Política monetária: o que é, para que serve e tipos

9 de abril de 2021 - por Jaíne Jehniffer


A política monetária é o conjunto de medidas tomadas no controle econômico do país, visando estimular ou desestimular o consumo de bens e serviços. Dessa maneira, objetivo principal da política monetária é controlar a inflação.

O governo determina, no início do ano, um regime de metas de inflação, com uma margem de tolerância para cima e para baixo. Nesse sentido, o Banco Central do Brasil (Bacen) é responsável por executar as medidas, visando cumprir as metas.

Para que haja um aumento ou redução da moeda em circulação, são utilizados os instrumentos da política monetária: depósito compulsório, redesconto e open market. Portanto, através desses três mecanismos, é possível aumentar ou reduzir a inflação interna.

O que é política monetária?

A política monetária é a forma de controlar a oferta de moeda em circulação na economia. Em outras palavras, ela faz o controle econômico da quantidade de dinheiro em circulação no país, podendo estimular ou desestimular a economia. O governo é o responsável por determinar as medidas que serão tomadas neste controle.

Já o Banco Central, juntamente com instituições subsidiárias, é responsável por executar as medidas de acordo com a política monetária. O Conselho Monetário Nacional (CMN) normatiza as ações do Bacen e o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), define a taxa básica de juros (Selic)

Como a política monetária interfere ativamente na economia da nação, o conjunto de medidas tomadas impactam a sociedade no curto, médio e longo prazo.

A política monetária pode resultar no aumento do PIB (Produto Interno Bruto), na geração de emprego e aumento do consumo. Além disso, a política monetária possui papel de destaque na superação de crises e na manutenção da estabilidade econômica.

Para que ela serve?

A política monetária serve, sobretudo, para manter a inflação sob controle. Além disso, ela serve como uma forma de conter e superar crises. No entanto, se ocorrer a aplicação da política monetária de forma incorreta, ela pode, na verdade, causar crises econômicas.

Com o intuito de controlar a inflação, o governo tem como base o regime de metas de inflação. Todos os anos é fixada uma meta para inflação e o Bacen usa os instrumentos de política monetária para atingir essas metas.

Existe ainda um intervalo de tolerância para a meta, por exemplo, o governo pode definir uma meta de 5,5% com uma tolerância de 1,5% para mais ou para menos. Essa tolerância serve para absorver possíveis choques na economia no curto prazo.

Como é estruturada uma política monetária?

O Banco Central do Brasil é o responsável por controlar a quantidade de dinheiro em circulação no mercado, por meio do COPOM. Dessa forma, as medidas adotadas pelo Bacen tem como foco o equilíbrio econômico.

Uma das principais formas do Bacen agir, é através da taxa de juros, pois ela impacta na oferta de dinheiro na economia. Por exemplo, se a inflação estiver alta, o Bacen pode subir a taxa Selic, o que causa a diminuição da oferta de moeda, o que ajuda a controlar a inflação.

Isso é possível pois a inflação é o resultado do excesso de dinheiro na economia, que eleva a demanda frente a oferta (lei da oferta e demanda), resultando no aumento generalizado de produtos e serviços.

Enfim, ao elaborar a política monetária vigente, o Bacen leva em conta aspectos macroeconômicos para verificar o desempenho da economia, com o intuito de promover a estabilidade de preços, usando a taxa de juros como ferramenta de controle da inflação.

Importância da política monetária

A política monetária é muito importante, pois afeta o mercado, os investimentos e o poder de compra da população. Afinal, ela afeta o valor da moeda e os preços de produtos e serviços.

Devido à sua importância, é essencial que todos acompanhem a política monetária vigente e as medidas tomadas pelo Bacen.

Os investidores, em particular, devem ficar atentos às alterações da Selic, pois essas mudanças afetam a rentabilidade dos investimentos, sobretudo nos ativos de renda fixa. Além disso, acompanhando as variações da Selic, você consegue aproveitar boas oportunidades de investimento.

Quais são os tipos?

Existem dois tipos de políticas monetárias: expansiva e restritiva. O tipo de política adotada é muito importante para os investidores, já que pode afetar o retorno dos investimentos. Primeiramente, os ativos de renda fixa são diretamente afetados de acordo com a mudança da taxa Selic.

