidor
Antes de tudo, olhe para si mesmo. Você é conservador (prefere segurança), moderado (no meio termo) ou arrojado (aguenta mais oscilações)? Saber seu perfil de risco te ajuda a entender o que você está disposto a encarar e o que consegue suportar emocionalmente sem perder o sono.
2) Entenda o “tipo” de risco de cada investimento
Cada investimento tem suas particularidades:
- Risco de Mercado: Como o investimento reage a eventos econômicos como juros e inflação.
- Risco de Crédito: A chance de quem pegou seu dinheiro não te pagar de volta (como um banco ou empresa).
- Risco de Liquidez: A facilidade e rapidez de transformar seu investimento em dinheiro vivo.
- Risco Operacional/Legal: Erros de sistema, falhas burocráticas ou mudanças nas leis que podem afetar o investimento.
3) Analise a Volatilidade
A volatilidade indica o quanto o preço de um ativo sobe e desce. Ativos mais voláteis têm variações bruscas, o que pode significar maiores retornos, mas também maiores quedas. Se você não aguenta ver o dinheiro diminuir, mesmo que temporariamente, evite investimentos muito voláteis.
4) Considere o Prazo do Investimento
O tempo que o dinheiro ficará investido influencia o risco. Investimentos de longo prazo geralmente permitem assumir mais riscos, pois há mais tempo para se recuperar de quedas. Para o curto prazo, a segurança e a liquidez devem ser prioridade máxima.
5) Use Ferramentas e Indicadores
Ferramentas mais técnicas podem ajudar, são o Índice de Sharpe e o CAPM, que explicamos acima.
6) Diversifique (Não coloque todos os ovos na mesma cesta!)
Essa é a regra de ouro para diluir o risco. Distribua seu dinheiro em diferentes tipos de investimentos (renda fixa, ações, fundos imobiliários, etc.), setores e até países. Assim, se um investimento não for bem, os outros podem compensar.
Leia mais: Diversificação de investimentos – Quantas ações ter em carteira?
Qual a relação entre os riscos de investimentos e o retorno?
Sabe aquela frase popular “quanto maior o risco, maior o retorno”? No mundo dos investimentos, ela não é só um ditado, é um princípio fundamental! A relação entre risco e retorno é o coração de qualquer decisão de investimento.
Por que risco e retorno andam de mãos dadas? Pense de forma bem prática:
- Ninguém te dá dinheiro de graça por nada: Se um investimento é super seguro, com garantia total e pouquíssima chance de dar errado (como um título do Tesouro Selic, por exemplo), o retorno que ele oferece costuma ser mais modesto. Por que alguém te pagaria muito para algo que não oferece quase risco nenhum? Não faria sentido, né? É o preço da segurança.
- Para compensar a incerteza: Agora, imagine um investimento que tem uma chance considerável de você perder dinheiro, ou que o valor pode despencar de uma hora para outra (como ações de uma empresa iniciante e volátil). Para que você se sinta motivado a colocar seu dinheiro ali, esse investimento precisa oferecer a possibilidade de um retorno muito maior do que as opções mais seguras. É como uma recompensa pelo “susto” que você pode levar. Se o retorno fosse o mesmo de um investimento seguro, ninguém correria o risco!
Onde essa relação se manifesta? Essa dinâmica se mostra em diferentes cenários:
- Renda Fixa vs. Renda Variável: Geralmente, a renda fixa (CDBs, Tesouro Direto, LCIs/LCAs) é considerada de menor risco (principalmente crédito e liquidez) e, por isso, tende a ter retornos mais previsíveis e menores. Já a renda variável (ações, fundos de ações, criptomoedas) tem um risco de mercado muito maior (o preço oscila bastante) e, por isso, oferece o potencial de retornos muito mais elevados – ou de perdas significativas.
- Ativos Diferentes na Mesma Categoria: Mesmo dentro de uma mesma “família” de investimentos, essa regrinha do risco e retorno aparece. Quer ver? Na renda fixa, por exemplo, você encontra um CDB de um banco gigante e super consolidado. Ele vai te pagar um retorno, sim, mas geralmente um pouco menor. Por quê? Porque o risco de ele não te pagar é mínimo. Agora, um CDB de um banco menor, que talvez não tenha o mesmo histórico, precisa oferecer juros mais altos para te atrair, justamente porque o risco de crédito percebido é um pouquinho maior.
