Dólar turismo: o que é e por que é mais caro?

O dólar turismo é a cotação da moeda americana voltado, principalmente, para viagens internacionais. Saiba mais lendo essa matéria!

24 de setembro de 2020 - por Millena Santos


Mesmo sem ter saído do país, é bem provável que o termo dólar turismo já tenha aparecido em alguma conversa, noticiário ou na hora de planejar uma viagem. O dólar é a moeda oficial dos Estados Unidos, mas seu alcance vai muito além das fronteiras norte-americanas.

Por ser uma referência global, é muito usado em transações internacionais, contratos, investimentos e, claro, no setor de turismo. O que muita gente não sabe é que não existe apenas um tipo de dólar. Entre as variações mais conhecidas está o dólar turismo, que é diferente do dólar comercial e tem finalidades específicas.

Veja também: Tipos de dólar: quais são e quais as diferenças entre eles?

O que é dólar turismo?

Quando se fala em viajar para o exterior, o dólar turismo se torna um dos seus grandes aliados. Ele é o tipo de cotação usada quando há intenção de comprar moeda estrangeira para custear aquela tão sonhada viagem internacional, seja para pagar hospedagem, garantir passeios, fazer compras ou até mesmo contratar pacotes turísticos.

Mas por que ele costuma ser mais caro que o famoso dólar comercial, aquele que a gente sempre vê nos noticiários?

A diferença está nos bastidores da transação: o dólar turismo envolve custos extras, como impostos, taxas administrativas e a margem de lucro das casas de câmbio. Ou seja, não é só o valor da moeda em si, tem um “preço” por toda a comodidade envolvida.

É justamente essa versão do dólar que vai estar presente no momento de trocar reais por moeda estrangeira em espécie, carregar cartões pré-pagos ou até mesmo fazer transferências bancárias para uso pessoal fora do Brasil.

Importante lembrar: quem vai viajar para fora quase sempre precisa lidar com o dólar turismo. Mesmo que a viagem seja para um país que usa outra moeda, como o euro ou a libra, o dólar ainda costuma servir como base para cálculo ou conversão.

Por que o dólar turismo foi criado?

Antes de mais nada, vale entender uma coisa importante: o dólar turismo não é uma moeda diferente, como se fosse uma nova versão do dólar. Na verdade, ele é uma variação do dólar americano, pensada especialmente para quem está se preparando para viajar para o exterior.

A grande diferença, porém, está no uso. Enquanto o dólar comercial é usado em transações entre empresas, bancos e governos, o dólar turismo é usado em viagem internacional.

Portanto, isso significa que ele é a base para calcular o valor de câmbio quando se compra moeda em espécie, se carrega um cartão pré-pago ou até na hora de pagar despesas no exterior com cartão de crédito.

Por envolver serviços direcionados ao público final, essa cotação costuma ser um pouco mais salgada que a do dólar comercial. Mas é justamente esse valor que o viajante vai encontrar na prática, no momento de trocar reais por dólares.

Diante disso, dá pra dizer que o dólar turismo surgiu como uma forma de o mercado adaptar a cotação à realidade de quem viaja, uma vez que permite que as instituições financeiras ajustem seus preços levando em conta os custos operacionais, a demanda do momento e até o perfil de cada cliente.

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Quando o dólar turismo é usado?

O dólar turismo aparece em praticamente todos os momentos da viagem. Ele está presente quando se compra moeda estrangeira em espécie, carrega um cartão pré-pago ou faz pagamentos fora do Brasil, seja num café em Buenos Aires, na entrada de um museu em Roma ou até na hora de pedir um táxi em Nova York.

Sendo assim, essa cotação é usada em transações ligadas diretamente ao turismo, ou seja, quando a intenção é bancar despesas pessoais no exterior. Passagens, hospedagem, alimentação, passeios, compras.

E vale lembrar: o dólar turismo também influencia nos gastos feitos com cartão de crédito internacional, já que as operadoras costumam converter os valores a partir dessa cotação, além de aplicarem o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Por isso, quem está se organizando para viajar precisa ficar atento à cotação e ao momento certo de fazer o câmbio. Pequenas variações no valor por unidade podem representar uma diferença significativa no orçamento final da viagem.

