Índices de preços: o que são, quais são, para que servem

Índices de preços são indicadores que medem a variação média dos preços de bens e serviços ao longo do tempo. Veja para que servem.

4 de julho de 2025 - por Sidemar Castro


Entender o índice de preços é como ter um termômetro da economia. Ele é um conjunto de indicadores que servem para medir como os preços estão se comportando no mercado.

Sendo assim, o preço dos produtos e serviços é o coração da oferta e demanda. Ele mostra como a economia está pulsando. Por isso, esses índices são fundamentais para criar estratégias que impulsionem o crescimento de diversos setores.

Além disso, eles dão um norte tanto para quem produz quanto para quem consome, ajudando todo mundo a entender melhor a dinâmica do mercado.

Leia mais: Indicadores de mercado: quais são eles e como utilizá-los?

O que são índices de preços?

De forma simples, um índice de preços é como um termômetro que mede a variação dos preços de produtos ou serviços em um determinado local e tempo. Pense nele como uma bússola que te ajuda a comparar como esses preços se comportam ao longo do tempo ou em diferentes lugares.

Alguns índices de preços que você provavelmente já ouviu falar:

Para que servem os índices de preços?

Esses índices têm várias utilidades no nosso dia a dia e na economia. Se olharmos para os mais amplos, como o que mede o custo de vida, eles nos dão uma boa noção do nível geral dos preços na economia. É tipo um panorama de quanto as coisas estão custando no país.

Já os índices mais específicos podem ser muito úteis para as empresas, sabe? Eles ajudam no planejamento de negócios e na hora de definir os preços dos produtos e serviços. Pra quem investe, também servem como um guia, mostrando onde pode ser mais interessante aplicar o dinheiro.

No fundo, os índices de preços são ferramentas essenciais pra gente entender o pulso da economia e tomar decisões mais informadas, seja como consumidor, empresário ou investidor.

Quais são os principais índices de preços do Brasil?

No Brasil, a gente tem alguns índices de preços que são super importantes para entender como a inflação está se comportando e como ela afeta o nosso bolso e a economia em geral. Eles são como mostradores para diferentes realidades.

1) Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

Esse é o termômetro oficial da nossa inflação. É o número que o Banco Central mais olha na hora de decidir se sobe ou desce a taxa de juros (a Selic). Ele mede a variação de preços para a maioria das famílias brasileiras, aquelas que ganham de 1 a 40 salários mínimos, e quem calcula é o IBGE. Por ser bem abrangente, ele mostra bem o custo de vida pra boa parte da população.

2) Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)

Também feito pelo IBGE, o INPC se preocupa mais com o bolso das famílias de baixa renda, que ganham de 1 a 5 salários mínimos. Ele reflete de forma mais direta como a inflação impacta o poder de compra dos trabalhadores e é bastante usado como base para reajustes de salários e do próprio salário mínimo.

3) Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M)

Esse é famoso como a “inflação do aluguel”! Calculado pela FGV, o IGP-M é uma mistura de outros índices: a maior parte (60%) vem dos preços no atacado (o IPA), uma fatia menor (30%) dos preços ao consumidor (o IPC) e um pedacinho (10%) do custo da construção (o INCC). Por ter muitos preços de atacado e da construção, ele costuma “dançar” mais, e é por isso que ele é a referência para o reajuste de muitos contratos de aluguel.

4) Índice de Preços ao Produtor (IPP)

Esse índice, também do IBGE, mede a variação dos preços que a indústria recebe quando vende seus produtos, antes mesmo deles chegarem na sua casa. Ele funciona como um aviso, um bom termômetro da inflação “na porta da fábrica”, e pode indicar o que vem por aí nos preços para o consumidor final.

5) Índice Nacional de Custo da Construção (INCC)

Parte da “família” IGP e divulgado pela FGV, o INCC faz exatamente o que o nome diz: ele monitora os custos de materiais, equipamentos e serviços para quem está construindo. É muito usado, por exemplo, para ajustar o valor de imóveis que você compra na planta.

Confira também: Índice de consumo (Icon): o que é e para que serve?

Por que existem tantos índices de preços no Brasil?

A gente pode se perguntar: por que tantos índices de preços no Brasil? Não é só uma questão de ter opções, mas sim de ter a ferramenta certa para cada situação.

Considere assim: um único índice de preços não consegue dar conta de toda a complexidade da nossa economia. Cada um tem um “foco” diferente, um propósito específico. O que é bom para uma coisa pode não ser tão bom para outra, e isso já justifica a variedade.

Além disso, a nossa história de inflação alta e super instável entre os anos 70 e meados dos 90 reforçou essa necessidade de ter mais “termômetros”. Quando a inflação disparava e oscilava tanto, os preços de diferentes produtos e serviços começaram a se comportar de jeitos bem distintos. Isso exigiu índices mais específicos, criados para medir cada pedacinho da economia.

