Correção monetária: o que é, como funciona e como se calcula?

10 de janeiro de 2024, por Sidemar Castro

Tempo de leitura médio: 11 min, 13 seg


A correção monetária é um ajuste feito para compensar a perda de valor da moeda devido à inflação. Este ajuste é aplicado sobre o valor total, incluindo os juros, e tem o objetivo de evitar a desvalorização. A correção monetária é calculada com base em um índice de inflação, como o IPCA, IGP-M, entre outros.

A correção monetária, por sua vez, serve para compensar as perdas decorrentes do aumento geral no nível de preços na economia. Ela é importante para manter o poder de compra do dinheiro investido, evitando que ele se desvalorize.

Quer saber mais e como calcular a correção monetária? Continue a leitura.

O que é correção monetária?

A correção monetária é o ato de corrigir valores pela variação de um índice durante um determinado período. Esta correção de valores também é conhecida pelo termo atualização monetária. O seu objetivo é, basicamente, compensar as pessoas das perdas decorrentes do aumento geral no nível de preços na economia.

Por exemplo, suponha que uma pessoa possua um crédito a receber do banco no valor de R$ 10 mil. Além disso, este valor também deve ser corrigido pela inflação. Logo, se a inflação acumulada do período for de 50%, isto significa que o seu crédito irá valer R$ 15 mil ao fim do período.

Em algumas ocasiões, os valores podem ser corrigidos também pela variação do valor de moedas estrangeiras, como o dólar. Esse tipo de atualização de valores também é importante para a avaliação dos investimentos a serem realizados, sobretudo investimento em renda fixa.

Durante a década de 1980, o Brasil conviveu com altas taxas de inflação, o que gerou inclusive momentos de hiperinflação durante esse período. Em resumo, a hiperinflação é uma situação na qual os preços estão fora de controle, o que pode gerar inclusive situações de caos social.

Como ela funciona?

A correção monetária funciona através da aplicação de um índice de ajuste a um valor durante um determinado período. Este índice pode variar dependendo da situação.

Por exemplo, suponha que uma pessoa tenha um crédito a receber do banco no valor de R$ 10 mil. Este valor também deve ser corrigido pela inflação. Se a inflação acumulada do período for de 50%, isso significa que o crédito valerá R$ 15 mil ao final do período.

Em algumas ocasiões, os valores podem ser corrigidos pela variação do valor de moedas estrangeiras, como o dólar. Essa atualização de valores também é importante para a avaliação dos investimentos a serem realizados, especialmente investimentos em renda fixa.

No caso de investimentos de renda fixa, por exemplo, a Selic (que é a taxa base dos juros no país) é usada como base da remuneração ao investidor que coloca seu dinheiro em uma aplicação.

Como calcular a correção monetária?

Calcular a correção monetária é um processo que envolve a aplicação de um índice de ajuste a um valor durante um determinado período. Aqui estão os passos básicos para calcular a correção monetária:

  • Identifique o valor principal: Este é o valor que você deseja corrigir. Pode ser uma dívida, um investimento, um salário, etc.
  • Escolha o índice de correção monetária: Existem vários índices que podem ser usados para a correção monetária, como INPC, IPCA-E, IGPM, SELIC, TR, TJ/SP, etc. A escolha do índice depende da natureza do valor que está sendo corrigido.
  • Identifique o período de correção: Este é o período durante o qual o valor principal será corrigido. Pode ser um mês, um ano, vários anos, etc.
  • Calcule o fator de correção: Este é o valor pelo qual o valor principal será multiplicado para obter o valor corrigido. O fator de correção é geralmente expresso como um percentual.
  • Aplique o fator de correção ao valor principal: Multiplique o valor principal pelo fator de correção para obter o valor corrigido.

A fórmula para calcular a correção monetária é:

Valor principal X Índice de correção monetária = Valor principal corrigido

Por exemplo, se você tem R$ 1.000 e a correção é de 15% em um período, o cálculo seria:

R$ 1.000 X 15% = R$ 150

Portanto, o valor final após a correção seria de R$ 1.150.

Lembre-se, a correção monetária é uma maneira de ajustar o valor de um bem ou serviço ao longo do tempo para refletir as mudanças no poder de compra.

Índices de correção monetária

IPCA

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é um indicador econômico calculado pelo IBGE para medir a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo. Atualmente, é considerado o indicador oficial da inflação no Brasil.