Logo, o ideal é acompanhar os preços com antecedência, simular valores e, quando possível, comprar a moeda em etapas. Essa, sem dúvidas, é uma forma mais tranquila de se preparar.

Como a cotação do dólar turismo funciona?

A cotação do dólar turismo é influenciada por um princípio bem conhecido no mundo da economia: a lei da oferta e da demanda. Em momentos em que muita gente procura a moeda, como em períodos de férias, o preço tende a subir. Já quando o interesse diminui, a cotação costuma dar uma recuada.

Mas, claro, não é só isso que mexe com o valor. A taxa de câmbio, que reflete a relação entre o real e o dólar, também interfere diretamente no preço final.

Além disso, fatores externos, como crises políticas, mudanças no cenário internacional, oscilações na inflação e até decisões de grandes economias, como os Estados Unidos ou a China, podem gerar impactos imediatos nas cotações.

Tudo isso faz com que o dólar turismo oscile bastante, até mesmo dentro de um mesmo dia. Por isso, quem está se planejando para trocar reais por dólares (ou outras moedas estrangeiras) precisa estar de olho no mercado.

Hoje em dia, há diversas ferramentas online que ajudam nesse acompanhamento, como sites especializados, aplicativos de câmbio e até alertas de variação de preço que avisam quando a cotação atinge determinado valor.

No fim das contas, isso pode te ajudar a economizar muito.

Por que o dólar turismo é mais caro do que o dólar comercial?

Como a gente já viu, por trás da compra do dólar turismo existe toda uma operação que influencia diretamente no valor final da moeda.

Desde o volume de moeda disponível no mercado até as taxas administrativas, custos logísticos, impostos e a margem de lucro aplicada por cada instituição.

Ou seja, tudo isso entra na conta e acaba refletindo na cotação oferecida ao público.

Diante desse cenário, como não existe um valor único e fixo, cada casa de câmbio ou instituição financeira trabalha com suas próprias condições.

Algumas oferecem facilidades no pagamento, outras cobram menos taxa, e há aquelas que variam os preços ao longo do dia, de acordo com a demanda.

Saiba mais: Dolarização: o que é e como funciona?

Diferença entre o dólar turismo e dólar comercial

A essa altura, já está mais do que claro que dólar turismo e dólar comercial não são exatamente a mesma coisa. A principal diferença entre eles está na forma como são usados e no contexto em que aparecem.

O dólar turismo, como a gente já viu, é voltado para situações do dia a dia de quem está indo para fora do país, como viagens a lazer, intercâmbios entre outros.

Ele entra em cena quando se compra moeda em espécie, se carrega um cartão pré-pago ou até mesmo em despesas feitas com cartão de crédito internacional. Por envolver etapas como transporte da moeda, segurança, operação das casas de câmbio e impostos, o valor final costuma ser mais elevado.

Um exemplo prático: ao se preparar para uma viagem à Argentina, a compra de dólares em espécie numa casa de câmbio será feita com base no dólar turismo. O mesmo acontece ao carregar um cartão de viagem para usá-lo nos restaurantes ou lojas durante a estadia.

Em contrapartida, o dólar comercial circula em outro cenário: o das grandes transações econômicas. Ele é usado em operações entre empresas, bancos e governos, como importações, exportações, investimentos estrangeiros e transferências internacionais entre instituições financeiras.

Por isso, como essas movimentações ocorrem em ambientes digitais, com altos volumes e menor custo operacional, o valor acaba sendo diferente.

Um exemplo disso seria uma empresa brasileira que importa equipamentos dos Estados Unidos: o pagamento em dólar será feito com base na cotação do dólar comercial. O mesmo vale para transações na bolsa de valores ou envio de recursos entre bancos de diferentes países.

Embora ambos representem a mesma moeda, a finalidade e o caminho que percorrem são bem distintos.

Quais fatores considerar antes de comprar dólar turismo?

1- Acompanhar a cotação atual

Antes de qualquer decisão, é muito importante consultar a cotação do dólar turismo em fontes confiáveis, como sites de economia, plataformas especializadas e até diretamente nas casas de câmbio.

Vale lembrar que o valor pode variar bastante de uma instituição para outra, então comparar é sempre uma boa ideia. Certo?