Na renda variável, a lógica se mantém. Ações de empresas enormes e já estabelecidas (pense nas gigantes do mercado) costumam ser mais “calmas”, oscilam menos, e o potencial de valorização é mais gradual. Já as ações de empresas pequenas, em crescimento, ou que estão começando, são como montanhas-russas: podem dar um “boom” e te fazer ganhar muito, mas também podem despencar de repente. O risco é maior, mas o potencial de retorno (e de perda!) também é.
Leia mais: Renda Fixa e Renda Variável: diferenças, vantagens e desvantagens
Risco de investimento e prazo de carência
Entender o risco de investimento – a chance de não ter o retorno esperado ou até perder dinheiro – é fundamental. A ele, adicionamos o prazo de carência, que é o período em que seu dinheiro fica “preso” no investimento, não podendo ser resgatado.
A principal relação da carência é com o risco de liquidez. Se um investimento tem carência, ele se torna menos líquido, o que significa que, em caso de emergência ou oportunidade inesperada, você não terá acesso ao seu dinheiro.
Na prática: Se seu dinheiro está preso em um investimento com carência e surge um imprevisto (como um conserto de carro), você pode enfrentar dificuldades financeiras, precisando buscar empréstimos caros.
Alinhar o prazo de carência com seu perfil de investidor e seus objetivos financeiros é essencial para manter o controle do seu dinheiro e evitar problemas. É tudo uma questão de planejamento!
Saiba mais: Liquidez: o que é e como funciona?
Risco de investimento e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
Se você está pensando em investir e se perguntando como o FGC se encaixa nessa história de risco? Vamos descomplicar.
O risco de investimento é a possibilidade de você não ver seu dinheiro de volta ou ele render menos do que esperava. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) entra como uma espécie de rede de segurança, mas só para um tipo específico de problema: quando a instituição financeira onde você aplicou o seu suado dinheiro simplesmente quebra ou entra em liquidação. É como se o FGC dissesse: “Se o banco ou corretora onde você investiu falir, eu te cubro, dentro dos meus limites”.
Falando em limites, é importante entender até onde vai essa proteção. Hoje em dia, o FGC garante até R$ 250 mil por CPF (ou CNPJ, se for uma pequena empresa) em cada instituição financeira. E olha só, se você tiver dinheiro aplicado em várias instituições diferentes, o limite total pode somar até R$ 1 milhão. Essa cobertura vale para investimentos bastante comuns, como CDB, RDB, LCI, LCA, LC e a boa e velha poupança.
Agora, a relação direta com o risco: o FGC reduz drasticamente um risco importante, chamado risco de crédito institucional. Ou seja, aquele medo de “e se o banco onde meu dinheiro está sumir do mapa?”. Com o FGC, esse medo praticamente some para os investimentos cobertos e dentro do valor garantido. Isso dá uma tranquilidade enorme, especialmente pra quem está começando ou prefere dormir sossegado sabendo que o essencial está protegido desse tipo de desastre.
Outros riscos
Mas atenção, o FGC não é um guarda-chuva pra todos os tipos de chuva. Ele não te protege de outros riscos que fazem parte do mundo dos investimentos. Por exemplo:
Se o valor do seu investimento cair porque as taxas de juros subiram (em um CDB prefixado, digamos) ou porque o mercado deu uma baixada geral, isso é risco de mercado – e o FGC não cobre essa perda. Se você precisar sacar o dinheiro antes do prazo e tiver dificuldade ou tiver que vender com prejuízo, isso é risco de liquidez – o FGC também não ajuda nisso.
Nos casos de LCI e LCA, se o problema for com a empresa ou agronegócio que pegou o empréstimo (o tomador final), e não com o banco que te vendeu o título, o FGC também não entra. E investimentos como ações, a maioria dos fundos de investimento (inclusive muitos de renda fixa), Tesouro Direto, COEs ou criptomoedas não têm nenhuma proteção do FGC.
Leia também: Correlação de ativos, o que é? Tipos e relação com os investimentos
Como os riscos impactam na carteira de investimentos?
