Fundos cambiais: o que são e como funcionam esses investimentos?

4 de novembro de 2020 - por Sidemar Castro


Os fundos cambiais são investimentos em moedas. Ou seja, por meio de um fundo de investimento, o investidor consegue aplicar em moedas estrangeiras

Dessa maneira, os fundos cambiais funcionam como uma alternativa para os investidores que querem investir no exterior, mas não diretamente na moeda. Isso porque, aplicar por meio de fundos é muito mais fácil e prático. 

Por fim, o investimento em fundos cambiais pode servir como uma maneira de diversificar a carteira de investimentos. Ou ainda como uma forma de proteção de capital contra as oscilações do real, já que moedas como euro e dólar, são consideradas mais fortes. Entenda!

O que são os fundos cambiais?

Os fundos, de maneira geral, são como uma reunião de investidores, chamados de cotistas. Os investimentos dos cotistas constituem o patrimônio do fundo.

No entanto, existem diversos tipos de fundos no mercado, como, por exemplo, os fundos imobiliários, fundos de ações e é claro, os fundos cambiais. 

Para que um fundo seja considerado como cambial, ele deve ter ao menos 80% do seu patrimônio investido em ativos relacionados à moedas. Portanto, como o investimento principal desse tipo de fundo são as moedas, o seu maior risco se refere à flutuação de preços das moedas. 

Características

A característica principal dos fundos cambiais é que eles devem aplicar no mínimo 80% do seu patrimônio em moedas. Além disso, essas moedas devem ser estrangeiras.

Contudo, as aplicações não precisam ser feitas diretamente, elas podem acontecer através de títulos referenciados nas moedas, emitidos por instituições financeiras. 

Outra característica dos fundos cambiais é que, como eles são investimentos em moedas, a performance do fundo normalmente acompanha o desempenho da moeda que ele investir. Justamente por isso, podem ocorrer oscilações na performance. 

Por fim, mais uma característica dos fundos cambiais é que eles podem ser de curto ou médio prazo. Sendo assim, os de curto prazo vencem com menos de 365 dias e os de médio prazo vencem com mais de 365 dias. 

Como os fundos cambiais funcionam?

Os fundos cambiais funcionam basicamente da mesma maneira que os demais fundos no mercado. Ou seja, funcionam por meio de investimentos em conjunto. Neste caso, os lucros são divididos entre os cotistas de forma proporcional à participação de cada um. 

O responsável por realizar os investimentos em moedas é o gestor do fundo. Ou seja, o investidor não detém nenhum tipo de poder nas escolhas das aplicações que serão feitas. Toda a responsabilidade fica por conta do gestor profissional, que segue algumas diretrizes pré-definidas. 

Apesar de fazerem a distribuição de lucros, os fundos cambiais são considerados como investimentos de renda variável. Afinal de contas, quando o fundo possui uma boa performance, as cotas podem se valorizar, ou podem se desvalorizar quando o desempenho é ruim. 

Rendimento

Os fundos cambiais oferecem rendimento baseado na valorização das moedas estrangeiras, como o dólar ou o euro. Quando a moeda estrangeira se valoriza em relação ao real, o valor das cotas do fundo aumenta, proporcionando ganhos aos investidores.

Esses fundos são uma boa opção para proteger o patrimônio contra a desvalorização do real.

Prazos

Os prazos de investimento em fundos cambiais podem variar.

Existem fundos de curto prazo, que são indicados para quem busca liquidez rápida, e fundos de longo prazo, que são mais adequados para quem deseja manter o investimento por um período maior e aproveitar possíveis valorizações mais significativas das moedas.

A escolha do prazo depende dos objetivos financeiros do investidor.

Custos e Tributação

Os custos dos fundos cambiais incluem taxas de administração e, em alguns casos, taxas de performance. A tributação segue as regras dos fundos de investimento no Brasil, com alíquotas que variam conforme o prazo de aplicação.

Para fundos de curto prazo, a alíquota de Imposto de Renda é de 22,5% a 20%, enquanto para fundos de longo prazo, varia de 15% a 22,5%. Além disso, há a incidência do “come-cotas“, que é a antecipação semestral do Imposto de Renda sobre os rendimentos.

Existe ainda a tributação realizada por meio do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Desse modo, a alíquota do Imposto de Renda é aplicada apenas nos rendimentos e não em cima de todo o patrimônio do investidor.

Quais são as vantagens de investir em fundos cambiais?

1) Exposição a Moedas Fortes

Investir em fundos cambiais permite que o cotista tenha acesso a moedas mais estáveis, como o dólar e o euro. Desse modo, isso oferece uma proteção contra a desvalorização do real e potencializa o crescimento do patrimônio ao longo do tempo.

2) Proteção Contra Riscos Nacionais

Esses fundos ajudam a diminuir os riscos associados a eventos econômicos e políticos no Brasil, como eleições e mudanças de políticas econômicas. Assim, os investidores podem se resguardar de flutuações que impactam diretamente a economia local.

3) Gestão Profissional

Ao investir em fundos cambiais, o investidor conta com a expertise de gestores profissionais que tomam decisões informadas sobre alocação de ativos. Em outras palavras, isso reduz a necessidade de conhecimento profundo do mercado cambial por parte do investidor.

