Análise de desempenho financeiro: o que é e como fazer?

A análise de desempenho financeiro é um processo para avaliar a saúde financeira e o sucesso de uma empresa. Saiba o que é e como fazer.

29 de maio de 2024 - por Sidemar Castro


A análise de desempenho financeiro costuma ser o ponto de partida quando surge a pergunta que toda empresa, cedo ou tarde, precisa encarar: afinal, como anda a saúde financeira do negócio?

Com um olhar atento, a análise ajuda a entender o momento atual, perceber tendências que nem sempre são óbvias e embasar decisões financeiras mais conscientes, pensando não só no agora, mas na sustentabilidade da empresa ao longo do tempo.

Vamos saber mais sobre isso? Vem com a gente!

O que é a análise de desempenho financeiro?

A análise de desempenho financeiro é uma avaliação subjetiva feita para medir o quão bem uma empresa está entregando resultados a partir dos seus ativos intangíveis e imobilizados.

Ela é realizada através de indicadores de liquidez, de endividamento, de rentabilidade e de atividade, com o objetivo de medir o desempenho alcançado (lucros ou prejuízos) e o grau de risco (liquidez) que a empresa está exposta.

Não é à toa que essa análise fornece informações valiosas para que acionistas e investidores tomem decisões mais estratégicas para o négocio. Sem contar que ela pode abranger a verificação da saúde financeira global de uma empresa em comparação com outras companhias da mesma área.

Existem várias formas de olhar para o desempenho financeiro de um negócio, e nenhuma delas, isoladamente, conta a história inteira. Para começar uma análise, costuma-se recorrer ao básico do demonstrativo de resultados: indicadores como EBITDA, fluxo de caixa das operações, lucro líquido e outros números extraídos dos balanços.

São pontos de partida importantes, é claro, mas que pedem sempre um pouco de cuidado na interpretação.

A partir daí, o olhar tende a se ampliar. Entram também margens de lucro, taxas de crescimento, níveis de endividamento. Esses dados ajudam a preencher as lacunas e a entender melhor o que está por trás dos números.

Para que serve a análise de desempenho financeiro?

A análise de desempenho financeiro costuma aparecer quando uma pergunta começa a incomodar nos bastidores de qualquer negócio: afinal, como anda, de verdade, a saúde financeira da empresa?

Não se trata apenas de olhar números soltos ou relatórios bonitos, mas de realmente tentar entender se o negócio consegue gerar lucro, pagar as contas sem sufoco, atravessar fases mais instáveis e seguir funcionando com fôlego no médio e no longo prazo.

Quando entram indicadores como fluxo de caixa, margem de lucro, nível de endividamento e retorno sobre investimento (ROI), o cenário começa a ganhar contornos mais claros.

Aos poucos, surgem padrões, com dados que acabam funcionando como um mapa um pouco incômodo. O motivo disso? Eles mostram onde há espaço para avançar, onde ajustes são inevitáveis e quais riscos pedem atenção antes de se transformarem em dores de cabeça maiores.

Para a gestão, esse tipo de indicador passa a ser indispensável, pois acompanhar tudo isso de perto tende a trazer mais lucidez na hora de decidir.

Sem dúvidas, isso só tem a acrescentar positivamente na gestão da empresa.

Quais são os indicadores analisados?

Os indicadores são ferramentas que ajudam a entender melhor o que está acontecendo. Servem para medir, acompanhar e avaliar aspectos específicos, jogando luz sobre pontos que, a olho nu, nem sempre ficam tão claros.

Podem trazer dados numéricos ou percepções qualitativas, mas o papel é o mesmo: permitir uma leitura mais atenta e menos baseada em achismos sobre desempenho, avanço ou efetividade de uma ação. Ainda assim, vale o cuidado, afinal um indicador nunca fala sozinho, ele precisa de contexto.

A seguir, estão alguns dos indicadores mais analisados.