Como a Selic está ligada à inflação, dependendo do aumento da inflação, o investidor pode ter apenas um ganho nominal com os seus investimentos. Como a inflação corrói o poder de compra, se o retorno não for superior ao aumento de preços, o investidor não terá um ganho real. Enfim, os tipos de política monetária são: 

1- Expansionista

A política expansionista visa estimular o consumo de produtos e serviços. Ela é mais usada quando um país está passando por crises ou recessão econômica

Para isso, é comum a redução da taxa de juros, para que o crédito fique de fácil acesso, estimulando o consumo. Além disso, pode ocorrer a redução da taxa de depósito compulsório, maior flexibilidade no redesconto e a compra de títulos públicos.

Com essas medidas, a tendência é que uma quantidade maior de dinheiro esteja em circulação no mercado, elevando o consumo, a renda, a produtividade e o PIB. Entretanto, com o aumento da procura por bens e serviços, a tendência é que os preços subam. Ou seja, a consequência direta do estímulo do consumo, é a inflação.

2- Contracionista

A política contracionista é adotada quando o país precisa reduzir a inflação internaNesse sentido, uma das principais medidas adotadas é o aumento da taxa de juros. Com o aumento dos juros, o consumo é desestimulado, logo, a tendência é que os preços parem de subir.

Para reduzir a quantidade de moeda em circulação, o governo pode, por exemplo, vender títulos públicos, ser mais restritivo com o redesconto, aumentar a taxa do depósito compulsório e subir a Selic. Como desvantagem desse cenário de desestímulo, temos a queda do PIB. 

Principais instrumentos da política monetária

Os três instrumentos da política monetária são:

1- Depósito compulsório

O depósito compulsório é uma ferramenta usada pelo Bacen para reter uma parte do dinheiro da economia por meio dos bancos comerciais. Desse modo, o Banco Central pode subir ou baixar a taxa de acordo com o cenário econômico.

Quando o valor do depósito compulsório sobe, os bancos ficam com menos recursos para emprestar para a população, o que resulta na diminuição da moeda em circulação (política restritiva). Por outro lado, quando o valor diminui, os bancos podem emprestar mais dinheiro (expansionista). 

2- Redesconto

A taxa de redesconto se refere aos juros que o Banco Central cobra dos bancos comerciais que estão com problemas de liquidez de caixa e precisam de empréstimos. É um tipo de empréstimo que o Bacen concede à uma instituição financeira.

Por meio do redesconto, é possível estimular ou desestimular a economia, cobrando taxas maiores ou menores. Mas o redesconto é usado sobretudo na política expansionista. 

3- Open market

O Open Market é o ambiente no qual o Banco Central de cada país realiza o controle do dinheiro em circulação, por meio da compra e venda de títulos públicos com os demais bancos. Em síntese, quando o Banco Central vende os títulos a oferta de moeda é reduzida e temos um cenário de política restritiva.

Já quando o Bacen compra títulos, ele está injetando dinheiro na economia, estimulando o consumo e contribuindo para a política expansionista. Portanto, por meio deste mecanismo, o Bacen consegue inserir ou retirar dinheiro de circulação, o que impacta vários aspectos da economia. 

Implicações da política monetária na população

A política monetária afeta vários aspectos da vida da população, exemplo disso é o controle da inflação. A alta de preços de bens e serviços faz com que o poder de compra da população seja reduzido, o que significa que é preciso de cada vez mais dinheiro para comprar os mesmos itens de antes.

Alguns exemplos de implicações da política monetária são:

1- Investimentos e consumo

A Selic sobe ou desce de acordo com a inflação, já que ela é um instrumento de controle inflacionário. Isso afeta nas decisões das pessoas e empresas na hora de consumir e investir.

Por exemplo, quando a Selic sobe, as outras taxas de juros sobem junto, o que faz com que o crédito fique mais caro. O crédito mais caro significa que você terá que pagar um juros mais alto caso recorra a alguma alternativa de crédito. Ao pegar um empréstimo, por exemplo, a taxa de juros é mais alta.

Com o crédito mais caro, as pessoas tendem a evitar pegar empréstimos e parcelar compras. As empresas também evitam se financiar para comprar novos equipamentos e contratar pessoas. Ou seja, por causa do crédito mais caro, as empresas podem evitar investir em seu crescimento e gerar empregos.

