8 de agosto de 2022 - por Jaíne Jehniffer
O efeito riqueza é quando o patrimônio de uma pessoa cresce e, por causa da sensação de que ficou mais rica, essa pessoa passa a consumir mais.
Sendo que o patrimônio dessa pessoa só cresceu por causa da valorização dos ativos. Ou seja, não é uma riqueza palpável. Dessa forma, o efeito riqueza impacta nas finanças das pessoas e pode estimular o endividamento.
O que é efeito riqueza?
De acordo com o efeito riqueza, dada uma certa renda e padrão de gastos, as pessoas tendem a consumir mais quando o valor do seu patrimônio aumenta.
Ou seja, conforme o patrimônio aumenta, as pessoas se sentem mais ricas. Logo, elas ficam mais propensas a gastarem mais.
Desse modo, elas podem comprar não apenas produtos em maior quantidade, mas também com preços mais elevados.
Contudo, o efeito riqueza tem um impacto menor do que alguns outros fatores que impactam no consumo diretamente como, por exemplo, o corte de impostos.
Vale destacar que o efeito riqueza é diferente do efeito renda, que é mais ligado ao poder de compra das pessoas. O efeito riqueza é um efeito mais psicológico.
Isso porque, no efeito riqueza, o ganho é somente escritural. Ou seja, nem sempre ele é perceptível nas gôndolas do supermercado como ocorre com o efeito renda.
Isso ocorre pois no efeito riqueza houve apenas um aumento na cotação de certo ativo. Sendo assim, para que isso se transforme de fato em riqueza palpável, ele precisa ser vendido.
Política monetária
A diminuição da taxa de juros na economia faz com que as receitas futuras das empresas sejam descontadas com uma taxa menor. Com isso, as ações das empresas ficam mais valiosas.
Quando as ações se valorizam, os investidores veem um aumento no seu patrimônio. Logo, ele pode cair no efeito riqueza ao acreditar que está mais rico.
Portanto, a política monetária está relacionada com o efeito riqueza, já que a política monetária determina o valor das taxas de juros.
Em 2017, Anna Cieslak e Annette Vissing-Jorgensen apresentaram um estudo onde era notável que o comportamento das ações influenciava mais as taxas dos Fed Funds do que os indicadores da economia norte-americana.
Segundo a metodologia usada, 80% do efeito do desempenho do mercado acionário estaria contido nos modelos de crescimento econômico e expectativas de inflação do banco central dos EUA.
Dessa forma, eles concluíram que o Fed dá mais atenção nas grandes quedas dos índices acionários, pois teme os seus impactos na confiança dos consumidores, justamente por causa do efeito riqueza.
Relação entre efeito riqueza e a desigualdade social
De acordo com dados do Bank for International Settlements – BIS (uma tipo de banco central dos bancos centrais), entre o início dos anos 80 e metade da década de 90, os ativos financeiros transacionados ao redor do mundo pularam de US$ 5 trilhões para US$ 35 trilhões.
Portanto, isso significa uma taxa de crescimento anual mínima de 15%. Ou seja, foi um crescimento acima da produção mundial e dos seus respectivos ativos fixos.
Sendo assim, os preços dos ativos subiram mais do que o valor dos ativos que eles representam.
Nesse contexto, as famílias com grandes patrimônios passaram a basear suas decisões de consumo e investimentos tendo como base a expectativa de valorização de seus ativos.
O efeito riqueza estimula o endividamento das pessoas no geral. Isso tanto para o consumo, quanto para a compra de novos ativos financeiros, que se valorizam ainda mais.
Por outro lado, quem não detém ativos consome tendo como base apenas a sua renda. Desse modo, essas pessoas ficam incapazes de enriquecer na mesma proporção que os demais pois:
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Não consegue pegar crédito
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Os ativos financeiros vão ficando cada vez mais caros.
O que é o índice Case-Shiller diz sobre o efeito riqueza
Karl Case e Robert Shiller tentaram analisar a aderência do efeito riqueza ao mercado imobiliário dos EUA. Eles fizeram este estudo com base em dados do período entre 1982 e 1999.
A dupla constatou uma estreita relação entre a valorização dos imóveis e o efeito riqueza. Já em 2013, foi feita uma nova versão do índice.
Dessa vez, foi usada uma amostra maior, de 1975 a 2012. Enfim, os resultados obtidos foram:
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A elevação no valor dos imóveis, como ocorreu entre 2001 e 2005, elevaria o consumo doméstico em 4,3%.
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A diminuição do valor dos imóveis, como ocorreu entre 2005 e 2009, diminuiria o consumo doméstico em 3,5%.
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Fontes: Mais retorno e The cap.