1) Indicadores de Eficiência

Os indicadores de eficiência funcionam como um espelho do dia a dia da empresa. São métricas que ajudam a entender até que ponto os objetivos estão sendo alcançados sem gastar mais energia, tempo ou dinheiro do que o necessário.

Produtividade por período, taxa de conversão, faturamento, participação de mercado… acredite: todos esses números contam histórias. E não servem apenas para preencher relatórios não, viu?

Quando bem analisados, ajudam a enxergar falhas, repensar processos e ajustar as ideias com mais consciência. Por isso, acompanhar esses indicadores é menos sobre controlar tudo e mais sobre fazer escolhas melhores.

2) Indicadores de Desempenho

Diferente dos indicadores de eficiência, estes são os resultados do monitoramento das atividades da empresa. Ou seja, os dados gerados ao longo de cada processo.

Dessa forma, eles surgem para analisar se as decisões tomadas estão colaborando para alcançar os objetivos traçados, e também trazer um olhar para possíveis melhorias.

3) Indicadores de Resultados

Os indicadores de resultados, conhecidos como KPIs, costumam aparecer como uma tentativa de dar mais sentido ao que acontece dentro das empresas. Em vez de trabalhar só com percepções ou impressões gerais, eles ajudam a observar o desempenho de forma mais concreta, mostrando como as metas estão sendo conduzidas na prática.

Seja nas finanças, nas vendas ou na eficiência das operações, os KPIs aparecem como pequenos sinais que revelam se o caminho escolhido faz sentido, ou se algo começa a sair do rumo.

Ao mesmo tempo, é importante deixar claro que esses números não existem apenas para confirmar acertos, viu? Também levantam incômodos necessários, como aquelas onde há apenas a sensação de progresso, sabe?

4) Indicadores de Gestão da Qualidade

Os indicadores de gestão da qualidade ajudam a transformar o funcionamento da empresa em algo observável e mensurável, mostrando como os processos realmente se comportam no dia a dia, da produção à entrega de produtos ou serviços.

Por isso, fazem parte do Sistema de Gestão da Qualidade e aparecem como referência na ISO 9001: servem para acompanhar resultados, identificar desvios e ajustar rotas antes que pequenos problemas virem algo maior, sempre com foco em atender melhor as necessidades dos clientes.

Quando bem acompanhados, esses indicadores oferecem uma leitura mais clara do desempenho geral, inclusive do ponto de vista financeiro, ajudando mesmo a enxergar onde há oportunidades de melhoria, apoiar decisões estratégicas e acompanhar a evolução ao longo do tempo.

5- Indicadores de atividade

Aqui o olhar se volta para o ritmo da operação. O giro de caixa ajuda a entender em quanto tempo o dinheiro entra e sai, mostrando se o capital realmente circula ou fica travado.

O giro de estoques revela a velocidade de venda e reposição dos produtos, quando esse movimento é lento demais, costuma acender um alerta sobre planejamento ou uso ineficiente de recursos.

o fluxo de caixa conecta todos esses pontos ao registrar entradas e saídas ao longo do tempo, deixando claro se a operação se sustenta no curto prazo ou se pede ajustes mais urgentes.

6- Indicadores de liquidez

Esses indicadores mostram até que ponto a empresa consegue honrar seus compromissos financeiros. A liquidez corrente oferece uma primeira noção de equilíbrio entre ativos e passivos de curto prazo.

A liquidez seca vai além e retira os estoques da conta, focando apenas no que pode virar dinheiro rapidamente.

A liquidez imediata observa o caixa disponível no momento, enquanto a liquidez geral amplia o horizonte e considera direitos e obrigações de curto e longo prazo, trazendo uma leitura mais ampla da solidez financeira.

7- Indicadores de estrutura de capital

Aqui a reflexão gira em torno de como o negócio se financia. O endividamento total mostra o peso das dívidas em relação aos recursos próprios, ajudando a entender o nível de alavancagem adotado.