Pense na sua carteira de investimentos como um time de futebol, e os riscos como as chances de algo dar errado no jogo. Cada jogador (cada investimento) tem suas características, seus pontos fortes e fracos, e todos juntos formam o resultado final do time.
Como os riscos mexem com a sua carteira? Veja:
- Impacto no Retorno Final: A relação entre risco e retorno é direta. Se você monta uma carteira com muitos investimentos de alto risco (ações voláteis, por exemplo), o potencial de ganho é enorme. Mas, por outro lado, o potencial de perda também é grande. Em uma crise, sua carteira pode desvalorizar muito rápido. Já uma carteira mais conservadora (com foco em Tesouro Direto ou CDBs de bancos grandes) terá retornos menores, mas será mais estável, ou seja, vai balançar menos em momentos de turbulência.
- O Efeito “Gangorra” (Volatilidade): Uma carteira com muitos ativos de alto risco de mercado (ações, por exemplo) vai ter uma volatilidade maior. O que isso significa? Que o valor da sua carteira vai subir e descer muito mais frequentemente. Num dia, você pode estar eufórico com os ganhos; no outro, apreensivo com as quedas. Se você não tem estômago para essa gangorra, uma carteira assim pode te levar a tomar decisões emocionais, como vender tudo na baixa e, aí sim, concretizar prejuízos.
- Surpresas Desagradáveis (Risco de Crédito): Se você concentrou demais sua carteira em ativos de crédito (CDBs, debêntures) de poucas instituições financeiras ou empresas e uma delas entra em dificuldade ou quebra, o impacto na sua carteira pode ser devastador. O FGC ajuda, mas só até certo limite e para alguns produtos. Por isso, diversificar entre emissores é crucial para diluir esse risco.
- Dinheiro “Preso” (Risco de Liquidez): Imagine que sua carteira está cheia de investimentos de baixa liquidez, como imóveis ou títulos com carência longa. Se uma emergência financeira bater na sua porta e você precisar de dinheiro rápido, sua carteira pode não conseguir te ajudar. Você terá que vender ativos com pressa, provavelmente por um preço menor do que gostaria, ou simplesmente não conseguir resgatar a tempo, o que pode gerar um problema ainda maior na sua vida.
- A Importância da Diversificação (O Poder de Mitigar Riscos): O grande truque para que os riscos não “destruam” sua carteira é a diversificação. Quando você espalha seu dinheiro por diferentes tipos de ativos (renda fixa, ações, fundos imobiliários, etc.), em diferentes setores e até em diferentes regiões, o impacto de um risco específico em um dos ativos é diluído pelos outros. Se uma ação vai mal, talvez um título de renda fixa esteja performando bem e compense essa perda, ou vice-versa. É a famosa estratégia de “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.
Leia: Como avaliar os riscos de investimentos financeiros?
Por que é importante entender os riscos de investimentos?
Entender os riscos de investimento é fundamental, não pra ter medo, mas pra ser esperto com seu dinheiro. É como ter um mapa antes de viajar. Por que isso é importante:
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Evitar surpresas e decisões ruins: Se você sabe que um investimento balança muito, não vai entrar em pânico na primeira queda. Isso te impede de vender tudo na baixa e ter prejuízo, ou seja, ajuda a não agir por impulso.
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Alinhar com seus objetivos: Você está guardando dinheiro pra algo importante, tipo um imóvel em um ano? Saber os riscos te ajuda a escolher algo que combine com esse prazo, pra não perder o valor justo quando precisar.
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Dormir em paz: Investir é pra te dar tranquilidade, não dor de cabeça. Conhecer os riscos e escolher o que combina com seu perfil (conservador, moderado, arrojado) garante que você não perca o sono.
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Maximizar seus ganhos com inteligência: Entender os riscos não é só sobre evitar perdas. É também saber que investimentos mais arriscados podem render mais. Se você tem um perfil que aguenta mais risco e entende as chances, pode explorar essas oportunidades pra ver seu patrimônio crescer mais rápido, mas de forma consciente.
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Ter o controle: No fim das contas, é sobre você estar no comando do seu dinheiro. Com o conhecimento dos riscos, você toma decisões informadas e estratégicas, não baseadas na sorte ou em palpites.