A vantagem da Selic alta é que a rentabilidade de títulos de renda fixa fica mais alta. Desse modo, esse cenário incentiva as pessoas a investirem seu dinheiro em ativos com baixo risco e bom retorno, ao invés de usarem o dinheiro para consumir produtos e serviços.

O fato das pessoas optarem por investir ao invés de consumir, contribui ainda mais para a redução da quantidade de dinheiro em circulação no mercado. Esse cenário onde pessoas e empresas consomem menos, faz com que a demanda seja menor do que a oferta, logo, os preços tendem a cair, controlando a inflação.

2- A bolsa se torna menos atrativa

Quando a Selic sobe para controlar a inflação, a renda fixa se torna mais atrativa, ao passo em que a bolsa fica de lado. Isso ocorre pois com a redução do consumo, as empresas vendem menos e lucram menos, logo, elas se tornam menos interessantes aos olhos dos investidores.

Além disso, existe a questão de que investir em renda variável tem um alto risco, ao passo em que a renda fixa tem um risco menor. Só que em cenários de Selic alta, a renda fixa oferece um retorno alto com garantias, ao passo em que a renda variável tem um risco maior e não tem garantias.

Portanto, as pessoas acabam preferindo a renda fixa. No entanto, apesar de perder a atratividade no curto prazo, vale destacar que no longo prazo a bolsa vale a pena, desde que você invista em boas empresas.

3- Expectativas

As medidas tomadas pela política monetária afetam o comportamento financeiro futuro das pessoas. Ou seja, ela afeta as expectativas das pessoas em relação ao futuro e a sua forma de agir no presente.

Por exemplo, vamos supor que a empresa onde você trabalha está demitindo um monte de pessoas, por causa do cenário econômico. Vamos imaginar também, que você estava planejando financiar uma casa. Como a empresa está demitindo pessoas, você fica com medo de ser o próximo e opta por não financiar a casa.

Esse exemplo ilustra um processo lógico: se você acha que vai perder sua fonte de renda, não faz sentido se endividar no longo prazo. Faz total sentido, mas essa lógica tem como base uma expectativa negativa sobre o futuro. O que você pensa é que pode perder o emprego e não que a empresa vai se recuperar e que você ganhará um aumento.

Portanto, a política monetária afeta as expectativas das pessoas e empresas em relação ao futuro, o que afeta nas tomadas de decisões no presente.

4- Taxa de câmbio

Com a alta da Selic, o Bacen diminui a quantidade de dinheiro em circulação no mercado, isso faz com que o real se valorize frente ao dólar. Isso causa duas consequências.

Primeiro, o preço dos produtos internacionais vendidos no Brasil cai. Isso inclui não apenas roupas, acessórios e afins. Inclui também matéria prima para a produção de produtos. Como o preço dos insumos cai, a tendência é que o produto final fique mais barato.

A outra consequência é que o dólar mais barato acaba desestimulando as exportações, aumentando a oferta de bens no mercado interno.

Qual é a relação entre a inflação e política monetária?

A inflação aponta o aumento dos preços de bens e serviços, o que prejudica o poder de compra da população. Além disso, cenários de alta e baixa de preços de forma desenfreada impede que a economia tenha previsibilidade, o que é muito importante para a economia do país.

Com a inflação baixa e estável, a economia pode crescer mais, já que a incerteza é menor e as pessoas podem planejar seus futuros. As empresas também são beneficiadas, pois tem confiança para investir em sua expansão, o que não ocorre em cenários de instabilidade econômica.

Os investidores também são afetados, pois se sentem mais seguros para investir. Quando o cenário é de instabilidade, os investidores internos e externos tendem a ficar com medo de investir no país.

Portanto, a atuação da política monetária no controle da inflação é essencial para o crescimento econômico da nação.

Fontes: Capital research, Suno, Nubank, Remessa online, Bcb e Onze.

SG&A: o que é, como funciona e como calcular?

DMPL: o que é, para que serve e como fazer?

Guidance: o que é, para que serve e qual a importância?

SFH: o que é e como funciona o sistema financeiro de habitação?