Correção monetária: o que é, como funciona e como se calcula?

A correção monetária é o ajuste financeiro de um bem, serviço, etc., para compensar a perda de valor em certo período. Saiba mais.

10 de janeiro de 2024 - por Nathalia Lourenço


A correção monetária é um ajuste para compensar a perda de valor da moeda devido à inflação. Este ajuste é aplicado sobre o valor total, incluindo os juros, e tem como objetivo evitar a desvalorização da moeda.

Quer saber mais e como calcular a correção monetária? Continue a leitura.

O que é correção monetária?

A correção monetária é o ato de corrigir valores pela variação de um índice durante um determinado período. Esta correção de valores também é conhecida pelo termo de atualização monetária. O seu objetivo é, basicamente, compensar as pessoas das perdas decorrentes do aumento geral no nível de preços na economia.

Por exemplo, se uma pessoa possuí um crédito a receber do banco no valor de R$ 10 mil. Este valor pode e deve ser corrigido pela inflação. Logo, se a inflação acumulada do período for de 50%, isto significa que o seu crédito irá valer R$ 15 mil ao fim do período.

Em algumas ocasiões os valores podem ser corrigidos também pela variação do valor de moedas estrangeiras, como o dólar. Esse tipo de atualização de valores também é importante para a avaliação dos investimentos a serem realizados, sobretudo investimento em renda fixa.

Durante a década de 1980, o Brasil conviveu com altas taxas de inflação, o que gerou inclusive momentos de hiperinflação durante esse período. Em resumo, a hiperinflação é uma situação na qual os preços estão fora de controle, o que pode gerar inclusive situações de caos social.

No contexto prático, a correção monetária pode ser aplicada em diversas situações, como:

  1. Contratos Financeiros: Para ajustar o valor de dívidas, empréstimos ou investimentos conforme a inflação.
  2. Reajustes de Preços: Para atualizar preços de produtos ou serviços de acordo com a inflação.
  3. Depósitos e Poupanças: Em alguns países, para proteger o valor de depósitos de poupança contra a inflação.

Como funciona a correção monetária?

A correção monetária funciona através da aplicação de um índice de ajuste a um valor durante um determinado período. Este índice pode variar dependendo da situação, funcionando da seguinte forma:

  • Índices de Correção: Utilização de índices de preços como o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ou o IGP (Índice Geral de Preços) para calcular a variação da inflação e, assim, ajustar os valores de contratos e ativos.
  • Legislação Específica: Existência de leis e regulamentações que estabeleciam como e quando a correção monetária deveria ser aplicada, especialmente em contratos de longo prazo, como financiamentos imobiliários e dívidas empresariais.
  • Impacto Econômico: A correção monetária impactava diretamente o custo financeiro das transações e contratos no Brasil, afetando tanto credores quanto devedores, pois buscava preservar o poder de compra dos valores nominais ao longo do tempo.

Atualmente, no Brasil, a correção monetária ainda pode ser prevista em alguns contratos específicos, como determinados tipos de dívidas e obrigações financeiras, mas de maneira geral, seu uso é muito menos frequente do que antes do Plano Real.

No caso de investimentos de renda fixa, por exemplo, a Selic (que é a taxa base dos juros no país) é usada como base da remuneração ao investidor que coloca seu dinheiro em uma aplicação.

Como calcular a correção monetária?

Calcular a correção monetária é um processo que envolve a aplicação de um índice de ajuste a um valor durante um determinado período. Aqui estão os passos básicos para calcular a correção monetária:

  • Identifique o valor principal: Este é o valor que você deseja corrigir. Pode ser uma dívida, um investimento, um salário, etc.
  • Escolha o índice de correção monetária: Existem vários índices que podem ser usados para a correção monetária, como INPC, IPCA-E, IGPM, SELIC, TR, TJ/SP, etc. A escolha do índice depende da natureza do valor que está sendo corrigido.
  • Identifique o período de correção: Este é o período durante o qual o valor principal será corrigido. Pode ser um mês, um ano, vários anos, etc.
  • Calcule o fator de correção: Este é o valor pelo qual o valor principal será multiplicado para obter o valor corrigido. O fator de correção é geralmente expresso como um percentual.
  • Aplique o fator de correção ao valor principal: Multiplique o valor principal pelo fator de correção para obter o valor corrigido.