Por exemplo, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) nasceu para mostrar o custo de vida dos trabalhadores urbanos, e por isso virou a referência para reajustes de salários.

Essa inflação maluca também fez com que fosse preciso acompanhar os preços com mais frequência. Foi aí que surgiu o IGP-M. Como ele tinha um período de coleta de preços diferente do já existente IGP-DI, o mercado passou a ter um índice divulgado no último dia do mês, perfeito para corrigir contratos de operações financeiras e balanços.

No fim das contas, a variedade de índices é uma resposta à necessidade de entender a inflação de diferentes ângulos e em diferentes momentos, tornando as decisões econômicas mais precisas.

Origem dos dos índices de preço

É bem difícil apontar quem “inventou” o primeiro índice de preços, não há um consenso claro. Mas a gente pode olhar para algumas das primeiras tentativas de entender como os preços mudavam ao longo do tempo.

Uma das primeiras pesquisas que temos registro é a do galês Rice Vaughan, lá em 1675, no livro dele “A Discourse of Coin and Coinage”. O Vaughan estava preocupado em separar o que era aumento de preços por causa daquele montão de ouro e prata que a Espanha trazia do Novo Mundo do que era simplesmente a desvalorização da moeda.

Para tentar entender isso, ele comparou os salários da sua época com os do tempo do Rei Eduardo III. A ideia dele era que o salário de um trabalhador comum sempre compraria mais ou menos a mesma quantidade de coisas, tipo se o salário fosse uma “cesta de compras” fixa. A análise do Vaughan mostrou que os preços na Inglaterra tinham subido de seis a oito vezes no século anterior!

William Fleetwood e o primeiro índice “de verdade”

Ainda que o Vaughan tenha sido um pioneiro, a análise dele não chegou a calcular um índice propriamente dito. Mas aí, em 1707, o inglês William Fleetwood criou o que talvez seja o primeiro índice de preços “de verdade”.

A história é curiosa: um estudante de Oxford estava quase perdendo a bolsa porque uma regra antiga dizia que quem ganhasse mais de cinco libras por ano não podia recebê-la. O estudante pediu ajuda ao Fleetwood para provar que o valor de cinco libras já não era o mesmo. Fleetwood, que já se interessava pelo assunto, reuniu um monte de dados de preços de séculos atrás.

Ele então propôs um índice baseado na média de preços relativos e usou esse método para mostrar que o valor de cinco libras tinha mudado drasticamente em 260 anos. Ele defendeu os estudantes de Oxford e publicou suas descobertas de forma anônima num livro chamado “Chronicon Preciosum”.

FGV e os índices de preços

A Fundação Getulio Vargas, a famosa FGV, tem um papel extremamente importante no cenário dos índices de preços aqui no Brasil. Eles são responsáveis por calcular e divulgar alguns dos índices mais acompanhados da nossa economia.

Quando a gente fala em FGV e índices de preços, logo pensamos nos IGPs (Índices Gerais de Preços). O mais conhecido, sem dúvida, é o IGP-M, que até já ganhou o apelido de “inflação do aluguel”. Mas a FGV não para por aí. Ela tem uma família de índices que monitoram diferentes aspectos da variação de preços:

  • IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado): Este é o carro-chefe, amplamente usado para reajustar contratos de aluguel e outras negociações. Ele é uma combinação de três outros índices, com uma grande parte vindo dos preços no atacado e da construção.
  • IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna): Similar ao IGP-M, mas com um período de coleta de dados um pouco diferente (do primeiro ao último dia do mês). Ele é um indicador mais abrangente, que mede a inflação em vários setores da economia.
  • IGP-10 (Índice Geral de Preços 10): Este é outro da família IGP, que se diferencia pelo período de coleta, que vai do dia 11 do mês anterior ao dia 10 do mês de referência. Isso permite uma leitura mais rápida das tendências de preços no início do mês.
  • INCC (Índice Nacional de Custo da Construção): Essencial para o setor imobiliário, o INCC monitora os custos de materiais, equipamentos e serviços na construção civil. É ele que geralmente ajusta os valores dos imóveis na planta.
  • IPC (Índice de Preços ao Consumidor): A FGV também calcula a sua própria versão do IPC, que acompanha a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias em algumas das principais cidades do país. Existem até versões com periodicidade diferente, como o IPC-S (semanal).

A grande sacada da FGV é que seus índices conseguem captar as nuances da inflação em diferentes setores e momentos, oferecendo um olhar mais completo sobre o comportamento dos preços no Brasil. Por isso, são tão importantes para quem toma decisões, seja no governo, nas empresas ou até para a gente, no dia a dia.

Leia mais: P/L: o que é, como calcular e analisar o Índice Preço/Lucro?

Fontes: Mais Retorno, Análise de Ações, ABAC, BCB, Checkout e Opus Pesquisa.

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