CDI

O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma taxa de juros utilizada nos empréstimos entre os bancos. Ela é usada como principal índice dos investimentos de renda fixa (aqueles que possuem uma rentabilidade previsível). Assim, muitos investimentos em renda fixa possuem sua rentabilidade atrelada ao CDI.

IGP-M

O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) é um indicador de inflação calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Hoje, ele é popularmente conhecido como a “inflação do aluguel”, já que os contratos imobiliários normalmente são ajustados de acordo com a sua variação anual.

TR

A TR (Taxa Referencial) é uma taxa de juros de referência, controlada pelo Banco Central e popularmente conhecida pela sua utilização no cálculo dos rendimentos da Caderneta de Poupança. Além disso, essa taxa também é base de cálculo na correção do saldo do FGTS, de financiamentos imobiliários e de títulos de capitalização.

Taxa Selic

A Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, que influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. A definição da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.

Quando é aplicada a correção monetária?

A correção monetária é aplicada em diversas situações, tais como:

  • Atraso de pagamento de uma fatura: Quando há um atraso no pagamento de uma fatura, a correção monetária é aplicada sobre o valor devido para compensar a perda de valor do dinheiro ao longo do tempo.
  • Investimentos: A correção monetária é usada para ajustar o valor dos investimentos ao longo do tempo. Isso ajuda a manter o poder de compra do dinheiro investido, evitando que ele se desvalorize.
  • Salários e benefícios: Em alguns casos, os salários e benefícios podem ser corrigidos monetariamente para acompanhar a inflação e evitar a perda do poder de compra.
  • Dívidas e empréstimos: As dívidas e empréstimos também podem ser corrigidos monetariamente. Nesse caso, a correção monetária é aplicada sobre o valor total da dívida ou do empréstimo, incluindo os juros.
  • Valores dos alimentos e produtos importados: A correção monetária pode ser aplicada aos preços dos alimentos e produtos importados para refletir as mudanças na taxa de câmbio e na inflação.

Em resumo, a correção monetária é aplicada sempre que é necessário ajustar o valor de um bem, serviço, investimento, dívida, etc., para compensar as mudanças no poder de compra do dinheiro ao longo do tempo.

Qual é a diferença entre correção monetária e juros?

A correção monetária e os juros são conceitos financeiros distintos, embora ambos estejam relacionados ao valor do dinheiro ao longo do tempo.

  • Correção Monetária: A correção monetária é um ajuste que é feito para compensar a perda de valor da moeda devido à inflação. Ela é aplicada sobre o valor total, incluindo os juros, e tem o objetivo de evitar a desvalorização do valor. A correção monetária é calculada com base em um índice de inflação, como o IPCA, IGP-M, entre outros.
  • Juros: Os juros, por outro lado, são uma remuneração cobrada pelo empréstimo de dinheiro. Eles são valores extras aplicados a uma dívida, seja por questões de atraso ou divisão de algum valor. Existem dois tipos principais de juros: juros moratórios, que são cobrados por conta de atrasos no pagamento de parcelas, e juros compensatórios, que remuneram o credor pelo empréstimo do capital.

Portanto, enquanto os juros são uma forma de ganhar dinheiro ou pagar pelo uso do dinheiro, a correção monetária é uma forma de manter o valor do dinheiro ao longo do tempo.

E entre a correção monetária e a deflação?

A correção monetária e a deflação são conceitos econômicos distintos, mas ambos estão relacionados ao valor do dinheiro ao longo do tempo.

  • Correção Monetária: A correção monetária é um ajuste que é feito para compensar a perda de valor da moeda devido à inflação. Ela é aplicada sobre o valor total, incluindo os juros, e tem o objetivo de evitar a desvalorização do valor. A correção monetária é calculada com base em um índice de inflação, como o IPCA, IGP-M, entre outros.
  • Deflação: A deflação é o contrário da inflação. Ou seja, ocorre uma queda no valor de serviços e produtos em um determinado período de tempo. Embora, em um primeiro momento, essa situação se mostre excelente para os consumidores, já que há uma maior valorização do dinheiro, a deflação pode se tornar perigosa quando persiste por um longo período. Quando dura mais do que uns meses, a deflação pode causar uma recessão econômica, resultando em consequências ainda piores do que a inflação.

Quando, em um certo período, é registrada deflação na economia, a tendência é que os preços caiam. Isso significa que um mesmo montante vai ter poder de compra maior ao final desse período, representando um acréscimo indevido no valor real do dinheiro. Para evitar que esse acréscimo indevido aconteça, é feita a correção monetária pela deflação.

Fontes: Empiricus, Nubank, Genial, Suno, Banco Pan