4) Boa Liquidez

Os fundos cambiais geralmente oferecem alta liquidez, permitindo que os investidores comprem e vendam suas cotas com facilidade. Assim, isso é particularmente vantajoso em momentos de necessidade de capital ou quando se deseja aproveitar oportunidades no mercado.

5) Diversificação da Carteira

Investir em fundos cambiais proporciona uma diversificação significativa, já que o investidor está exposto a uma variedade de ativos relacionados a moedas estrangeiras. Ou seja, isso pode equilibrar o portfólio e reduzir riscos associados a investimentos exclusivamente locais.

6) Proteção do Poder de Compra

Com a valorização das moedas estrangeiras, os investidores conseguem preservar seu poder de compra, especialmente em cenários de alta inflação ou desvalorização da moeda local. Isso é fundamental para manter o valor real dos investimentos ao longo do tempo.

7) Facilidade Operacional

Investir em fundos cambiais é mais simples do que comprar moeda estrangeira diretamente. O processo é facilitado pela estrutura dos fundos, onde todas as operações são geridas pelo gestor, evitando complicações associadas à troca de moeda.

E quais são as desvantagens de investir em fundos cambiais?

1) Volatilidade Elevada

Os fundos cambiais estão sujeitos a flutuações significativas nas taxas de câmbio. Ou seja, isso significa que os investidores podem enfrentar perdas substanciais em um curto período, dependendo das condições do mercado.

2) Taxas de Administração e Performance

Muitos fundos cambiais cobram taxas de administração que podem ser elevadas, além de possíveis taxas de performance. Essas cobranças podem reduzir a rentabilidade líquida do investidor, tornando o investimento menos atrativo.

3) Imprevisibilidade dos Resultados

A rentabilidade desses fundos é variável e não pode ser prevista com precisão. Eventos inesperados, como crises econômicas ou mudanças políticas, podem impactar drasticamente os resultados, deixando os investidores vulneráveis a perdas.

4) Risco de Liquidez

Embora a liquidez seja uma vantagem em muitos casos, também pode se tornar um risco. Durante períodos de instabilidade econômica, pode ser difícil vender as cotas sem incorrer em perdas significativas, especialmente se o mercado estiver saturado.

5) Dependência de Gestores

A performance do fundo depende fortemente das decisões tomadas pelos gestores. Se esses profissionais não forem competentes ou não tiverem uma estratégia eficaz, o investidor pode acabar com resultados insatisfatórios.

6) Impostos sobre Ganhos

Os rendimentos obtidos em fundos cambiais estão sujeitos à tributação, que varia conforme o prazo do investimento. Assim, isso pode impactar o retorno final e deve ser considerado na hora de avaliar a viabilidade do investimento.

7) Necessidade de Conhecimento Prévio

Embora os fundos sejam geridos por profissionais, é essencial que o investidor tenha um entendimento básico sobre como funcionam as flutuações cambiais e os riscos associados. Essa falta de conhecimento pode levar a decisões precipitadas e prejuízos.

Vale a pena investir em fundos cambiais?

Investir em fundos cambiais pode ser uma boa estratégia, especialmente se você deseja diversificar seu portfólio e se proteger contra a desvalorização do real. Esses fundos investem pelo menos 80% do patrimônio em ativos relacionados a moedas estrangeiras, como o dólar e o euro.

Primeiramente, os fundos cambiais são indicados para quem quer se proteger das oscilações da economia brasileira. Por exemplo, em momentos de crise, o dólar tende a se valorizar em relação ao real, o que pode compensar perdas em outros investimentos.

Além disso, esses fundos são uma forma acessível de investir em moedas estrangeiras sem a necessidade de comprar diretamente essas moedas. Isso facilita a vida do investidor, pois um gestor profissional cuida das aplicações.

No entanto, é importante lembrar que os fundos cambiais são investimentos de renda variável. Ou seja, isso significa que eles podem apresentar volatilidade e não garantem retornos fixos. Portanto, é essencial avaliar seu perfil de investidor e considerar se você está disposto a assumir esses riscos.

Como escolher um fundo cambial

Antes de investir em fundos cambiais, considere se esse tipo de investimento é o melhor para o seu perfil e objetivos. Afinal, se trata de um investimento arriscado. Depois disso, você precisa averiguar qual a aplicação mínima.

Normalmente, a primeira aplicação possui um valor mínimo determinado pelos gestores, que pode variar entre R$ 500,00 e R$ 25 mil. Ou seja, os valores variam bastante, dependendo do risco e da sofisticação da carteira. 

Além disso, o investidor deve também pesquisar o histórico do fundo para analisar como foi o seu desempenho ao longo do tempo. Apesar da performance passada não garantir a performance futura, esse dado é importante. 

Você também deve estudar os regulamentos dos fundos. Ou seja, são nos regulamentos que constam dados importantes, como, por exemplo, a liquidez. Isso porque, os fundos estabelecem quando o acionista pode resgatar o investimento. 

Depois de analisar tudo isso, o que você precisa fazer é abrir uma conta em uma corretora, transferir o dinheiro e começar a investir.

Fontes: Infomoney, BTG Pactual, XPI, Toro, Empiricus, Day Coval

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