Saber dos riscos é puro autocuidado financeiro. É a diferença entre simplesmente “torcer pra dar certo” e realmente “trabalhar pra dar certo”. E com informação, o caminho fica muito mais claro, não é?
Entenda: Gerenciamento de risco: o que é e como fazer em seus investimentos?
Quais são os investimentos de maior risco?
Quer saber quais investimentos são considerados os mais arriscados? Basicamente, são aqueles com maior potencial de ganho, mas também de perda. Aqui estão os principais:
- Ações (principalmente de empresas menores ou novas)
Comprar ações significa ser sócio de uma empresa. O valor delas sobe e desce conforme o desempenho da empresa e o humor do mercado. Ações de empresas pequenas (small caps) ou startups são mais arriscadas porque o negócio ainda está se consolidando, mas podem ter uma valorização enorme se derem certo.
- Criptomoedas
As criptomoedas, como Bitcoin, são famosas pela altíssima volatilidade. Em pouco tempo, o valor pode explodir ou despencar. Elas não são regulamentadas como os investimentos tradicionais e seu preço depende muito da oferta, demanda e da confiança dos investidores. Grande potencial de retorno, mas também de perda.
Não é bem um investimento, mas uma operação de compra e venda de ativos (geralmente ações ou contratos futuros) no mesmo dia, buscando lucrar com pequenas variações de preço. Exige muito conhecimento e disciplina, e a chance de perder dinheiro é altíssima. A maioria dos “day traders” não consegue ter lucro a longo prazo.
- Fundos de Investimento Específicos (como Fundos Alavancados ou de Ações mais agressivos)
Existem fundos que investem em diversos ativos e alguns usam alavancagem, ou seja, investem mais dinheiro do que têm. Isso amplifica tanto os lucros quanto as perdas, tornando-os de altíssimo risco. Fundos de ações focados em setores ou empresas muito específicos também entram nessa categoria.
São contratos financeiros complexos que apostam na alta ou queda de um ativo futuro (como dólar ou petróleo). São extremamente voláteis e exigem muito conhecimento. O potencial de ganho é exponencial, mas as perdas podem até superar o valor que você investiu inicialmente.
- Investimentos em Startups (Investidor Anjo / Venture Capital)
Aqui, você investe diretamente em empresas recém-criadas com alto potencial de crescimento, mas que ainda não provaram seu valor. A maioria das startups não decola, mas as que dão certo podem trazer retornos exorbitantes. É um investimento com altíssimo risco de perder tudo, mas com um potencial de ganho igualmente alto.
Quais são os investimentos de baixo risco?
Aqui estão os campeões da segurança no Brasil:
- Tesouro Direto (principalmente o Tesouro Selic)
É considerado um dos investimentos mais seguros do país, porque você está emprestando dinheiro diretamente para o Governo Federal. Se o governo quebrar, a coisa está feia para todo mundo! O Tesouro Selic é especialmente popular para quem busca baixo risco e boa liquidez, pois ele acompanha a taxa básica de juros (Selic) e você pode resgatar o dinheiro a qualquer momento sem grandes perdas (exceto a taxa de custódia da B3, que é bem pequena).
- CDBs (Certificados de Depósito Bancário)
Com um CDB, você empresta dinheiro para um banco. Em troca, ele te paga juros. São de baixo risco porque contam com a proteção do FGC (até o limite de R$ 250 mil por CPF/CNPJ e por instituição financeira). Existem CDBs de liquidez diária (ótimos para reserva de emergência) e outros com prazos maiores, que geralmente pagam um pouco mais.
- LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio)
Também são títulos emitidos por bancos, mas o dinheiro captado é direcionado para o setor imobiliário (LCI) ou para o agronegócio (LCA). A grande vantagem delas é que são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que as torna bem atraentes. Assim como os CDBs, elas também têm a proteção do FGC, o que as deixa bem seguras. Muitas LCIs e LCAs têm prazo de carência, ou seja, o dinheiro fica “preso” por um tempo antes de poder ser resgatado, então é bom ficar de olho na liquidez.
- Fundos DI:
São fundos de investimento que aplicam a maior parte do dinheiro em títulos de renda fixa atrelados à taxa DI (que segue a Selic). São geridos por profissionais e buscam replicar o rendimento da taxa básica de juros. São considerados de baixo risco porque investem em ativos seguros, mas é importante ficar de olho nas taxas de administração do fundo, que podem “comer” um pouco do seu rendimento.