A fórmula para calcular a correção monetária é:

Valor principal X Índice de correção monetária = Valor principal corrigido

Por exemplo, se você tem R$ 1.000 e a correção é de 15% em um período, o cálculo seria:

R$ 1.000 X 15% = R$ 150

Portanto, o valor final após a correção seria de R$ 1.150.

Lembre-se, a correção monetária é uma maneira de ajustar o valor de um bem ou serviço ao longo do tempo para refletir as mudanças no poder de compra.

Índices de correção monetária

IPCA

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é um indicador econômico calculado pelo IBGE para medir a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo.

Atualmente, é considerado o indicador oficial da inflação no Brasil.

CDI

O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma taxa de juros utilizada nos empréstimos entre os bancos. Ela é usada como principal índice dos investimentos de renda fixa (aqueles que possuem uma rentabilidade previsível).

Assim, muitos investimentos em renda fixa possuem sua rentabilidade atrelada ao CDI.

IGP-M

O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) é um indicador de inflação calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Hoje, ele é popularmente conhecido como a “inflação do aluguel”, já que os contratos imobiliários normalmente são ajustados de acordo com a sua variação anual.

TR

A TR (Taxa Referencial) é uma taxa de juros de referência, controlada pelo Banco Central e popularmente conhecida pela sua utilização no cálculo dos rendimentos da Caderneta de Poupança.

Além disso, essa taxa também é base de cálculo na correção do saldo do FGTS, de financiamentos imobiliários e de títulos de capitalização.

Taxa Selic

A Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, que influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

A definição da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.

Quando é aplicada a correção monetária?

A correção monetária é aplicada em diversas situações, principalmente onde se tem a necessidade de ajustar valores financeiros para compensar a perda do poder de compra da moeda ao longo do tempo, devido à inflação ou deflação.

Sendo utilizada em situações como:tais como:

1. Atraso de pagamento de uma fatura:

Quando há um atraso no pagamento de uma fatura, a correção monetária é aplicada sobre o valor devido para compensar a perda de valor do dinheiro ao longo do tempo.

2. Investimentos:

A correção monetária é usada para ajustar o valor dos investimentos ao longo do tempo. Isso ajuda a manter o poder de compra do dinheiro investido, evitando que ele se desvalorize.

3. Salários e benefícios:

Em alguns casos, os salários e benefícios podem ser corrigidos monetariamente para acompanhar a inflação e evitar a perda do poder de compra.

4. Dívidas e empréstimos:

As dívidas e empréstimos também podem ser corrigidos monetariamente. Nesse caso, a correção monetária é aplicada sobre o valor total da dívida ou do empréstimo, incluindo os juros.

5. Valores dos alimentos e produtos importados:

A correção monetária pode ser aplicada aos preços dos alimentos e produtos importados para refletir as mudanças na taxa de câmbio e na inflação.

Em resumo, a correção monetária é aplicada sempre que é necessário ajustar o valor de um bem, serviço, investimento, dívida, etc., para compensar as mudanças no poder de compra do dinheiro ao longo do tempo.

Quais são os índices de correção monetária?

No contexto brasileiro, historicamente foram utilizados diversos índices de correção monetária para ajustar valores financeiros de acordo com a inflação. Os principais índices de correção monetária no Brasil incluíam:

1) ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional):

Criado na década de 1980, era um índice de correção monetária utilizado para reajustar contratos financeiros e títulos públicos.

2) OTN (Obrigações do Tesouro Nacional):

Índice que substituiu o ORTN em 1989, continuando a ser usado para correção monetária de contratos até a implantação do Plano Real.

3) BTN (Bônus do Tesouro Nacional):

Utilizado durante o período de transição entre o OTN e o URV (Unidade Real de Valor) antes do Plano Real, para ajustar valores financeiros.

4) URV (Unidade Real de Valor):

Introduzida em 1994 como parte do Plano Real, foi uma unidade de conta utilizada durante a transição para a nova moeda, o real.

5) IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado):

Criado em 1947 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o IGP-M é um dos principais índices de preços no Brasil, utilizado para correção monetária e reajustes contratuais.

6) IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo):

Calculado pelo IBGE, o IPCA é o índice oficial de inflação do país e também é utilizado para correção monetária e ajustes em contratos e investimentos.

Atualmente, após a estabilização econômica proporcionada pelo Plano Real, a correção monetária não é tão utilizada quanto no passado, e muitos contratos e obrigações financeiras são corrigidos com base no IPCA ou em outras formas de reajuste previstas em lei ou nos próprios contratos.