A cobertura de juros complementa essa análise ao indicar se o resultado operacional é suficiente para pagar os encargos da dívida, um ponto sensível quando se avalia risco financeiro e a sustentabilidade desse modelo ao longo do tempo.

8- Indicadores de rentabilidade

Esses indicadores respondem à pergunta mais direta: o negócio está gerando retorno? A margem operacional mostra quanto sobra da atividade principal, enquanto a margem líquida revela o resultado final depois de todas as despesas.

A margem EBITDA ajuda a observar o desempenho operacional sem ruídos contábeis mais complexos.

Por fim, o retorno sobre investimentos e sobre o patrimônio conecta resultado e estratégia, indicando se o capital aplicado está, de fato, sendo bem aproveitado para sustentar o crescimento.

Como fazer uma análise de desempenho financeiro?

Aqui está um passo a passo de como realizar uma análise de desempenho financeiro:

1 – Defina o Escopo da Avaliação:

  • Antes de mergulhar nos dados, é importante definir claramente os objetivos da avaliação.
  • Determine quais aspectos financeiros serão analisados, sejam eles liquidez, rentabilidade, endividamento ou outros indicadores específicos.

2 – Identifique e Colete Dados Relevantes:

  • O primeiro passo para realizar uma análise financeira eficaz é coletar dados financeiros sobre a sua empresa e o mercado em que atua.
  • Um exemplo são dados de demonstrações financeiras da empresa.

3 – Avaliação dos Riscos Financeiros Envolvidos:

  • Avalie os riscos financeiros associados à sua empresa.
  • Isso pode incluir a análise de dívidas, liquidez e outros fatores que podem afetar a estabilidade financeira da empresa.

4 – Realização de Análises de Investimentos:

  • Analise os investimentos feitos pela empresa.
  • Essa análise inclue a avaliação do retorno sobre o investimento (ROI), o custo do capital e a eficácia dos investimentos.

5 – Análise de Fluxo de Caixa e de Balanço:

  • Analise o fluxo de caixa e o balanço patrimonial da empresa.
  • Isso pode ajudar a entender a saúde financeira da empresa e identificar quaisquer problemas potenciais.

6 – Análise de Indicadores de Desempenho Financeiro:

  • além dos números brutos e analise os indicadores de desempenho financeiro.
  • Os principais indicadores como liquidez, rentabilidade e endividamento revelam nuances que os demonstrativos por si só podem não evidenciar.

7 – Análise de Tendências e Projeções:

  • Além do retrospecto, avalie tendências e faça projeções.
  • Identificar padrões de crescimento, prever desafios e antecipar oportunidades são habilidades derivadas da análise cuidadosa das tendências temporais e das projeções futuras.

8 – Análise de Indicadores Setoriais e Macroeconômicos:

  • O contexto externo impacta significativamente o desempenho financeiro.
  • Considerar indicadores setoriais e macroeconômicos, como taxas de juros e indicadores de mercado, permitindo uma avaliação completa.

Quais ferramentas poder ser utilizadas na análise de desempenho financeiro?

Aqui estão algumas ferramentas que podem ser utilizadas na análise de desempenho financeiro:

1) Software de Gestão Financeira

Os softwares dedicados à gestão financeira oferecem uma plataforma centralizada para monitorar, analisar e interpretar dados financeiros. Eles podem ajudar a automatizar tarefas, melhorar a precisão dos dados e fornecer insights valiosos sobre a saúde financeira da empresa.

2) Plataformas de Análise de Dados

Ferramentas robustas de análise de dados, como Tableau, Power BI ou Google Data Studio, amplificam a capacidade de interpretação de dados. Elas transformam números em visualizações dinâmicas e interativas, facilitando a compreensão de padrões, tendências e correlações.