- Poupança:
Embora seja a mais popular e familiar, a poupança é considerada um investimento de baixíssimo risco, com garantia do FGC e isenção de IR. No entanto, sua rentabilidade costuma ser inferior a outros investimentos de baixo risco, como o Tesouro Selic ou alguns CDBs/LCIs/LCAs, especialmente em cenários de juros altos. Por isso, apesar de segura, muitas vezes não é a opção mais vantajosa em termos de retorno.
Como lidar com os diferentes tipos de riscos?
É normal que a ideia de “risco” nos investimentos cause um certo receio, mas a verdade é que, uma vez que a gente entende cada tipo de risco, fica muito mais fácil lidar com eles de forma inteligente. Não se trata de fugir de todo o risco (até porque retorno e risco andam juntos, lembra?), mas sim de gerenciá-los para proteger seu dinheiro e alcançar seus objetivos.
Aqui estão algumas estratégias para você encarar cada tipo de risco de frente:
1) Risco de Mercado
Esse é o risco das oscilações da economia, das notícias e do “humor” geral do mercado. Você não controla quando a bolsa vai cair ou subir. A melhor defesa aqui é a diversificação. Não coloque todo seu dinheiro em um tipo só de ativo (só ações, por exemplo) ou em um setor só.
Espalhe por diferentes classes de ativos (renda fixa, ações, fundos imobiliários), diferentes setores (tecnologia, bancos, energia) e até diferentes geografias (investimentos no Brasil e no exterior). Além disso, o longo prazo é seu maior aliado. Quedas no mercado são normais; o histórico mostra que, no longo prazo, o mercado tende a se recuperar e crescer. Se você tem tempo, pode esperar a recuperação sem precisar vender na baixa.
Se o mercado despenca, sua carteira diversificada pode ter uma parte em renda fixa que não foi tão afetada, ou mesmo ações de setores diferentes que se mantiveram mais estáveis, suavizando a queda geral.
2) Risco de Crédito
Esse é o medo de quem te deve (banco, empresa) não pagar. A estratégia é simples: priorize instituições financeiras e empresas com boa saúde financeira e reputação sólida. Pesquise sobre elas antes de investir.
Além disso, para investimentos bancários (CDB, LCI, LCA), utilize a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Ele cobre até R$ 250 mil por CPF/CNPJ por instituição financeira, então, se você tiver valores maiores, distribua em bancos diferentes para ter mais cobertura.
Na prática, em vez de colocar R$ 500 mil em um único CDB de um banco pequeno, divida em dois CDBs de R$ 250 mil em bancos diferentes. Se um deles tiver problemas, o FGC te garante o reembolso em ambos.
3) Risco de Liquidez
Esse é o risco de não conseguir transformar seu investimento em dinheiro vivo na hora que precisar. A solução é o planejamento. Tenha sempre uma reserva de emergência (o dinheiro que você pode precisar para imprevistos) em investimentos de altíssima liquidez, como o Tesouro Selic ou um CDB de liquidez diária. Para investimentos de longo prazo, com carência ou baixa liquidez (como imóveis ou alguns títulos), use o dinheiro que você sabe que não vai precisar em um futuro próximo.
Não use o dinheiro que pagaria o aluguel do mês que vem para investir em um imóvel com o objetivo de valorização. Esse dinheiro precisa estar disponível.
4) Risco Operacional e Legal/Regulatório
O risco operacional está ligado a falhas da corretora ou do banco (problemas no sistema, erros de execução). O risco legal/regulatório vem de mudanças nas leis. Para o operacional, escolha corretoras e bancos grandes, bem regulamentados, com boa reputação e tecnologia robusta. Para o legal/regulatório, mantenha-se informado sobre as notícias econômicas e políticas. As corretoras sérias costumam avisar seus clientes sobre mudanças importantes.
Opte por plataformas de investimento conhecidas e com boa avaliação, e assine newsletters financeiras ou siga portais de notícias para estar sempre a par do que pode mudar no cenário.
Conheça mais sobre o Investidor arrojado – Características, opções de aplicações e outros perfis
Fontes: Sicredi, BTG Pactual, Gov Br, Santander, Onze e Genial.