Qual é a diferença entre correção monetária e juros?

A correção monetária e os juros são conceitos financeiros distintos, embora ambos estejam relacionados ao valor do dinheiro ao longo do tempo.

Correção Monetária

  • Objetivo: A correção monetária tem como objetivo principal ajustar o valor nominal de um montante financeiro para compensar a perda do poder de compra da moeda devido à inflação ou deflação.
  • Mecanismo: É calculada com base na variação de um índice de preços (como IPCA ou IGP-M), que reflete a variação geral de preços na economia. O valor é atualizado para manter o seu poder de compra equivalente ao valor original em termos reais.
  • Exemplo de Aplicação: Em contratos de longo prazo, dívidas e investimentos, onde as partes concordam em ajustar os valores com base na inflação acumulada desde a contratação.

Juros

  • Objetivo: Os juros representam o custo do dinheiro ao longo do tempo, ou seja, a remuneração pelo uso de capital ou o custo do crédito.
  • Mecanismo: São calculados como uma porcentagem do principal (o valor inicial) e podem ser de diferentes tipos, como juros simples ou compostos. Os juros são cobrados como compensação pelo risco de emprestar dinheiro, além de refletirem a expectativa de inflação e outros fatores econômicos.
  • Exemplo de Aplicação: Em empréstimos bancários, financiamentos, investimentos que geram retorno financeiro, onde o valor a ser pago ou recebido é determinado pela taxa de juros sobre o valor inicial.

Principais Diferenças

  • Objetivo: Correção monetária visa preservar o valor real (ajustado pela inflação), enquanto juros visam compensar o custo do capital ou gerar retorno financeiro.
  • Base de Cálculo: Correção monetária utiliza índices de preços; juros são calculados sobre o valor principal.
  • Impacto Financeiro: A correção monetária ajusta o valor nominal, enquanto os juros adicionam um custo adicional ao valor principal.

Portanto, enquanto os juros são uma forma de ganhar dinheiro ou pagar pelo uso do dinheiro, a correção monetária é uma forma de manter o valor do dinheiro ao longo do tempo.

E entre a correção monetária e a deflação?

A correção monetária e a deflação são conceitos econômicos distintos, mas ambos estão relacionados ao valor do dinheiro ao longo do tempo.

Correção Monetária:

  • Definição: Correção monetária é um mecanismo utilizado para ajustar valores financeiros de acordo com a variação do poder de compra da moeda ao longo do tempo, especialmente em períodos de inflação.
  • Objetivo: Preservar o valor real de um montante financeiro, compensando as perdas causadas pela inflação.
  • Mecanismo: É feita geralmente utilizando índices de preços, como IPCA ou IGP-M, para calcular a variação acumulada da inflação e aplicá-la aos valores nominais.
  • Exemplo: Em contratos de longo prazo, dívidas e investimentos, onde os valores são ajustados periodicamente para refletir a inflação acumulada desde o momento da contratação.

Deflação:

  • Definição: Deflação é a queda persistente e generalizada dos preços dos bens e serviços em uma economia, resultando em um aumento do poder de compra da moeda.
  • Causas: Pode ser causada por diversos fatores, como excesso de oferta em relação à demanda, redução nos custos de produção, ou políticas econômicas restritivas.
  • Impacto: Embora a deflação possa parecer benéfica à primeira vista (pois o dinheiro vale mais), pode ser prejudicial se for prolongada, pois pode desencorajar o consumo e o investimento, afetando negativamente a economia.

Principais Diferenças:

  • Objetivo: Correção monetária visa preservar o valor real dos ativos financeiros frente à inflação, enquanto a deflação resulta em aumento do poder de compra da moeda.
  • Causa e Impacto: A correção monetária é uma resposta à inflação (aumento geral dos preços), enquanto a deflação é uma situação onde os preços estão em queda.
  • Consequências Econômicas: A correção monetária é uma medida para mitigar os efeitos da inflação, enquanto a deflação pode ter efeitos complexos na economia, podendo levar a desafios como deflação de dívidas e queda na atividade econômica.

Quando, em um certo período, é registrada deflação na economia, a tendência é que os preços caiam. Isso significa que um mesmo montante vai ter poder de compra maior ao final desse período, representando um acréscimo indevido no valor real do dinheiro. Para evitar que esse acréscimo indevido aconteça, é feita a correção monetária pela deflação.

Fontes: Empiricus, Nubank, Genial, Suno, Banco Pan

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