2- Avaliar as taxas envolvidas

Pode até parecer contraditório, mas nem sempre a cotação mais baixa é sinônimo de melhor negócio. O motivo: em muitos casos, as taxas aplicadas, como tarifa de serviço, IOF e outras cobranças, podem fazer com que o custo total da compra fique mais alto.

Portanto, é importante considerar o valor final da operação, e não apenas o número que aparece na tela.

3- Identificar o melhor momento para comprar

Observar o histórico de variações do dólar ajuda a entender os padrões de alta e baixa ao longo do tempo. Isso permite planejar melhor a compra e evitar picos de valorização, que costumam acontecer em momentos de instabilidade política ou econômica.

4- Comparar com o dólar comercial

Outro ponto importante é que, embora o dólar turismo seja mais utilizado em viagens, acompanhar a movimentação do dólar comercial também pode oferecer pistas sobre as tendências do mercado.

Em alguns momentos, a diferença entre os dois tipos pode diminuir, tornando a compra mais vantajosa, especialmente em transações com cartão ou pagamentos futuros.

5- Escolher o canal de compra

Entre bancos, casas de câmbio, corretoras e plataformas digitais, há muitas opções para adquirir dólar turismo. Cada canal tem suas próprias condições, prazos e formas de pagamento.

A escolha vai depender do que for mais prático, seguro e vantajoso para o momento. Portanto, escolha com cuidado.

6- Observar limites e restrições

Algumas instituições podem impor limites mínimos ou máximos de compra, exigir agendamento, ou ainda restringir o uso de certos meios de pagamento. Verificar essas condições com antecedência, com certeza, evita imprevistos.

7- Entender as necessidades da viagem

Por fim, o ideal é alinhar a forma de compra da moeda com o perfil da viagem. Quem pretende usar o dólar em espécie, por exemplo, pode optar pela compra fracionada ao longo do tempo.

Já quem prefere concentrar os gastos no cartão pode considerar cartões internacionais ou pré-pagos, que, embora cobrem IOF, oferecem praticidade e segurança, inclusive em situações de emergência.

Como comprar dólar turismo?

Na hora de comprar dólar turismo, entre as opções mais comuns estão:

  • Bancos: muitas instituições financeiras oferecem a venda de moeda estrangeira para clientes, seja em espécie ou por meio de cartões internacionais. Inclusive, alguns bancos possibilitam a solicitação diretamente pelo aplicativo, com retirada agendada em agências específicas.
  • Casas de câmbio: são especializadas nesse tipo de operação e costumam ter cotações variadas ao longo do dia e diferentes formas de pagamento. Também é possível encontrar casas de câmbio em aeroportos, mas, em geral, costumam ser menos vantajosas.
  • Plataformas online: com a digitalização dos serviços financeiros, surgiram sites e aplicativos que facilitam a compra de moeda estrangeira com cotação em tempo real.

Em viagens posso usar o dólar comercial também?

Neste momento, pode parecer que o dólar comercial seria a escolha mais vantajosa em uma viagem internacional. Então surge a dúvida: por que não utilizá-lo diretamente para custear os gastos fora do país?

A explicação é simples: o dólar comercial não está disponível para compra direta por pessoas físicas em casas de câmbio.

Isso porque, como a gente já viu, ele é utilizado em transações específicas, como importações, exportações e movimentações entre empresas e instituições financeiras, o que significa que está restrito ao ambiente corporativo e bancário.

Para ter acesso ao dólar comercial, seria necessário abrir uma conta em um banco no exterior, geralmente nos Estados Unidos, e operar dentro de um sistema que envolve regras próprias, valores mais altos e movimentações financeiras com fins comerciais ou de investimento.

Já o dólar turismo foi criado justamente para atender quem precisa da moeda para fins pessoais, como viagens a lazer, estudos, trabalho temporário ou intercâmbio. Por isso, ele é o que aparece nas casas de câmbio, bancos e plataformas online voltadas para o público em geral.

Sendo assim, mesmo que o dólar comercial tenha uma cotação diferente, o dólar turismo é o único acessível para quem está organizando uma viagem internacional e precisa da moeda de forma prática, legal e segura.

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Fontes: Nomad, Remessa Online, C6 Bank

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