3) Consultoria Financeira Especializada

Consultores financeiros podem fornecer orientação especializada e dados valiosos com base em sua experiência e conhecimento do setor. Esses especialistas podem ajudar a identificar oportunidades, reduzir riscos entre outros

4) Plataformas de Inteligência de Mercado

As plataformas de inteligência de mercado ajudam a organizar o excesso de informações que circula o tempo todo. Elas reúnem dados sobre tendências, concorrentes e comportamento dos consumidores, transformando esse volume disperso em sinais mais claros para apoiar decisões menos intuitivas e mais conscientes.

5) Sistemas Integrados de ERP

Os sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP) integram várias funções de negócios em um único sistema. Assim, podem ajudar a melhorar a eficiência operacional, a precisão dos dados e a tomada de decisões.

Importância do desempenho financeiro

A gente viu, até aqui, que o desempenho financeiro vai muito além de olhar números soltos em uma planilha.

Afinal, se esses indicadores são acompanhados de perto, eles começam a contar uma história sobre o negócio: mostram onde as coisas estão fluindo bem, onde exigem atenção e o que pode virar problema lá na frente.

Esse acompanhamento, sem dúvidas, traz mais previsibilidade para o planejamento, ajuda a organizar o fluxo de caixa e reduz riscos que costumam passar despercebidos, como o endividamento excessivo ou a perda gradual de rentabilidade. Já explicamos um pouco sobre isso.

No dia a dia das empresas, esses dados acabam guiando decisões que parecem pequenas, mas fazem toda a diferença. Ajustar custos, decidir se é hora de investir ou até perceber oportunidades de crescimento depende, muitas vezes, de uma leitura mais cuidadosa desses números.

Para quem investe, o desempenho financeiro também é de grande relevância, já que apresenta indícios de estabilidade, se os resultados são consistentes e qual é o nível de risco envolvido.

Ou seja, a sua importância não se resume a apenas de saber quanto a empresa ganha, mas de entender se esse ganho se sustenta ao longo do tempo e se o investimento realmente faz sentido.

Como melhorar o desempenho financeiro da empresa?

Melhorar os resultados financeiros não é questão de sorte: é um processo contínuo de leitura da realidade do negócio e de boas decisões ao longo do caminho. E tudo começa com alguns passos essenciais.

Passo 1 – Comece organizando as informações

Antes de qualquer análise, é fundamental ter os dados em mãos. Balanço patrimonial, demonstrativo de resultados e fluxo de caixa funcionam como um raio-X da empresa. Sem essa base, qualquer decisão vira chute.

Passo 2 – Use os indicadores a seu favor

Os números, sozinhos, dizem pouco. É a partir dos indicadores financeiros que eles ganham sentido. Eles ajudam a enxergar liquidez, rentabilidade, endividamento e eficiência, revelando pontos fortes e alertas que não aparecem de imediato.

Passo 3 – Olhe com atenção para os processos internos

Aqui vale sair do automático. Revisar rotinas financeiras, prazos, controles e fluxos pode mostrar probleminhas, retrabalhos ou custos desnecessários que passam despercebidos no dia a dia.

Passo 4 – Compare para entender onde você está

Analisar o desempenho ao longo do tempo ajuda a perceber se a empresa está evoluindo ou andando em círculos. Além disso, olhar para empresas do mesmo setor traz referências importantes e ajuda a calibrar expectativas.

Passo 5 – Transforme análise em informação clara

Relatórios bem feitos fazem toda a diferença. O ideal é que sejam diretos, fáceis de entender e focados no que realmente importa, facilitando a tomada de decisão não só para quem analisa, mas para todos os envolvidos.

Passo 6 – Planeje e coloque em prática

Por fim, análise sem ação não gera resultado. A partir dos dados e conclusões, construa um plano com metas claras, prazos realistas e ações bem definidas, pensando tanto no curto quanto no longo prazo.

Fontes: Concur, Sebrae, Educa Mais Brasil, Suno, Gestão Pro, Conexa

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